Nesta casa mando eu! escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 1
Único




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Era mais ou menos por volta das seis horas da manhã quando um forte estrondo sacudiu tudo e a fez cair da cama. Ainda entre sonolenta e atordoada, não sabia se aquilo fora um terremoto, uma tempestade, uma explosão, um ataque de algum vilão intergaláctico ou algum evento cataclísmico que abalara toda a Capital do Oeste. Tão logo conseguiu abrir realmente os olhos azuis após esfregá-los, percebeu que tudo aparentemente estava normal.

Mesmo assim, vestiu o robe e saiu do quarto com um andar ainda meio trôpego devido ao sono remanescente. Deu um longo bocejo e seguiu caminho. Um pouco mais desperta, já começava a suspeitar de onde viera aquele estrondo. Há anos estava habituada a coisas do gênero, mas ainda assim era meio difícil se habituar a algo tão cedo...

... E ainda por cima no fim de semana, onde se permitia acordar bem tarde, para curtir uma preguicinha extra.

Anos conhecendo indivíduos da raça saiyajin a ensinaram a se acostumar com várias coisas e a ver vários prós e contras. E, em se tratando daquele homem específico, enxergava nele muitos prós, a ponto de ele se tornar seu marido. Alguns contras haviam se transformado em prós.

Mas, chegando perto da sala de gravidade, chegou à conclusão de que havia contras que continuavam sendo contras.

Bulma esfregou e piscou os olhos azuis, tentando arrumar um pouco os cabelos azul-turquesa curtos, que estavam completamente bagunçados. Tentava acreditar no grande estrago que ocorrera logo cedo, porque a sala de gravidade perdera seu teto e as paredes estavam prestes a cair. Deu um salto para trás quando a pesada porta metálica caíra no chão, para depois uma parte da parede que a segurava ruir parcialmente e levantar a maior poeira. Começou a tossir enquanto recuava para se livrar das partículas de pó de concreto reforçado e teoricamente ultrarresistente a qualquer impacto, até mesmo como aqueles causados pela força descomunal de alguém em treinamento.

Com os olhos esbugalhados, tentava assimilar e acreditar no que acabara de ver. A reforma da sala de gravidade ruíra antes mesmo de ter seu uso liberado, e sabia muito bem que isso era obra daquele saiyajin teimosão!

Avançou alguns passos, chegando até onde ficava a porta e flagrou não um autor, mas dois. Ambos – pai e filho – estavam envolvidos em uma aura dourada e o mais novo arregalou os olhos verdes ao ver a mãe e encarou o pai:

― Xi... Sujou...!

A princípio, Vegeta não se importaria com mais um dos típicos chiliques da cientista. Aprendera a lidar com esses momentos, no começo, rebatendo cada coisa que ela dizia e, com o passar dos anos, uma boa parte dos seus sermões entrava por um ouvido e saía pelo outro. Se fizesse conta de cada coisinha ínfima que ela dissesse toda vez que esbravejava, ele piraria.

A expectativa era de ela ter um ataque histérico por eles não terem esperado para entrar na nova sala de gravidade recém-reformada no dia certo, em que as paredes estariam prontas para suportar tudo. Mas a realidade foi bem diferente.

Ela não disse nada. Absolutamente nada.

Apenas se retirou.

Pai e filho voltaram ao normal e se entreolharam sem entender nada. Tinha algo muito errado nessa história.

 

*

 

Como não havia mais sala de gravidade para os dois lutarem e como não era seguro o fazerem no quintal, pois poderiam destruí-lo e chamar a atenção da vizinhança toda, improvisaram obstáculos para poderem percorrer uma espécie de circuito. Pelo menos, Vegeta poderia treinar o filho no quesito agilidade e raciocínio rápido.

Bulma olhou pela janela o que os dois faziam e gostou muito. Ficou feliz por pai e filho estarem juntos, o que anos atrás seria simplesmente impensável. Deixaria aproveitarem o resto do dia como queriam. Precisariam de um bom entrosamento para o que estava por vir. Pensando nisso, deu um sorrisinho maroto que foi visto por Vegeta. O príncipe saiyajin sentiu um gelo percorrer sua espinha. Sabia que aí tinha coisa, só não sabia exatamente o que o aguardava.

Era mais difícil prever os movimentos dela do que de um adversário de luta.

 

*

 

Ao cair da noite, pai e filho terminaram os exercícios que se propuseram a fazer. Estavam cansados dos treinamentos que fizeram no decorrer do dia e, obviamente, com muita fome e com uma vontade enorme de tomar um bom banho para depois descansarem.

― Tô varado de fome, papai! – Trunks disse. – Será que a mamãe preparou um lanchinho pra gente?

Vegeta nada respondeu. Ainda continuava encucado com aquele sorriso enigmático de Bulma. Pelo o que conhecia dela, sabia que aquilo era um indicativo do que ela poderia aprontar. Só que ela era imprevisível, capaz de aprontar qualquer coisa... Ainda mais após o que ocorrera pela manhã. Começava a se xingar mentalmente pela própria impaciência e usar com Trunks a sala de gravidade antes da hora. Se seus pressentimentos estivessem corretos, um castigo os aguardava.

Aquela mulher terráquea podia não ser poderosa fisicamente, mas era muito, muito ardilosa.

Quando tocou a maçaneta da porta que dava para a cozinha, ouviu um alarme sonoro e grossas chapas metálicas fecharem todas as portas e janelas da grande mansão.

― Bulma! O que significa isso?!

― Entrada liberada só depois que limparem tudo o que sobrou da sala de gravidade, Vegeta! – era a voz de Bulma que saía por um alto-falante. – E não adianta tentar abrir à força, porque o sistema de proteção resiste aos seus golpes!

― Eu e o Trunks não vamos catar entulho!

― Então podem passar a noite todinha fora!

Os estômagos de ambos roncaram. Não tiveram alternativa a não ser limpar a bagunça da destruição que fizeram. Mesmo assim, não tiveram vida fácil. Vegeta e Trunks foram obrigados a dormir no sofá, complemento do castigo. Eles não conseguiram fazê-la demover de sua “vingancinha”.

Após voltar da sala onde eles dormiam, a cientista entrou em seu quarto e se deitou plena na cama de casal que seria só sua naquela noite. Sorriu:

― Aprendam... Nesta casa mando eu!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Obrigada por lerem e até a próxima! o/



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