Prisão de Gelo escrita por Miah


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Capítulo já quentinho saído do forno hehe ^-^
Digo que a vida de Anastácia está indo por caminhos tortuosos e...... a questão é só complicar mais kkk



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Anastácia já estava dentro daquela igreja a tempos, primeiro achei que o velho Sacerdote descobriria a farça e a enxotaria dali e no menor dos males não contaria para Sawuell, porém aquela demora confirmava que estava tudo indo certo e isso me preocupava mais ainda.
Leia, uma égua doce que fazia pequenos trabalhos estava inquieta naquele lugar, mas não só ela. Desde que Anastácia nos deixou a inquietação veio junto. Estava irritado pelo fato de ela nem sequer contar o que diabos estava querendo esclarecer ali.... me tratava como um simples capacho, sem informações nenhuma.
Só de pensar nisso meu sangue fervilha. Ainda me perguntava o porque daquela noite ela ir pro meu quarto....... e também porque eu me importava com isso??
Passou mais algum tempo até eu a ver voltando, estava séria e olhava fixamente por onde pisava. Ao chegar mais perto pude notar os resquícios de lágrimas em seus olhos, ela viera chorando. Aquilo me apertou no peito.
— vamos embora daqui – disse antes que eu pudesse sequer abrir a boca.
A viagem de volta pra casa foi silenciosa, conseguia só ouvir as fungadas dela atrás de mim, seu braço estava em volta da minha cintura e apertava com força. Desconfiava que algumas lágrimas já molhavam minha roupa.
Levei-a até a cabana onde estava estalado já que não sabia a que momento seria mandado de volta para Tripólis fiquei por lá. Era uma cabana simples, de maneira nada muito majestoso a qual estava acostumada. Descemos e deixei Leia a comer por volta da casa.
Anastácia não deu uma palavra, não perguntou onde estávamos e nem o que íamos fazer estava com os ombros caídos e a expressão cabisbaixa.
— aqui é minha cabana... – comecei notando seu olhar por volta -... achei melhor pra você poder se trocar com maior privacidade.
Esperei reclamações sobre o porque de eu não a levar desde o inicio, se era um tentativa pervertida de vê-la se despir..... mas nada veio ela somente acentiu. Mostrei onde era o quarto.
Fui para a cozinha, preparar um chá ou algo do tipo. Antes de sair, Robb me presenteará com algumas plantas propícias a chás e unguentos. Se eu procurasse direto podia achar onde estava valeriana.
Ela voltou estava já vestida adequadamente e não como uma simples camponesa, seu rosto estava limpo e sem nenhuma fuligem. No entanto a expressão continuava a mesma.
— obrigada, realmente agradeço – disse colocando sobre a mesa as roupas dobradas – fiquei me perguntando de que jovem camponesa você tirou estas roupas – um sorriso forçado, uma tentativa falha de mostrar alegria.
— Anastácia...
— não, eu não quero falar sobre o que aconteceu na igreja... – disse me cortando -... ainda não
— tudo bem – respondi entregando a xícara com o chá.
Ficamos assim por um tempo, cada um bebericando seu chá e perdido no seus próprios pensamentos mais ela. Já era uma expressão pra mim conhecida, só que desta vez estava carregada de uma melancolia...?
— Roz você cultua algum Deus? – perguntou subitamente.
— não, sabe que sou de Tripólis e não temos Deuses.
— aqui eles cultuam. Não vou me alongar na história da religião... – ela parou -... mas isso tudo se relaciona aquele ritual.
— o Ritual de Purificação?
— sim esse mesmo! – disse bebendo um pouco mais – desculpe lhe negar informações aquela hora, fui muito arrogante. Estava cheia de expectativas, mas agora.... – ela olhava o longe – esse não é o ponto. O tal ritual era na verdade uma entrega a um de seus Deuses, na verdade era a entrega total a Deusa Amestisah da Fertilidade após o primeiro sangramento, era feito na primavera. Só que comigo foi diferente e não só por ser estrangeira.... o ritual aconteceu no inverno, eu fui entregue a Khartyw o Deus da morte. Pelo que eu descobri como um sacrifício...
— um sacrifício para o que?
— para uma amenização entre o laços que ligam o povo de Ghropol a esses Deuses. Pelo que eu entendi o pai de Sawuell irritou-os, e a dádiva do perdão só vem através de um sacrifício de boa vontade.
— então você veio para cá pra ser carne de oferenda? – disse batendo na mesa.
— eu fui enganada. O casamento é uma farsa, não sei mais nada porque o Sacerdote desconfiou de minhas perguntas e eu resolvi sair o mais rápido possível – seus olhos estavam marejados – estou sendo só um peão influenciado nesse jogo. Meu pai disse que eram só cerimônias do pré-casamento, os ritos deles. Não sei se ele desconfiava de algo, mas tenho certeza que Victor sabia. Eu só passei por um, há mais três....
— e o que você vai fazer Ana?
— terei que continuar.... pensei que tivesse sido leiloada para as mãos de um príncipe, mas a verdade era outra... estou cansada que me tratem como um objeto de negociações. Não importa se for humano, deus ou um monstro eu sou Anastácia de Tripólis e nada nem ninguém, além de mim, ira decidir o meu próprio destino.
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Tudo estava andando conforme o planejada. A divida, o ritual e os próximos processos. Dentro de 3 dias a entrega da pobre Anastácia seria concluída e eu teria a verdadeira rainha em meus braços, além do poder aliado de Khartyw.
Quase que meu pai estraga tudo em sua estúpida piedade ao se recusar a matar o antigo sacrifício. Patético uma demonstração de fraqueza, por isso que esses atos o levaram onde está. Deitado em um cama em algum lugar deste palácio. Ninguém saberia e nem sentiria falta, o poder do gelo conseguia alterar os pensamentos.
Estavam todos dentro desse jogo
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Ao chegar no palácio pela passagem secreta, ou melhor terminar “minhas orações” a Garota de Franja chegou no me quarto avisando que o segundo ritual pré-casamento seria hoje a noite com a presença de toda corte.
— e como vai ser isso?
— pelo que eu ouvi por aí... – sem querer ela se transformou em meus olhos e ouvidos -... quando fui levar água à sala de reuniões, o ritual será feito na sala do trono com Sawuell presente... um ritual de total fidelidade.
— fidelidade?
— sim, você tem que prometer fidelidade a ele, é quase igual o que os soldados fazem pelo nosso país
— que absurdo!
— sim, eu vou tentar vir com Loreis pra preparar você, mas não prometo nada.... ela não vai com a minha cara – disse com o cesto cheio de roupas de cama. – tchauzinho.
Fiquei pensando nesse próximo ritual o que ele significaria na real verdade, não podia ser fidelidade a Khartyw, eu já me entreguei a ele.... sem saber.
Talvez fosse uma maneira de Sawuell me ter nas mãos.
A Garota de Franja conseguiu e estava a arrumar meu cabelo em cachos enquanto Loreis desconfiada passava um vestido em um tom azul claro. Elas me vestiram eu estava como uma bela boneca. Talvez fosse o que Sawuell queria uma mera boneca que acatasse tudo que ele mandava. Fui até o salão do trono, escotada pelas duas criadas. Só a situação de eu fugir com aquela roupa era engraçado não daria dois metros e quem sabe uma flecha me atravessaria.
Ao chegar notei de cara Sawuell sentado no trono que ficava no centro. Seu cabelo estava maior a frente já escondia seus olhos, mas eu os senti assim que entrei; estava vestido um terno azul escuro, sua coroa caída de lado. Ao redor havia vários outros homens, todos com expressões sérias. Estremeci. O único que sorria era Sawuell.
— minha doce Anastácia, aproxime-se – disse com a mão estendida – hoje estamos aqui reunidos para ouvir sua fidelidade para mim. Algo bem simples que não tomará muito de seu tempo, meu amor – cada palavra “carinhosa” dele era repugnante.
Ao pegar em sua mão ele me puxou para um beijo. O quanto mais eu tentava me soltar mais ele apertava meu braço, não retribuí o beijo, mas não precisava o que era necessário naquele momento era a imagem e não o afeto.
— você ficará aqui – disse me levando mais para frente do trono – então começaremos. Anastácia de Tripólis entregará sua vida a Ghropol?
— sim – hesitei ao responder.
— entregará sua vida ao povo de Ghropol?
— sim
— entregará sua vida a mim?
Um silencio se seguiu.
— entregará sua vida a mim? – perguntou novamente, seu olhar fixo em mim.
— sim...
— então ajoelhe-se.... – vendo que eu não fiz nada, falou novamente – ajoelhe-se!!
Algo me impedia de fazer aquilo, uma rebeldia dentro de mim que queimava como chama.
Sawuell se aproximou de mim, achei que fosse me bater pra mim me ajoelhar, mas colocou sua mão abaixo de meu ombro esquerdo. Meu ombro começou a gelar de seu toque e logo em seguida uma dor aguda atravessou meu corpo e me fez cair. Não conseguia senti-lo e o olhei, um grande espeto de gelo estava atravessado. O vestido já havia respingos de sangue, a dor que eu sentia era horrível como se meu braço estivesse se desprendendo, mas o que era aquilo? Sawuell se abaixou e com suas mãos levantou meu rosto já em prantos.
— isso é pra não me desrespeitar mais e.... – ele apertou com mais força -.... saber qual é o seu lugar
Eu não sei o que era pior a dor em meu ombro ou o gelo que descia pelo meu pescoço e se espalhava.
Então ele colocou sua mão em meu ombro direito e como o mesmo, veio outro espeto. Gritei, sangue se espalhou pelo chão branco. Acabei caindo sobre ele, sujando seu terno lindo. Nenhum dos homens presentes levantou um dedo pra me ajudar, cúmplices. Sawuell retirou as mechas do meu cabelo da frente do rosto, secou inutilmente as lagrimas minhas e me beijou.
— não seja rebelde e coisas assim não tornaram a acontecer – falou após o beijo acariciando meu cabelo.
E por fim a escuridão tomou conta.
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A cena foi horrível, resolvi esperar a ser chamada na porta de entrada e a curiosidade foi mais forte que eu. Assisti pela fechadura toda aquela apresentação macabra.
Se Loreis me visse estaria ferrada.... quer dizer, eu já suspeitava sobre o que ia acontecer. Foi o que houve com outras garotas anteriores a Anastácia depois do grande acidente, nenhuma chegou até o fim.
Só que ela era diferente, audaciosa. Talvez por isso que eu tenha me afeiçoado e comentado o que era estritamente proibido.... talvez as coisas mudem com ela... talvez.
A cena foi horrível e questões de segundos um grande espeto de gelo perfurou o ombro dela, sufoquei um grito eles nem podiam sonhar que alguém os observava.
Então finalmente ela estava aos seus pés, só que aquilo não o contentou e o fez no outro ombro, pra simplesmente humilhá-la. Eu não sei qual era daqueles poderes ou como ele conseguia influenciar a todos em volta, mas eu nunca caí em seus encantos.... de todos, ele não fazia meu tipo.
Anastácia desmaiou, ele deixou seu corpo cair e reclamou dos respingos de sangue em seu terno. As “marionetes” em volta levaram o corpo dela pra sabe-se-onde.
Sai depressa de lá, as criadas seriam chamadas pra limpar a bagunça e provavelmente não comentar uma palavra.


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