Qualquer um menos você escrita por Cherry


Capítulo 6
6 - As lacaias da Alicia


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? :3

Dessa vez não demorei tanto, não é? Fico bem feliz por ver que tem pessoas lendo a minha fic, espero que estejam gostando.

Desejo uma belíssima leitura.



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Capítulo seis
        As lacaias da Alicia

“Oh, querido diário, eu conheci um garoto
Ele fez o meu coração de boneca se acender de alegria
Oh, querido diário, nós nos separamos”
(Bubblegum bitch – Marina)

 

Aquele inferno que passei junto ao Daniel deve ter durado uns cinco minutos, mas para mim foi como uma vida inteira de carma. Esse ser deve ter a mínima noção por ter me pegado desse jeito na frente de todo mundo, ainda mais sabendo que o odiava e podia muito bem ter o ferrado.

Bem que eu queria, se não fosse a mensagem da minha amiga. Falando na dita cuja, em qual lugar que se meteu que não viu essa atrocidade toda? Bem capaz dela ter ficado feliz de eu ter me trancado numa sala minúscula com alguém, até mesmo se essa pessoa fosse ele.

“Nem precisei conversar, ele fez isso por mim! Onde que você está?” — Elisa.

Esperei um tempo enquanto comia a goiaba com semente e tudo e tentava me desviar dos olhares julgadores e zombadores dos colegas ao meu redor. Eram coisas que não estava nem um pouco acostumada, já que era uma aluna nota dez e passava desapercebida quase o ano todo.

“Estou aqui no prédio mais afastado da escola. Você estava tão ocupada que eu fui sozinha mesmo para bater foto do Gabriel.” — Alison.

Não acredito que foi fazer uma coisa dessas, ela não tem amor a vida? Na minha cabeça já passavam várias cenas dela sendo pega por um cara tão idiota como ele ao correr até onde estava. Vinha desde apanhar dele até ser abusada. Não vou ter nem um minuto de paz desde que o último ano letivo começou por acaso?

“Saí daí, ele só vai depois das aulas.” — Elisa.

Eu tinha vontade de chorar? Com toda a certeza, mas engoli toda essa vontade e tentei me tranquilizar antes de ver se ela estava bem. Se estava me mandando mensagem era bom sinal, não é? Quando meu celular apitou de novo depois de demorar eu até respirei aliviada, ainda mais já podendo ver aquela construção quase caindo aos pedaços.

“As vezes ele aparece no intervalo também.”— Alison.

Vamos embora. — Sussurrei ao ver sua silhueta abaixada no canto da parede, estava tão concentrada que chegou a dar um pulo com a minha fala.

— Eu consegui! — Dessa vez se mexia era de alegria após me pegar pela mão e ir comigo para longe daquele lugar que só era amado pelos que queriam esfriar seus hormônios trocando saliva.

O colégio até que era considerado grande e parecia maior pelo medo que tinha de que tivéssemos sido flagradas pelo Gabriel. Não me leve a mal, mas nem era apenas os boatos sobre ele que me faziam tremer inteira, sim o que vi com meus próprios olhos de monitora. É um daqueles que detesta um não e fui até boazinha de ter dito ao diretor que só estavam aos beijos aquele dia.

— Se fosse você queimava isso e deixava essa vingança para lá. — Comentei quando estávamos afastadas o suficiente e na cantina, mas pela sua expressão era contra o meu pedido.

— Que história é essa? Viu o que ele falou de você? Precisa sim pagar pelo que fez e é agora. — Ela comprou um chocolate e tinha comido quase tudo, péssimo sinal.

— Por favor, não. — Implorei.

O gongo finalmente tocou e me livrou dessa, quem sabe até a saída eu consiga a convencer a largar essa ideia. Enquanto nós passávamos pelo corredor até a sua classe as pessoas pareciam me fulminar com os olhos e cochichar palavras que não conseguia entender.

— Desculpa, Ally, devem pensar que estamos namorando. — Foi bem baixinho para que ninguém pudesse me ouvir e mal entender mais ainda.

— Acho que está enganada. — Até tentei revidar ao vê-la com um sorrisinho ao dizer uma coisa dessas, mas o segundo sinal me avisava que deveria estar era na minha carteira a essa hora.

Não, era pior do que eu imaginava, tínhamos aula de educação física na quadra, pois dia de futsal para as meninas. Tinha de andar mais um pouco para chegar, porém consegui.

— Você vai jogar de calça? Pega essa bermuda. — Ofereceu uma das colegas da minha sala quando apareci. A sorte que o professor deixou que eu fosse no banheiro para me trocar e tirar os brincos.

Quando voltei de lá já estavam começando e para meu azar tinha sido escolhida, porque apesar de ser boa até nos esportes, eu não estava com a mínima vontade de participar. Será que ainda dá tempo de inventar a desculpa da cólica?

— Vai de pivô. — Comentou alguém do meu time enquanto o juiz apitava. Posso até ter ficado um pouco feliz de finalmente pegar essa posição, mas era estranho também por nunca terem deixado.

A ala direita começou a partida e passou a bola para mim perfeitamente, até já conseguia ver a trave e o primeiro gol marcado, se não fosse pelo fixo do outro grupo me fazer cair no chão com a perna. Isso não é falta não? Ao me levantar senti uma dor no meu joelho, mas preferi continuar.

— Professor, não vai marcar? — Gritei, mas ele nem sequer ouviu. — Isso está uma palhaçada mesmo. — Falei mais para mim mesma.

Fiquei tão paralisada naquele momento que nem vi quando a bola chegou até a nossa goleira e ela não conseguiu defender. Era a pontuação que abria o placar e foi a comemoração delas que me fez acordar ali no meio do caos.

— Pega a bola! — Ainda levei sermão da menina. — Presta atenção, Elisa!

Preferi deixar aquilo para lá e apenas fazer o que ela mandou, para no momento seguinte ser empurrada pela ala esquerda da turma adversária. Dessa vez qual parte pegou foram as minhas mãos, que com o baque me fez querer dizer uns trocentos palavrões. Que foi isso? Eram tão cavalas assim?

— Falta para as com colete. — Agora viu? Obrigada. — Tiro livre direto por força excessiva. — Apontou com o braço, mas infelizmente não fiz um gol.

Eu consegui me levantar e trazer a jogada para mim de novo, os meus olhos se viravam para as pessoas que me derrubaram do que marcar o maldito ponto. Só que não adiantou, pois pareciam tão obcecadas em me segurar que logo fui pega por uma quando estava desviando de outra. Era um carrinho que foi o suficiente para causar mais algum hematoma.

— Segunda falta. — Não vai ter cartão ou expulsão?

Até queria reclamar, mas lembrei que me ignorou da outra vez e o quanto gosta de ser o dono da razão. Apenas segui para fazer o lance direto e conseguimos ficar no 1 a 1. A nossa comemoração foi até respeitada, pelo menos até a fixo ir em minha direção e dar um tapa nas minhas costas como se estivesse apoiando, mas era forte demais para ser apenas isso.

— Por que estão fazendo isso? — Resolvi encarar quando estava se afastando.

Apenas me olhou e mandou o dedo do meio, depois voltando a sua posição. Isso para mim foi como um “não” e resolvi só entrar na onda delas, mesmo que aceitar suas provocações me ocasionassem muitas quedas e contra ataque.

— Sexta falta para as de colete! — Significava que eu poderia tentar a pontuação sem barreira, o que tornou tudo fácil e consegui um 2 a 3.

Quando iniciou para a vez dela eu roubei a bola, o que as enfureceu mais ainda e a ala direita correu até mim para pegar de novo. Só que o alvo não era o objeto redondo, mas sim eu e dessa vez não foi tão fraco. Quando tentei me reerguer senti um liquido escorrer pelo meu joelho. Era sangue.

Leticia entra, Elisa sai. — Obedeci a contragosto e quase mancando, a guria que fez isso em mim acabou sendo expulsa do jogo e tiveram de ficar esperando dois minutos até vir outra para o time.

Fiquei vendo um pouco enquanto tentava estancar o ferimento e não pareciam mais tão agressivas com a que chegou, pelo contrário, até em algumas vezes eu flagrava conversa entre elas.

— Vai lá pegar o kit de primeiros socorros. — Tentei olhar para o lado para ver se alguém faria isso por mim, mas pelo jeito não. Deveria ir eu mesma com mão no joelho e a passos lentos.

“Me machuquei na aula de educação física.” — Elisa.

Achei que tinha mandado para a Alison, mas foi é para o Daniel que havia me enviado algo sobre true crime antes do recreio. Devo estar bem distraída mesmo para cometer um deslize desses, mas era só apagar para todos. Não acredito, ele viu e estava digitando.

“Finge que não foi para você.” — Elisa.

Respondi rápido enquanto me sentava ali na cadeira e limpava o sangue com a gaze que encontrei, para depois encher de spray. Até tinha algum esparadrapo para segurar o pano que tapava aquele corte.

“Imaginei.”Danmônio.  

Apenas isso? Que aconteceu com ele? Mas nem liguei. Tinha encaminhado o recado para a minha amiga, que em pouco tempo me retornou.

“Como assim? Está bem?” — Alison.

Pensem que ela perguntou isso em letras garrafais e já sentia daqui que estava mais que preocupada, capaz de sair a classe só para me ver. Preferi a acalmar.

“Foi só coisa de jogo.” — Elisa.

Fui tentar brincar um pouco com algum passatempo de lógica enquanto via que ainda não tinha vindo a notificação dela. O tédio tomava conta de mim e ainda faltava mais uma aula para poder ir embora. Será que não iam me liberar?

“Quem fez isso?” — Alison.

Conto ou não conto?

“Claro que foi a Marina, Ana e Luísa.” — Elisa.

Elas sempre foram conhecidas por serem bem do competitivas, então talvez não estranhe. Fiquei tão entretida em uma charada de “o que é, o que é” que nem vi o tempo passar direito.

“Três contra uma? São umas covardes! Isso não se faz, nem se for para defender a Alicia. Quando elas forem com a minha turma vão pagar bem caro.”  – Alison.

Agora fiquei confusa, como assim?

“Por que elas me bateriam para proteger a Alicia?”— Elisa.

Minha perna estava era latejando e a dor vinha com tudo após ter parado aquela adrenalina pela partida e a situação, tanto que nem sabia como conseguiria sair dali para ir para a casa.

“Por que não? Você pegou o boy dela!” — Alison.

Que idiotice é essa? Eu preferia pular de paraquedas e escalar o monte Everest com esse machucado a sequer pensar em beijar o Daniel e estão dizendo que nós fizemos isso? Até senti tudo rodar por uns segundos antes de a responder.

“Só pode ser mentira.”— Elisa.

Eu me levantei na mesma hora quando li o que enviou.

“Não, ele mesmo disse que rolou entre vocês.”— Alison.

Esse canalha maldito vai ver. Meu sangue subiu e não conseguia enxergar nada em minha frente, só pensava em várias formas de o matar, nem o joelho nesse estado me impediria disso. Seria apertando o pescoço? Quem sabe o empurrando das escadas? Encontrei esse ser sentado em um dos assentos da arquibancada do ginásio olhando os outros jogarem.

— Te encontrei! — Gritei enquanto parava embaixo daqueles degraus.

Até ouvia atrás de mim alguns garotos começarem a assobiar e a comentar umas coisas que fariam qualquer um revirar os olhos, como “esse é meu garanhão” ou “pegou ela de jeito”. Por que eles são tão quinta série?

— Não é óbvio? Minha turma está fazendo educação física com a sua. — O seu ar de ironia só me fez ficar mais irritada ainda.

— Dá para vir aqui? Ou quer que eu suba? — O meu tom de voz tinha aumentado nessa hora pela falta de paciência, também apontava para as pernas para tentar lembra-lo que não estava bem. Quem sabe ainda restava um pouco de bondade nele.

Pareceu que finalmente caiu a ficha e desceu até ficar ao meu lado, tão próximo que dava de notar que estava bem ofegante por apenas se mexer um pouco. Será que está doente? Só assim para explicar sua ausência no jogo de futebol.

— Que foi? Veio dizer que me aceita no trabalho? — Até chegou a parar de falar no meio da frase.

— Sabia que eu me machuquei por sua culpa? — Joguei na sua cara depois de me sentar para não o agredir. — As amigas da sua namorada me empurraram na partida de futsal por você ter falado que ficamos naquela sala.

— Eu não disse que nos beijamos. — Fez o desfavor de se acomodar no mesmo degrau que o meu. — Só ignorei quando me perguntaram. — Ainda vem me falar isso como se fosse nada?

— É claro que se você ficar calado vão achar que sim. — Nessa hora deixei de lado que iam escutar. — O que te deu na cabeça?

— Verdade, sabe que também não consigo entender? — Até chegou a respirar fundo antes de continuar, o tom de voz ainda baixo. — Deveria ter deixado eles continuarem a te chamar de sapatona mesmo e respondido que me deu um fora.

— O quê? — Mesmo querendo revidar naquela hora algo me paralisava.

— Não precisa me agradecer, todo mundo já está acostumado comigo com uma garota diferente toda semana. — Se levantou e deu as costas ao caminhar para mais longe, porém após alguns passos virou para trás. — Mas se ir me ver jogar no final de semana estaremos quites.

— Eu não pedi esse favor! — Deveria pelo menos ter me consultado antes.

— Tchau, Elisa. — Dava de ouvir uma risada vindo dele e isso mexia comigo da pior maneira possível. Se não fosse o sinal ter batido e o meu joelho esse papo não tinha acabado assim.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse capítulo? Estou ansiosa para os próximos.

Apenas para dizer que a gif não é minha, sim da atriz Lucy Hale. Se tiver algum erro de português podem me falar.

Quero agradecer demais desde já a todos que deram a chance de ler esse capítulo, caso queiram comentar sintam-se a vontade, irei amar saber o que está achando e também opiniões do que querem para as próximas.



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