Little Things escrita por Siaht


Capítulo 27
XXVII. la vie en rose


Notas iniciais do capítulo

Olá, de novo!!!
Tudo bem?
Espero que gostem de mais esse capítulo! ♥



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XXVII

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{la vie en rose}

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Rose Weasley queria socar Scorpius Malfoy. Queria espanca-lo até deixa-lo inconsciente. Queria lhe lançar uma maldição imperdoável. Como ele se atrevia a fazer aquilo com ela? A despejar toda aquela história maluca em seu colo? A lhe dizer todas aquelas coisas? A garota estava bem até então. Estava ótima, na verdade. Apenas dançando e se divertindo em uma festa.

Uma festa na qual um garoto havia até mesmo demonstrado interesse nela. Um interesse puramente casual e descompromissado, mas quem se importava? Ela certamente não. Havia beijado Ronan Finnigan-Thomas e havia sido bom. Isso era suficiente. No dia seguinte eles provavelmente iriam apenas fingir que nada acontecera e tudo bem. Ela havia aceitado que seus relacionamentos seriam assim, se tivesse sorte. Desistira do romance há muito tempo.  

E então ali estava Scorpius Malfoy, falando todas aquelas coisas sobre amor. Todas aquelas coisas lindas sobre ela. Rose não acreditara de cara naquela conversa esquisita do amigo, no entanto, se tornara difícil não acreditar ao fim de tudo. Havia sinceridade e emoção ali. Além disso, o rapaz não era um mentiroso. Tinha tendência a esconder seus sentimentos e inquietações, mas costumava ser honesto quando se propunha a finalmente falar sobre algum assunto. Era uma das coisas que a garota admirava nele.

Então, sim, ele acreditava no Malfoy. Embora ainda lhe parecesse estranho que alguém gostasse dela daquela forma. Que Scorpius, de todas as pessoas, gostasse dela daquela forma. Scorpius que era seu melhor amigo há anos. Scorpius que sempre estivera ali. Scorpius que fazia seu coração saltar sempre que a beijava. Scorpius sobre quem ela nunca se permitira pensar daquele jeito. Agora, contudo, ela simplesmente não conseguia parar de pensar sobre ele daquele jeito.

— Você está meia hora atrasada. — Hermione bradou, no instante em que a filha passou pela porta de casa.

Rose respirou fundo, implorando que Merlin lhe desse paciência. Havia realmente ultrapassado seu toque de recolher, no entanto, não estava com cabeça para lidar com a mãe naquele momento.

— É, às vezes isso acontece. — ela disse, porque não ia se desculpar. Era estranho como desculpas lhe vinham fáceis quando se tratava de todo mundo, menos da mãe. Ela se desculparia por coisas que nem fizera, para manter relações com qualquer outra pessoa. Perdoaria estranhos sem sequer hesitar. Mas quando a história era sobre Hermione Granger-Weasley, quaisquer noções de diplomacia e absolvição pareciam desaparecer de seu cérebro.

— Às vezes isso acontece? É isso o que você tem a dizer? Sabe quantas horas são? Eu estava preocupada.

— Bom, eu estou em casa. Então, você não precisa mais se preocupar.

— Isso não é certo, Rose. Além de ser completamente irresponsável.

Por favor, por favor, por favor, pare de falar, pare de falar. A menina implorava mentalmente. Não queria começar uma briga, entretanto, sabia que era exatamente o que iria acontecer, se a mãe não se calasse logo.

— Eu só estou meia hora atrasada, não é para tanto.

Hermione estreitou os olhos.

— Meia hora é muito tempo, mocinha. Quando eu tinha a sua idade...

— Eu não me importo! — Rose explodiu, da forma que sabia que iria. — Eu não me importo, se você estava lutando contra bruxos das travas, quando tinha a minha idade. Não me importo, se você nunca foi a uma festa, quando tinha a minha idade. Ou que nunca desobedeceu seus pais. Ou tirou uma nota ruim. Ou quebrou uma regra. Ou perdeu tempo pensando em garotos. Eu não me importo se você estava literalmente salvando o mundo, quando tinha a minha idade. Você não devia estar fazendo isso, para começo de conversa. Não é minha culpa, se os adultos que você conheceu eram um bando de inúteis e incompetentes que deixaram a responsabilidade para adolescentes. A única coisa que você devia ter feito na minha idade era ter sido uma adolescente idiota. Talvez assim você soubesse como é ser um ser humano, só para começar.

— Rose!

— Não! Entenda de uma vez por todas que eu não sou você. E nem quero ser. Eu sou diferente de você e eu gosto de ser diferente. Eu não quero ser monitora ou Ministra da Magia ou uma heroína ou salvar a porra do mundo. Na verdade, por mim o mundo inteiro pode se explodir!

— Rose...

— E se você não passasse tanto tempo prestando atenção em qualquer outra coisa e não se lembrasse de mim apenas para me atormentar, talvez você percebesse que eu me atrasei, porque alguma coisa aconteceu. E não porque estava sendo irresponsável. — ela estava gritando agora.

— Rosie...

— Argh, boa noite, Hermione. — a menina disse, enquanto passava pisando fundo pela mãe.

Subiu as escadas como um furacão e se lembrou de bater a porta do quarto, após passar por ela. Se jogou em sua cama, pegou um travesseiro, o pressionou contra o rosto e gritou. Quando se cansou de gritar, se deitou sobre o mesmo travesseiro e chorou. Que noite maldita e miserável!

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Rose não conseguiria dizer quando tempo havia se passado, quando ouviu uma batida na porta.

— Vá embora! — ela gritou furiosa. Não queria conversar com a mãe. E não estava pronta para as mediações do pai.

Ainda assim, a porta do quarto se abriu. Mas para a surpresa da garota, foi Hugo quem entrou em seu quarto. Os cabelos ruivos completamente bagunçados, o pijama verde, com estampas de alienígenas, amarrotado.

— Você está bem? — ele questionou usando a língua de sinais.

Rose suspirou.

— Pensei que você e os irmãos Scamander estivessem fazendo uma festa do pijama. — ela sinalizou de volta.

— Nós estamos. Eles ouviram você gritando com a mamãe. — ótimo, a garota pensou — E aparentemente dá para te ouvir chorar do meu quarto. — ele deu de ombros.

A menina praticamente grunhiu. Um pouco de humilhação na frente dos amigos do irmão era tudo o que ela precisava para fechar bem aquela noite.

— Você está bem? — Hugo insistiu.

— Estou.

— Não está nada. — o garoto afirmou, já se sentando ao lado dela na cama. — O que aconteceu?

— Seus amigos estão te esperando.

— Que esperem! Além disso, eles são dois. Podem entreter um ao outro. O que aconteceu?

Era inútil discutir com Hugo, quando ele estava determinado. Uma qualidade péssima que ele havia herdado dos dois pais grifinórios.

— Scorpius disse que me ama.

O garoto sequer esboçou surpresa.

— Bom, isso era óbvio.

— E que, se eu quiser, quer ser meu namorado.

— E qual o problema? Você não gosta dele? Sempre achei que gostasse.

— Eu não sei. Nós dois sempre fomos amigos.

— Vocês dois estão há meses se beijando por todos os cantos Hogwarts.

— Como você sequer sabe disso?

— Todo mundo sabe, Rose. Vocês não são muito bons em esconder as coisas.

A garota teria se sentindo envergonhada, se fosse do tipo que tem pudores. Scorpius estaria vermelho como um pimentão, se estivesse ali. E seria absolutamente adorável. Ela sempre gostara da tendência a rubores do Malfoy.

— Não era para ser nada sério ou significar qualquer coisa. Eram só beijos.   

— Nem você acredita nisso.

— Hugo!

Ele deu de ombros, porque sabia que estava falando a verdade.

— Você podia ter escolhido qualquer um dos seus amigos para beijar sem compromisso, se só estivesse curiosa. Mas escolheu o Scorpius que é um poço de romantismo e emoção. Você achou mesmo que isso ia dar certo ou, mesmo sem perceber, sempre quis alguma coisa a mais?

Rose suspirou. Ela achava que estava sendo objetiva ao fazer aquela escolha, mas talvez o irmão estivesse certo. Scorpius havia transformado o primeiro beijo dela em algo perfeito. Um tanto estranho, úmido e desajeitado no começo, é verdade, mas algo lindo e sob as estrelas. Algo que a fizera sentir borboletas no estômago. Algo que ela nunca se atrevera a dizer que queria, mas que queria. Queria mais do que tudo.

Além disso, ela gostava de estar com ele. E gostava de beijá-lo de um jeito que não gostara de beijar Ronan. Havia faltado emoção no beijo que dividira com o garoto. Havia faltado o coração acelerado, as mãos suadas, os fogos de artificio. Havia faltado Scorpius.

Os sentimentos de Rose pelo Malfoy eram um emaranhado tão intricado que era difícil compreendê-los. Ele fora o garoto de quem seu pai lhe proibira de ser amiga, despertando nela uma curiosidade tão grande que ser amiga dele se tornara a única opção possível. Fora o menino desajeitado que caíra no lago negro e que ela salvara sem hesitar. Fora seu amigo sensível, dramático e incapaz de machucar uma mosca, mas que o mundo inteiro parecia odiar. O que só a fazia querer gritar com o mundo inteiro. Fora a única pessoa que não a decepcionara durante um verão horrível. O único que ela não odiara.

Ele ainda era a primeira pessoa em que ela pensava, quando acordava. A primeira pessoa com quem queria conversar, quando alguma coisa acontecia. Aquele que a fazia rir e a ouvia e a fazia se sentir como se fosse a única pessoa do mundo, pelo menos, a única que importava para ele. E, sim, ele fazia o coração dela bater mais forte, fazia mariposas dançarem em seu estômago e fazia o mundo brilhar em neon sempre que a beijava.

Scorpius era o único que ela queria beijar. O único com quem queria estar. O garoto era mais que seu amigo. Já o era há muito tempo, mas a menina hesitara em admitir isso para si mesma. Hesitara em querer o que queria, porque sempre achara que o rapaz nunca a olharia daquela forma. E achara que clichês de amor não eram para garotas como ela. 16 anos lhe ensinaram que garotas gordas estavam destinadas a serem eternas melhores amigas. Mas e se ela pudesse ser protagonista? E se ela houvesse sido feita para o amor e o amor houvesse sido feito para ela?

— Eu acho que vocês dois ficariam bem juntos. — Hugo sinalizou — Se você quiser, é claro. Você não precisa gostar dele, só porque ele gosta de você. Mas eu acho que vocês ficariam bem juntos.

— E se nós fizermos uma confusão e estragarmos nossa amizade?

— E se forem perfeitos um para o outro, se casarem e tiverem dois filhos? Não tem como saber. Viver é um salto no escuro e exige coragem.

Rose gargalhou.

— De onde você tirou isso, Hugo?

— De um livro que eu li. Decorei para usar com a mamãe, quando ela ficou toda preocupada por eu ter entrado para o time de Quadribol. Funcionou.

— É claro que funcionou. Você é o filho preferido.

O menino deu uma cotovelada na irmã.

— Isso não é verdade. Eu só não sou tão parecido com ela quanto você, isso facilita. Além disso, também sou lufano demais, o que me fazer ter a tendência de evitar conflitos. Já vocês duas parecem amar se jogar na frente de qualquer briga que apareça.  

— Eu não sou parecida com ela. Nós só brigamos tanto por sermos muito diferentes.

— Vocês são diferentes, mas também são parecidas. São parecidas em tudo o que importa. Ela tem orgulho de você, sabe.

— Ela quer que eu seja alguém que eu não sou.

— Ela quer que você seja feliz. Só que acha que o que vai te fazer feliz é o que a faz feliz. Está errado. Mas você também não está sempre certa. Ás vezes, você pega muito pesado com ela, Rose.

— Eu sei. — a menina admitiu.

— Acho que você deveria tentar conversar com ela. Conversar de verdade. E conversar com o Scorpius também. Você é boa nessa história de falar, vai se sair bem.

— Só porque eu falo muito, não quer dizer que sempre saiba o que dizer.

— Você vai descobrir. Tenho certeza. — Hugo afirmou, dando um beijo na bochecha irmã. — Agora tenho que voltar para os meus convidados.

Ela riu.

— Obrigada, Hugo.

— Sempre que você precisar, Rose.


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Notas finais do capítulo

Hugo Weasley é precioso demais para esse mundo! ♥
Beijinhos,
Thaís