Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 7
Capítulo 07 - Créditos e Convites


Notas iniciais do capítulo

Dica: daqui pra frente recomendo ler todos os capítulos com muita calma.



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Capítulo 07 - Créditos e Convites

    Pitre fez mais uma pausa e, após alguns segundos, bate as palmas.

    - Antes de começarmos...preciso explicar uma coisa para vocês.
   
    Os criados começaram a distribuir estranhos aparelhos, lembravam um relógio digital de pulso, mas era um pouco maior que isso. Na verdade, parecia mais um morfador dos Power Rangers do que relógio. O que diabos era aquilo?

    - Por favor, coloquem estes aparelhos no pulso.

    - Ei, relógio legal - comentou Giovani, o gordinho, enquanto os criados ajudavam a colocar o troço no pulso.

    - Legal? Tá brincando, né? Que troço mais feio! Não combina em nada com a minha roupa! - discutiu Taís que, por sinal, estava linda com aquele vestido azul.

    - Huhuhu. Sinto muito. Mas a partir de agora vocês terão que usar esses contadores.

    - Contadores? - pergunta Alípio.

    - Sim. Eles serão necessários para contar os seus créditos.

    - Créditos? - perguntou Valéria, a empresária, também intrigada - Como assim?

    - Digamos que...créditos são a moeda corrente nesse jogo.

    Todos olham com cara de dúvida. Mas o palhaço continuava a explicação.

    - No jogo anterior, tivemos dois vencedores, certo? Quem acertou a cor do chapéu e a pessoa que ele escolheu. Ou seja, a pessoa escolhida, mesmo não tendo vencido o jogo, ganhou a imunidade.
   
    - Sim...é verdade - comentou Perla, a moça de olhos verdes.

    - Tendo créditos...vocês também podem comprar sua imunidade, mesmo que não vençam o jogo!

    Todos mudam para uma expressão de espanto. Era verdade aquilo que eu ouvi? Quer dizer que, mesmo perdendo, eu ainda teria chance? Isso parecia ser uma boa notícia! A questão era: como conseguir aqueles créditos?

    - Mesmo assim...vocês conseguirão esses créditos jogando...e, tem mais uma coisa.

    Ele fez mais uma pausa e continuou a explicação

    - Vocês podem fazer transferência de crédito.

    - Transferência?

    - Sim. O aparelho de vocês possui um conector que permite se ligar a outro contador. Quer dizer que uma pessoa pode transferir um certo número de créditos para outra.

     Não entendi muito bem aquilo, mas parecia que os créditos podiam ser trocados entre os jogadores. E, de fato, o aparelho tinha uma entradinha para se conectar a outros.

    - Todos os dados são monitorados por nossos computadores e tudo foi minuciosamente verificado e testado. A tecnologia está a favor de vocês. Uhuhuhu!

    Ele parecia bem alegre. Nossa ansiedade era um deleite para Pitre.

    - Uma pergunta - Alípio levantou a mão. Ele sempre tinha boas perguntas.

    - Sim?

    - Quantos créditos custam a nossa imunidade?

    - Isso vai depender do jogo.
   
    - Hm? - o senhor fazia uma expressão de dúvida.

    - Bem, espero que concordem comigo...a cada fase, ficar na casa é cada vez mais precioso. Logo, o preço da imunidade tende a aumentar com o passar do tempo.

    - Já imaginava - diz Alípio.

    - Acho que vão entender melhor o sistema quando começarmos nosso próximo jogo.

    - É verdade. Qual é o próximo jogo afinal? - pergunta Valéria.

   - É o que iremos apresentar agora. Senhoras, senhores e senhoritas, sejam bem-vindos ao...Jogo dos Convites!

    "Convites?", pensei comigo, "Como assim convites?"

    - Huhuhuhu. Bem...na verdade, esse jogo tem uma breve historinha para deixar as coisas mais interessantes...

    "Historinha?", eu pensava, "De fato, eles não estão levando nenhum dos jogadores aqui a sério, não é?"

    - Em uma cidade pequena e distante, muito distante - dizia o palhaço, em tom de contador de histórias - Havia uma divertida boate...

    - Boate? Eu, heim? Que raio de história é essa! - comentou Aline, injuriada. Ela parecia ter uma formação conservadora, apesar do jeito espevitado.

    - Continuando...essa boate é um lugar bastante agradável...desde que não venha um número muito grande de pessoas.

    - Tá..e? O que isso tem a ver com o jogo? - pergunta Alípio.

    - O que tem a ver...é que vocês são os habitantes dessa cidade!

    - Nós? - perguntou Aline.

    - Sim. Todos vocês são convidados para festas na boate da nossa cidade dos jogos!

    "De onde ele tirou essa cidade dos jogos? Não estou entendendo mais nada", pensava comigo.

    - Dá pra explicar isso melhor? - pergunta Valéria.

    - Claro..huhuhu. Todos vocês são convidados para a boate da cidade, mas a questão é...vocês aceitam ou não o convite?

    - Mas que diabos isso tem a ver com um jogo? Não tô entendendo nada! - reclamava Taís.

    - Permitam-me terminar de explicar. Como eu disse, a boate em questão só é um bom programa se vierem poucas pessoas. Como temos aqui..hã...treze convidados, ela só será agradável se houver, no máximo, seis pessoas nela.

      Parece que as pessoas começaram a entender a ideia. Sim. Dava para elaborar um jogo com aquilo.

     - Aqui - Pitre mostra - Vocês receberão cartelas com o número de vocês. Cada um receberá dois montes de cartelas, uma com "Sim" e outra com "Não". "Sim" significa que vocês aceitam ir para a festa. "Não" significa que vocês recusam o convite. Iremos pedir que coloquem a cédula de suas escolha nessa urna aqui e contaremos todos os votos. Se a festa tiver até seis pessoas, as seis que marcaram "Sim" ganham um crédito e as que marcaram "Não" não ganham nada.

      - E se a festa tiver mais do que seis pessoas? - perguntou Alípio.

      - Nesse caso, as que escolheram "Não" é que ganham um crédito.

      Bem, agora as coisas pareciam fazer mais sentido. Eu acho...

      - Isso é sempre válido. Caso todos vocês escolham "Sim", simplesmente ninguém leva crédito nenhum. O mesmo acontece se todos vocês escolherem "Não".

      - E quem ganha esse jogo? - perguntou Alípio.

      - Esse não é um jogo muito difícil de ganhar...faremos dez rodadas. Quem conseguir cinco créditos no final de todas as rodadas vence.

      - Então só precisamos ficar do lado da minoria pelo menos cinco vezes? - perguntou Perla

      - Sim. É "só" isso - diz ele, em um tom irônico na palavra "só".
   
      Não parecia ser um jogo muito difícil. Pelo menos era o que eu achava.

     - Bom, talvez fique mais claro se fizermos uma pequena demonstração...só que ao invés de usarmos todas as treze pessoas aqui, vamos usar apenas três. Err...participantes Giovani, Taís e...Alan. Por favor, poderiam nos ajudar com a demonstração?

      Eu também? Tudo bem, tudo bem. Vamos ver no que isso vai dar...

      - Por favor, peguem suas cartelas.

      Cada um de nós recebe dois blocos com um monte de cédulas. Uma era só com cédulas de "Sim" e a outra só com cédulas de "Não" como Pitre havia dito.

      - Agora...por favor, decidam se vão ou não para a festa. Se quiserem ir, coloquem a cédula "Sim". Se não quiserem ir, coloquem a cédula "Não". Vocês tem cinco minutos para escolher.

      A historinha não passava de ilustração. Toda a questão estava entre escolher Sim e Não. Tudo bem. Só precisava escolher o lado da minoria, não? Mas...aí é que está.

      "Essa Taís...ela tem cara de que gosta de festas...provavelmente vai escolher Sim. E esse Giovani...não parece sair muito de casa. Acho que vai escolher Não, mas...mas...se for assim, não importa o lado que eu escolha vou estar na maioria automaticamente. Aaaahh!!! Sei lá...escolho Sim!"

      Coloquei a cédula com Sim na urna. Pouco depois eles apuraram os votos.

     - Vejamos... - disse Pitre - Participante número 6, Giovani, escolheu "Sim"...participante número 11, Taís, escolheu "Sim" e...participante número 3, Alan, escolheu "Sim" também! Uuhuhuhuhu! Que diferente...mas nenhum de vocês receberia crédito nenhum nesse caso.

     "Que surpresa...eu perdi", pensei comigo, "Mas pelo menos ninguém ganhou...será que isso também seria possível com um número grande de pessoas?"

      - Ah, que chato - disse Giovani.

    - Bem, isso é muito improvável de acontecer, mas não impossível - continuava Pitre - Caso todos os participantes votem numa escolha só em todas as dez rodadas...continuaremos o jogo até que pelo menos um de vocês tenha cinco créditos. Mas esperamos que isso não aconteça, embora...tenhamos todo o tempo do mundo. Espero que se lembrem do contrato: a Casa dos Jogos não tem um tempo limite para terminar.

      - Outra pergunta - Alípio levantou a mão mais uma vez - Você disse que poderíamos comprar nossa imunidade, certo? Quem não conseguir cinco créditos pode comprar a imunidade por quanto?

      - Infelizmente...o preço mínimo para imunidade é de cinco créditos!

      - O quê? - estranhou o senhor - Mas...se a pessoa tivesse cinco créditos ela já teria vencido!

      - É verdade...se ela ganhar cinco créditos pelo jogo, ela vence...mas...bem, tenho certeza que vocês vão descobrir isso por conta própria! Mas que fique claro: aqueles que não puderem pagar cinco créditos no final terão que ir para a sessão de votos de qualquer maneira!

      "Essa história tá muito mal-contada", pensei, "O que diabos eles estão planejando?"

      - Então, sem mais delongas...peguem suas cartelas de "Sim" e "Não"...ah, sim, acho bom que todos vocês escolham. Boicotar a votação significa apenas que você escolheu "Não".

      - Hã? - estranha Taís
   
   - É uma boate organizada, sabiam? Não dar à resposta ao convite, automaticamente significa escolher não ir. 

      - Entendi - disse a loirinha, com uma voz lenta - Então, não escolher já é uma escolha.

     - Isso mesmo - confirmou Pitre - Muito bem! Teremos intervalos entre as rodadas. Faremos a primeira contagem dos votos em três horas! Mas vocês podem colocar sua escolha na urna a hora que desejarem. Também podem usufruir das comodidades da casa o quanto quiserem nesse meio-tempo. Apenas lembrem-se de colocar sua opção na urna antes do tempo de cada rodada acabar.

      - Dez rodadas com intervalos de três horas? Mas isso vai levar muito tempo, não? - perguntou Valéria

      - Sim. Mas o jogo não durará apenas um dia. Agora são dez horas em ponto. Faremos quatro rodadas hoje, paramos pela noite e reiniciaremos às dez horas de amanhã.

      Pelas minhas contas, isso levaria uns três dias. Seria um jogo longo.
   
      - Bom. Se não houver mais perguntas...estão dispensados
   
     Pitre jogou uma bomba de fumaça e desapareceu. De novo, não me perguntem como ele faz isso. Era isso. O segundo jogo, o Jogo dos Convites, havia começado. Tudo que se precisava fazer era escolher entre Sim ou Não. Mas também dependeria da escolha das outras pessoas. Se eu escolhesse "Sim", mas a maioria também escolhesse "Sim", eu não ganharia nada. De novo, teria que pensar no que o outro está pensando. Será que esses caras só sabem fazer jogos assim?

        - Por que a cara de preocupado, amigo? - disse Demian, se aproximando de mim dando um tapinha no ombro, com um sorriso.

       - Hã? Max?

       - Se estamos juntos, sobreviver a esse jogo é a coisa mais fácil do mundo! - disse ele, totalmente confiante.

       Será possível? Ele já sabia como vencer?


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Notas finais do capítulo

Resumindo...ganha quem escolher a opção da minoria. A questão é: qual opção vai ser a minoria?

No próximo cap. tem mais! /



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