Dezembro de 2020

— Parabéns pra você! Nessa data querida… - As pessoas cantavam em coro da sala recém iluminada.

Alicia quase caiu para trás quando acendeu a luz ao entrar em casa e todos gritaram e começaram a cantar parabéns. Ela colocou as chaves em cima do aparador e se juntou ao parabéns animada.

Havia uma bolo de doce de leite, o favorito dela, em cima da mesa, com alguns beijinhos e brigadeiros espalhados. Ela olhava para todo mundo ali em volta, seus pais, amigos e alguns parente próximos, mega feliz, porque não imaginava ganhar uma festa surpresa. Eles realmente haviam conseguido guardar dela.

O parabéns cessou e todos tinham sorrisos estampados em seus rostos. Alicia sorria de orelha a orelha.

— Vem, para quem será o primeiro pedaço? - Sua mãe comentou colocando uma mecha do cabelo atras da orelha.

Alicia se aproximou da mesa e pegou a faca cortando o primeiro pedaço de bolo. Era de massa branca, recheado e coberto por doce de leite, não tinha como ser melhor. Ela cortou uma fatia média e logo em seguida cortou outra, tendo duas fatias em mãos.

— Nunca dá para escolher um ou outro. - Ela sorriu ao olhar para os pais. - Esses são pra vocês.

Eles pegaram o bolo da filha com um sorriso estampado no rosto.

— E o segundo vai para as maravilhosas que me aguentam sempre. - Alicia já tinha outra duas fatias de bolo em mãos e entregou para amigas Mel e Bia.

— E iremos aguentar para todo o sempre. - Elas sorriram.

Alicia cortou alguns pedaços de bolo e aos poucos as pessoas foram pegando na mesa. Por último ela cortou um pedaço de bolo para si e pegou alguns brigadeiros na mesa. Saiu da mesa e foi para perto das amigas que estavam conversando.

— Vocês conseguiram em. - Alicia sorriu.

— Finalmente, né? Já tentamos criar uma festa surpresa pra vocês desde dos 15 anos. - Mel disse.

—Lembra aquela vez que eu cheguei com o bolo e você ficaram de queixo caído? - Alicia riu ao se lembrar.

— Lembro, foi tipo como assim ela descobriu. - Bia riu junto.

— E aquela vez que você fingiu surpresa e soltou um eu já sabia, deixando todo mundo com cara de saco cheio. - Bia comentou rindo ainda.

— Ai, vocês são maravilhosas, vocês conseguiram dessa vez. - Alicia sorriu e abraçou as amigas juntas.

— Te amamos. - Mel e Bia falaram juntas.

Se afastaram do abraço e o celular de Alicia apitou com mensagem nova. Ela pegou o celular no bolso da calça e tinha uma mensagem na caixa de entrada de mensagem, de um número desconhecido. Ela estranhou, ninguém mais mandava mensagem daquela forma. Abriu.

Feliz aniversário! Estou em 2017 vendo alguém fazendo 15 aninhos. Você era jovem e linda rsrs. Me desculpa por mandar essa mensagem, mas sentia que precisava te desejar parabéns ao menos. Todo sucesso do mundo, senhorita Alicia.

Beijos Mat.

Alicia olhou incrédula para mensagem. Como assim ele havia conseguido o número dela e estava vendo ela fazer 15 anos? Ele conseguia ver ela ainda por aí e ela não podia nem ao menos ouvir a voz dele outra vez. A jovem se encheu de fúria querendo jogar o celular contra a parede, mas um número começou a ligar para ela.

Pedro chamando.

Alicia ponderou em não atender, não queria falar com ninguém, mas Pedro estava sendo tão atencioso com elas nos últimos dias. Era injusto não atendê-lo. Atendeu.

— Parabéns pra você. - Ele dizia animado do outro lado da linha. - Feliz aniversário Ali.

— Obrigada. Como descobriu? Não lembro de contar. - Ela comentou querendo esquecer a mensagem que tinha recebido.

— Redes sociais. Hoje em dia é difícil ser misteriosa.

Ela riu do outro lado.

— Falhei na missão. Agora você sabe tudo de mim.

— Sei que você gosta de macarrão, de comer na verdade, tem muita foto de comida. Gosta de sair com suas amigas e tem os olhos verdes mais lindo que já vi nesta redes sociais e que são mais lindos ainda presencialmente, se me lembro bem. - Ele sorriu do outro lado.

— Assim eu fico sem graça, Pedro. - Ela corou.

— São verdades. Mas bem que a senhorita poderia me conceder ver esses olhos outra vez, né? - Ele sugeriu.

O coração de Alicia bater mais forte, principalmente por ele chamar-la de senhorita, algo que Matheus fazia sempre. Ela suspirou pesado. Não queria se lembrar dele. Pedro estava fazendo um bom trabalho em afastar tudo aquilo dela.

— Claro. Só dizer quando.

— Ah agora sim, eu gostei. Podemos nos ver amanhã na hamburgueria? - Ele sorriu vitorioso do outro lado.

— Claro, combinado. - Ela sorriu consigo. - Agora preciso ir, vou dar atenção aos meus convidados.

— O que? Teve festa e nem fui convidado?

— Foi surpresa. Primeira vez que eles conseguiram me pegar mesmo.

— Ah então você é difícil de surpreender? - Sugeriu.

— Às vezes. Preciso ir. Beijos. - Se despediu.

— Beijos, Ali. - E ele desligou a ligação com um sorrindo que mostrava suas covinhas.

Alicia voltou para suas amigas e recebeu os parabéns de alguns parentes que estavam ali que já começavam a ir embora. Aos poucos foram todos embora, restando apenas seus pais e suas amigas Mel e Bia com ela. Sua mãe começou a guardar o resto das comidas, perguntou para as meninas se ela queriam, mas negaram.

— Vamos deixar para amante de bolo de doce de leite. - Mel comentou.

— Obrigada, afinal esse bolo é maravilhoso.

— Quem te ligou? - Bia questionou curiosa.

— O Pedro. - Lici sorriu.

— Isso andar ou não? - Mel sorriu maliciosa.

— Vamos sair amanhã.

As meninas se entreolharam e sorriram de orelha a orelha.

— Eu sabia! - Bia gritou.

A mãe de Alicia olhou confusa para meninas.

— É só um encontro. - Lici deu de ombros.

— Só um encontro? Você quase transou com ele, Lici. - Bia sussurrou próximo as meninas.

— Ai, não foi nada demais. Eu só estava afim e aconteceu. Não quer dizer que vamos namorar. 

— Eu sei, eu sei. Mas possa ser que amanhã vocês finalmente transem. - Mel comentou dessa vez.

Lici olhou apreensiva para elas. Será que aconteceria? Não que ela tivesse problema com isso, mas não é como se ela quisesse sair amanhã apenas para transar com Pedro. Eles estavam conversando há dias e estava sendo bem legal, ela não queria estragar isso transando com ele e depois ele sumindo. Se bem que ele podia não sumir, pensou. Mas não queria se preocupar com isso, iria para o encontro e viria no que podia dar.

— Vamos para o meu quarto? - Lici perguntou já na escada.

As meninas a seguiram. Chegando no quarto Mel e Lici deitaram na cama, enquanto Bia sentou na cadeira.

— O outro me mandou mensagem. - Lici comentou analisando a reação das meninas.

Mel olhou surpresa para ela e Bia ficou curiosa.

— Aquele que você nunca disse quem era? O que ele disse? - Bia questionou.

— Disse parabéns e que pedia desculpas por mandar mensagem, mas que me devia ao menos isso. Desejou sucesso também. - Lici contou tudo olhando para o teto, sem querer ver os rostos das amigas.

— Nossa, que estranho. Normalmente eles mandam mensagem de parabéns como desculpas para poder puxar assunto. - Comentou Bia

— Por que vocês não deram certo, mesmo? - Mel questionou arrumando os cabelos cacheados para cima, para não amassar no travesseiro.

— É complicado. Ele não podia ficar aqui e teve que ir embora. - Lici suspirou.

— Mas vocês podiam namorar a distância. - Bia parecia esperançosa.

— Isso não daria certo. - Lici deu de ombros.

A jovem pegou o celular do bolso e apagou a mensagem dele. Não precisava mais ter um fantasma dele na vida dela. Ela se levantou e pegou um pijama no armário. Desde do incidente da viagem temporal com apenas uma camiseta velha, ela decidiu comprar pijamas e dormi com eles.

— Dormem aqui. - Ela pediu olhando para as amigas.

— Claro. Meu pijama ainda tá aqui? - Questionou Bia.

Lici concordou com a cabeça.

— Vou tomar um banho e pegar toalhas para vocês.

Lici sumiu entrando no banheiro. Ligou o chuveiro e entrou embaixo dele, molhando os cabelos negros. Enquanto estava ali, ficou se perguntando oque  Matheus poderia estar fazendo, além de ver ela completar 15 anos. Estaria ele vendo ela em outros anos? Isso seria estranho. Quando voltaria para o tempo dele?  Vários pensamentos da jovem foram tomados por conta de Matheus e ela suspirou pesado. Fazia algum tempo que não lembrava dele com tanta intensidade. Mas lá estava ele nos pensamentos dela de novo.

— Droga! - Ela gritou no chuveiro.

Várias batidas foram ouvidas na porta e as amigas não esperaram ela responder e entraram no banheiro que estava com a porta destrancada.

— Você está bem? - Mel questionou do outro lado do box.

Lici olhou para o box, não conseguia ver as amigas do outro lado, mas imaginava os rostos delas de preocupação. Mas ela não podia contar para elas o que ele era e nem as coisas maravilhosas que aconteceu com ela. Então não adiantava chorar por ele no colo delas. Respirou fundo e respondeu.

— Estou sim. É que entrou shampoo no meu olho.

Mentiu, como fazia há tanto tempo desde que conheceu Matheus.

A jovem saiu do banheiro e entregou uma toalha limpa para Mel pode ir tomar banho. Bia ficou com ela no quarto, enquanto Lici penteava os cabelos molhados.

— Você está realmente bem, Lici? - Bia olhou preocupada para ela.

Alicia tirou atenção do reflexo no espelho e olhou para amiga.

— Claro que estou. - Forçou um sorriso.

— Ele ainda mexe com você?

— Não, um pouco, mas isso logo vai passar, Bia. - Ela voltou atenção para seu reflexo no espelho e a pentear o cabelo.

Logo depois de Mel, Bia foi tomar banho e quando acabou todas se ajeitaram na cama e nos colchões no quarto. Colocaram um filme para ver no notebook e pegaram no sono vendo o filme.

Naquela noite, Alicia sonhou com Matheus e como seria uma viagem no tempo com ele ao século XVI. Seria maravilhoso, concluiu. Ou ao menos em seus sonhos estava sendo.