As novas 12 casas escrita por Elias Franco de Souza


Capítulo 13
O Santuário contra-ataca


Notas iniciais do capítulo

No Templo de Atena, Saori convoca o Grande Mestre para discutir a situação da Guerra Santa até aqui, e decidir os próximos passos.



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Templo de Atena. O local mais protegido do Santuário, cujo único acesso se dá através da câmara do Grande Mestre. Postada a frente da grande estátua estava Saori, com seu vestido branco e seu báculo em sua mão direita. Saori elevava o seu cosmo sagrado, encobrindo todo o Santuário com uma barreira que o protegia da influência de outros deuses. Se Epimeteu, ou mesmo Prometeu, quisessem tramar algo contra as 12 casas, eles teriam que adentrá-las pessoalmente.

Aproximando-se por detrás de Saori, apresentou-se o Grande Mestre, em suas alvas vestes sagradas e elmo dourado, e fez uma reverência sobre um de seus joelhos, aguardando a palavra de Atena.

— Obrigada por atender o meu chamado — recebeu-o Saori, referindo-se ao chamado que fizera há pouco com o cosmo. — Chamei-lhe aqui, pois estou preocupada com os ataques do inimigo em diferentes cidades ao redor da Terra. Obviamente, sabemos que a intenção do inimigo com esses ataques são atrasar o retorno de Seiya e os outros, enquanto as 12 casas são invadidas. Porém...

— Porém? — questionou a voz serena do Grande Mestre.

— Porém, somente Hyoga e Shiryu se movimentaram até agora... Quanto ao Seiya, você acha que ele...

— Saori... — interrompeu o Grande Mestre, chamando-a por seu nome humano, o que sinalizava que o Grande Mestre daria um conselho de intimidade. — Se você está preocupada com o Seiya ainda estar magoado com você... Não seria algo assim que o impediria de socorrê-la, Saori. Não se preocupe. Tenho certeza que ele logo aparecerá onde é necessário.

— Obrigada, Shun... — agradeceu Saori, também se referindo ao Grande Mestre por seu nome.

Shun estava certo, pensou Saori. Por mais que Seiya tivesse todos os motivos para ainda não tê-la perdoado, não seria do caráter de Seiya usar isso como pretexto para deixá-la desassistida, e justamente quando Atena mais precisava de seu melhor guardião.

— Sabe, Shun... Às vezes eu me pego pensando se foi um erro pensar que poderíamos ter vidas normais. Agora mesmo, eu pude sentir o sofrimento de Shiryu ao ter que rever a família dele. Se eu não tivesse sido tão tola em sonhar com isso para vocês... E para mim...

— Não se preocupe, Atena — disse o Grande Mestre, agora querendo falar com o lado divino de Saori. — Você não tem culpa de ter achado que não haveriam mais guerras nesta era... Todos nós pensamos o mesmo depois da vitória sobre Zeus, e da paz selada com os demais deuses. Na verdade, os anos que pudemos viver como pessoas comuns não foram um erro... Foram uma bênção, que só o seu coração benevolente poderia ter pensado em nos dar... E eu tenho certeza que, apesar da dor que sentimos hoje, todos sentem-se gratos. Até mesmo Seiya... E June... — pronunciou esse último nome com um tom um pouco mais melancólico. — Pois se sentimos dor hoje, Atena, é por que um dia nós pudemos de fato viver — concluiu.

— Obrigada, Shun — disse virando o rosto para o seu patriarca, e olhando-o com um terno sorriso. — E eu não deveria ter duvidado de Seiya... Acredito em você quando diz que ele logo aparecerá. No entanto... — iniciou uma ressalva, em tom mais angustiado. — Fico preocupada com a quarta cidade que está sendo atacada. Talvez o inimigo não tenha assumido que um de vocês estaria me servindo como o Grande Mestre, e preparou um quarto chamariz.

— Você quer que eu dê conta desse quarto inimigo?

— A princípio... Sim, esse seria o meu pedido. Porém... — fez uma pausa, fitando novamente a grande estátua. Era como se Saori buscasse a inspiração da sabedoria da deusa da guerra em sua própria imagem — Está óbvio que eles ainda estão escondendo as suas principais armas; me refiro aos homens que Shiryu e Hyoga acabam de encontrar. Certamente, há outros guerreiros como eles, e muito mais poderosos do que os inimigos que apareceram até agora. Por isso, nós não podemos continuar a agir de forma previsível. Se continuarmos a agir da maneira que eles esperam... Não. Da maneira que eles estão nos conduzindo a agir... Nós iremos perder esta guerra. — Shun permanecia atento à linha de raciocínio de Saori, esperando a conclusão, apesar da longa pausa que Saori fazia — A nossa defesa, Shun, vai ser o ataque — esclareceu finalmente.

— Atena? — questionou, sem entender.

— Shun — disse Saori, agora ficando de frente para ele. — Vamos virar o tabuleiro ao nosso favor. Se forem eles os que tiverem que se defender, eles não terão mais como espalhar novos ataques pela Terra — explicou, estendendo uma mão para Shun. — Trouxe o que lhe pedi?

— Sim — respondeu, revelando a adaga dourada que trazia em suas vestes. A mesma Adaga que tirou a vida de Saori uma vez, na Guerra Santa contra Hades.

Atena pegou a única arma que poderia feri-la, e com ela fez um corte no próprio pulso. Após devolver a adaga para Shun, dirigiu-se à grande estátua e derramou seu sangue sobre a base. Após alguns segundos, a estátua começou a iluminar-se em um intenso brilho e, então, começou a encolher de tamanho, até concentrar-se em um campo de luz em torno de Saori. Então, aos poucos, o brilho se apagou, revelando Atena completamente trajada em sua armadura divina.

— Shun — disse Saori, pegando uma arma que estava escondida embaixo da estátua. Era uma enorme lança dourada, cravejada com pedras preciosas. — Assim como eles usaram a ligação da amazona de Fênix e Ikki para virem até nós, usaremos a ligação da Lança de Jápeto e Epimeteu para chegarmos até eles — concluiu, oferecendo a arma para Shun.

— Atena... Você não pode estar falando sério — disse Shun, que não esperava por um plano de ataque tão ousado.

— Não se preocupe... Não entregaremos a Lança de Jápeto ao inimigo. Ela continuará guardada aqui comigo no Santuário. E eu sou completamente capaz de defendê-la sozinha se necessário. O que eu preciso saber, Shun, é se você concorda em iniciar esse ataque sozinho. Eu sei que assim que Hyoga, Seiya e Shiryu puderem, eles se juntarão a você. Mas até lá, você estará por conta própria... — disse com um certo pesar. — Eu confio no meu Grande Mestre para essa difícil tarefa, mas preciso saber se você avaliza o meu julgamento.

Shun demorou a responder. Estava calculando todas as possibilidades implicadas a partir dessa manobra ofensiva. A possibilidade de Shun se ver cercado por inimigos que fossem poderosos demais até mesmo para ele... E a possibilidade de Atena ficar permanentemente sem o seu Grande Mestre para protegê-la... E, no entanto, Shun sabia que era somente esse tipo de contra-ataque que garantiria que mais vidas não fossem perdidas na Terra.

— Saori... Atena — retratou-se, lembrando que era com a sua autoridade que estava falando agora — Eu confio no seu julgamento — declarou, aceitando a Lança de Jápeto em sua mão.

Shun levantou-se empunhando a lança, e começou a elevar o cosmo. Atena também colocou uma mão sobre a arma, e ajudou Shun em sua tarefa de procurar a ressonância do cosmo de Epimeteu em relação à energia interna da Lança de Jápeto.

— Aqui, Shun... Procure nessa direção... — disse Saori, referindo-se a uma área da Terra que ela indicava para Shun com o cosmo. — Eu estive analisando a movimentação de todos os inimigos desde que eles chegaram à Terra. Após refazer todos os trajetos e triangular as posições em comum mais próximas que consegui identificar de cada um deles... Aqueles que ainda não se revelaram só podem estar se escondendo no Oriente Médio... Mais provavelmente, nessas regiões que abrigam diversas ruínas da antiga Mesopotâmia. O berço da civilização humana.

Subitamente, a Lança de Jápeto reverberou com um sinal, que ambos perceberam pertencer a Epimeteu. Agora ambos sabiam a localização exata do filho de Jápeto.

— Agora, Shun! — exclamou Saori.

Gravando a localização do sinal que recebera, Shun devolveu a Lança de Jápeto a Atena, e rapidamente lançou a palma de sua mão para frente.

— Correnteza dos Seis Caminhos¹!

Ventos dourados formados por seu cosmo contornaram o seu corpo, e se lançaram violentamente para um mesmo ponto no espaço à frente de Shun. Ao colidirem nesse ponto, a turbulência energética abriu uma fenda dimensional, que passou a arrastar para dentro de si toda a matéria carregada pela correnteza cósmica despejada por Shun.

— Atena, deixe o resto comigo... — despediu-se o Grande Mestre, fitando Atena com a mesma cumplicidade de quando os dois iniciaram juntos a sua jornada para salvar Seiya, vinte anos atrás.

Com suas vestes patriarcais tremulando em direção à correnteza dimensional, o sucessor de Shaka adentrou a fenda aberta a passos firmes.


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Notas finais do capítulo

1. Fiz aqui uma referência ao Ciclo das Seis Existências de Shaka. Como sucessor de Shaka, eu enxergo o Shun maduro (aos seus 36 anos de idade) como alguém com grande controle dimensional e espiritual.



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