After the storm escrita por Dyanna Pereira


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Estou muito feliz de ter vocês aqui comigo acompanhando minha história, então quero combinar com vocês como vão funcionar as coisas por aqui. Pretendo postar dois capítulos por semana. Deixem nos comentários sugestões, quais dias vocês querem que eu poste? Boa leitura!



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Quando meu despertador toca no dia seguinte, sinto vontade de chorar mais um pouco. O enjoo matinal parece estar pior hoje. Minha cabeça lateja tanto que preciso piscar algumas vezes para me acostumar com a claridade do quarto. Olho ao redor, estranhando o lugar. Deixo que as lembranças me invadam e quando uma pontada de culpa me atinge com força, me convenço que não sou o tipo de pessoa que toma uma decisão dessas apenas por impulso. Do jeito que estávamos não dava mais para viver. Pego meu celular que está cheio de ligações perdidas de minha mãe, meu irmão, Neville, Luna e noto uma mais recente de minha cunhada, Hermione. Me pergunto se já estão sabendo do que fiz e sinto um tremor percorrer meu corpo. Minha mãe se preocupava muito com os filhos, mas não era de se intrometer em nossas vidas, então resolvo mandar um sms. Sei que ela vai respeitar o meu espaço.

Mãe, estou bem, juro. Ligo assim que puder.

Gina

Depois de tomar um banho e me vestir, deixo a chave do quarto na recepção e acomodo minhas malas em meu porta-malas. Dou partida no carro, dirigindo devagar até o trabalho enquanto penso mais um pouco sobre minha situação.  

Minhas bochechas estão coradas e meus olhos um pouco inchados. Não sei de onde reuni forças para levantar da cama naquele dia, mas tinha consciência de que não podia me dar o luxo de ficar naquele hotel. Era sexta-feira e minha agenda estava lotada, tinha muito trabalho a fazer. Eu só precisava ficar longe de coisas que me fariam lembrar Harry. Estava tudo bem. Nós nascemos sozinhos e morremos sozinhos, não é isso? Além do mais, eu nem lembrava quando fora a última vez que fiz algo com Harry. Quer dizer, eu já estava sozinha, não estava? Iria sentir falta do que? De repente do cheiro dele, dos seus braços pesados envolvendo minha cintura durante a madrugada, da sua boca carnuda mordendo a minha, da omelete deliciosa que ele preparava para mim, de seus cafunés em meu cabelo, dos poucos finais de semana em que íamos visitar os pais dele e fazíamos amor a noite toda. Não me julguem. A casa no campo é muito romântica. Faço as contas em minha cabeça. Fazia um pouco mais de um mês que tínhamos visitado os pais dele. Sacudo a cabeça, batendo as mãos no volante. Isso é não pensar nele, Gina? Me questiono, mordendo o lábio inferior.

Estaciono em frente ao jornal e encaro meu relógio de pulso. Estava um pouco atrasada hoje. Pego minha bolsa mas antes encaro minha mão direita. A pedrinha de diamante de minha aliança parece piscar para mim e eu decido tirá-la, guardando no fundo de minha bolsa. Não fazia mais sentido manter ela lá, embora sua ausência me trouxesse um leve desconforto. Caminho para minha sala apressada, o escritório bem mais cheio do que no dia anterior. Ligo meu notebook, coloco meus óculos e começo a ler algumas reportagens, fazendo anotações em minha agenda. Ouço quando alguém bate na porta e peço para que entrem, encarando Amy. Ela está vestindo uma salopete xadrez e por baixo uma blusa de mangas amarela. Sorrio, agradecendo por ter escolhido aquela menina para ser minha assistente.
— Bom dia, Sra. Potter. Trouxe um café e um sanduíche de atum para a senhora.- nas sextas, o Sr. Pattinson, meu chefe, sempre oferecia um café da manhã para os funcionários. Eu tentava participar sempre, mas quando eu não comparecia, Amy sempre trazia algo para mim.
— Obrigada, Amy. Queria lhe pedir um favor.- bebo um gole de meu café e meu estômago reclama. Só então me lembro que minha última refeição tinha sido o almoço com Neville.
— Claro, pode falar.- ela me olha, prestando atenção.
— De hoje em diante, quero que me chame apenas de Gina.- percebo quando seus olhos se arregalam e ela olha para o chão, tentando disfarçar.
— Ah... bem... se você prefere.- Amy se enrola um pouco, me olhando sem graça.
— Olha, Amy, você tem sido muito boa para mim durante esses dois anos. Eu confio plenamente em você.- suas bochechas ficam coradas e ela sorri.
— Obrigada, Gina. Tenho aprendido muito com você.- dou uma mordida em meu sanduíche, mastigando devagar antes de falar.
— Quais são os compromissos de hoje? - ela encara o tablet, afastando o cabelo do rosto.
— A sua reunião com as seções do jornal para a pauta do dia começa daqui a meia hora. Depois, você tem aquela reunião com Hermione e pode tirar seu almoço. Sinto muito, Gina, mas você vai passar o dia inteiro na sala de reuniões.- solto uma risada, porque ela sabe o quanto odeio ficar presa em reuniões o dia inteiro.
— Obrigada, Amy. Algo mais?
— Por enquanto só isso, Sra. Po... Gina.- ela se atrapalha e eu finjo não perceber.
— Pode ir então.- Amy saí e eu termino meu café da manhã. Dou uma olhadinha no espelho antes de sair para conferir se meus dentes estão limpos e coloco uma pastilha de menta de baixo da língua, para tirar o cheiro de café e atum.

A sala de reuniões está bem barulhenta, como em toda sexta-feira. Encaro meus colegas de trabalho, prestando atenção no que conversam enquanto se organizam para começar a reunião. Uns falam sobre passar num barzinho para tomar uma cerveja, outros falam sobre o encontro com a fulana ou o ciclano. Todos com planos de finais de semana divertidos e eu penso em mim. Não tinha mais um marido, nem uma casa e definitivamente não era do tipo que escalava montanhas. Cruzo os braços, qualquer resquício de bom humor sumindo. Levanto, ligando o projetor. As vozes continuam altas então bato as palmas das mãos.
— Bom dia, companheiros. Vamos começar?

Depois que a sala esvazia, sinto uma pontada de arrependimento. Fui bem rígida na reunião de hoje e acredito que todos repararam que eu não estava num bom dia, já que só falavam quando eu perguntava. Me sirvo de mais um xícara de café, respirando fundo algumas vezes. Eu não era uma megera nem queria começar a ser uma. A porta da sala de reuniões é aberta e sinto vontade de chorar mais uma vez quando vejo Hermione caminhando até mim. Definitivamente, eu estava muito sensível hoje.
— Sua assistente me disse que você já estava livre, então entrei.- ela sorri para mim, colocando a bolsa em cima da mesa.
— Sim, eu estava esperando por você mesmo.- levanto e abraço minha cunhada, que me aperta um pouco.
— Como você está? - nós nos sentamos ao lado uma da outra, e pela pergunta imagino que ela já saiba.
— Estou bem, e você? - ela ergue uma sobrancelha, me encarando.
— Eu já sei o que aconteceu, Gin. Pode me dizer, por favor, em que raios estava pensando para sair de casa?
— Hermione, se veio aqui para me julgar, entre na fila. Você sabe muito bem que nós não estávamos bem.- me levanto outra vez e sirvo um copo de água para ela, que bebe um pequeno gole.
— Eu sei que você não estava se sentindo bem. Mas você fez o que eu disse? Conversou com ele?
— Sim, eu conversei.- encosto na parede, os braços cruzados.
— Gina, quando você conversou com ele? - ela franze a testa e cruza as pernas.
— Ontem a noite, ué.
— E vocês chegaram juntos a uma conclusão ou você despejou tudo o que estava sentindo todos esses meses em cima dele no meio de uma briga, depois juntou suas roupas em uma mala e foi embora? - abro a boca para falar, me sentindo traída por meu marido. Ex marido.
— Eu não fiz isso, Hermione!
— Bem, então Harry estava mentindo quando ligou para Rony ontem a noite.- descruzo os braços, mais uma vez em choque.
— Eu não acredito que aquele idiota fez isso!
— Qual é, Gina. Fale a verdade.- sento em uma cadeira, colocando o rosto entre as mãos.
— Tudo bem. Ok. Sim, eu falei tudo ontem a noite e não, não chegamos a uma conclusão juntos. Eu fui embora.- ela suspira, puxando minhas mãos e segurando-as.
— Olha, eu entendo perfeitamente tudo o que você estava sentindo e provavelmente ainda está. Mas vocês são um casal, Gina. Vocês estão juntos a nove anos, sem contar com o tempo que passaram namorando. Eu sei que ele errou, sei sim. Mas você também errou. Nenhum dos dois está certo. Vocês precisam sentar e conversar sobre todas essas coisas. E aí, juntos, vocês vão decidir se realmente não tem mais jeito ou se essa situação pode ser consertada.- encaro minha cunhada, afastando com a ponta dos dedos lágrimas que resolveram começar a se formar em meus olhos.
— Tudo bem, Mione. Eu vou pensar.
— Ótimo. Agora seca essas lágrimas e vamos ao trabalho.

A reunião com Hermione era a respeito de um imóvel. Quando me mudei para Londres para fazer minha faculdade, meus pais me deram um apartamento de presente. Morei lá até casar com Harry, mas eu não queria me desfazer do presente de meus pais, embora eles entendessem caso eu quisesse. Minha amiga, Luna, o alugou. Agora, era ela quem iria casar. O apartamento não era grande, tinha apenas um quarto. Neville e ela resolveram comprar uma casa numa cidadezinha próxima a Londres, que era bem maior. Finalmente eu tinha decidido vender o imóvel, então Hermione ficou responsável pela parte burocrática. Eu não queria voltar atrás agora que todos os papéis já estavam prontos, mas eu estava sem uma casa no momento. Decidimos então que colocaríamos os anúncios e deixaríamos os papéis prontos. Eu ficaria morando lá até aparecer algum comprador.
— Então, está tudo certo. Caso apareça alguma novidade, entro em contato com você. Preciso ir agora, vou almoçar com seu irmão. Ele estava bem preocupado com você.- nós nos abraçamos e eu a levo até a porta.
— Diga para aquele bobo que eu estou bem, apesar de tudo. Vou almoçar com vocês no final de semana. Te aviso quando decidir o dia.
— Ah, você pode fazer aquela torta de chocolate que eu amo? Por favor! - ela junta as mãos e eu rio.
— Vou pensar no seu caso.- ela se afasta, mandando um beijo por cima do ombro. Aceno para ela.

Volto para minha sala e como uma salada que Amy havia deixado para mim. Quando termino, ainda sinto fome, então peço um yakisoba de legumes por um desses aplicativos de comida. Desço para buscar minha comida e volto para minha sala. Digito algumas reportagens, olhando o site do jornal para ler as matérias postadas no dia. Pouco antes de meu horário de almoço acabar, escovo meus dentes e já levo tudo o que vou precisar para a sala de reuniões. As reuniões de hoje eram com patrocinadores, depois com o pessoal do jurídico e também do financeiro. Eu era responsável por passar essas informações para o Sr. Pattinson. Me sinto exausta no fim do dia e me arrasto até minha sala mais uma vez, dessa vez para organizá-la e ir para casa.

Quando entro em meu carro, preciso encontrar o retorno umas duas vezes quando percebo que estou fazendo o caminho errado. Eu estava indo para meu apartamento, não para minha casa e de Harry. O antigo apartamento é um pouco mais longe dali e pego um pouco de trânsito, me fazendo ficar mais mal-humorada ainda. Finalmente, estaciono em frente ao prédio. Sinto uma sensação estranha. Era bom e ruim estar ali. Carrego minhas malas até o elevador e procuro a chave no bolso do meu blazer. Hermione me entregou mais cedo, pois esteve com Luna para resolver algumas coisas. Quando abro a porta, percebo que tudo está exatamente como estava quando saí dali. Luna não mexeu em nada. Caminho pelo pequeno apartamento, indo até o quarto. Agora que estou sozinha mais uma vez, a saudade de Harry me invade e sinto uma dor em meu peito. Me permito sentir e quando as lágrimas se formam em meus olhos, libero-as, piscando. Era a segunda noite que eu ia dormir numa cama diferente. Tiro meu vestido, indo até o banheiro. Entro no box e deixo que a água gelada caia pelo meu corpo. Choro baixinho dessa vez e me esfrego com uma esponja, esperando que ela tire do meu corpo não só a sujeira, mas também a dor que eu sentia.


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Notas finais do capítulo

Gina é uma personagem muito forte, mas todos nós temos nossas fraquezas, não é? Embora ela queira seguir em frente, o coração sempre prega uma pecinha... Vejo vocês no próximo capítulo!



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