A Maldição do Instinto escrita por Kusumary


Capítulo 2
O começar de um sonho




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Estava a 10 metros da casa do meu pai, atrás de uma arvore, pensando no que fazer. Não posso simplesmente chegar e falar "Hey, trouxe uma cobra, legal né?". Minha camiseta dá pra ver o formato dela, o que eu faço...? Ah! Vou em direção ao varal como um ninja e pego uma blusa de frio minha, ela estava levemente úmida, mas não iria fazer mal para a cobra se fosse por pouco tempo. Espero.

Visto a blusa, demorou um pouco, pois tinha que segurar a barra da camiseta para evitar que a cobra caísse, agradeço o fato da blusa ser de zíper. Coloco uma mão no bolso e com a outra levanto a cobra delicadamente a altura da minha mão no bolso, a aconchegando sem parecer suspeito. Dou a volta pela casa e entro como se fosse mais um dia normal. Eles estavam se arrumando.

— Bom dia. – Minha madrasta me cumprimenta sem me olhar, enquanto calçava uma bota.

— Bom dia. Vão sair? – Pergunto evitando demonstrar minha alegria.

— Sim, vamos para a cidade fazer compras, amanhã é natal. – Meu pai fala enquanto contava suas várias notas de 100 e 50.

— Oh, que legal. – Havia esquecido completamente do natal, mas não é como se me importasse com datas comemorativas.

— Fique aqui e cuide da casa. - Ele me ordenou como se fosse um teste para ver se eu conseguiria. – E também prenda os bezerros de tarde.

— Ok. – Falo simplesmente me sentando delicadamente no sofá, sem colocar a costa no encosto. Meu pai me olhou com o nariz enrugado e logo se virou, se dirigindo a porta. Eu normalmente me jogava no sofá, mas não podia fazer isso agora com uma cobra enrolada na minha cintura.

— Até. – Minha madrasta se levanta do outro sofá quando terminou de calçar a bota e seguiu pelo mesmo caminho do meu pai sem me lançar um único olhar. Por sorte eles não haviam desconfiado.

Fico um tempo parado, ouvindo o carro se afastar. Depois de uns dois minutos, tiro minha mão do bolso lentamente, deixando a cobra escorregar pela minha barriga até parar no meu colo. Ela olhou para mim, parecendo mais animada do que antes. Levo minha mão abaixada até ela, esperando que ela não me atacasse ou coisa do tipo. Para a minha surpresa, ela aceitou minha mão em sua cabeça, me deixando acaricia-la. Estendo meu braço em frente a ela, e como se entendesse, ela se enrolou nele, deixando minha cintura.

Vou em direção ao quarto de hóspedes que eu estava usando. Deixo a cobra na cama e tiro a blusa de frio e a camiseta. Dou a volta na cama e me deito ao lado da cobra, que rastejou pela cama rapidamente e subiu encima do meu peito nu, me causando arrepios. Ao invés de se enrolar, dessa vez ela resolveu ficar estendida, desde minha clavícula até metade da minha coxa. Puxo a coberta para cima de nos dois e resolvo dormir, visto que havia ficado até tarde da noite no celular e acordado cedo. Vou cuidar dessa cobrinha até ela voltar ao seu lar. Sorrio para mim mesmo.

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Não estava vendo nada além de branco a minha frente, um cheiro forte de grama e vaca estava irritando minhas narinas, um leve respirar podia ser ouvido sobre minha cabeça, e eu estava sentindo várias coisas, no quesito de sentimento, uma paz estava se alastrando pelo meu peito, mas no quesito físico, estava sentindo coisas demais e desnecessárias para o meu coração que estava quase tendo um ataque.

Empurrei levemente o corpo ao meu lado. Parecia que ele estava morto de tão pálido, mas sua respiração e a força empregada em seus braços que estavam puxando cada vez mais minha cintura para si provava que ainda estava vivo. Afasto meu peito para tentar entender alguma coisa. A minha frente estava um homem... Jesus, sei que não conversamos muito, mas para o mundo que eu quero descer, por favor. Um homem resumidamente lindo estava deitado ao meu lado, completamente nu. Seu rosto era robusto, mesmo tendo alguns traços delicados e asiáticos. Ele era completamente branco, seus cabelos muito longos e pele eram brancos, contrastando com a minha pele morena e cabelos negros. Estava me segurando muito para não olhar para baixo para ver se seus pelos pubianos também eram brancos. Espera esse não é ponto. Tentei sair de seu abraço, mas quanto mais tentava, mais ele me puxava para si, usando mais força.

— Seu desg- Estava prestes a xinga-lo quando me lembrei da cobra branca. Não... – Hey, albino,acorda. – Dou alguns tapas em seu peito, o fazendo abrir seus olhos vermelhos. Um arrepio passou pela minha espinha quando fizemos contato visual.

— Bom dia? – Sua voz estava levemente rouca, ou talvez já fosse assim, de qualquer maneira eu arrepiei de novo. Seus olhos demonstravam certa ansiedade.

— Bom dia o caralho, quem é você? – Falei meio grosso, mas me arrependi quando vi seu olhar animado ser substituído por uma tristeza opressora.

— Desculpa... – Ele fala e começa a se afastar. – Poderia fingir que nunca me viu? – Ele me olhou como se fosse um cachorrinho que tivesse recebido uma bronca de seu dono.

—... – Suspiro, me deixando levar por aquele olhar. – Desculpa falar assim, mas você deveria entender, eu acordei com um desconhecido do meu lado. – Faço gestos nervosos com os braços.

— Mas sempre que as pessoas que moram aqui falam "caralho", eles começam a brigar muito, então deve ser uma palavra que demonstra que você está irritado, não? Eu te irritei, não quer- Interrompi sua fala tampando sua boca.

— Não se preocupe, e não aja como um cachorrinho fofo. – Tiro minha mão de sua boca e a coloco em seu cabelo sedoso. – Quem é você? – Pergunto calmamente.

— Esqueci do meu nome. – Ele falou enquanto voltava a me aninhar em seu corpo.

— Simples assim?

— Sim. Eu também sou aquela serpente que você trouxe.

— Hm, legal. – Sonho foda e bem louco, minhas fantasias estão se realizando, wow. 

 


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