Out On The Town escrita por Mavelle


Capítulo 12
Capítulo 12 - Caroline


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, boa tarde e boa noite.
Espero que gostem do capítulo! Ele estava muuuuuito grande, então preferi dividi-lo. Por isso, esta semana vamos ter dois capítulos, esse e a continuação dele, que sai na quinta-feira.

Beijos,
Mavelle



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20 de junho de 2022

O dia tinha começado como qualquer outro, com exceção do quanto eu refleti sobre como minhas escolhas tinham moldado toda a minha realidade e afetado as pessoas que eu amava enquanto tomava banho. Isso me fez pensar que talvez estivesse na hora de voltar a ver Pauline, a minha psicóloga, depois de 3 anos. Ela tinha me acompanhado de perto nos primeiros 2 anos depois da morte de Stefan, quando eu não sabia bem como prosseguir. Agora já se passaram 7 anos e, por mais que eu ainda sinta falta dele, agora as coisas estão melhores.  

Eu também queria perguntar para ela se era normal eu estar pensando tanto em Klaus quanto eu estava. 

Nunca parei de pensar nele, mas era de um jeito mais relacionado com Hope, como quando ela fazia algo que me lembrava dele. Ou quando ela precisava de um conselho e eu me perguntava o que ele diria para ela. 

Ultimamente, ele aparecia nos meus pensamentos com mais frequência que o normal. Podia ter a ver com o fato de Hope estar me pedindo para ensinar ela a dirigir e quem me ensinou foi ele. Ou talvez porque Richard Marx anunciou que estava se aposentando e Right Here Waiting tocava o tempo todo em todo lugar e essa era a nossa música. Engraçado como ela era uma piada para nós, mas a letra acabou refletindo o que poderia ser. 

Queria poder falar sobre isso com alguém. A primeira pessoa que me veio à cabeça foi Elena, mas eu não podia falar com ela sobre isso. Ela não sabia que Hope era filha dele e provavelmente só me encorajaria a ir atrás, o que eu não podia fazer. Além disso, ela tinha mais para fazer do que me aconselhar em algo que eu nem podia perguntar direito para ela, principalmente agora, que estava esperando o primeiro filho. Depois pensei em Emily, que era a minha amiga mais próxima aqui, mas eu também não tinha contado nada para ela. 

Como eu poderia contar para alguém sobre o meu passado? Como poderia contar que meu sogro me ameaçou de morte e me obrigou a mudar de país e mentir para o meu noivo ou ele o mataria? Seu próprio filho? 

Eu simplesmente não podia. 

Como eu contaria isso para alguém? Como eu diria para a minha filha que o avô dela ameaçou a mim e ao pai dela de morte? Que ele era a razão para que ela não conhecesse seu pai? 

Deixei os pensamentos ruins serem lavados com a água do banho. Pensar no homem que eu amei e não pude ter para que me assegurar que nossa família permanecesse viva era doloroso demais. Algumas lágrimas corriam pelo meu rosto, mas logo me recompus. Eu tinha superado isso e tinha encontrado felicidade de novo, apesar dela ter sido arrancada de mim por um tempo. Ficar remoendo aquilo que poderia ter sido não era bom. 

E eu não chorava mais sobre isso. Já tinha me conformado e, sim, podia ficar melancólica pensando em como poderíamos estar hoje, mas não chorava mais. 

O que estava acontecendo comigo? 

Saí do banho e coloquei o café para fazer, indo acordar Hope em seguida. Em alguns momentos, seu sorriso e seus olhos eram tão parecidos com os dele que doía. 

— Bom dia. - falei, passando a mão por seus cabelos loiros-escuros.

Ela se forçou a abrir os olhos.

— Oi, mãe.

— Quando você quiser aparecer, o café já vai estar pronto. 

— Ok. 

Saí do quarto dela e fui para o meu terminar de me arrumar. Hoje seria um dia cheio, o que eu adorava. Eu teria uma open house de manhã e outra à tarde, o que ocuparia meus pensamentos durante todo o dia e me deixaria com menos tempo pra pensar no porquê de ter chorado no banho hoje de manhã.

Voltei para a cozinha, desliguei a cafeteira, já que o café já estava pronto, e fiz ovos mexidos. Depois de um minuto, Hope apareceu e ligou a televisão, que estava no canal que geralmente vemos pela manhã. 

— Você realmente quer ver o jornal hoje? - ela perguntou, sua voz entediada. - É segunda feira.

— Sim, querida. - falei, já levando o café e os ovos para a mesa. - Eu gosto de ter pelo menos uma noção do que está acontecendo no mundo antes de sair para trabalhar. E, com o jornal, eu sei que ruas evitar por causa do trânsito. 

— Sabe, o Waze já mostra as rotas com mais e menos trânsito, além de acidentes, semáforos quebrados...

— Eu sei. - cortei-a. - Mas eu não uso o telefone no carro. 

Ela processou a informação por alguns momentos. E então lembrou. 

— É verdade. Desculpe, mãe. - ela veio me abraçar. 

— Está tudo bem.

Ela sabia sobre o acidente e sobre os dois anos que eu passei perdida. Eu tive que contar quando e começaram as perguntas sobre o pai dela. Não necessariamente com os mesmos detalhes ao longo da vida dela, mas a mesma história base: eu tinha namorado com o pai dela por 2 anos e meio, sofri um acidente porque estava dirigindo falando no celular (lição combinada com história), passei dois anos sem memória, recuperei a memória, voltei para ele, descobri que ele ia casar e me mudei para a Inglaterra, só descobrindo sobre ela aqui. Ela me perguntou sobre isso pela primeira vez pouco antes de Stefan entrar nas nossas vidas e só me perguntou de novo depois que entrou na terapia.

— Vamos só sentar e comer, ok? - eu disse, já sentando na mesa e começando a tomar meu café preto e a comer os ovos.

O jornal ainda estava passando e eu sabia, por assisti-lo todos os dias, que as informações sobre o trânsito só viriam depois das notícias internacionais. Eu usava esse tempo para escovar os dentes, mas hoje estávamos adiantadas, então eu escutei a previsão do tempo enquanto escovava os dentes e sentei no sofá da sala para ouvir o bloco de notícias internacionais.

— E agora, notícias internacionais com Anne Smith. - o apresentador falou, chamando a apresentadora desse bloco, que entrou e ficou em pé ao lado da bancada. 

— Bom dia, Taron. - ela disse, um sorriso afetado em seu rosto, que logo foi substituído por uma expressão séria. - Infelizmente, vamos começar a semana com uma notícia triste. O empresário Mikael Mikaelson, dono de uma empresa do ramo da papelaria, foi encontrado morto em seu apartamento em Mystic Falls, nos Estados Unidos, ontem à tarde. Falamos com seus filhos sobre o assunto. 

Pisquei algumas vezes antes de chegar à conclusão de que eu tinha ouvido certo. Mikael estava morto. Antes que eu pudesse me recuperar do choque, o rosto de Klaus estava na televisão. Ele tinha alguns fios brancos na barba e no cabelo e parecia mais velho, mas ainda assim, era ele. Meus olhos se encheram de lágrimas. 

— Nós começamos a ficar preocupados porque ele não estava respondendo nossas ligações. - Klaus disse. Sua voz estava um pouco mais rouca, o que a deixava ainda mais sexy. 

— Decidimos passar pela casa dele e encontramos o corpo. - Elijah, que eu nem tinha percebido que estava ali, disse. Ele, também, estava mais velho, mas não prestei atenção aos detalhes. Eu ia ficar olhando Klaus enquanto pudesse. - Foi perturbador.

Eles cortaram a entrevista e voltaram para a âncora. 

— A causa da morte ainda não foi divulgada oficialmente, mas a principal suspeita é que ele tenha sido acometido por um mal súbito. - ela disse. - Que a família possa ser confortada num momento como esse. 

Parei de escutar o que eles estavam falando. 

Mikael estava morto. Eu podia voltar para casa. 

Deixei as lágrimas correrem pela lateral do meu rosto e um sorriso se formar no meu rosto. 

— Tá tudo bem, mãe? - Hope me perguntou. 

— Sim. - falei, limpando as lágrimas do meu rosto. - Eu acabei de receber uma boa notícia. 

— Ah. - ela disse e então passou alguns momentos em silêncio, sentando no sofá ao meu lado. - Vai me contar sobre o que elas são? 

— Claro que sim. Eu preciso te contar muita coisa. Não sei o que você vai achar, mas eu preciso te contar tudo.

— Você está me assustando um pouco. 

— Não tem nada para se assustar. - falei, abraçando-a. 

— Sobre o que é essa notícia? 

— Bem, ela está relacionada com seu pai. - ela abriu a boca para protestar, mas eu falei antes que ela pudesse dizer algo. - Eu sei que você não quer saber de nada dele, mas eu preciso te contar tudo. 

— Mãe, o que quer que você diga sobre ele não vai me fazer mudar de opinião. 

— Eu não teria tanta certeza. 

— Eu tenho. - ela disse, seu tom decidido. - Já fazem 17 anos e ele não fez questão nem de te ligar, mesmo sabendo dos riscos que alguém transando sem camisinha corre. 

— Não foi bem assim. Ele sabia sobre você, mas eu disse para ele que tinha perdido o bebê. 

— O que? - ela parecia confusa.

— Ele sabia sobre você. - meus olhos começaram a lacrimejar. - Ele estava tão animado para ser pai, principalmente depois que eu perdi o bebê no acidente. 

— Você estava grávida quando o acidente de carro aconteceu? 

— Sim. 

— Por que você só está me contando tudo isso agora? - ela parecia confusa e magoada. - Deus, é como se você tivesse mentido sobre todo o seu passado para mim.

Aquela acusação doeu. Era verdade, mas eu tinha feito aquilo para protegê-la. Antes, quanto menos ela soubesse, melhor seria. 

— Desculpa, Hope. Eu quero e vou te contar tudo.

— Sem mais mentiras? - ela perguntou, desconfiada. 

— Sem mais mentiras. - respirei fundo e olhei para o relógio, já levantando. - Merda, temos que sair agora ou vamos chegar atrasadas. 

— Você realmente não vai me falar agora? - ela parecia chateada de novo.

— Desculpe. É muita coisa para te contar no caminho até a escola. E se eu não for para o open house hoje à tarde e nós duas sentarmos e conversarmos sobre isso? 

— Ok. - ela concordou. - Como eu contenho a curiosidade até lá? 

— Fique curiosa sobre sua aula. - eu disse, sorrindo. Em resposta, ela revirou os olhos de um jeito muito Klaus.

— Vamos. 

 


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Notas finais do capítulo

A música que a Caroline cita no capítulo é essa aqui
https://www.youtube.com/watch?v=S_E2EHVxNAE



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