Backyard escrita por isabella_maries


Capítulo 1
Quintal de Memórias


Notas iniciais do capítulo

Ouvindo Backyard de Of Monsters and Men me veio duas cenas que me envolveram até colocá-las no "papel".

Não sabia de inicio sabia se ir as tornar um roteiro com situações a par dos livros, ou um final diferente para o Lua Nova. Conforme fui escrevendo acabei me surpreendendo o que fora proposto e o fim.

Porém, após postar, notei que ainda falta alguma coisa. No qual depois ler e mexer, acredito que finalmente encontrei o que.

Ao contrários das outras partes soltas, The Pain e The End, essa cena possui um antes. Vai ser melancólico e focará apenas narrativa de sentimento como em The Pain.

Dois pontos: Sam demorou para encontrar Bella. Neves são como chuvas, caem em lugares em diferentes horas devido as nuvens e em proporções diferentes.

E recomendo que ouçam a música para sentirem a vibe ;)



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Parada encarando o escuro à minha frente, sentia-me perdida. Não somente em lembranças, mas também em sensações. Olhava ao redor vendo penumbras das grandes árvores que era possível ouvir o farfalhar causado pelo vento que dançava harmoniosamente com elas, trazendo uma sensação de paz que me suspirar. Mas logo uma angústia invadiu o meu peito fazendo-me uma careta enquanto mantinha nos olhos na escuridão reconhecendo o local que de início era desconhecido.

Era o quintal da casa de Charlie. O mesmo quintal onde me recordo de ter brincado várias e várias vezes em meus verões, ou até mesmo estendido um lençol velho com o livro de Jane Austen nos dias raros de sol.

                Lembrava-me vagamente de descer as escadas do primeiro andar ao térreo estranhando a escuridão pesada que envolvia os cômoda enquanto sentia o corrimão áspero embaixo da minha mão antes de entrar no corredor e chegar ali. Mas apesar de me lembrar, tudo estava confuso demais. Como se tivesse algo faltando.

De maneira lenta e silenciosa pequenos pontinhos brancos começaram a cair, fazendo-me olhar para céu sombrio para depois olhar para neve que caia sobre a grama e sobre os meus cabelos. Estendi a minha mão vendo um conjunto de flocos se juntar na minha mão fazendo-me sentir um frio intenso dominar o meu corpo fazendo-me tremer e perder o ar. Olhei para trás vendo a casa continuava tão escura quanto a floresta e por um momento questionei-me onde estaria Charlie e que horas seriam.  Meu olhar voltou para a escuridão e ergui a mão vendo a minha vendo a mais roxa ao mesmo tempo em que me sentia mais fria por dentro e por fora.

 Ainda tentando entender o que estava acontecendo, as lembranças vieram de maneira lenta, porém tão intensas que me deixou aturdida. Olhos negros, olhos dourados, olhos vermelhos. Ofeguei ao ver o vampiro ruivo naquele mesmo quintal me conduzindo numa dança em qual sequer sabia os passos, ao contrário dele. Seu sorriso fazia o ar fugir dos meus pulmões enquanto seu toque frio fazia meu corpo se arrepiar e meu coração com a energia que eles transmitiam.

A doce lembrança fora substituída por uma amarga ao ponto de ver em silencio o sombrio quintal se transformar num estúdio de balé onde fui quase morta. Para então ser salva por ele, pelo vampiro ruivo e olhos dourados que me abraçara de maneira amorosa quando sai do hospital e dormia do meu lado quase todas as noites, cantarolando a composição que havia feito para mim.

Eu me envolvo em uma fina folha de gelo

Respirei com dificuldade sentindo o frio aumentar e numa reação normal abraçar o meu corpo vendo que estava com o meu casaco pesado de frio e impermeável. De maneira repentina e intensa uma luz branca iluminou o quintal fazendo-me assustar e olhar o ponto em qual ela vinha.

                A luz branca logo se tornara em outras luzes. Luzes vermelhas e azuis que instigaram a minha atenção, que instigaram a minha curiosa ao ponto de me arrastar pelo quintal sentindo um peso descomunal dominar o meu corpo ao mesmo tempo em que respirava com dificuldade. O frio acentuava a dor em meus músculos rígidos que perderam força levando-me ao chão sem conseguir ver da onde vinha as luzes. Minhas mãos tocaram a grama úmida e gélida ao mesmo tempo em que era acertada por visões de uma família de vampiros ao meu redor, mas não me recordava dos seus nomes. E por um momento questionei-me ao meio de tanta aflição como era possível lembrar do que eram e não lembrar dos seus nomes, uma dor aguda me golpeou fazendo-me perder o ar e encarar as três luzes que cortavam a escuridão.

Me segure, me segure

                Voltei a andar de maneira arrastada sentindo a dor e o frio aumentar fazendo que gritos e mais gritos ficassem presos na minha garganta. Meu corpo inteiro tremia quando senti o sangue escorrer pelo  meu antebraço, fechei a minha mão envolta dele parando de andar e  sendo golpeada pela lembrança de ser jogada sobre uma mesa, sobre o vidro enquanto os olhos do caçador me olhavam com o desejo de tomar o sangue que descia pelo meu braço de maneira abundante.

                Ofeguei ao ver várias viaturas da polícia assim como vários carros desconhecidos, ao contrário dos rostos das inúmeras pessoas que estavam ali e sequer olhavam para mim. Eles olhavam atentamente para algo entre a viatura e ambulância de resgate.  O que tinha acontecido ali?  Pensei e tentei questionar, mas a minha voz não saía. Arrastei-me mais um pouco vendo um mapa enorme sobre o capô da viatura que pelo número na lateral reconheci ser a de Charlie.

Quem estavam procurando? indaguei-me ainda meio andando meio arrastando entre pessoas que não notavam a minha presença. Seus olhos permaneciam fixos em algo que não poderia ver.

Até que eu vi.

                O frio que antes dominava cada parte do meu corpo fora substituído pelo choque ao me ver deitada sobre uma maca completamente pálida, com lábios e dedos azuis de frios.  Meu outro eu estava imóvel enquanto uma equipe de paramédicos faziam de tudo para que a sua temperatura aumentasse e que seu coração fraco batesse mais forte. Mas ele não iria, e eu sabia o porquê.

                Fiz o caminho ao contrário ouvindo os paramédicos preocupados algo sobre pressão e hipotermia até parar vendo a caminhonete velha e robusta que tinha estacionado naquela tarde, onde havia deixado as minhas coisas para trás ao vê-lo. Olhei árvores sinuosas a minha frente e senti o ar fugir dos meus pulmões lembrando do caminho que havia feito junto com ele.  Uma dor maior que as outras assolou meu coração ao ouvir que ele iria embora. Assim como todos eles, e eu ficaria. As lágrimas queimavam os meus olhos tanto quanto o veneno, meus dedos traçaram uma linha imaginária sobre a marca da mordida enquanto me lembrava de tudo, dos nomes e do desespero que tomou-me naquela tarde, e que me inundava novamente ainda mais intensa enquanto ouvia meu coração frágil, e partido falhar. Bater. Parar.

                Fechei os olhos e os abri lentamente notando que estava no começo. Estava no meio do quintal encarando a escuridão que sorria para mim enquanto a paz me envolvia em seus braços acolhedores.

***

A pequena vidente ofegou enquanto uma aflição preenchia cada pedaço do seu ser ao ponto do vampiro loiro que estava ao seu lado se assustar, mas não sabia que ela tinha tido uma visão forte o suficiente para ela gritar de dor segundos antes de parar o carro. Os outros carros que não estavam muito distantes pararam preocupados para saber o que tinha acontecido, porém as perguntas sumiram ao ver a pequena vampira se encolher puxando as pontas dos seus cabelos num choro angustiado e dolorido sem conseguir contar o que tinha visto.

Até que ele parou, o vampiro ruivo de olhos dourados que possuíam uma tristeza imensa congelou sentindo a mesma dor que a irmã sentia lhe inundar ao ver o que ela viu.  Seus olhos se arregalaram e a culpa o tomou, a culpa o queimou, enquanto a outra parte do seu cérebro se questionava como aquilo tinha acontecido. Sem ao menos esperar e responder as perguntas de outros vampiros, seu carro cantou pelas ruas sinuosas do Canadá voltando para o lugar que tinha vindo rezando para que não fosse tarde demais.

Mas era.


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