Out On The Town escrita por Mavelle


Capítulo 28
Capítulo 28 - Klaus


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Queria só avisar que esse é o último capítulo do ponto de vista do Klaus :( o próximo capítulo e o epílogo são do ponto de vista da Caroline, então agora já estamos bem no finalzinho mesmo.
Obrigada por me acompanharem até aqui!

Beijos,
Mavelle



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9 de setembro de 2022

Nove horas depois de pegar o avião e mandar a mensagem (que eu tinha quase certeza que Caroline não tinha entendido, porque ela respondeu “ok, durma bem”), eu estava parado em frente à escola de Hope. Só fazia uma hora que tinha saído do avião, mas já tinha alugado um carro e agora estava esperando que as aulas dela acabassem. Pelo que ela tinha me contado, suas aulas acabam às 16 horas nas segundas, quartas e sextas e ela volta de ônibus para casa. Nas terças e quintas, as aulas acabam às 17 e Caroline a leva para casa. Já que é sexta-feira, achei que vir buscá-la seria uma boa surpresa. 

Estacionei o carro na rua lateral e andei até a frente da escola. 

Depois de alguns minutos, o toque soou e depois do que pareceram segundos, um grande grupo de alunos saía pelos portões. Hope só apareceu uns 2 minutos depois disso, acompanhada de duas outras meninas. Tinha certeza que ela já tinha comentado seus nomes, porém não conseguia lembrar. As três riam e parecia que ela estava se divertindo, então eu não me aproximei. 

Resolvi mandar uma mensagem para ela. 

"Klaus: suas aulas já terminaram?

Klaus: quero falar com você."

Observei-a pegar o telefone da bolsa e franzir o cenho, parecendo preocupada. Ela pediu para as amigas pararem e então me ligou. 

— Oi, pai, minhas aulas já acabaram. O que é?

— Eu queria falar com você sobre algo bem importante e queria que fosse pessoalmente. 

— Então quer fazer uma chamada de vídeo? Eu tô saindo da escola agora, daqui a uma meia hora eu chego em casa. 

— Não adianta.

— É algo muito urgente? - ela estava se agoniando. 

— Sim, e tem que ser pessoalmente. 

Ela ficou parada no lugar. 

— Você quer que eu vá praí? - ela estava estranhando a situação.

— Sim, por favor. Eu iria até você, mas....

— MAS? - ela parecia realmente assustada. Achei melhor acabar com a palhaçada logo de uma vez. 

— Mas o porteiro da sua escola não me deixou passar. - completei, olhando para o dito porteiro, que me encarava como se eu fosse a sujeira na sola dos seus sapatos. Hope franziu o cenho e olhou na minha direção, começando a sorrir. - E ele está certo. Deixar adultos estranhos entrarem na escola é errado. 

Ela veio até onde eu estava quase correndo.

— Pai! - abracei-a forte e beijei o topo de sua cabeça. Como eu podia sentir tanta falta de alguém que eu conheço há 10 semanas? 

— Eu estava com tanta saudade!

— Também estava com saudade. Agora, por que você fez isso? - ela estava com um pouco de raiva. - Que susto. Eu pensei que você tinha sido preso por uma razão ridícula ou algo do tipo. Ou que a Lupi tivesse morrido.

— Deus do céu, não. Achei que fosse um jeito interessante de fazer a surpresa.

— O que era tão importante? 

— Eu precisava te dar um abraço.

— Você veio até aqui para me dar um abraço? - ela não estava acreditando.

— Não, eu vim até aqui pra te buscar na escola. Eu sei que você deveria ir de ônibus pra casa hoje, mas eu estava por aqui e resolvi ir te deixar em casa - a pergunta que ela tinha feito não era sobre isso, mas eu não queria responder a pergunta de verdade agora. - Se você não tiver nada planejado, claro - acrescentei ao ver as garotas com quem ela estava falando. Elas olhavam indiscretamente para nós, com certeza se perguntando o que estava acontecendo. Hope olhou para elas e sorriu.

— Não, não tenho. Chantel e Blaire só iam comigo até a parada de ônibus, mas elas moram aqui perto. Inclusive, eu deveria ir dizer pra elas que estou indo pra casa com você, assim elas não ficam esperando. Só um minuto. 

Me ofereci para ficar segurando a mochila dela enquanto ela ia falar com suas amigas, o que ela aceitou de bom grado. Logo entendi: a mochila parecia pesar uma tonelada. Ela falou com suas amigas, que olhavam para mim com um ar surpreso em seus rostos. Apenas acenei para elas, que acenaram de volta, depois se despediram de Hope e ela voltou. 

— O que diabos você leva nessa bolsa? - perguntei enquanto andávamos em direção ao carro. 

Ela riu. 

— Muito dever de casa. Hoje é sexta, então eu tenho que levar tudo o que está acumulado pra casa.

— Ah sim - disse, já destrancando o carro e colocando a mochila dela no banco de trás. - Agora você vai precisar me ensinar a chegar na sua casa. 

— É só entrar na próxima rua à esquerda e seguir até o sinal que tem um outdoor com a cara do James Corden na frente. 

— Ok. 

Entrei na rua que ela me indicou e estava prestes a perguntar sobre seu dia quando ela me fez a pergunta que eu tinha evitado menos de 10 minutos atrás. 

— O que você está fazendo aqui? 

— Eu estou em Londres porque o escritório daqui sempre foi muito desorganizado, mas, desde que meu pai morreu, a situação piorou ainda mais.

— Como assim desorganizado? 

— Se precisamos saber, por exemplo, quantos contratos estão sendo gerenciados por um dos escritórios, basta ligar e, em menos de 10 minutos, já temos todas as informações necessárias. Porém, com o escritório daqui, sempre demoravam mais de 15 minutos, que subiram pra mais de 25 minutos nos últimos dois meses. 

— Por que demoram tanto? 

— Não sabemos. Sempre tentamos convencer nosso pai a deixar um de nós vir aqui fazer uma vistoria, mas ele nunca deixava e também não tinha tempo de fazer isso. Agora, olhando em retrospectiva, eu entendo porque ele não queria que viéssemos. - olhei para ela e ela sorriu. - Então, depois de assumir, Elijah tinha mandado alguém, mas o problema não foi resolvido. Ele precisava que alguém viesse colocar ordem no lugar, e aqui estou. 

Parei no semáforo e logo em frente estava o outdoor do James Corden. Tive que sorrir.

— Hmmm. Vire à direita na próxima rua. Então... o Elijah pediu especificamente por você? - ela perguntou, piscando os olhos com inocência, mas com um sorriso que mostrava que ela sabia que ele não tinha pedido que eu fosse. 

— Bem, ele não confiaria em alguém de fora da família para fazer isso e eu sou o mais qualificado dos nossos irmãos. Exceto por ele e Freya, provavelmente, mas ela trabalha com a Camille agora e ele tem problemas maiores para resolver. Além disso, eu seria a pessoa com menos problemas para mudar para cá, se necessário, já que eu só tenho a Lupi e você e sua mãe já moram aqui. - olhei para ela antes de passar pelo sinal, que acabava de se tornar verde. Ela ainda ostentava um sorrisinho vitorioso no rosto e eu sabia que teria que falar. Ela voltou a falar logo que entrei na rua que ela indicou. 

— Você ainda não respondeu minha pergunta. Ah, e a casa é na próxima rua virando à esquerda. 

— Não, ele não pediu por mim. - respirei fundo. - Eu posso ter ouvido ele falando com a Hayley na cozinha enquanto eu estava no banheiro quando jantei na casa deles na segunda. 

— E você se ofereceu pra vir. 

— Sim. Eles disseram que já estavam planejando me mandar para cá na época que meu pai morreu, mas as coisas se atropelaram. - virei na rua e parei na frente da casa, que reconheci por causa das fotos que Caroline me mostrou. 

— E eles não pediram pra você vir? 

— Não. Hayley depois disse alguma coisa no sentido de fazer parecer que foi minha ideia e eu realmente não acredito que não tenha pensado nisso antes. Eu estava com saudades de vocês. 

— Nós também. É meio estranho tomar café da manhã sem você tentar ler o jornal sem seus óculos. - eu ri enquanto ela sorria. Passamos só um mês morando juntos, mas uma rotina tinha se estabelecido e agora eu sentia falta dela. - Vamos entrar. Mamãe vai estar em casa daqui a meia hora, no máximo. 

— Ok. 

Desliguei o carro e a segui para dentro da casa. 

— Bem vindo. Eu só vou colocar minhas coisas no quarto e depois te mostro tudo, ok? 

— Certo. 

Ela subiu as escadas praticamente correndo e eu me sentei no sofá enquanto esperava ela descer. Eu nunca fui conhecido pela minha paciência, então, quando vi a parede cheia de fotos na minha frente tive que inspecioná-la. Tinham muitas fotos de Hope quando criança, com os dentes faltando e tudo o mais, mas também muitas fotos de Caroline, a maior parte de quando ela era criança e as tiradas na época da primeira vez que namoramos. Também haviam algumas de quando ela estava grávida, o que me  trouxe de volta um pouco do sentimento de culpa que eu senti no começo. Ela me convenceu a não me sentir culpado, mas era difícil não sentir quando eu olhava para as fotos da gravidez dela e da infância de Hope. 

Stefan também estava presente em algumas das fotos e eu entendia. O amor não morre, mesmo quando as pessoas se vão. Ele era parte da história das duas e me consolava um pouco saber que Caroline não tinha ficado sozinha todo esse tempo e que Hope teve uma figura paterna enquanto crescia. Sim, eu queria que tivesse sido eu, mas a vida não funciona pelo nosso querer.

Só depois de ter pensado um pouco sobre isso foi que vi as três fotos que estavam lá embaixo. Uma era de uma festa que tínhamos ido cerca de dois anos depois de termos nos conhecido, e Care estava basicamente sentada no meu colo, como qualquer outra adolescente de 18 anos com seu namorado. A segunda éramos nós dois dormindo no avião. Caroline estava com a cabeça apoiada no meu ombro e segurando meu braço e minha cabeça pendia por cima da dela. Eu não fazia ideia de que esse momento tinha sido registrado até agora. A última foto foi tirada enquanto estávamos em Santa Mônica. Éramos nós três bebendo água de coco e era mais uma foto engraçada do que uma foto de família, mas eu realmente gostava dela. Não consegui não sorrir. Agora eu também tinha um espaço na parede.  

— Certo, mãe. Já estou em casa. - Hope falava ao telefone enquanto descia as escadas. Parei de olhar para as fotos e virei para ela. - Não fiquei presa no trânsito porque consegui uma carona para casa. - ela sorriu para mim e fez uma pausa para escutar o que Caroline tinha que falar. - Só um amigo, nada pra se preocupar. E eu tenho uma surpresa para você quando você chegar em casa. - ela fez outra pausa. - Não, não é jantar. - ela olhou para mim e eu disse que faria o jantar. - Mas também vai ter. - ela sorriu e depois ficou em silêncio por uns momentos. - Na verdade, sim. Estava falando com ele ainda agora e ele disse algo sobre estar com um problema no telefone a maior parte do dia. - ela esperou Caroline terminar de falar. - Certo. Também te amo, mãe. - ela desligou a ligação e olhou para mim. - Ela disse que vai se atrasar porque teve um problema no trabalho, então ela ainda não saiu. E teve um acidente na avenida que ela usa para voltar para casa. 

— Ela disse mais alguma coisa fora isso?

— Ela disse que estava estranhando você ainda não ter falado com ela hoje. E aí me perguntou se você já tinha falado comigo.

— É um dia bem atípico. Vou falar com ela.

Peguei o telefone e digitei uma mensagem para ela. 

"Klaus: Frango ou carne?"

A resposta veio menos de um minuto depois.

"Caroline: ?

Caroline: Você está fazendo zero sentido hoje.

Klaus: Só responda, por favor.

Caroline: Frango. 

Klaus: Ok, obrigado.

Klaus: Te amo. 

Caroline: Também te amo."

Bloqueei o telefone e voltei a prestar atenção em Hope.

— Ela provavelmente está ainda mais confusa.

— Eu sei. Esse era o objetivo. 

— Está realmente decidido a fazer uma surpresa então. 

— Sim, estou. 

Ela revirou os olhos. 

— Se ela te bater a culpa é sua.

— Eu sei. Vale a pena o risco.

— Vamos. Eu te mostro a casa rapidinho e depois te ajudo a fazer o jantar.

Sorri para ela e a segui enquanto ela falava animada. Eu estava cansado e um tanto desorientado, mas não me arrependia de ter vindo antes do que tinha programado. Só de estar aqui eu já me sentia melhor.

E eu sabia: era aqui que eu devia estar.


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