Prisão de Gelo escrita por Miah


Capítulo 1
Capítulo 1




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Folhas secas estralavam a cada passo, caminhava letamente pelo belo jardim do palácio. Onde varias texturas e aromas estavam ao meu redor, era um local extenso e repleto de belezas por onde andasse encontraria flores de todos os tipos: lírios, rosas, violetas, margaridas, camélias...
Era o local onde eu mais me encontrava, a brisa suave e o doce silencio faziam com que meus pensamentos clareassem e eu conseguisse chegar as decisões exatas. Passei pela área de plantas medicinais, ali se encontrava plantas que poderiam salvar vidas. Robb cuidava com carinho aquelas plantas, sendo um dos curandeiros de nosso palácio, era já velho e também cego dos olhos, mas aquilo nunca o parou de algum modo ele conseguia nos olhar até a alma, um homem gentil, bondoso e muito sábio com as experiências que viveu em sua vida. O fez amar a vida e assim fazer com que as pessoas pudessem ver que ela era preciosa e que todos perante as dificuldades do dia a dia erguesse a cabeça e batalhasse pela a sua felicidade e a dos entes queridos.
Encontrei o banco de pedra, um velho conhecido. Sentei-me e fiquei pensando sobre o ultimo conselho real. Meu pai, Rei Galvin governante de Tripólis, pela paz entre reinos ofereceu a mão da sua filha ao príncipe de Ghropol,todos os conselheiros aprovaram a ideia dizendo que já chegara a hora de eu me casar, mas onde eu encontraria a felicidade em um casamento arranjado? Robb falou-me que todos são destinados a encontrar a felicidade, conforme forem suas escolhas, eu acreditava que isso não seria possível junto ao príncipe Sawuell, já o vira em algumas visitas de Ghropol ao vosso reino era um rapaz de estatura alta e muito serio, em toda a estadia no palácio só deu um sorriso de canto, diziam que era um ótimo estrategista e seria um ótimo rei quando assumisse o trono. Mas como poderia ter um casamento bom com uma pessoa que sequer dava algum sorriso.
Eu não poderia fazer nada, era minha obrigação como primogênita não poderia desonrar o nome da minha família. Se fosse este o meu destino, assim seria. Dando-se um tempo ouvi ruídos de passos apressados, virei-me para ver quem era:
— Princesa Anastácia! Princesa Anastácia! – chamava-me uns dos guardas reais de meu pai, reconheci pela capa branca e o selo real, duas espadas sobrepostas com a outra.
— Sim?
— Vosso pai,o rei. Esta lhe procurando, está junto com sua família na sala do trono a sua espera – disse, parando subitamente estava um pouco ofegante.
— Diga que já vou indo!
Dizendo isto, o guarda se afastou com uma reverência. Fiquei pensando o que meu pai queria como neste momento, deveria ser algo sobre este casamento, não via outra coisa.
Direcionei-me a saída, por enormes arbustos muito bem cuidados, já via as torres do castelo, fechei o portão delicadamente, enquanto me virava encontrei John e Silver os jardineiros que cuidavam dos jardins do palácio.
— Princesa – disseram ambos.
— Senhores! É gratificante velos por aqui, já estava de saída com sua licença.
Retornei ao meu caminho em um tsunami de pensamentos, me perguntava o que meu pai queria comigo e de - forma um nervosismo começara a crescer dentro de mim. Entrei, cumprimentando os guardas que guardavam as portas do castelo, me falaram diversas vezes que não era para mim ter contato com pessoas “inferiores”, mas nunca dei atenção a esses pedidos, todos nós somos iguais, diferente do pensamento do meu irmão Victor, ele sempre anda pelos corredores como se tivesse o rei na barriga se bem que ele herdaria o trono.
Fui indo até a sala do trono, chegando lá vi minha família toda reunida o que era bem estranho, minha mãe estava ao lado do trono ela era alta e esguia, seus cabelos negros estavam presos em um coque junto a coroa, usava um vestido longo cinza tinha uma expressão de desagrado do seu lado meu pai estava sentado no trono, seus cabelos estava despenteados como se ele tivesse passado as mão diversas vezes sua coroa estava de lado, estava tendo uma conversa com Victor. Já ele, usava um terno sob metida seu cabelo batido e sua roupa estava perfeitamente em ordem. Meu pai acabou me vendo, e chamando minha atenção:
— Minha filha, chegue mais perto. Há uma coisa que eu tenho que lhe falar
— O que seria meu pai? – estava ficando nervosa, pressentia que algo iria acontecer.
— Como você bem sabe, foi prometida ao príncipe Sawuell e como nossos dois reinos, tem culturas diferentes e rituais diferentes....– o rei falava apressado como se fosse algo que ele não estava feliz em dizer-... Anastácia, você ira três semanas antes à Ghropol, para ser realizados os rituais de seu pré-casamento que acontecerá no final deste mês.
— Mas pai, como assim? A pouco tempo foi decidido isso, não pode me mandar para Ghropol assim, tão rápido.... eu....eu não aceitei bem essa situação.
— Também achei essa ideia muito desagradável Anastácia, mas é o que deve ser feito. Você não gostaria que “explodisse” uma guerra entre o dois reinos – disse minha mãe, ela estava cansada dava para ver em suas feições.
— E também maninha é a sua obrigação – retrucou Victor.
— Como se eu pudesse amar alguém do dia pra noite....
— Amar? – Victor soltou uma gargalhada-... amor não enche barriga, não da segurança. Você ira casar-se com Sawuell pelo bem do seu reino e não porque ainda é uma criança que vive nesse mundo de fantasias achando que ira encontrar um “príncipe” no cavalo branco e será feliz pra sempre. Acorda pra vida Anastácia o mudo não é o mar de rosas que você pensa que...
— Já chega Victor – cortou rei Galvin – esta decidido Anastácia você partira esta noite.
— Mas...
— Mas nada, está decidido. Podem se retirar.
Retornei ao meu quarto frustrada com tudo. Minha vida, minhas escolhas estavam sendo tiradas de mim e eu nada podia fazer contra elas. Chegando em meus aposentos me joguei em minha cama onde fiquei a ver alguma brecha em suas palavras onde eu pudesse desfazer o que já estava feito. Nada.
Ouvi uma batida, era Maria uma das criadas que fora chamada para arrumar minhas malas.
— Vossa Alteza.. – dizendo fazendo uma reverencia
— Entre
Maria tinha uma estrutura baixa, aparentava ter uns 40 anos, mas era muito calada. Estava conosco antes mesmo de eu nascer e sua frieza as vezes me desconfortava. Deixei-a arrumando minhas roupas em suas devidas malas e me dirigi a sala de banhos, já que seria assim eu não demonstraria fraqueza em encarar esse destino, não era mais uma criança.
Quando voltava ao meu quarto me esbarrei em Victor.
— Irmãzinha já se preparando para sua saída? – perguntou com um sorriso zombeteiro nos lábios
— Como se fosse da sua conta. – respondi me dirigindo para onde ia.
— Sabe é realmente incrível o quanto nosso pai pode ser “controlado” – parei.
— O que você está querendo dizer com isso?
— Oras, minha irmãzinha! Só colocar sua segurança em perigo e todos na nossa família já ficam a flor da pele. – ele deu a volta ficando diante de mim – suas escapulidas a noite, a grande teimosia em não seguir ordens foram apenas o gatilho, e você sabe como são os pais. Não podem perder a filhinha querida... – veneno escorria de suas palavras
— Como você sabe de minhas saídas a noite?
— Você se surpreenderia de tudo que eu acabo descobrindo...
— Seu miserável! O que você está planejando em Victor?
— Ainda não conseguiu descobrir irmãzinha? Que patético... mas como você não estará aqui já que estará nas mãos de Sawuell, eu serei o próximo na linha de sucessão.
— Isso foi o que você sempre quis não é Victor? Ter o poder todo para si
— Os fins justificam os meios
Deixei-o no corredor enquanto me direcionava novamente aos meus aposentos. Não acreditava que Victor pudesse ter descobrido as minhas saídas a noite.
Todas as noites, quando todos do palácio já tinham se retirado ao seus aposentos, eu me escapulia por uma das diversas passagens secretas , chegando finalmente a cidade. Ia diretamente ao bar do Tom onde eu encontrará muito o que observar, vestida tipicamente como uma camponesa eu me sentava em um dos cantos do bar e ouvia tanto quanto historias como reclamações do rei. O bar do Tom era um lugar modesto, constituído de madeira, com pilares grandes, tinha um amplo salão onde ficavam as mesas arredondada mais a frente se encontrava o balcão na qual se encontrava Tom limpando os copo e atrás de si encontrava-se as mais diversas bebidas. Escapulidas como essa,faziam-me sentir em liberdade, finalmente me sentia como parte de alguma coisa e não só a “princesinha presa na torre”.
Esses pensamentos ficaram comigo até chegar em meu quarto. Como Victor soubera disso? Uma única pergunta que ecoava em minha mente.
Cheguei em meu quarto já vendo todas as malas arrumadas e dispostas na lateral de minha cama, um vestido azul de mangas compridas estava disposto em cima da cama. Ghropol era um reino que se localizava mais ao norte e por isso suas temperaturas eram extremas, tanto o inverno quanto o verão. E por incrível sorte minha estávamos adentrando ao inverno.
Já vestida me coloquei diante o espelho, estava com a expressão mais pálida que o normal, o vestido teve um caimento perfeito, uma princesa vestida para sua prisão. Fiz uma trança e a joguei para trás e desci para onde estava a minha carruagem esperando. Pensei que minha família toda iria vir se despedir, mas só se encontrava minha mãe e Victor com o feitio despreocupado.
Quando guardavam minhas malas me aproximei de minha mãe:
— Ainda acho isso uma ideia deplorável
— É o melhor para você.... e para o reino. – disse minha mãe colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – se comporte bem!
Ela se virou e entrou para o castelo, nenhum abraço, nenhuma lágrima só a absoluta frieza de sempre. Victor a seguiu.


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