As novas 12 casas escrita por Elias Franco de Souza


Capítulo 39
Esperança


Notas iniciais do capítulo

Jamil de Centauro encontra motivos para voltar a acreditar na vitória, e Kiki de Áries se prepara para mostrar o seu verdadeiro poder.



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Fugindo para dentro da Torre do Relógio, Jamil de Centauro entrou com Amir de Hércules nas costas. O interior da torre lembrava em muito a arquitetura interna da Torre de Jamiel.

— Até mesmo Kael de Relógio, o guardião da Torre, está morto... — lamentou Jamil, vendo o ensanguentado corpo estirado logo na entrada, ao lado das carcaças de alguns monstros que haviam invadido.

Jamil colocou Amir no chão, torcendo para que ainda houvesse tempo de fazer os primeiros socorros. Mas logo a frustração estampou-se em seu rosto. Seu amigo já estava morto.

— Amir... Eu sinto muito... Não fui rápido o bastante — soluçou, derramando lágrimas.

Um tremor na Torre do Relógio interrompeu os lamentos do cavaleiro. Parecia que algumas das criaturas haviam-no seguido até ali.

— Desgraçados... Agora eu vou acabar com vocês! — revoltou-se, já virando-se com chamas nos punhos.

Porém, no momento em que saiu pronto para sacrificar sua vida por Atena, o que viu foram os monstros sendo massacrados por outros cavaleiros.

— Vórtice da Correnteza¹! — exclamava Amana de Peixe-Espada, girando sua lâmina.

O giro do cavaleiro criava um redemoinho ao seu redor, que subia aos céus arrastando e retalhando os monstros capturados pelas lâminas de água.

— Baluarte de Luz²! — exclamava Noah de Pastor, batendo seu cajado, com as duas mãos, no chão à sua frente.

O brilho de seu cristal expandia, criando uma explosão de luz que incinerava e desintegrava todos os monstros ao redor.

— Desabrochar do Crepúsculo³... — sussurrava Isla, enquanto a imagem de um enorme lírio casablanca desabrochava ao seu redor, liberando uma onda de cosmo que arrebentou todas as criaturas próximas aos céus.

Em poucas frações de segundo, todos os monstros que cercavam a Torre do Relógio haviam sido destruídos. Jamil admirava seus companheiros quase sem acreditar no que via, pois pensava ser o último cavaleiro ainda vivo fora das Doze Casas.

— Nos perdoe pela demora — aproximou-se Amana, ajoelhando-se diante de seu companheiro de patente superior. — Sou o Cavaleiro de Bronze de Peixe-Espada. E esses são o Cavaleiro de Bronze de Pastor e a Saintia de Bronze de Lírio.

Deixando as formalidades de lado, Jamil aproximou-se, ainda com lágrimas nos olhos, e estendeu uma mão para Jamil. Assim que o garoto assentiu, Jamil puxou-o para levantá-lo, e o abraçou.

— Obrigado... Me alegra saber que ainda há outros cavaleiros com vida.

Amana corou com a reação do prateado, mas tentou demonstrar respeito, em consideração aos sentimentos do Cavaleiro de Centauro.

— Mas... — continuou Jamil soltando Amana. — Como conseguiram abrir caminho até aqui em tão pouco tempo?

— Nós não conseguimos sozinhos — aproximou-se Isla, que parecia sempre estar julgando com seus olhos indiferentes. — Se eles não tivessem retornado ao Santuário, não teríamos chegado a tempo.

A garota apontava ao longe, em direção ao início da subida às Doze Casas, onde podiam-se ver explosões de cosmo surgindo uma após a outra. Conforme Isla explicou, tratavam-se dos Cavaleiros de Prata e de Bronze que haviam conseguido retornar com vida das batalhas no exterior.

— Isso é ótimo! — animou-se Jamil. — Com a ajuda deles, tenho certeza que vamos dar conta de eliminar todos os inimigos... — cerrou o punho, olhando para a multidão de criaturas que enfileirava-se nas escadas que levavam à primeira casa.

“Amir, isso é por você...” Pensava o cavaleiro.

Um grande estrondo na primeira casa chamou a atenção dos cavaleiros. Quando eles olharam em sua direção, perceberam que um poderoso cosmo dizimou as criaturas que ali chegaram.

— Não pode ser... — desacreditou Jamil, com a esperança voltando ainda mais aos olhos. — Eu achei que o senhor Kiki estivesse morto... Mas parece que ele está de volta!

A seguir, os cavaleiros presenciaram uma rajada de estrelas cadentes sendo lançadas escada abaixo, desintegrando com enormes explosões de luz todos os inimigos no caminho.

Em apenas dois ataques, Kiki eliminara a maior parte dos monstros que se aproximavam da primeira casa.

— Que poder monstruoso... — chocou-se Noah, boquiaberto. — Até mesmo para o padrão dos Cavaleiros de Ouro... Esse nível de poder é normal?!

— Acho que não poderíamos esperar menos do senhor Kiki, não é? — comentou Amana, meio inseguro do que estava falando.

De todos os santos, Isla era quem parecia menos impressionada.

— Isso foi... O poder do oitavo sentido — observou, chamando a atenção dos demais.

— Oitavo sentido?! — questionaram em uníssono.

— O oitavo sentido... É um poder que só é desperto após elevar-se o cosmo a um nível muito além do sétimo sentido. E, sem dúvida, é um poder impressionante... Mas, com exceção dos Cavaleiros Lendários, nenhum de nossos dourados domina esse nível de poder. Ou não estaríamos tendo problemas para repelir a invasão às Doze Casas.

— Mas então... — interrompeu-a Jamil, tentando acompanhar o raciocínio.

— Provavelmente, Kiki deve ter conseguido atingi-lo somente por uma fração de segundo... Isso significa que não poderemos contar sempre com esse poder... Ainda há muito trabalho a ser feito — advertiu, lembrando-os que ainda haviam muitas criaturas tentando se aproximar das escadas que levavam à primeira casa.

Compreendendo que Kiki ainda precisaria de ajuda para deter o avanço dos monstros, os cavaleiros logo correram para juntar-se ao grupo que lutava em frente aos primeiros degraus das Doze Casas. Noah de Pastor, porém, ainda perdeu alguns segundos fitando, preocupado, o Relógio de Fogo. A quarta chama, da Casa de Câncer, estava prestes a se apagar. Toda essa destruição provocada pelo inimigo havia acontecido em apenas quatro horas.

~

Do topo das escadas que chegavam à primeira casa, Kiki observava a destruição que seu último golpe havia causado. Não havia mais degraus que ajudassem a subir até a Casa de Áries, mas somente uma rampa de poeira e destruição.

— Pode se revelar agora — disse em alto e bom tom Kiki, ainda de costas para o pátio que precedia a Casa de Áries.

A princípio, Marin, ainda muito ferida para se levantar, não entendeu o que Kiki queria dizer, mas logo surpreendeu-se ao ver um cavaleiro saindo das sombras da primeira casa. Era Asura de Virgem, um dos santos caídos do outro mundo.

— Então... Era você que eu senti estar me observando — ficou em posição de defesa Marin, temendo o poderoso inimigo.

No entanto, Asura a ignorou e continuou a caminhar até Kiki, parando a cerca de dez passos do ariano.

— O nível de cosmo que você manifestou agora a pouco... Foi realmente assustador — elogiou Asura. — Se você o tivesse manifestado na primeira vez em que nos encontramos, alguns dos meus companheiros talvez tivessem perdido a vida nesta casa.

Já com o nível de cosmo de volta à sua base normal, Kiki virou-se com um singelo sorriso, apreciando o elogio.

— Acho que, graças à ajuda da senhorita Atena para trazer a minha alma de volta a esse mundo, acabei conseguindo despertar o Arayashiki. Mesmo que por poucos segundos...

— Uma pena que você não domine esse poder para usufruí-lo quando bem entender... — devolveu o sorriso o virginiano.

Então, deixando a conversa de lado, Asura começou a caminhar para o lado, para contornar Kiki. Porém, o muviano deu um passo e colocou-se novamente em seu caminho.

— Aonde pensa que vai? — questionou Kiki.

A cordialidade durou pouco. Os lábios de Asura curvaram-se em desgosto.

— Não está vendo? — questionou, como se fosse óbvio. — Não estou mais interessado em lutar...

— Ainda assim, não posso deixá-lo ir — asseverou. — Não serei imprudente ao ponto de permitir que alguém como você transite livremente pelo Santuário... Se não deseja mais lutar, o levarei até a prisão do Cabo Sunion, onde aguardará o seu julgamento ao final dessa guerra.

Asura sorriu. E, após fechar os olhos para refletir por alguns segundo, em silêncio, surpreendeu Kiki com o disparo de uma onda de cosmo com a mão direita.

Uma grande explosão arrastou-se através do ariano, encobrindo-o em uma nuvem de poeira. Porém, quando ela dissipou-se, pode-se ver que o ataque fora contido com a palma de uma mão. Em uma clara declaração de guerra, os dois cavaleiros agora elevavam seus cosmos com todo o vigor que possuíam.

— Isso seria muito mais fácil se você simplesmente saísse do meu caminho... — irritou-se Asura. — Você sabe muito bem que eu não posso saltar para fora do Santuário enquanto eu estiver dentro da barreira de Atena. Até mesmo aqueles dois, que se atiraram até a estratosfera, vão cair de volta na Casa de Capricórnio.

“Aqueles dois?” Perguntou-se Kiki, tentando entender, sem ter visto que Huan-Li usara o Último Dragão, mas logo compreendendo que Asura só podia estar falando dela. Kiki olhou para o alto à procura de respostas, mas sem encontrar nenhuma. Até que todo o Santuário tremeu com o estrondo de um grande impacto, como se um meteoro tivesse caído nas Doze Casas.

— Viu... Aí está — sustentou sua posição Asura. — Nada escapa da Barreira de Atena.

Compreendendo que Huan-Li fora derrotada, e prestando mais atenção nos cosmos apagados dos demais companheiros, a expressão de Kiki ficou ainda mais tensa.

— Não adianta me olhar com essa cara... — insistiu Asura — Eu já disse que só quero sair daqui. Mas não vou conseguir enquanto você não permitir que eu dê um passo para fora da barreira.

— Se você quisesse mesmo sair... Teria o feito enquanto eu ainda estava morto — rebateu Kiki, agora com o olhar ainda mais decidido a lutar.

Asura rangeu os dentes, já se arrependendo de ter sido cordial com os Cavaleiros de Atena. De fato, poderia ter deixado o Santuário antes. Mas sua curiosidade em observar o desenrolar do ataque à Casa de Áries, e a dúvida que teve entre ajudar Marin ou tentar sair do Santuário sem ser notado, acabou atrasando-o.

— Eu entendo o seu lado, muviano. Em ter essa precaução... Mas, ainda assim, é muita pretensão a sua achar que eu me deixaria entregar como prisioneiro — irritou-se. — Mas não se preocupe. Eu prometo que irei tirá-lo do meu caminho sem acabar com a sua vida — avisou, juntando as mãos na postura do Namaskara Mudra.

— Humpf. Se você acha que pode me derrotar sem atacar para matar... — desafiou Kiki, com o fogo das estrelas queimando no olhar. — Eu já vou avisando: não terei o mesmo cuidado.


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Notas finais do capítulo

1. Golpe inspirado na técnica Whirlpool do personagem Kamado Tanjirō, da série de mangá/anime Kimetsu no Yaiba.

2. Golpe inspirado no talento Bulwark of Light do personagem Uther do jogo Heroes of the Storm.

3. Golpe inspirado na habilidade Twilight Dream do personagem Malfurion do jogo Heroes of the Storm.



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