Sempre olhando para cima escrita por annaoneannatwo, OchabowlProject


Capítulo 1
Capítulo Único




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A visão daqui de cima é de tirar o fôlego, Ochako só queria não estar realmente sem fôlego para apreciá-la de verdade. Esse vestido é lindo, mas com certeza não foi feito para ser usado durante uma intercorrência com vilões invadindo o restaurante e querendo fazer os clientes de reféns, para azar dos bandidos, o herói número 1, Deku, e a heroína número 7, Uravity, estavam lá.

Foi relativamente fácil cuidar dos vilões —  Ochako até conseguiu conversar com um deles e percebeu que ele realmente não queria fazer aquilo, ela até o pôs em contato com um advogado de confiança para que o ajude a conseguir um bom acordo —  o problema maior foi o assédio pós-batalha, Deku e Uravity foram cercados por um mar de gente, e isso normalmente não é ruim, mas eles realmente queriam um pouco de privacidade essa noite, só um pouquinho, como há muito tempo não têm.

Então como se fossem eles os vilões, ambos deram uma escapadinha e foram rápidos: ela usou a Gravidade Zero, ele usou sua flutuação, e lá estavam os dois voando pelos ares noturnos da cidade, pousando no hangar do terraço de um arranha céu, foi só quando olharam pra frente que eles viram que não poderiam ter aterrissado em lugar melhor: o prédio fica praticamente de frente para a Torre de Tóquio, iluminada, imponente, linda como a noite estrelada.

—  Uhhh, essa foi… essa foi intensa... —  ele também respira pesadamente, apoiando as mãos nos joelhos.

—  Espero que a gente consiga pelo menos comer a sobremesa na próxima. —  ela ri numa piada agridoce.

—  É, pois é… —  Izuku se ergue, ajeitando sua gravata que ele aprendeu a amarrar direito, e tentando arrumar o cabelo que nunca teve e nunca terá jeito —  Sinto muito, Ochako.

—  Ah, sente o quê? Acontece. —  ela esbarra no ombro dele zombeteiramente e suspira, olhando para o céu —  Além do mais, a noite tá linda, a gente não teria notado se tivesse ficado lá.

—  Linda mesmo… —  ele diz em tom onírico, e Ochako tenta não olhar para ele, pois sabe que vai corar ao notar que ele não está admirando o céu, e sim ela. Às vezes ela sente saudade do Deku dos tempos de escola que não sabia flertar e ficava nervoso, era mais fácil lidar com ele… bom, menos difícil, na verdade —  Como está o céu hoje, cadete? —  Izuku pergunta animadamente, como sempre faz quando ele quer que ela explique sobre as constelações.

—  Hum… deixa eu ver… —  ela analisa —  Tá vendo ali? —  e pega na mão dele para apontar para onde quer que ele olhe, na direção sudeste.

—  Aham, é o Cruzeiro do Sul, não é?

—  Aí que você se engana, recruta! É a Falsa Cruz! É normal confundir porque são parecidas, mas a Falsa Cruz é um pouco maior, e parece mais um “x” do que uma cruz.

—  Verdade! —  ele diz, inclinando um pouco a cabeça.

—  E aqui bem em cima da gente, olha, é a Constelação do Corvo.

—  Que parece um quadrado…

—  Sim! —  ela ri.

—  É incrível que você saiba tanto só de bater o olho! Pra mim é só um monte de pontinhos, mas aí você fala e eu consigo ver tudo.

—  Ah, é que eu gosto disso e já tô acostumada, e tem aquilo de poder da sugestão, né? Tem coisas que a gente não vê até que alguém aponte. —  tipo quando Ochako se descobriu apaixonada por ele, só aconteceu pois o Aoyama fez questão de questioná-la, mas tava mais pra uma pergunta retórica. “Você gosta dele, né?” É. 

—  Verdade… mas você é boa demais! Deve conseguir apontar de olhos fechados, não?

—  Ah, acho que não… —  ela ri, mas se sente inclinada a tentar. Ochako fecha os olhos e levanta o dedo em direção ao céu —  Mais ou menos por aqui, dá pra ver a constelação de câncer, e Marte vai estar… ali, mais ou menos. —  ela aponta um pouco mais ao norte.

—  Ahhhh sim! E Saturno?

—  O que tem Saturno? —  ela franze o cenho, ainda de olhos fechados.

—  Cadê ele?

—  Saturno não fica visível a essas horas.

—  Hum… mas eu lembro que você me ensinou que uma estrela laranjinha ao norte é Saturno, não é?

Ela abre os olhos para se certificar e olha para a direção mencionada. Está lá: uma estrela laranja ao norte que só pode ser vista entre as 9 e 10 da noite.

—  Ah, é verdade… eu nem tinha visto.

—  Porque tem coisas que a gente não vê até que alguém aponte, né? —  ele repete o que ela disse, com um sorriso que pode tanto ser sem-graça quando zombeteiro —  Eu mesmo só fui perceber que tava apaixonado por você quando o Kaminari veio me perguntar se eu ficaria, nas palavras dele, “bolado” se ele te convidasse pra sair, aí eu fiquei confuso, né? E ele disse: “ah, porque você é a fim dela, e eu não vou talaricar.” nem dormi naquela noite pensando nisso até que me dei conta de que era verdade.

—  Que o Kaminari-kun não é talarico?

—  Que eu gostava de você. —  Ochako ri por ele não perceber que ela tá brincando com ele —  Desde então, eu só penso em como te mostrar o quanto eu gosto de você porque não quero que seja algo que só dá pra ver se alguém aponta, tem que estar visível como… como…

—  Como a Lua?

—  Isso!

—  Você tá indo muito bem nisso, Izuku. —  ela garante, sentindo seu rosto queimar.

—  Mas posso ir melhor. —  típica resposta dele —  Hoje mesmo, eu tinha a noite toda planejada, a gente ia jantar, depois ia comprar mochi naquela loja que você gosta e andar até seu apartamento. —  ele enrubesce —  Pe-pelo menos me pareceu uma boa ideia, parece bem normal, mas… seria especial.

—  E tá sendo especial, Izuku. —  Ochako assegura, pegando na mão dele de novo —  Eu tô muito feliz com você aqui, agora, olhando as estrelas e conversando como um casal normal.

—  Eu também tô feliz, só… eu sei que quase nada sai do jeito que a gente quer, só… queria ter seguido o plano.

—  Mas por que você tá tão preocupado com o plano? Já aconteceu de nossos encontros serem interrompidos, não? 

—  Várias vezes, só… queria que fosse diferente hoje. —  ele murmura de um jeito tão infantil que Ochako acha impossível não rir, ainda mais quando seu namorado cora ainda mais e volta a lembrar-lhe de como ele era quando era mais novo —  F-fecha os olhos, Ochako.

—  Hã? —  ela para de rir, olhando-o em confusão —  Tem mais alguma estrela que eu perdi?

—  Por favor, fecha os olhos… confia em mim.

Ahhhh ela sabe o que é isso, esse é um truque velho que a própria Ochako usou uma vez há muito tempo: ela pediu que ele observasse o local onde estavam —  era no centro, numa noite de Natal —  então ela pediu que ele fechasse os olhos e descrevesse tudo que se lembrava de ter visto, Izuku sempre adorou um desafio e enumerou tudo, ou quase tudo: quando ela perguntou do azevinho, ele estranhou, não havia percebido a plantinha logo acima de suas cabeças, Ochako nem deu tempo a ele de falar nada, apenas ficou na ponta dos pés e o beijou. 

Pela cara envergonhada que ele fez agora há pouco, deve estar querendo copiar a tática dela. Ai, Izuku…

Ochako obedece, segurando o sorriso debochado e já imaginando como fará pra surpreendê-lo dentro desse beijo “surpresa”, ou talvez ela deva deixá-lo achar que a enganou, ele merece.

—  Pode abrir. —  ele diz, e ela vem pra frente ao abri-los, mas Izuku não está ali. Quer dizer, está, mas não em pé, e sim ajoelhado, estendendo uma caixinha aveludada, na qual está um anel cujo brilho rivaliza com as estrelas.

—  I-Izuku? —  a voz dela sai esganiçada em surpresa e seus olhos se enchem d’água.

—  Desculpe, Uravity. Você tá sempre olhando lá pra cima, eu precisava que você olhasse pra baixo só um pouquinho. —  ele sorri, mas seus olhos também estão marejados —  Casa comigo, Ochako?

A resposta é tão óbvia quanto o fato de que a lua brilha toda noite no céu.


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Notas finais do capítulo

Oi oi! Essa foi minha segunda fic para o tema "Estrelas" do @OchabowlProject! A inspiração pra ideia da brincaderinha dos olhos fechados vem do mangá Ao Haru Ride (Touma injustiçado).
Obrigada por ler!



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