Casamento da Morte escrita por HatsuneMikuo


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo de flashback. Boa leitura. ♥



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"Memórias, não são só memórias
São fantasmas que me sopram aos ouvidos
Coisas que eu nem quero saber"

Pitty - Memórias

 

...

Passara a vida seguindo as instruções de seus tutores, tivera sorte nascer numa família abençoada e agraciada com riquezas onde os pais puderam pagar por tutores severos. Sempre fora um bom aluno, estava disposto a se aprofundar mais nos estudos e entrar para faculdade logo aos 16 anos, seguiria o mesmo caminho de seus pais.  

No bairro onde morava com sua família existia uma moça que pouco a via, do caminho para o instituto de educação até casa, a vira pouquíssimas vezes. Ela passava maior parte do tempo dentro de casa, não frequentava igreja e nem mercado, e das raras vezes que fazia uma aparição na janela era sempre com uma expressão triste no rosto.  

... 

Camus ouvia comentários das fofocas enquanto estudava.  

“Uma desonra para família 

“Arruinou a família dela” 

“Onde já se viu, uma moçoila da idade dela não ser mais pura” 

“Desonra pala família, eu não aguentaria ter uma filha desse tipo” 

Camus apenas se concentrava em seu livro.  

... 

Não durou 1 ano e a família daquela casa se mudara, ouvia-se rumores que havia uma donzela solteira grávida, mas nunca provaram ser rumores verdadeiros pois ela pouco saia de casa para os curiosos constatarem a veracidade, se ela estava grávida ou não estava. Na rua, próximo da estrada, o jovem encontrara um bebê. Nunca tinha visto um antes, e também não sabia o que fazer. Pegou-o nas mãos, cabia nas duas, com muito terno. Ele não chorava, mas estava com a fralda de tecido suja. O cheiro não foi problema, mesmo que seja forte. Algo dentro de si acendeu, tinha que cuidar daquele pequenino.  

Em casa seus pais demonstraram apatia pelo bebê que mesmo com poucas horas de vida já sorria. Ele foi cuidado por semanas até ganhar peso, mas não poderiam ficar com ele, deveria ser entregue a um orfanato.  

Camus pela primeira vez em sua vida foi contra seus pais.  

Dentro do peito dizia que ele irá cuidar da criança, seus pais foram contra.  

Ter uma criança tão pequena perto dele iria atrapalhar nos seus estudos.  

Camus prometera a sua alma, “Cuidarei desta criança, não posso cuida-lo como um pai, então irei cuida-lo como um irmão.” 

Isaak fora o nome escolhido a criança que tinha um belo sorriso.  

Do hebraico, “"ele irá rir”, "filho da alegria", Isaak era a alegria e o motivo do sorriso de Camus.  

E foi cuidando de Isaak que Camus descobrira a paixão pela pedagogia. 

Decidiu não seguir os paços de sua família, uma renomada família de médicos. Iria se tornar professor. E com determinação entrou para faculdade aos 20.  

Foi difícil no começo do curso. Por anos, vivenciou e se dividiu em dois ou até mesmo as vezes em quatro, para administrar seu tempo entre cuidar de Isaak e estudar. Fora as vezes que se dedicava aos treinos e a família. Já que era responsabilidade do ruivo cuidar da criança, seus pais não iriam desperdiçar tempo com um moleque que não veio deles.  

... 

Com a reputação de sua família, chegou a si um jovem garoto de 6 anos que não falava, não mostrava sinais de intelecto. Por fora soube que se tratava de uma criança bastarda do filho da maior rede de fábricas da Rússia, e era vergonhoso para o patriarca da família ter um filho retardatário.  

Era como se o filho não existisse em sua árvore genealógica. 

 

Antes o jovenzinho morava com a mãe até os 6 anos de idade, fruto de um caso extra conjugal, dizendo os registros ele havia presenciado a morte da mãe num naufrago de barco poucos dias antes de se mudar para casa do pai 

Ele era saudável, já passara por variados consultórios médicos, e mediante disso o diagnostico era sempre o mesmo. Olhos nublados e distantes, pouco falava ou respondia, choro constante. Podia se tratar de uma síndrome que causava um déficit intelectual em crianças, uma espécie de “Idiotia”. Mas nada que os médicos diziam agradava o pai.   

Depois de vários estudos e sessões de terapia, auxilio de psicólogos Camus pudera chegar a um diagnóstico plausível que por incrível que seja, agradou o pai pela descrição.  

“Transtorno de Stress Pós Traumático”.  

O pequeno Alexei Hyoga passou por maus bocados após perder a mãe, as lembranças do incidente ainda estavam vivas e revividas em sua memória. E do lado paterno da família não tinha apoio, a diferença de idade entre os irmãos era tanta e quase não havia interação por parte deles. Havia negação por parte do pai que apenas o referia-se como bastardinho. Nos primeiros diálogos entre a criança e o pai que presenciara, era sempre chamando-o de “você”, dispensava olhar para a criança.  

Sua intenção era endireita-lo e torna-lo como um homem decente, e que seu lado frágil e medroso foi herdado de sua mãe.  

Nunca soubera da história de sua mãe, apenas por rumores dos empregados da mansão que ela era uma donzela pianista, não se sabe a motivação pela qual Mitsumasa Kido teve interesse nela, mas nisso nasceu Hyoga de um relacionamento extra conjugal.  

Era notável que a criança sofria por ser tratado como um intruso naquela família em meio ao seu luto.  

Aquele não era seu ambiente natural, aquela não era a sua família, sua mãe não estava mais ali para afastar seus medos, e quanto mais tempo passava mais ainda fazia coleção de medos.  

O desamparo e o medo consumiam aquela criança, o stress o fez de um de seus medos fosse de abrir sua boca para falar. Ele tremia se alguém mandasse ele falar algo, ele engolia as falas. E assim ele parecia uma criança muda.  

Ele perdia também o interesse em brincadeiras, brinquedos e outras atividades. Não sabia nem se ele tinha acesso aos brinquedos naquela casa, supôs que não, já que os olhos azuis dele diziam que não recebia atenção de ninguém. E a única pessoa que realmente se importava com ele estava morta.  

Por um acaso do destino, naquele dia não tinha ninguém para cuidar de Isaak no dia. Então permiti que ele me acompanhasse desde que ficasse afastado, num cômodo distante enquanto estava em acompanhamento.  
Mas Isaak como uma criança de sete anos não compreendia a gravidade das situações, ele invadiu o espaço e começou a interagir com Hyoga.  

Não se sabe se seus olhinhos viram com curiosidade uma criança como ele e pensou que pudesse brincar com ele, um novo amiguinho, ou se ele se viu na missão de ajudar aquela pobre criança que chorava com facilidade.  

Era como se uma camada extensa de gelo derretesse e desse a oportunidade para interagir. Uma chama acendeu dando espaço para que aquela criança desse um paço para longe de seus medos.  

Passou a incluir Isaak no atendimento e deu dado certo, Hyoga ganhara um amigo e passaram a conversar, caminhar e até mesmo brincar como crianças normais.  

O medo do mais novo de ser punido por qualquer coisa ainda estava presente em sua vida. E ficava mais intenso ainda na presença de seu pai, Hyoga não conseguia agir perto dele, mas com Camus e Isaak ele se abria. O pai não demonstrava colaborar e demonstrar paternidade com o menor, e muito menos os irmãos demonstravam fraternidade com ele.  

Seria impossível afastar as tristezas do coração daquele menino, mas tanto o conhecimento que adquiri junto com a bondade de Isaak, aquela criança voltou a sorrir.  

... 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. ♥
Não esqueçam de deixar um review.



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