Magnífico escrita por Mileninha Fics, OchabowlProject


Capítulo 1
Magnífico


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira contribuição para o Ochabowl_Project!

Boa leitura!



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— B-bakugou!!

Ochako agarrou-se firmemente na capa do bárbaro, virando-se e enterrando o rosto contra seu peito nu, sem ao menos pensar em suas ações. O medo que ela sentiu quando Kirishima impulsionou-se do chão e começou a ganhar altitude rapidamente foi o suficiente para fazer com que seu corpo agisse por vontade própria, procurando proteção no único lugar que lhe parecia seguro no momento: Em Katsuki.

Enquanto seu companheiro dragão abria as asas e as usava para subir mais e mais, Bakugou mantinha-se estoico, com os braços cruzados e uma expressão indiferente, apenas deixando com que a maga o abraçasse desesperadamente. Ouvir os gritos assustados dela fez com que seus lábios se esticassem de maneira divertida, com as íris rolando para baixo momentos depois.

— Qual o problema, bruxinha? Até parece que é a primeira vez que voa.

— T-talvez porque seja a primeira vez! – seus olhos estavam fortemente fechados e seus braços, agora, enlaçados ao redor do bárbaro.

— Heh? Mesmo com a magia gravitacional sendo uma das suas principais, você nunca tentou usá-la para flutuar por aí? Que patético.

— Não é isso! – ela protestou enquanto procurava encará-lo feio, isto é, até suas íris rolarem para o lado e virem o quão longe do chão estavam, fazendo-a voltar a apertar o rosto contra o peitoral do homem. – E-eu só nunca fui tão alto...!

— Medo de altura? – ele fitou-a com uma sobrancelha arqueada. – Por Deus, bruxinha! Você mesma disse que nunca voou tão alto, então, por que tem esse temor todo se nem sabe como é?

— E-eu sou uma maga, não bruxa! E... Simplesmente sinto medo, okay? Não tente me cobrar explicações por isso.

— Tsc! Besteira! – Katsuki estalou. – Você nem mesmo abriu os olhos ainda pra tirar alguma conclusão de como realmente se sente aqui em cima.

— E nem quero!

— Ah, vamos lá!! – ele reclamou, impaciente. – Se quer saber, Kirishima já se estabilizou e está voando bem devagar. Não tem mais motivos pra você estar tão assustada.

Abrindo a boca para retrucá-lo de modo impensado, a jovem maga parou, antes de apenas entregar-se a sensação do voo. De fato, eles não pareciam estar subindo mais e a velocidade apavorante já não existia, dando lugar a um ritmo tranquilo e suave; Eles pareciam estar apenas flutuando por aí.

Um pouco encorajada, Ochako hesitantemente destampou o olhar, desviando seus olhos para baixo e voltando a fechá-los com firmeza assim que viu de relance o quão alto eles estavam; Suas mãos cravaram ainda mais na capa de pele de Bakugou, causando uma leve fricção em sua pele. Com um suspiro discreto, o homem voltou sua atenção para ela e inclinou a cabeça, começando a falar num tom mais baixo:

— Ei, Uraraka... Abra seus olhos.

— E-eu estou com medo...!

— ... – ele ficou em silêncio por alguns segundos, antes de descruzar os braços. – Vamos... Você não o tipo de pessoa que deixa de fazer as coisas por medo. Pelo menos, não pareceu ser assim quando lutamos.

Ela ficou quieta, imóvel.

— Será que tirei as conclusões erradas...?

Beliscando seu lábio inferior com os próprios dentes, a maga ficou incomodada com a questão duvidosa do rapaz – ainda que soubesse que aquilo não passava de uma provocação – e, sentindo-se desafiada, começou a erguer as pálpebras lentamente. Quando o olhar feroz que tanto o impressionara fez-se presente em sua direção, Bakugou sorriu, vendo as sobrancelhas da garota franzirem diante de si.

— Bem melhor.

Ele disse com satisfação, antes de passar os braços em volta dela e repousar suas mãos em ambos lados de seus quadris, firmando os dedos ali. As bochechas de Ochako coraram levemente com o ato, enquanto ela piscava com confusão para as íris carmesins, mal notando o quanto havia se distraído de seu desconforto anterior. O cenho do rei das bestas suavizou-se, transparecendo uma raríssima feição de gentileza.

— Eu vou continuar te segurando se isso te faz sentir-se mais segura. – ele explicou, vendo a reação um tanto surpresa dela. – Não se preocupe... Não vou deixar você cair.

E finalizou num quase sussurro, o que só contribuiu ainda mais para a vermelhidão que crescia na pele alheia.

Após alguns segundos de processamento, Uraraka assentiu, relaxando sob as mãos ásperas e passando a virar a cabeça levemente em direção ao tão distante chão. Suas mãos nunca soltaram a capa felpuda de Katsuki, e firmaram-se quando ela tomou conhecimento da altura em que estavam, o que a fez estremecer. Dessa vez, porém, a jovem não recuou e continuou encarando a paisagem abaixo de si; Pouco a pouco, o medo que antes sentia foi esvaindo-se e seu toque tornou-se mais fraco, o que trouxe um sentimento contendo ao peito do bárbaro.

Eles permaneceram em silêncio por alguns minutos, enquanto Ochako passava a admirar a visão que tinha ali em cima, assumindo uma postura mais confiante conforme acostumava-se com a sensação de estar voando com um dragão. Não demorou muito mais para que um pequeno sorriso fosse estampado em sua boca, o que ganhou a atenção de Bakugou.

— É tão encantador ver as coisas daqui. Tudo parece tão pequeno e eu posso ver tanto de uma só vez... Sempre achei as florestas muito belas enquanto eu passeava por entre elas, mas não achava que seriam tão bonitas mesmo quando vistas de cima.

Um grunhido foi ouvido logo após o comentário da maga, o que capturou sua atenção e a fez olhar para Eijiro, que parecia focado no caminho à sua frente. Deitando a cabeça de lado em confusão, Ochako logo voltou-se para Katsuki, esperando uma possível tradução do que o dragão parecia ter dito – se é que realmente tinha falado alguma coisa.

— “É fantástico, não é?”, a lagartixa de merda disse.

— Não chame-o assim! – ela resmungou, dando um tapa contra o peito dele, antes de virar seu rosto sorridente para o amigo escamado. – Sim, é realmente incrível, Kirishima!

— Hah! E pensar que você está tão empolgada só de olhar pra baixo.

— O que quer dizer...?

— Nós estamos voando, Uraraka. – ele a olhou com seriedade, esperando que a ficha dela caísse por conta própria. Vendo que isso não ia acontecer, Katsuki revirou os olhos, antes de continuar. – Por que não tenta olhar para cima?

Ainda sem entender, a maga apenas seguiu o “conselho” do outro e moveu calmamente sua cabeça, até que seus olhos alcançassem o quer que fosse que estava acima deles e... Estagnassem, hipnotizados.

Em questão de segundos, a mistura mágica da cor laranja invadiu sua visão, de uma maneira tão intensa que foi como se tivesse tomado conta de todo o seu corpo. Ao horizonte que contemplava, o pôr do sol findava o dia, deixando para trás uma luz dourada e profunda, que arrancava suspiros de qualquer pessoa que a admirasse; Como aconteceu com Uraraka. As nuvens, em seus diversos níveis e tamanhos, absorviam as cores e enfeitavam o céu com seus tons escuros, ora cinzentos, ora arroxeados, sempre capturando a iluminação da tarde amarelada por suas bordas, provocando uma sensação utópica. O peito da garota começou a bater mais rápido conforme ela se deixava levar pelo infinito que a consumia, só por observar o sol desaparecendo pouco a pouco naquela imensidão.

Era simplesmente magnífico! O cenário mais fantástico que ela já havia apreciado em toda a sua vida.

A claridade alaranjada bateu contra as íris castanhas, as enchendo, enquanto os olhos de Ochako mal piscavam. Ela estava completamente mesmerizada. Seu corpo, sem que percebesse, ficou paralisado, ainda que houvesse amolecido e sido sustentado pelas mãos ásperas do bárbaro, que assustou-se com seu balanço repentino. Uma emoção inexplicável assolou seu coração.

— Isso é... Lindo...

As palavras pareciam difíceis de sair, sendo proferidas em pausas, enquanto Uraraka soltava-se da capa do homem e se virava, finalmente sentando por conta própria sobre o dragão – enquanto Bakugou continuava a segurando, por precaução. Ela quase sentiu vontade de chorar pelo tamanho da beleza que assistia e permaneceu absorta pelos próximos minutos, continuando fiel à sua contemplação até que o sol desaparecesse por completo, ainda que deixasse seus vestígios alaranjados para trás.

De repente, ela foi tirada de seu paraíso particular por um toque no seu ombro, o que a fez tremer antes de virar a cabeça e encontrar-se com o raro sorriso singelo de Katsuki, que apenas sinalizou com um movimento da cabeça para cima, o qual ela ansiosamente obedeceu. Quer dizer, dá última vez que ele pediu para que ela fizesse algo, a mulher terminou encarando a coisa mais fantástica que vira em todos os seus dias, sendo assim... Sua confiança sob o rei das feras estava à mil!

Ela olharia pra onde quer que ele apontasse se isso significasse que poderia alcançar a beatitude novamente.

Elevando mais o seu rosto, a maga deparou-se com a parte mais escurecida do céu, que estendia-se lentamente enquanto trazia à noite. Agora com os feixes de luz fracos o suficiente, era possível ver a presença de pequenos pontos brilhantes, que oscilavam em movimentos de um brilho cativante: Eram as estrelas, que acordavam uma após a outra.

Os lábios de Ochako separaram-se devido ao seu estado fascinado, e ela piscou, afastando as poucas lágrimas que formaram-se pelo tempo que manteve os olhos abertos. Passando as costas de uma das mãos sobre os mesmos, a garota apressou-se para voltar a admirar o céu, podendo descobrir mais e mais pontos de luz a cada segundo que continuava o contemplando. Aquilo era tão mágico...

A pequena maga sempre foi apaixonada pelas estrelas. Ela lembrava-se de sua infância, quando sentava no telhado de sua casa apenas para olhar o céu noturno, mirando cada corpo celeste com carinho e divertindo-se ao uni-los em sua imaginação até formarem desenhos. Ela recordou-se da época que começou a ler livros e estudar sobre o elas, ansiando para aprender o máximo possível das informações e detalhes daquilo que tanto a fascinava.

Infelizmente, os conhecimentos à respeito do céu estrelado ainda eram muito escassos naquele tempo, e com a tragédia que assolou sua vila no passado, seus encantos acabaram se perdendo dentro de si... Sendo jogados de lado, enquanto outros objetivos e sentimentos eram colocados como prioridade. A vontade de sobreviver, em especial.

Mas agora, diante daquele cenário deslumbrante da noite, flutuando tranquilamente sob o calor de um companheiro e sob a proteção de um outro, ela só conseguiu sentir paz. A paz necessária para que pudesse resgatar seus sonhos perdidos.

Esticando a mão calmamente, Uraraka viu a ponta de seus dedos roçando sobre a imagem dos pontos brilhantes, como se estivesse tocando-os e sentindo-os em sua própria pele. Ela tremeu levemente, mantendo-se firme apenas para fechá-la segundos depois. A garota havia os alcançado!

Retraindo a mão fechada para perto, ela abriu sua palma e encarou o vazio, demorando-se alguns segundos antes de soltar um sorriso suspiroso, logo fechando os olhos e levando os dedos até o peito, sob seu coração.

Escutando murmúrios indecifráveis, Katsuki inclinou-se ao lado dela em busca de sua face, encontrando-a num estado de meditação, enquanto seus lábios moviam-se suavemente; Ela parecia estar conjurando algo. Intrigado, ele permaneceu a observando até o momento em que as íris castanhas voltaram a aparecer, rolando para a sua direção juntamente com a cabeça dela, que virou-se para o homem enquanto sorria formosamente para o mesmo. O nariz com um leve tom de vermelho e os cílios molhados despertaram a atenção do rei das bestas, que preocupou-se.

— Uraraka... O que você estava fazendo? – porém, foi tudo o que conseguiu perguntar, como os seus murmúrios anteriores fossem o motivo para seu estado lacrimoso.

— Eu? – ela o viu assentir, antes de baixar o rosto com delicadeza. – Eu... Estava fazendo uma pequena oração.

— Oração? – Bakugou repetiu, sendo acompanhado de um grunhido de Kirishima, que ouvia tudo igualmente curioso.

— Sim!

E ela simplesmente respondeu, antes de voltar a fechar os olhos e firmar o aperto de sua mão sob seu peito, inspirando profundamente.

— Orei para que meu coração jamais esquecesse do que vi hoje... E de todas sensações que senti. Pedi a ele que guardasse essa lembrança para sempre... Para que eu nunca mais me perca novamente.

— ... – Katsuki piscou, antes de suspirar em desistência e voltar a postura ereta, sem deixar se segurar na cintura alheia com uma das mãos. – Eu não entendi nada, mas bem... Que seja.

— Eu peguei uma estrela!

— Quê!?

Ele arqueou as sobrancelhas em incredulidade em direção a nuca de sua companheiro, antes de ser pego de surpresa pelo doce som da risada dela que, nos momentos seguintes, permitiu que seu corpo caísse para trás, até que sua cabeça encontrasse o conforto do peitoral do bárbaro. Nessa ocasião, foi a vez das bochechas de Katsuki ruborizarem-se levemente.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, apenas aproveitando a brisa e o calor um do outro enquanto Kirishima continuava a voar serenamente. O rei as bestas não reclamou de nada.

— Ei, Bakugou...

— ... O que foi?

Tomando um tempo de quietude, a maga cerrou os olhos, deitando a cabeça para trás até encontrar as íris carmesins. Ela admirou o intenso vermelho do olhar de Katsuki por alguns instantes, antes de abrir um sorriso brando para o rapaz.

— Obrigada...

E dizer, voltando a deitar as pálpebras e aconchegar-se contra ele.

— Isso foi magnífico.


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Notas finais do capítulo

Bom, para essa Fanfic, eu tirei inspiração de uma paisagem que vi certo fim de tarde. A maneira como o céu estava fortemente laranja, limpo, tão mágico, tão explêndido, tão... Magnífico! Eu fiquei tão maravilhada... Tentei expressar o que senti através dessa one-shot!

Espero que tenham gostado. Muito obrigada por ler!