XXIII

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{exceeds expectations}

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Estar apaixonado era terrível. Um sofrimento diário que Scorpius Malfoy não desejava nem para o seu pior inimigo. Que, considerando o nível das decisões que tomava, provavelmente era ele mesmo. Onde ele estava com a cabeça, quando aceitara aquele relacionamento sem compromisso com Rose? Onde ele estava com a cabeça por ainda continuar com aquilo? O garoto queria resolver toda aquela confusão na qual havia se enfiado e dizia a si mesmo diariamente que iria fazer isso. Mas nunca fazia. Havia sempre uma desculpa tão esfarrapada que ele achava que Albus acabaria perdendo um dos olhos de tanto revirá-los ao ouvir suas mentiras.

A verdade era uma só: ele estava com medo. Estava com medo de destruir sua amizade com Rose. Estava com medo de perdê-la para sempre. E, sendo honesto, estava com medo de nunca mais beijá-la também. Eles eram realmente bons se beijando, afinal. A prática de fato levava à perfeição. Então, como bom covarde que era, Scorpius fez o que fazia melhor: não disse nada e passou os poucos meses que faltavam para o fim do ano letivo surtando em silêncio.

Em defesa do Malfoy, não era como se isso fosse tudo o que ele tivesse feito. O quinto ano era um inferno. E na maior parte do tempo, o garoto estava afundado em livros e pergaminhos. Ou simplesmente tentando dormir um pouco. Scorpius não entendia como transformar adolescentes em zumbis que não dormem, mal têm tempo de engolir a comida e vivem à beira de um ataque de nervos contava como um processo educacional de qualidade. Mas quem era ele para opinar sobre isso?  Ele era apenas um garoto de 15 anos que queria beijar sua melhor amiga – com compromisso – e ter oito horas de sono por noite, não era nenhum educador.

De qualquer forma, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. E Scorpius, Albus e Rose sobreviveram ao quinto ano. Talvez tivessem surtado um pouco, gritado um pouco, chorado um pouco, amaldiçoado um pouco a Merlin e a todas as criaturas vivas, mas sobreviveram. Os três conseguiram ainda a façanha de manter a dignidade e não estarem entre os alunos que precisaram ser levados para a ala hospitalar, devido a crises nervosas ou a contínua privação de sono e comida. Aquele definitivamente não parecia um método educativo eficaz...

Rose havia gritado, muitas vezes, para quem quisesse ouvir que tudo aquilo era ridículo. Ela tentara até mesmo promover um boicote aos N.O.M.s e começar uma greve estudantil, a pouca adesão do corpo discente, contudo, a obrigou a suspender seus planos e a se submeter ao “sistema opressor de provas”.

Albus fizera um pacto com o diabo. Quer dizer, com Bradley Wood. E, após um pedido de desculpas que realmente quase o fizera entrar em combustão espontânea, aceitara a ajuda de seu antigo inimigo. Os dois passavam horas estudando juntos diariamente e, embora ainda discutissem bastante, o Potter estava disposto a admitir que o Wood não era a personificação do demônio na Terra. Na verdade, ele era até legal. Um “Excede Expectativas” no teste de caráter de Albus Severus Potter.

 Agora que acabara, Scorpius julgava que saíra suficiente bem nas provas. Ainda estava preocupado com os resultados e com seu futuro, que havia lhe batido à porta pela primeira vez. Entretanto, aquilo podia esperar mais um pouco. O ano letivo havia chegado ao fim e ele tinha um verão inteiro pela frente. Um verão em que tanto ele quanto Rose estariam na Inglaterra. Um verão que ele precisava usar a seu favor para sair da bagunça em que se metera e conquistar a garota de seus sonhos.