Um Amor Muda Tudo escrita por Dreams of a Blindspot fan


Capítulo 28
Family is Complicated




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POV NATHALIE

 
Há seis longos meses que eu não escuto a sua voz, nem que seja para reclamar de algo que estou fazendo ou da minha bagunça, eu não sei se você ainda está chorando ou já se conformou que eu estou bem, o que na verdade estou. Não posso te dá maiores detalhes de tudo, quanto menos vocês souberem é melhor, em breve iremos nos ver, eu não vejo a hora de te abraçar mãe, de abraçar o Ryan e o Reade e de dizer  o quanto vocês fazem falta na minha vida, vocês são o que eu tenho, a minha família e vou lutar até o fim para voltar para vocês.

     Nathalie escreveu mais uma vez num pedaço de papel como rascunho, com esse somavam-se vinte e oito recados que ela mandava para a mãe codificados por meio de anúncios de jornais. No começo Tasha e Reade não sabiam se poderiam confiar nessas informações, mas depois Nathalie confirmou que de fato era ela que mandava as mensagens, que aprendeu essa técnica com a Patterson e foi a maneira mais fácil que ela encontrou para se comunicar.

Mas o que Tasha e Reade nem desconfiavam era o que estava acontecendo em outro continente. Para eles Nathalie tinha recebido uma nova identidade e trabalhava como bibliotecária numa universidade do Canadá, mas na realidade a garota estava na Suécia recebendo um treinamento intensivo que prometia transformá-la em uma das melhores agentes da CIA e estava funcionando.

Ela era uma boa atiradora, conseguia se manter o controle sob pressão e ainda tinha uma forte e intimidadora  forma de interrogar suas “vítimas” como ela chamava amigavelmente.

Para alguns agentes experientes da organização Nathalie ou melhor Atena (esse foi o nome que Keaton lhe deu ao entrar na organização) nasceu realmente para aquilo, e eles nem desconfiavam quem era a garota ou de quem era filha.

     Enquanto isso em NY Tasha e Reade tentavam administrar a saudade que tinham e a criação do pequeno Ryan, não estava sendo fácil para a mulher tão super protetora não ter informações diárias da garota, e muitas vezes ela se afundava no trabalho para não ter que pensar ou falar sobre sua saudade.

Em um certo momento Reade parou de reclamar sobre esse assunto, sabia que não estava adiantando debater com a sua mulher o fato é que ela tinha desistido de lutar, todo aquele esforço não estava dando em nada.

Patterson e Rich incansavelmente buscavam pistas para provar a inocência da garota e assim trazê-la de forma mais rápida, Jane e Kurt faziam de tudo o que podiam para ajudar, sempre que surgia uma nova pista eles iam atrás, investigavam e tiravam a história a limpo, tudo para ajudar Tasha a trazer sua filha de volta.


Nathalie passava horas estudando casos e conversando com agentes da CIA, tudo para adquirir mais experiência  e conhecimento, sempre buscava ampliar seus métodos dentro da instituição, como ela nunca pensou nisso? Ela sempre se questionava.

Ela ouvia de Reade constantemente como foi terrível Tasha ter estado infiltrada e como isso quase a destruiu, mas ela nunca pôde conversar sobre um outro ponto de vista desse assunto com a mãe, de como ela se sentia tranquila ao entrar numa sala e conseguir interrogar alguém, mesmo que por muitas vezes ele precisasse usar a tortura física e psicológica para ter essas respostas, em outras não era preciso, ela sabia intimidar apenas com as palavras.

Dependia muito do caso e do que precisasse fazer, isso impressionava Keaton diariamente.

     Tasha estava no SIOC cuidando de alguns documentos quando seu celular tocou, a notificação era de um número totalmente desconhecido sem falar que, quem estivesse do outro lado da linha não estava no país, Tasha correu até o vestiário, seu coração gelou ao ouvir aquelas palavras.

— Mãe você pode falar agora? Está sozinha?


— Nathalie é você meu amor? — Tasha estava surpresa e bastante emocionada.


— Mãe só me escuta. — Pediu ela.


— Eu preciso te ver filha! — Ela praticamente implorou.


— Eu também quero te ver, em duas semanas eu estarei me mudando novamente e vou passar por NY, vou te dá as coordenadas do local e vamos nos encontrar. — Avisou Nathalie.


— Você me promete Nathalie?


—  Prometo sim! — Disse a garota tentando controlar as emoções. — Eu preciso desligar mãe, eu te amo. Eu amo vocês.


— Também amo muito você, cuidado filha, fique bem.


A ligação foi encerrada do outro lado da linha após Nathalie sussurrar algo impossível de ouvir, Tasha sentia seu coração aliviado toda vez que falava com a filha, ela estava viva! Ela queria poder correr e contar para Reade, porém ali seria arriscado, alguém poderia escutar e vazar informações isso poderia prejudicar mais toda a história.

Ela preferiu esperar até à noite, quando estivessem apenas eles, mas o dia não colaborava, as palavras: “Eu te amo e vamos nos encontrar” ecoaram o dia inteiro no ouvido de Tasha, e a ansiedade, essa só aumentava.


Assim que chegaram em casa Tasha contou para Reade, que mesmo preocupado vibrou em saber que a enteada estava bem, e de fato a história que Nathalie trabalhava numa faculdade os faziam ficar menos preocupados.

As duas semanas passaram-se lentamente, uma quinta feira as 22:00 da noite, Tasha acomodava o pequeno Ryan na cadeirinha do carro, Reade já estava no volante, tinham como destino uma cidade afastada do país, levariam mais ou menos quatro horas nessa viagem, até chegarem numa pequena aldeia, lá Nathalie esperava ansiosa por eles.

Deixaram o carro um pouco afastado do local, como combinado, ao ouvir passos o coração da garota congelou, Reade entrou na frente para se certificar de que o lugar era seguro, pedindo para Tasha esperar um pouco, ao sinal de que estava tudo em ordem ela entrou na casa.


— Eu estou aqui. — Falou Nathalie saindo de um dos cômodos da pequena casa


— Filha! —  Tasha a abraçou tão forte, querendo gravar para sempre aquela sensação há tanto tempo adormecida, Reade por um momento virou um telespectador do amor de uma mãe e uma filha que o destino brincou de separar novamente.


— Vocês estão bem? — Perguntou a garota após se recuperar de algumas lágrimas. Sendo abraçada por Reade, que também expressou como a garota fazia falta na vida dele.


Nathalie pegou o pequeno Ryan no colo que ainda dormia, eles conversaram, Tasha estava muito preocupada com a forma que Nathalie estava agindo, ela estava muito calma para alguém que estava fugindo há mais de seis meses.


— Como estão todos em NY? — Perguntou a garota tentando fugir do assunto.


— Estão bem, Kurt e Jane estão ótimos e a pequena Lys também, Rich continua da mesma forma. — Brincou Tasha.


— Sinto falta de todos eles, e a... — A garota respirou fundo fazendo uma longa pausa.  — A Patterson? Como ela está?


— Ela sente sua falta. É difícil para ela também. — Disse Reade.


— Também sinto, é complicado para todos nós, eu não poderia ficar e arriscar que algo acontecesse com vocês, realmente eu sinto muito por tudo o que causei. — Ela precisou parar quando as lágrimas chegaram nos seus olhos.


— Você não fez nada. — Disse Reade tentando lhe consolar. — Tudo o que está acontecendo hoje não é culpa sua Nathalie e nem sua Tasha, parem de ficar se culpando.


Os três conversaram mais um pouco até a hora que Nathalie precisou se despedir, ela precisava continuar a viagem, dessa vez não foi fácil dizer até logo.


— Preciso ir agora, já vai amanhecer, e vocês precisam voltar para NY. — Falou a garota após entregar o seu irmão para Reade.


— Fique viva minha filha! — Sussurrou Reade ao abraçar a garota.

—  Pode deixar, eu voltarei. E Sr. R... ela sorriu forçadamente. — Cuide deles, eu confio em você.


Ele acenou positivamente sorrindo e saiu deixando mãe e filha a sós novamente, Tasha retirou o seu colar que sempre usava, colocando na filha.


—  Amuleto da sorte? — Questionou Nathalie segurando o colar.


— Quero que sempre use, você sabe que não acredito em amuletos da sorte, mas ele te fará lembrar que sempre estarei com você. Quero que você me prometa que fará o que for preciso para sobreviver, e não irá se arrepender de nada, entendeu?


— Eu não vou me arrepender de nada, você me ensinou isso! — Ela abraçou a mãe. — Eu vou fazer tudo como você me ensinou e voltarei viva.


— Eu acredito nisso. — Disse Tasha se afastando da filha. — Agora vai, eu cuido de tudo por aqui.


Tasha observou Nathalie sair pelos fundos da casa, ouviu quando o carro foi ligado e ficou ali parada de olhos fechados até que o barulho foi diminuindo até não ser possível ouvi-lo mais.


— Volte viva por favor! — Tasha sussurrou com os olhos cheios de lágrimas.


A volta para casa foi em silêncio, apenas olhares de confiança entre ela e Reade eram compartilhados, um tentava confortar o outro, o momento não era fácil, mas iriam passar por tudo juntos.


Nathalie precisou trocar de carro até chegar no aeroporto da cidade vizinha, usando documentos falsos ela conseguiu entrar e sair dos Estados Unidos sem chamar atenção, seriam oito horas de voo de volta à Suécia, dessa vez com mais saudade, como ela queria ficar e conviver com a família dela.


     Já era tarde e Keaton estava preocupado com Nathalie que não dava notícias.


— Foi inconsequente o que você fez Nathalie! — Ele disse de forma alterada assim que a garota entrou na casa.


— Eu precisava vê-los! — Respondeu a garota deitando-se no sofá.


— Você se pôs em risco e colocou eles em risco, poderia ir tudo por água abaixo. — Rosnou ele irritado.


— Mas não ferrei com tudo, eu voltei viva e eles também estão. Eu não poderia ficar sem me comunicar com eles é a minha família e a minha mãe precisava de mim.


— Da próxima vez me comunique, eu fiquei sem saber o que dizer a Nas. — Falou Keaton voltando para a sua mesa.


— O que você falou para ela?

 
— Que eu tinha lhe enviado infiltrada, você foi obter mais informações sobre o Jhon Parking.


— Não mentiu totalmente, fiz algumas paradas no caminho. — Disse a garota entregando um pen drive a Keaton. — Divirta-se! Preciso dormir, quando estiver pronto é só me chamar.


— Isso não te faz menos culpada Nathalie, mas bom trabalho.


A garota resmungou algo, e saiu para descansar, a viagem tinha sido muito longa e cheia de emoções.

     Já se passavam uma semana desde de que Nathalie tinha visto a sua família, ela não via a hora de tudo terminar e ela poder voltar para sua vida normal.


Tasha tinha acordado mais disposta naquele dia, tinha levantado cedo, fez uma corrida no parque próximo pois há alguns meses aquilo tinha deixado de ser um hábito, ao chegar em casa o café da manhã estava pronto e Reade a aguardava enquanto brincava com o Ryan, após o banho Tasha juntou-se a eles na mesa.


— Está tudo bem Reade? — Ela questionou ao observar como ele estava pálido. — Aconteceu algo?


— Só acordei com uma sensação ruim, mas não deve ser nada. — Ele tentou não preocupa-la.


— Ruim como? De que algo vai acontecer? — Insistiu ela.


— Mais ou menos isso. Não deve ser nada amor, vou deixar o Ryan na creche e te levar no sioc eu tenho uma reunião hoje. Falou enquanto entrava no quarto esperando Tasha se arrumar.


— Sem problemas, podemos ir de táxi.


— Eu levo vocês, não se preocupe. — Ele deu um beijo em Tasha que por sua vez intensificou ainda mais o beijo, deslizando sua mão para dentro da blusa dele, o momento pedia urgência nos movimentos, então ele  a suspendeu na cintura sentando com ela na cama.


— Acho que vamos nos atrasar. — Ele falou interrompendo o beijo para respirar.


— Temos dez minutos ainda. — Disse Tasha o beijando novamente, dessa vez um beijo mais cheio de desejo, o que foi correspondido por Reade na mesma intensidade, com beijos pelo pescoço e colo.

Após alguns minutos de troca de carinhos, ela se afastou um pouco dele com um sorriso nos lábios.

— Agora sim estamos atrasados e acho que vou levar uma bronca do chefe, ou não? — Provocou ela.


— Olha como seu chefe eu deveria mesmo te dá uma bronca, porém como seu quase marido, eu adorei ter me atrasado dessa forma. — Reade sorriu, selando o momento com mais um beijo.


— Quase marido? — Tasha deu uma gargalhada melodiosa. — Gostei como isso soou.


— Eu também. — Disse ele levantando-se para que pudessem se vestir.


Deixaram o Ryan na creche e em seguida Reade a deixou no sioc.


— Bom dia amor, me ligue se acontecer qualquer coisa. — Pediu ele.


— Boa reunião e eu não vou lhe atrapalhar, não vai acontecer nada. — Se despediram com mais um beijo.


— Preciso descer desse carro ou então você não participará de nenhuma reunião. — Disse ela com humor. — Se cuida!


     Na Suíça, Nathalie também estava um pouco atrasada, tinha combinado com Keaton de investigarem um cara, e iriam sair um pouco do país. Nathalie estava muito agitada naquela manhã, não tinha dormido bem por conta dos pesadelos, eles estavam novamente sua mente, e também não conseguia comer nada, seu estômago parecia embrulhado.

Seguiu seu destino, decidindo cortar caminho por uma estrada mais deserta porém com uma vista linda para o mar, estava tentando relaxar e se apegar com o que sua mãe lhe ensinou: “Haverá momentos que você pensará que irá a loucura, mas lembre-se do seu ideal, o porque fazer tudo isso.”


Quanto mais ela pensava, mas parecia está distante do seu alvo.


POV NATHALIE

 
E se eu nunca tivesse saído daquele orfanato? Se nunca tivesse aceitado a ajuda daquela senhora? É talvez eu estaria bem, mas não iria ter tudo de especial que conquistei, não iria conhecer a minha mãe e não saberia o que é ter uma família e também não viveria fugindo de tudo.

E se realmente eu nunca saí, e se isso for só mais um dos muitos delírios da minha cabeça e eu continuo naquele chão frio do orfanato?

 

Eu não atirei nela... porque isso tem que ser tão difícil? Eu não atirei! — Ela gritou por fim.


A garota não conseguia mais enxergar nada além da mureta que separava o asfalto da ribanceira, de repente tudo se passou como um filme na sua mente e ela não conseguia mais pronunciar nada.

 

Uma hora mais tarde


— SUV não identificado foi visto pelas câmeras, estava na velocidade permitida antes de colidir e cair no mar, sem sinal de passageiros ou alguma identificação do motorista. — Respondeu o soldado da guarda-costeira ao seu superior


— Pode ter sido um suicídio, já que não tem marcas de tentativas de frear o carro no asfalto. — Explicou o outro.


— Pode até ser. Quero as imagens das câmeras das rodovias, temos a possibilidade do motorista da SUV está sendo seguida, eu preciso  encontrar esse fantasma. — Pediu o superior.


As notícias sobre o acidente já corriam por toda cidade, Keaton estava num café onde marcou de encontrar com Nathalie quando ouviu sobre o acidente, ele tentava ligar para a garota, mas sem sucesso, foi quando maiores detalhes sobre o acidente foi informado, modelo do veículo, placa mas sem dados do possível passageiro.


Keaton estava quase entrando em estado de loucura, quando decidiu ir até o local.


— Senhor não pode ficar no local do acidente, a área está isolada. — Explicou um dos agentes.


— É a minha sobrinha que está desaparecida, o meu nome é Robert eu vim assim que vi o noticiário, o veículo é dela, onde  ela está? Eu estava esperando por ela num restaurante e ela não atendia minhas ligações. Ele conversou bastante nervoso com os agentes responsáveis pela investigação apresentou seus documentos falsos.


— Ainda não achamos o corpo, sinto muito senhor estamos fazendo o possível, precisamos de alguma foto para nos ajudar nas buscas.


— Aqui está a foto dela. Ela se chama Atena Sloan, é jornalista, eu estou muito preocupado, não sei se realmente ela estava no veículo.


— Ela tem pais aqui? — Perguntou um paramédico.


— Não só a mim, os pais dela não moram no país, eu só quero informar quando tiver algo concreto.


— Desculpa interromper senhor, mas achamos isso próximo à margem. Pode ser da vítima, estava na margem da praia. —Informou um dos homens do resgate ao seu superior.


— É da Atena, é o colar que ela sempre usa.

Keaton reconheceu o colar, o mesmo que a Tasha usava e tinha dado para Nathalie quando se viram pela última vez, já tinham oito horas de buscas pelo corpo, mas sem sucesso.

Ele não sabia se era a hora de ligar para NY e contar a verdade ou não. Onde você foi se meter Nathalie? O que você foi fazer? Pensou Keaton preocupado, pois agora ele estava de mãos atadas e não sabia como contar isso a Tasha.


Continua...


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