After the storm escrita por Dyanna Pereira


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Gostaria de agradecer a cada um que me deixou um comentário no último capítulo. Obrigada por estarem aqui comigo!



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Me pergunto mentalmente se eu estava morta. Mas se eu estivesse morta, conseguiria sentir os arranhões do sal na minha garganta? Conseguiria sentir meus olhos queimando por conta da água e a ardência em meu rosto por conta da força com que as ondas bateram ali? Abro meus olhos lentamente, uma frestinha de luz os invade e eu os fecho novamente. Lágrimas brotam no canto de meus olhos por conta da ardência. Tento abrir mais uma vez. Dessa vez percebo que estou mais uma vez em um hospital, ligada a alguns aparelhos, incluindo uma bolsa de soro. Sinto vontade de vomitar, mas então algo se mexe dentro de mim. Solto um gritinho e levo minhas mãos até minha barriga, que continua redonda e do mesmo tamanho de algumas horas atrás. Seriam horas atrás? A quanto tempo eu estava ali? O monitor ao meu lado me mostra minha frequência cardíaca e meu bebê me chuta nas costelas. Então eu estava viva ou sonhando? Não consigo resolver meu dilema interno. Retiro cuidadosamente os fios que estão presos em meu peito, levanto da cama e caminho até o banheiro do quarto para vomitar. Me sentia faminta, embora com muita ânsia de vômito. Também me sentia cansada. Volto para a cama um tempo depois. Meu bebê continua me chutando, impaciente. Acaricio minha barriga por cima da camisola de hospital. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas mais uma vez. Então eu estava realmente viva, e pela forma como meu bebê me chutava, ele também estava bem. Mas onde estava Harry? Decido procurar por ele. Levanto e puxo o carrinho de soro atrás de mim, abrindo a porta do quarto em silêncio. Recebo alguns olhares curiosos enquanto atravesso o corredor e minhas bochechas queimam. Eu nem sequer havia me olhado no espelho. A recepção da emergência está abarrotada de cabecinhas conhecidas, mas o que me chama atenção é Harry escorado em uma parede, o rosto entre as mãos. Ele está sentado no chão, ainda com a bermuda e a camiseta que estava usando no dia de nosso passeio. Será que tudo não passou de horas? Como a família inteira havia chegado ali tão rápido? Harry está soluçando e me sinto extremamente irritada. Por que ninguém estava afagando seus ombros e dizendo que tudo ia ficar bem? Não era isso que qualquer pessoa faria numa situação dessas? Ignoro as exclamações de meus pais, de Rony e Hermione e de Lílian e Tiago, enquanto caminho e me ajoelho com dificuldade entre as pernas de Harry. Seus olhos verdes estão vermelhos por conta das lágrimas e ele parece confuso ao me ver ali.

— Gina? - sua voz sai rouca quando ele me chama e suas mãos encontram a minha cintura pouco tempo depois.

— Sim, Harry. Sou eu, sua ruivinha. Está tudo bem.- percebo que minha voz também está rouca e sinto um leve desconforto ao falar.

Ele me abraça com força, apertando meu corpo contra o dele. Sinto suas lágrimas quentes molharem meu pescoço quando ele esconde o rosto ali, sussurrando palavras aleatórias como "senti tanto medo", "meu Deus, você está viva", como está o bebê?" e "por Deus, como eu amo vocês". Devolvo o abraço, reconfortando-o, explicando que estava tudo bem, que o bebê estava bem, que eu também o amava. Um tempo depois me levanto do chão com a ajuda de Harry, que continua segurando minha cintura mesmo quando sou abraçada por nossos familiares. Conforto meus pais, que também estão com os olhos inchados. Até Tiago me abraça, pedindo para que a recepcionista chamasse um médico para me examinar.

— Você é louca, Gina! Como você faz uma coisa dessas com a gente? Quase nos matou de susto.- Hermione exclama alto, mexendo em meus cabelos.

— Não tenho culpa de ter me afogado, Hermione. Posso garantir que foi ainda menos divertido para mim do que para vocês.

— Chega de discutir, meninas. O importante é que Gina e meu neto estão bem.- Lílian fala e caminha em minha direção.

Ela me encara e eu sei o que ela quer fazer, então aceno com a cabeça enquanto ela acaricia minha barriga. Nunca gostei que colocassem a mão em minha barriga sem me perguntar se podia e sempre deixei isso bem claro, por isso todos perguntavam antes. Sim, eu era chata com essas coisas. Mas espera lá, né. Ninguém saí por aí colocando a mão na barriga dos outros, por que precisavam fazer isso com as grávidas? O corpo continuava sendo meu. Depois de Lílian, sou abraçada por Rony, que não fala nada. Seus olhos também estão vermelhos. Uma enfermeira chama meu nome e eu volto para o quarto, mas apenas Harry pode entrar comigo.

— Toda a equipe está muito feliz por vê-la de pé, mas você devia estar descansando, Sra. Potter.- ela me cobre quando sento na cama e sinto minhas bochechas queimarem.

— Desculpe, só queria encontrar meu marido.- falo baixinho e Harry abre um sorriso fraco em minha direção. Ele ainda estava esquisito. Com certeza estava em estado de choque.

— Você podia ter chamado uma de nós, mas de qualquer forma, o Sr. Potter pode passar o resto da noite aqui. Você vai ficar em repouso e precisa ficar um dia conosco em observação. Vai sentir enjoo por uns dias, é um sintoma do afogamento. A palidez também é um sintoma, mas em poucos dias isso some. Sua pele estava bem azulada, mas já está bem melhor.- ela me analisa e percebo o desconforto de Harry com suas palavras. Eu também ficaria em choque se o visse azul ao invés de branco.

— Como está o meu bebê? - pergunto, quando ele me chuta mais uma vez.

— Você teve sorte, Sra. Potter. Se o seu marido não estivesse prestando atenção em você e o salva-vidas não tivesse agido o mais rápido possível, infelizmente vocês dois não estariam vivos. Fizemos um exame de sangue na senhora, você está se aproximando da 24° semana de sua gestação. Seu bebê está bem, está crescendo de forma saudável. Vocês já sabem o sexo do bebê? Conseguimos ver na ultrassom que fizemos.

— Sim, é um menino. Quando ela completou cinco meses de gestação, já conseguimos ver.- Harry fala de forma tranquila. Seu olhar está mais sereno agora.

— Que maravilha! Então está tudo certo por aqui.- a enfermeira fala, ajustando meu soro que pinga lentamente.

— Você poderia me trazer algo para comer? Estou faminta.

— É claro, Sra. Potter. Vou lhe trazer o café da manhã. Volto daqui a pouco.- concordo com a cabeça e a enfermeira sai do quarto.

O silêncio preenche o ambiente. Meu olhar se cruza com o de Harry. Ele estava com uma cara péssima. Não digo nada, apenas abro os braços para ele, que vem ao meu encontro e me abraça apertado, mais uma vez. Ficamos assim por um tempo, até que a enfermeira volta com meu café da manhã e ele se senta em uma poltrona ao lado da minha cama. Como devagar, enquanto a mão de Harry repousa em uma de minhas coxas. Ele está dormindo profundamente um tempo depois. Quando termino de comer, meus olhos já estão pesados, então me acomodo em meu travesseiro e adormeço, segurando a mão de Harry.

Acordo com falta de ar e assustada. Sonhei que estava me afogando, e imaginava que aquilo ia me atormentar por um tempo. Mãos pesadas me acariciam e eu encaro Harry, que está sentado exatamente onde dormiu. Ele sorri para mim, o rosto muito mais descansado agora.

— Também tive pesadelos. Está tudo bem, ruivinha.- deito meu rosto em cima da palma de sua mão e ele faz carinho ali.

— Que bom que você está aqui. Já podemos ir para casa? - minha voz está menos rouca agora e já não sinto desconforto em minha garganta.

— Podemos, sim. Só não quis acordar você.- ele fala baixinho e deposita um beijo em minha testa.

— Você avisou a Amy o que aconteceu? - pergunto, curiosa. Eu não sabia que horas eram, mas tinha certeza que era segunda-feira.

— Hermione avisou. Não tive muita cabeça para pensar nisso. Meu pai falou com Sirius também, ele está tomando conta da empresa hoje.

— Que dia é hoje? - decido perguntar para matar minha curiosidade.

— São seis da noite de segunda, ruivinha. Você dormiu bastante.

Concordo com a cabeça e me levanto. Não tinha mais nenhum aparelho ligado a mim, o que me faz ter certeza de que realmente dormi muito. Meus pais estavam nos esperando em nossa casa. Rony havia trazido roupas para mim e Harry, e ele me ajuda a trocar a camisola de hospital por um vestido soltinho. Estava precisando tomar um banho. O cheiro do sal continuava impregnado em meu cabelo e em minha pele. Caminhamos até o estacionamento, entramos em nosso carro e Harry da partida no mesmo, sem nem pensar duas vezes. Eu desconfiava de que iria demorar um longo tempo até que Harry me levasse em uma praia outra vez e sinceramente, isso não me incomodava nem um pouco. Em um determinado ponto da viagem, decido perguntar o que havia acontecido, já que não lembrava de muita coisa. Ele exita e parece desconfortável ao falar.

— Bem, quando o salva-vidas resgatou você do mar, você estava azul. Ele fez algumas manobras e você vomitou bastante, mas desmaiou logo em seguida, então te levei para o hospital. Você dormiu o resto do dia e acordou por volta de cinco da manhã. Fiquei muito assustado, embora os médicos tenham feito exames em você assim que chegamos e tenham dito de que estava tudo bem com vocês dois. Me culpei em todas aquelas malditas horas em que tudo aconteceu e continuo me culpando. Devia ter entrado com você. Não devia ter te deixado sozinha. Sabe, Gina, eu não sei mais como viver sem você. Simplesmente não faz sentido. E agora que você está grávida, tenho medo. Medo que algo aconteça com vocês dois.- ele não me olha, mas percebo que seus olhos estão úmidos enquanto ele encara a estrada, que começa a ficar escura por conta do fim do dia. Os nós de seus dedos estão brancos ao redor do volante.

— Me desculpe. Prometo que vou tomar mais cuidado daqui para frente. Olhe para mim.- ele vira o rosto apenas alguns centímetros em minha direção e eu acaricio sua barba, que fazia dias que ele não fazia.- Nós não vamos a lugar algum, nós te amamos e precisamos de você também.- acaricio minha barriga, me referindo ao bebê. Ele sorri.

— Você não teve culpa, não precisa se desculpar.- ele leva minha mão até seus lábios e beija os nós dos meus dedos.

Conversamos até chegarmos em casa, sobre coisas aleatórias. Harry estaciona em nossa garagem e um cheiro forte de comida preenche minha narina quando ele abre a porta de casa. Minha mãe estava na cozinha, preparando o jantar enquanto meu pai lia o jornal sentado na sala. Ele se levanta quando entramos, com um sorriso no rosto.

— Harry, Gina. Que bom ver vocês.- ele caminha em nossa direção, me abraçando.

— Oi, papai. Também é bom ver o senhor.- meu pai e Harry trocam um abraço, enquanto minha mãe vem correndo da cozinha segurando um pano de prato nas mãos.

— Gina! Querida, vocês chegaram. Está tudo bem? Como está meu neto? - ela também me abraça e em seguida acaricia minha barriga. Ela e Harry eram os únicos que eu não me incomodava que tocassem em minha barriga sem perguntar antes.

— Vocês precisam escolher um nome para o meu neto. Daqui a pouco ele nasce! - meu pai fala e eu o encaro enquanto minha mãe continua com seus carinhos.

— Estamos pensando nisso, Sr. Wesley.- Harry fala, corando levemente. Estava sendo difícil entrarmos em um acordo com relação ao nome do bebê.

— Ah, isso não é hora para discutirmos sobre isso. Eles devem estar com fome, Arthur. O pobre Harry não comeu nada enquanto estávamos no hospital.- minha mãe fala, cortando o assunto. E ela estava certa, eu estava faminta, é claro.

— A senhora está certa, estou faminto.- Harry concorda e todos caminhamos até a cozinha.

Comemos o cozido de minha mãe sentados a mesa, conversando sobre o projeto do quarto do bebê, que estava quase pronto. Não tocamos no assunto "final de semana". Acredito que todos tenham sofrido um pouquinho naquele dia, então não era necessário falar sobre isso mais uma vez. Harry lava a louça do jantar em meio aos protestos de minha mãe. Meu pai o ajuda e minha mãe sobe comigo para os quartos. Ela prepara o quarto de hóspedes e depois, quando digo que precisava de um banho, ela se senta na tampa da privada, me aguardando. Sim, eu estava tomando banho e a minha mãe estava me observando sentada no vaso sanitário. Ela só saí quando Hary entra no quarto, para que ele possa tomar banho também. Desejo boa noite para ela e meu pai, visto um pijama e me deito, esperando Harry. Quando ele termina seu banho, ficamos deitados, assistindo um filme qualquer. Eu não sentia sono, e confesso que fazer carinho no peitoral nu de Harry estava me deixando com outros sentimentos, mas ele estava distante. Nosso final de semana não tinha sido nada romântico e eu entendia o que se passava em sua cabeça, depois do desabafo que ele havia feito, então ficamos assim, abraçados, fazendo carinho um no outro. O importante é que tudo havia acabado bem.


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Notas finais do capítulo

Vocês também estão sentindo aquela sensação de paz que nos acompanha quando algo muito ruim acontece? Nossa Gina está se sentindo assim! Por quanto tempo, hein? Essa menina só se mete em confusão! Deixem um comentário para mim e até a próxima!



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