Um Plano Irrecusável escrita por ChattBug


Capítulo 17
Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui está o capítulo dezessete, espero que gostem!



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A azulada olhava para a chuva fina que caía naquela manhã através janela de seu quarto, observando as gotas correrem pelo vidro. Tinha descoberto a identidade de Hawk Moth há três dias e ainda não havia feito nada em relação a isso. Sentia-se irresponsável e insuficiente como Ladybug e como guardiã dos miraculous. Há alguns meses, sua primeira reação teria sido se transformar no momento em que viu Gabriel Agreste conversando com Nooroo e tê-lo enfrentado ali mesmo. Mas agora isso parecia bem mais complicado. 
Precisava entregar os novos e antigos miraculous e comunicar à equipe de super-heróis que finalmente conseguiriam deter o grande responsável pelos akumatizados da cidade, mas sempre encontrava uma desculpa para si mesma para não fazer aquilo. No dia anterior tinha sido: "a Alya não vai poder virar a Rena Rouge agora porque vai ao médico, então vou deixar para mais tarde...", no outro dia foi: "meus pais vão precisar de mim na padaria e prometi aos meus amigos que ia entregar o novo figurino da banda, vou deixar para amanhã mesmo"; porém, o dia seguinte amanheceu chuvoso, o que foi outra desculpa, "além disso, a Kagami chega de viagem hoje à tarde, talvez seja melhor esperá-la para entregar o miraculous do dragão, ela precisa descansar um pouco também e...", ela mordeu o lábio inferior, interrompendo seus próprios pensamentos. Sabia que estava enrolando para não contar para Adrien que seu pai era o vilão da cidade. Sabia que queria poupá-lo daquilo, mas também tinha consciência de que não adiantava enrolar, pois uma hora ou outra ele ficaria sabendo. Deixar para depois não resolveria nada, e era exatamente por saber disso que ela se sentia tão mal. Não deveria colocar seus sentimentos acima da missão de super-heroína e guardiã. 
Apenas Tikki sabia sobre aquilo e foi compreensiva em relação ao tempo pedido por sua portadora para pensar sobre a situação, mas, ao ver a garota observando a chuva naquela manhã, a kwami não conseguiu resistir à pergunta que a atormentava desde quando descobrira quem era Hawk Moth. 
— Marinette, quando você vai contar ao Chat Noir? — Perguntou e a azulada não soube o que dizer. — Você tem provas boas com aquele vídeo que gravamos e... não sei se você notou, mas o Gabriel tem tentado te afastar do Adrien nos últimos dias, talvez seja para tentar te akumatizar.
Marinette assentiu. O pai de Adrien realmente não o deixou visitar a padaria na tarde anterior e o proibiu de ficar depois da hora no colégio ou de ir aos encontros com os amigos. Talvez estivesse fazendo isso para tentar atingi-la. Marinette sorriu. "Sério que ele acha que vou ser akumatizada por isso?", ela disse para si e encarou a kwami. 
— Não vai demorar muito, Tikki. Sabe, eu estou meio enrolada e... — Iria repetir as desculpas que dizia para si mesma, mas se conteve. Não queria mentir para a kwami. Precisava resolver aquilo de uma vez e, por impulso, mandou mensagem para Chat Noir, mas se arrependeu ao perceber que havia usado o número de Marinette, e não de Ladybug. Iria apagar a mensagem, mas o herói já tinha lido.

 

Oi, preciso falar com você.

 

Oi, princesa. Quanto tempo...

Pode falar.

 

"Ótimo, o que eu falo agora? Que sou a Ladybug e descobri quem é o Hawk Moth, mas mandei mensagem pelo número errado?", pensou.

 

O que você faria se descobrisse uma coisa muito importante, tipo muito importante mesmo, mas sentisse que está enrolando para não contar para uma pessoa que precisa saber disso porque você sabe que vai deixá-la triste, mas você também sabe que ela vai acabar descobrindo de qualquer forma e que é melhor pra todo mundo que você conte de uma vez e resolva o problema antes que seja tarde?

 

Eita
Espera que vou ler de novo

 

Ela riu. Aquela mensagem tinha ficado confusa mesmo.

 

kkkkkkk

 

Espera.

Pelo que entendi, você descobriu uma coisa muito importante, mas não está conseguindo contar para alguém específico.

 

Isso.

 

Mas essa pessoa precisa saber disso.

 

Não só essa pessoa, outras também deveriam saber.

 

Ok...
Olha, eu acho que talvez seja melhor contar.
Principalmente para quem você realmente acha que pode te ajudar a resolver o problema.
Pelo que eu entendi, você não está conseguindo contar para uma pessoa específica porque não quer que ela fique magoada. Mas isso vai acontecer de qualquer forma, não é? Talvez ficar adiando isso faça mal não só a essa pessoa, mas à você também.

 

Ela concordou. Chat Noir falou exatamente o que ela achava que deveria fazer.
Marinette sorriu. Era tão bom conversar com ele, mesmo que pelo celular. Estava disposta a seguir o conselho dele o quanto antes. Agradeceu a Chat Noir e mandou mensagem para Adrien antes que desistisse.

 

Oi!

 

Oi, sumida.

 

Eu que sumi? Tem certeza?

 

Enviou a mensagem em um tom de brincadeira. Sabia que Gabriel havia proibido o filho de encontrar os amigos depois da escola. O loiro enviou um meme de um gato revirando os olhos.

 

kkkkkk
Então, o sumido aqui está com a tarde livre hoje.

 

Isso foi um auto-convite para vir aqui? Se foi, pode vir kkkk

 

***

Adrien encarava a casa da azulada ainda vestido de Chat Noir. É claro que seu pai não tinha deixado que ele fosse até lá, então teve que fugir. Mal tinha conversado com Marinette nos últimos dias e isso o preocupou. Ela estava estranha desde o dia em que foi estudar com ele na mansão. E então, naquela manhã, tinha mandado uma mensagem esquisita para Chat Noir sobre algo que tinha descoberto. Ele imaginou que que fosse um problema de família ou algo assim, mas, logo em seguida, recebeu uma mensagem dela no seu número pessoal. E foi então que notou que poderia não ser uma coincidência. Talvez ela quisesse lhe contar alguma coisa, mas não queria magoá-lo. Desfez a transformação em um beco ao lado da casa e tocou a campainha.
Marinette abriu a porta e o convidou para entrar. Os dois subiram as escadas em silêncio e isso o incomodou. Ela realmente parecia estar escondendo alguma coisa. "Mas o que ela esconderia?", o loiro pensava.
Felizmente aquele clima estranho diminuiu quando começaram a estudar para a prova de química da semana seguinte. Assim que terminaram os exercícios, os dois foram a uma cafeteria perto da casa da menina e até conversaram um pouco, mas Adrien ainda sentia que ela estava distante e não conseguiu resistir:
— Aconteceu alguma coisa, Marinette? Você está meio estranha... — A azulada sentiu que ia engasgar com o croissant que comia e bebeu um gole de café.
— Eu? — Ela tossiu e bebeu o café novamente, lembrando do que tinha pensado naquela manhã e do conselho de Chat Noir. Precisava contar à ele. — É que... — Hesitou por alguns instantes. "Como eu falo isso? É que eu descobri que seu pai é o Hawk Moth?", pensava. — É que... a Kagami vai chegar hoje à tarde e...
— Ah, entendi. — Marinette o encarou, surpresa. — Você está preocupada... Quer dizer, você e eu... nós estamos... é...— Ele não sabia muito bem como falar o que estava pensando e nem como definir o que tinha com Marinette. — Mas fica tranquila, eu resolvo tudo com ela.
— Espera, você disse que não tinha nada entre vocês.
— E não tem...
— Vai resolver o quê, então? — Falou  com um leve tom de irritação na voz. Mais uma vez não tinha conseguido contar à ele sobre o pai.
— É que... antes de ela viajar, fiquei de dar uma resposta...
— Quê? Você colocou a garota em uma... "lista de espera" enquanto ficava comigo? — Disse, incrédula e nervosa, mais pela situação de Hawk Moth do que por conta de Kagami.
— O quê? Não foi nada disso!
— Ah, não foi? Vai me dizer então que você falou para ela que não era recíproco antes que ela viajasse? — Ele a fitou, surpreso. Não imaginava que Marinette teria uma reação dessas. Adrien só não sabia que ela estava nervosa assim por outra razão, e não por causa de Kagami. — Eu sabia... você disse a ela que ia pensar. Ela deve ter ficado a viagem inteira pensando no dia em que iria voltar e recebesse sua resposta dizendo que quer ficar com ela. Você ficou escondendo a verdade porque não quer magoá-la, mas isso vai acontecer de qualquer jeito. — Falou, já sentindo uma lágrima cair ao perceber que estava falando de si mesma. Correu para longe da cafeteria, indo para sua casa. Adrien tentou segui-la, mas a perdeu de vista quando algumas pessoas o reconheceram e pediram para tirar fotos. Se postassem em alguma rede social, seu pai saberia que tinha fugido. Ele correu para um beco e se transformou, voltando para casa já trajado de Chat Noir.

***

 

Mari
Desculpa, não sabia que você ia ficar magoada com a situação da Kagami.
Mas é verdade o que você falou na cafeteria. Eu não disse a ela que não era recíproco para não magoá-la. Ela é minha amiga, não queria perder a amizade, sabe?
Quando ela disse que queria ser mais que uma amiga, eu estava meio confuso. Não a via dessa forma e... estava tentando esquecer uma outra garota. Aí a Kagami viajou e eu achei que ia conseguir pensar na melhor forma de dizer o que eu devia ter dito antes de ela ir.
Não imaginei que fosse te conhecer melhor nesse meio tempo e... me apaixonar.
Sim, Marinette Dupain-Cheng, me apaixonei por você. Acho que só consigo dizer isso hoje porque eu pude te conhecer nessas últimas semanas. Pude saber quem era a garota que eu achava que era só uma amiga e que mal conversava comigo. E, quando conversava, eu quase não entendia o que ela falava kkkkk
Mas, quanto mais eu sabia sobre você, mais te achava incrível, e mais queria saber.
Desculpa pela situação da Kagami. Devia ter dito a ela antes que viajasse. Prometo que vou dizer hoje.
Amo você.

 

Marinette relia as mensagens que tinha recebido mais cedo com lágrimas nos olhos. Adrien realmente achou que ela havia se incomodado com a situação de Kagami — o que não deixava de ser verdade — mas não era somente aquilo. E agora ela se sentia ainda pior em relação ao segredo que escondia.
Era tão estranho. Nem tinha surtado por conta das mensagens do loiro. "Ele disse que me ama, por que eu não estou gritando por causa disso?", pensava. "Nem sei o que responder para ele".

 

Ei.

 

Ela sorriu. Uma mensagem de Chat Noir.

 

Ei.

 

Como você está? Conseguiu resolver aquela situação?

 

Ela suspirou.

 

Não, e acabei descontando em outra pessoa o que eu estou sentindo.

 

Ele visualizou e não respondeu. "Será que algum akuma surgiu?", pensou, mas minutos depois ouviu batidas na janela. Sorriu ao ver que Chat Noir estava na varanda a esperando.
— Desculpa vir sem avisar, mas assim que li sua mensagem tive que vir. Na verdade, estava até pensando em aparecer para assistir a um filme ou... — Ele foi interrompido pelo abraço da menina. Palavras não foram necessárias. Foi então que notou que não era Kagami que a preocupava.
— Obrigada. — Marinette sussurrou com a voz embargada.
— Pode me contar só o que quiser, está bem? — Ele falou, também sentindo um nó formar-se na garanta. Não conseguia vê-la assim sem saber o que tinha acontecido.
— Eu sei. Já sei disso há muito tempo. Confio muito em você. — O loiro sentiu algo estranho tomar seu peito. Por que ela confiava em Chat Noir, mas não confiava em Adrien para contar sobre o que estava acontecendo? Ela estava com Adrien, não estava? Era estranho. Parecia que sentia ciúmes de si mesmo.
Antes que Marinette dissesse qualquer coisa, seu celular tocou. Era Alya.
— Amiga, a Kagami vai chegar daqui a pouco e as meninas resolveram vir ao aeroporto esperá-la. Você vem?
— Aham. Já vou. — Foi o que conseguiu dizer para não demonstrar a voz chorosa.
Assim que terminou a ligação, olhou para Chat Noir.
— Preciso ir ao aeroporto agora para encontrar uma amiga, pode voltar mais tarde pra gente conversar? — Falou, recebendo um olhar de compreensão do loiro. Mas, para a surpresa dela, o garoto segurou sua cintura. — Que isso? — Disse, surpresa.
— Vou te levar lá, ué. Achou o quê? Que eu ia te beijar? Você é comprometida, princesa. — "Sou?", pensou. Não conseguia chamar o que tinha com Adrien como um compromisso. Quer dizer, fazia mais ou menos duas semanas desde o dia em que se beijaram pela primeira vez no cinema. Era tudo muito recente.
Não demorou muito para que chegassem ao aeroporto. A azulada agradeceu ao herói dando-lhe um beijo na bochecha e correu para encontrar as amigas. Foi um pouco difícil, mas depois de alguns minutos procurando — e de várias ligações de Alya — elas se encontraram.
Surpreendeu-se quando viu que Adrien estava lá e ficou ainda mais surpresa quando ele lhe deu um beijo na bochecha. A azulada não sabia se era uma boa ideia que Kagami chegasse e já os visse juntos, e sussurrou isso para Adrien.
— Eu vou falar com ela. Não leu minhas mensagens não? — Perguntou em um tom de brincadeira e ela assentiu. — Leu todas? Todas mesmo? — Ele segurou sua cintura. — É você que eu quero, Marinette. — Adrien selou seus lábios com um beijo rápido e esperou uma resposta da azulada, mas antes que ela dissesse algo, Alya e as outras meninas viram que Kagami tinha desembarcado com a mãe.
A garota ficou surpresa ao ver suas amigas a aguardando no aeroporto. E logo se aproximou, com uma felicidade que não lembrava ter sentido antes. Abraçou todas, até que chegou em Adrien e Marinette.
A azulada não estava preocupada com aquela situação até ela chegar. Gostava muito de Kagami e não queria magoá-la por causa de um garoto, mesmo que esse garoto fosse Adrien.
— Oi! Estava com saudades! — Disse Kagami e abraçou Marinette, deixando-a surpresa. A amiga não costumava demonstrar muito suas emoções. — Oi! — Falou novamente e abraçou Adrien.
Kagami olhou para seus amigos, sorrindo. 
— Eu não esperava encontrar vocês aqui. Obrigada por virem, de verdade. É muito bom saber que posso contar com vocês.
— Kagami, já terminou? Temos que ir. — Ela ouviu sua mãe dizer e notou os olhares compreensivos dos amigos, principalmente de Adrien.
— Só um minuto, mãe. — Disse, e puxou Adrien e Marinette para um canto, deixando-os surpresos. — Olha, eu vou falar logo antes que eu desista ou antes que minha mãe me puxe pelos cabelos. — Riu sem humor e suspirou logo em seguida. — Eu sei que vocês têm alguma coisa.
— O quê? A gente não... — Marinette começou a falar, mas foi interrompida.
— Não precisa mentir não. De qualquer forma, mesmo que vocês não estejam juntos, preciso dizer uma coisa. — Ela voltou o olhar para Adrien. — Me desculpa. Eu te pressionei para dar uma resposta que eu queria escutar, mas que você não precisava me dar. Não deixei que você escolhesse. Na verdade, eu te pressionei a fazer uma escolha que talvez você nem quisesse. — Suspirou de novo — Eu confundi as coisas. — Adrien a encarava, incrédulo, e ela voltou-se para Marinette. — Me desculpa também. Eu... acabei te enxergando como uma rival e não como uma amiga. Isso foi... horrível. Gosto muito de você e queria que continuássemos sendo amigas.
— Kagami! — Ouviu sua mãe gritar de novo, o que atraiu os olhares das pessoas que passavam.
— Já estou indo, mãe. — Gritou de volta e encarou os dois jovens à sua frente com olhares surpresos — Obrigada de novo. — Ela os abraçou e correu até sua mãe.
— Ok... o que aconteceu aqui? — Adrien falou e a azulada riu levemente.
— Que bom que ficou tudo bem com a Kagami, não queria que nós duas nos afastássemos ou algo assim.
— É... — Ele disse, ainda um pouco surpreso. Não imaginou que Kagami resolveria aquela situação tão facilmente. — Bom, então agora você está mais tranquila? Vai lá em casa mais tarde, podemos jogar alguma coisa e... — Ele segurou sua cintura novamente, mas ela se afastou. Ir na mansão? Como iria olhar para Gabriel Agreste sabendo de seu segredo? Ou melhor, como olharia para Adrien sabendo daquilo tudo e não contar porque não conseguia?
— Eu... te mando mensagem. — Falou e lhe deu um beijo rápido, correndo para fora do aeroporto.
Não aguentava mais guardar aquilo para si. Precisava resolver aquela situação o quanto antes e isso a preocupava.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAA ela não contou!
Marinette inventando desculpas para si mesma. Mais alguém se identifica ou só eu? kkkkkk
O próximo capítulo sai amanhã e (alerta de spoiler) se preparem... hahah!

Obrigada por ler!



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