Casamento da Morte escrita por HatsuneMikuo


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Já já termina, acho que esse é o antepenultimo capítulo.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791282/chapter/12

A carruagem de Mitsumasa Kido finalmente chegou à mansão, fora bem recebida por criados com olhos pesados, ninguém conseguiu dormir bem naquela noite. O convidado nem se importou ou teve considerações. 

A aura imponente que aquele homem exalava parecia de um rei. Dono de uma das maiores indústrias de exportação de minério de toda Rússia, dono de várias minas espalhadas pela capital e interior.  
No que de importante o trazia para uma cidade tão pequena? Interesses nas indústrias têxtil daquela região, casar seu filho mais novo num casamento político seria uma boa oportunidade para realizar esta parceria. Quem sabe assim conseguiria comprar algumas ações.  

A atmosfera que o aguardava não estava de bom grado, o patriarca da família era seu conhecido de anos, mas sua esposa estava com uma carranca como se não sorrisse á semanas.  

Mitsumasa Kido não era jovem, devia estar nos seus 60 anos de idade, tinha barba e bigodes brancos e seu cabelo de cor igualmente. Diferente de seu filho, ele possuía a cor de pele mais escura em comparação, andava com auxílio de uma bengala negra e ostentava um terno preto de grife.  

Camus cumprimentou o patriarca na presença dos pais da noiva, Mitsumasa estava curioso para saber o que sua intuição estava-lhe dizendo, mas estava cansado e queria descansar e fazer seu desjejum.  

Os criados pegaram as bagagens e levaram para dentro, os pais fizeram breves cumprimentos à visita e entraram depois.  

A sós, Camus e Mitsumasa conversavam.  

— Desde que pisei aqui, reconheço que estão acontecendo conflitos sob minhas costas, é verdade isso, Camus? Ou seria apenas minha intuição me testando.  

— Afirmativo senhor, houveram desavenças entre Hyoga e os senhores.  

— Relate tudo.  

— Aconteceu tudo sob minha ausência. Hyoga e Isaak saíram para fazer trilha e se perderam. Acionamos as autoridades, mas elas só apareceriam ao amanhecer. Eu e Isaak saímos para procurar por Hyoga e a jovem senhorita nos seguiu. Encontramos Hyoga perto de uma igreja e levamos para cá, ele está aqui, já está descansando. Mas os pais estão decididos em anular o casamento por questionarem de que Hyoga fingiu se perder para que não houvesse o sagrado matrimonio.  

 - Mas que besteira, óbvio que haverá casamento. Se eu estou aqui eles irão se casar.  

— Senhor, não acha que está se precipitando? Ele ainda é jovem.  

— Camus, meu rapaz, sei muito bem sobre jovens de hoje em dia. Quanto mais cedo eles mostrarem compromisso, mais determinação terão no futuro.  

— O senhor já pensou como seria a convivência entre eles?  

— Deixa-lo aqui seria uma boa escolha. Vejo que ele terá uma vida confortável, continuará estudando para ser um bom chefe. Confie em mim Camus, eu sei o que eu faço e estarei dando uma vida de príncipe para ele.  

— Você já pensou no que Hyoga realmente queria?  

— Ele queria a falecida mãe de volta, impossível isso. Eu perdi meus pais na minha juventude e estou vivo e forte até hoje. O problema dessa geração de jovens é ser vitimista demais, qualquer coisa já é motivo de tristeza.  

— Acompanho Hyoga há 8 anos e devo concluir que o forçar a ter um relacionamento matrimonial ainda é um assunto muito precipitado.  

— Soa como eu estivesse ordenando um de meus filhos ao cárcere da vida. Nego, estou dando a oportunidade de ele amadurecer o quanto antes e deixar de se considerar um moleque para passar a ser um homem. Foi assim comigo e será assim com todos os meus filhos. 

Camus se calou, sabia que alguns de seus filhos já estavam noivos e casados, mas perguntava-se se eles estavam felizes com a decisão tomada. Mitsumasa Kido não casara jovem com sua primeira esposa. Ele não conseguia entrar nas defesas do patrão e defender Hyoga, enquanto escolhia suas cartas o mais velho voltava a falar, dessa vez sobre o caçula fazendo um arrepio na espinha.  

— O que aquele moleque fez?  

— Como senhor?  

— Camus, não sou tão fácil de ser enrolado e difícil de esconderem de mim. Sei muito bem que ele possa ter feito uma ação para anular o casamento para atacar diretamente a minha pessoa, como forma de protesto rebelde.  

— Não senhor, nada ocorreu durante sua ausência. Apenas um curto episódio onde já foi tudo resolvido.  

— Fale-me. 

— Aconteceu devido meu breve período de ausência sobre os meninos, eles saíram por um momento e se perderam no bosque. Eles não conheciam a área. A noiva insistiu em participar das buscas, mas a família desaprovou, ela veio escondida atrás de nós e o encontramos.  

— Fale-me. - Disso autoritário em tom de ponto final, nada do que aconteceu poderia ser abreviado ao falar com ele.  

— Hyoga e Isaak saíram para caminhar, Hyoga perdeu o anel de ouro e ficou procurando pelo caminho do bosque, ele se separou de Isaak e meu rapaz voltou sem ele para pedir ajuda, acionamos as autoridades, porém estava tarde. Eu sai com Isaak para procura-lo mais e a moça Eiri nos acompanhou. Encontramo-los perto de uma capela.  

— Diga-me, como é a menina?  

— Corajosa, astuta, determinada... Tem um pulso forte, uma dama de aço de educação incrível de uma mulher 

— O total contrário do meu... 

— Não senhor, Hyoga tem muita coragem dentro dele, ele apenas é envolto de uma camada extensa de gelo. Basta que elas se derretam com o tempo e verá quem ele é de verdade.  

— Não sou como você Camus que consegue facilmente derreter a camada de gelo de alguém. Fiz tudo ao meu alcance para aquele menino como saber da vida como ela é. Dificil fazer ele entender 

Camus deu uma breve pausa para esconder seu bocejo de seu chefe, mas foi notado por ele.  

— Eu desejei tanto que ele seguisse seus passos, mas pelo visto é impossivel. 

— Não é possivel existir dois de mim nesse mundo, Hyoga pode se esforçar em amadurecer, mas ser igual a mim, jamais pode acontecer.  

— òbvio que sei, mas não custa nada pagar para desejar. 

— Dinheiro nem sempre compra tudo que quisemos. - Mitsumasa pegou um dos charutos e acendeu, esquentando os lábios, ofereceu companhia para Camus que aceitou por agrado, não era chegado ao fumo, mas não desagradaria o pai de seu aluno e chefe. O dia foi muito estressante e a fumaça acalmava seus nervos. Não era íntimo de seu patrão, mas aceitava esses momentos com ele.  

— E como está o menino? -mudou de assunto, era raro ver o patriarca falar sobre o caçula.  

— Está dormindo, descansando, ele teve uma crise de hipotermia, um médico da família de nossos senhorios virá mais tarde avalia-lo, mas ele está fora de perigo.  

— Quero ver ele agora.  

— Meu senhor, deixe ele descansar, ele teve uma noite... 

— Deixe-me ter um momento de pai e filho agora, Camus.  

Camus engoliu a seco, um mal pressentimento surgiu na sua intuição, ela sempre estava certa quando a pressentia. Por outro lado, quis soltar um suspiro ao ver Mitsumasa Kido falando sobre paternidade uma hora dessas, seria algum peso na consciência?  

— Mostre-me onde ele está. - Levantou-se da poltrona autoritário.  

Camus obedeceu, mas suas sobrancelhas não paravam de tremer, conseguiu contornar toda a situação com os pais de Eiri, mas ainda não mencionou sobre o termino do contrato do casamento. Seus dias de ser mentor de Hyoga estava a passos de distância.  

... 

Passaram algum tempo em silencio, Hyoga estava tocando nas asas da borboleta que estavam esfarelando em sua mão, Éris ao seu lado sentada. Algumas velas já estavam perto do fim. Hyoga observou a noiva ao seu lado, seus cabelos dourados desbotado e ressecado, tinha a franja tapando um dos olhos.  

— Então... Você era assim quando viva...? - Coçou a cabeça, não era bom em começar assunto.  

Ela verificou seus pulsos, braços, estavam normais aos padrões dos vivos, sem nenhum osso ou ferimento, só algumas manchas e hematomas. O cabelo estava ressecado e ela intimidou-se, eles já foram tão cuidados e tão macios em vida. Não queria ser vista assim com ele dessa forma.  

— Me desculpa... - Disse o noivo.  

— Pelo o que? - Ela disse  

— Por ter perguntando sobre... viva.  

— Eu sei que não estou viva.  

— É mas, eu... Achei que tivesse te magoado.  

— Por que você pensaria nisso?  

— Eu não sei... Eu só pensei que, deixa. É que eu nunca conversei direito com alguém que eu não conhecia.  

— Hyoga, eu tenho uma coisa pra te perguntar. Me permite? 

— Claro...  

— Por que você não quer continuar vivo? 

Ele ficou em silêncio, a borboleta caiu de sua mão.  

— Agora é minha vez de pedir desculpas pela pergunta.  

— Parece que agora... Estamos quites. 

Ela esboçou um pequeno sorriso, seus lábios tinham a cor da pele de seu rosto, eram carnudos e bem destacados 

— É difícil para mim... Eu não tenho ninguém pra voltar se eu sair daqui.  

— Como assim é difícil para você?  

— Não tenho mãe, pai, casa. Estraguei a vida que planejaram para mim...  

Ela apenas fez um sinal com a boca acompanhando a fala do rapaz, sua postura estava mudando.  

— O que eu deveria fazer agora? Não resta mais nada pra mim a não ser voltar praquela vida.  

Ela novamente acompanhou uníssono um “hm”  

— Não tem mais sentido pra mim, não tem mais lugar para onde eu ir.  

— ... 

— Não tenho nem o que fazer, é óbvio que eles não me querem vivo.  

— ... 

— Eu sempre fui um peso pra eles, uma bagagem de trabalho e preocupações. Se eu sair da vida deles, vou ser um grande alívio.  

— ... 

— Meu pai, ele... Ele, ele vai se sentir aliviado, menos uma boca para alimentar, menos um espaço para ocupar. Eu sempre fui um fardo pra ele, um intruso.  

— Pare... 

— O que? 

— Pare imediatamente o que está fazendo.  

Sua franja agora escondia os dois olhos dando um ar macabro a noiva, uma brisa gelada passou pelo interior da igreja apagando algumas velas. Éris se levantou e se jogou encima do rapaz com certa violência assustando-o e fazendo bater a cabeça no chão da capela.  

Encima do jovem, o vestido rasgado e aberto facilitou na hora de posicionar-se com uma das pernas entre as dele. O busto apertado do vestido saltou, Hyoga ficou com medo de início, mas depois ficou com rosto corado ao ver o decote da noiva que estava bem perto de seu rosto. 

— Para já com isso, eu não aguento mais isso.  

O rapaz perguntou-se o que houve.  

— Você fala de sua vida como se fosse a coisa mais horrível que já aconteceu, e você simplesmente quer morrer por conta disso. Você está pedindo para morrer, enquanto eu, ao contrário de você, não pedi para morrer! 

A expressão de Éris estava com o rosto deformado de raiva, suas costas doiam pelo impacto no chão e estava assustado com o momento de fúria da noiva.  

— É-éris? 

— Calado... 

... 

.. 

. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tive que cortar o capitulo em dois pois estava ficando grande. Próxima semana postarei.
Muito obrigada pelos reviews, de coração mesmo. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Casamento da Morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.