Don't give up on me escrita por Tatti Rodriguez


Capítulo 1
Único




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Um verdadeiro herdeiro do posto de líder de um clã tão forte quanto o dos Uchiha tinha suas obrigações. Desde pequeno era ensinado que seria um ninja e o caminho shinobi não permitia pessoas fracas e sentimentais, assim como ensinava o décimo quinto ditado shinobi. Desde pequeno também era ensinado os deveres para com o clã.

Seriedade, responsabilidade e racionalidade. ”, esse era o mantra que deveria ser acostumado.

Sua vida não era apenas sua, não quando mais pessoas dependiam de seu poder de escolha e decisão. Era um caminho difícil e árduo e tudo seria pior se o seguisse sozinho.

“Sua vida não era apenas sua...”

Como líder, além de obviamente liderar o clã, era também seu dever garantir que sua linhagem continuasse o seu trabalho. Com tantas coisas a se pensar, se atentar ao casamento era a última coisa que ele teria em mente. Sua família era responsável por esta parte.

Casamentos arranjados eram comuns pelo tradicional clã. A família do homem avaliava com cuidado todas as moças e suas famílias a fim de encontrar a companheira perfeita, aquela que cuidaria bem da casa, aquela que geraria os mais fortes e saudáveis herdeiros e que seria leal ao marido. Não era uma tarefa fácil, mas também não era impossível.

Claro que como o futuro líder do clã, as pretendentes não eram algo que faltava. Além do importante posto, Uchiha Fugaku era também abençoado com a beleza hipnotizadora que sua aparência forte e seu jeito distante permitia. Um fato curioso era que as garotas tendiam a se apaixonar por aqueles que não aparentavam mostrar nada.

Menos ela.

Uchiha Mikoto sempre foi diferente, sempre se destacou apesar de ter todas as características físicas que um Uchiha deveria ter, mas não eram os olhos pretos brilhantes ou o longo cabelo escuro e nem mesmo a pele alva que chamavam a atenção. Era ela em si. Seu jeito desastrado e também doce, sua força de vontade e a maneira como indo contra o tradicional se formou ninja.

“Uma mulher que quer pensar, por si só não presta, logo começa a ter ideias...”

Mas ele não se importava com essas coisas. Ele falhara nesse ensinamento machista? Ele falhara ao não concordar e ter em mente acabar com aquela visão quando assumisse o clã? Talvez, mas não poderia aceitar esse pensamento se perpetuando. Não quando ela se mostrava tão feliz e tão competente no que fazia, tão boa e tão forte. Era essa força que ele queria que as mulheres de seu clã tivessem.

Realmente casamento nunca passou por sua mente, com tantas coisas para aprender e fazer, isso não era prioridade. Mas, isso não queria dizer que ele não havia reparado nela. Como um bom líder, era seu dever conhecer todos. E ele a conhecia. Sabia que ela era uma das poucas ninjas do clã, lembrava do banho que havia tomado graças a ela no lago do distrito durante o festival do fogo que eles faziam anualmente, sabia que ela era gentil e bondosa com todos e sabia também que apesar do jeito desastrado, todos gostavam dela.

Ele só não sabia que assim como ele dizia a conhecer, ela sabia e o entendia muito mais do que seria capaz de imaginar.

Era um dia de sol, o céu completamente azul e as nuvens brancas faziam formatos estranhos no céu, ele caminhava pelo distrito após o almoço e a encontrou próxima ao lago. Não foi difícil a avistar. Deitada abaixo da grande cerejeira com a amiga de longos cabelos vermelhos. Elas eram ninjas, porque estavam com a guarda tão baixa assim que nem perceberam quando ele se aproximava.

— Tem certeza que não há problemas eu estar aqui, Mikoto? — a Uzumaki perguntou receosa.

— Claro que sim. Você é minha amiga e essa é minha casa, sempre será bem-vinda.

— Não acho que todos pensem assim. — confessou enquanto voltava a deitar ao lado da amiga.

— Está falando de Fugaku? — perguntou já sabendo a resposta. Kushina cultivava a ideia de que ele não gostava que não-Uchihas entrassem no distrito — Ele tem aquela cara de bravo, mas não acho que ele seja sempre assim. Por trás daquela casca grossa, tem um coração bom.

— Ele é muito bom em esconder seus sentimentos então, dattebane. — Kushina admitiu.

— Ele será nosso líder, é muita responsabilidade.

— Por falar nisso, logo ele terá que encontrar uma esposa com quem se casar. Já pensou se ele te escolhe? — a ruiva falou rindo animada — Já pensou se é você quem derreterá o grande coração de gelo de Uchiha Fugaku?

Ele viu quando ela corou. As bochechas se tingiram de vermelho e ele pela primeira vez achou uma coisa adorável.

— Está viajando, Kushina! — gaguejou.

— Está brincando? Me fale alguém melhor que você e falhe miseravelmente!

— Eu posso listar várias garotas. Garotas que foram educadas para isso. Eu vou contra a maré, Kushina.

— Por isso mesmo. Vocês dois são ninjas, já têm isso em comum! Você não se permite viver no que é imposto. Você tem um grande coração e sua doçura derrete qualquer um! Você é perfeita para ele. Ele irá te escolher.

— Bom, a família dele irá em casa hoje. É o dia em que irão me “avaliar”. — ela revirou os olhos, mas de repente a bochecha corou de novo — Hoje nós iremos conversar. Vou falar com ele e terei a chance de apagar a impressão de desastre que eu devo ter feito ele ter de mim.

— Você gosta dele, dattebane! — Kushina apontou e a Uchiha engasgou — Você gosta dele! Mikoto, talvez vocês dois, deva acontecer!

— Dá pra falar baixo?! ­— pediu a morena aos sussurros. Suspirou antes de continuar — Não é que eu goste dele, eu só, não sei. Eu acho que um casamento deve ter amor, apesar de dizerem que o amor é construído com o tempo, eu só queria me casar com quem eu realmente amasse e que me amasse também.

Kushina se compadeceu e abraçou a amiga pelos ombros. Era injusto essa regra estúpida. Sabia que nem todos tinham a sorte de se casar com quem amava ou ao menos se casar com uma boa pessoa. Talvez, Mikoto fosse contra a maré nesse sentido também.

— Apenas seja você. — aconselhou — Seja você e verá que ele logo irá se apaixonar por você!

— Se eu for apenas eu, minhas chances já terão sido descartadas.

— Ei, ele será um grande estúpido se não notar a grande mulher que você é.

Kushina tinha razão. Ele seria um grande estúpido se não a notasse. Com a conversa entre as amigas tão presente em sua mente ele passou o dia todo. É verdade, antes de ouvir a conversa entre elas, ele tinha em mente que ela era mesmo muito desastrada e que talvez isso não fosse bom para uma futura esposa. Mas, o carinho com o qual falou sobre ele, o tocou. Nunca ninguém falou daquela maneira sobre ele. Ela era diferente nisso também?

— Espero que gostem. — a voz doce falou depois de servir a sua tigela com a comida cheirosa que ela havia preparado.

Estava sendo indiscreto, mas não conseguia parar de olhar a garota pequena a sua frente.

— Itadakimasu. — ouviu seus pais e no automático fizera o mesmo.

A comida era a melhor que havia provado, tão deliciosa e suculenta. Pôde ver que seus pais também tinham aprovado e por mais que estivesse hipnotizado pela comida, não conseguiu não notar o curativo em três dedos da mão pequena de Mikoto. Ela percebeu que ele notara e escondeu as mãos.

Riu de maneira contida e fechou os olhos. Desastrada.

O jantar fora regado de elogios da parte da família de Mikoto e os pais realmente se impressionaram com o que ouviam. Fugaku havia gostado dos pais da moça. Eles a encorajavam em todos os seus sonhos e vontades.

— Não fizemos qualquer tipo de objeção quando ela se interessou pelo caminho ninja. — o pai de Mikoto dissera enquanto servia mais saquê ao pai de Fugaku.

— Deve concordar que não é um caminho muito adequado para uma moça Uchiha. — a mãe dele testou.

— Não é o caminho que estão acostumados, mas não é um caminho errado. Mikoto é muito boa em tudo o que se propõe a fazer.

— Ela ainda é doce, sabe fazer o que é preciso e foi educada com a melhor educação que poderia ter. — a mãe dela sorriu e apertou a mão da filha.

Fugaku entendeu que naquela casa, todos se apoiavam e ouviam uns aos outros, eram afetuosos e se amavam profundamente. Se levantou e com a voz grossa pediu um momento a sós com a pretendente. Os pais dela perguntaram se ela queria e com um maneio tímido de cabeça, ela aceitou. Não entendeu na hora, mas se sentiu aliviado em ser aceito o seu convite.

Andaram lado a lado. Ele com as mãos ladeadas ao grande corpo e ela com as mãos atrás do corpo pequeno. Ela tinha cheiro de lavanda e o vento fresco que a noite propiciava deixou isso bem claro para Fugaku.

— Sua família é diferente. — ele constatou, mas ao ver o rosto ofendido de Mikoto viu que saiu mais como uma ofensa do que um elogio — Quer dizer, eles não são tradicionais como a maioria das famílias do Clã.

Fugaku assistiu a mudança de semblante da menor para uma expressão contente e sorriu com isso.

— É verdade. — concordou — Eles sempre levam em conta minhas opiniões e vontades. Decidimos tudo, juntos.

— Como é? —ele viu a dúvida no rosto feminino — Como é ter sua opinião levada em conta?

Mikoto entendeu e se entristeceu. Ele era o futuro líder, ele tinha obrigações e era ensinado a obedecer e seguir o que era preciso, nem sempre o que queria.

— Bom, é muito bom. Você se sente importante e que tem um lugar que ninguém pode tirar de você. Você se sente pertencente. — ela foi gentil nas palavras — Mas, não se preocupe! Você será o nosso líder, sua opinião sempre será levada em conta, ela será importante e guiarão outras pessoas. Confio que será um bom líder!

— Você confia, é? — perguntou vendo as mãos com os três curativos — Sempre desastrada, não é mesmo?

Viu que ele havia a feito corar e sorriu internamente com seu feito. Ela tentou esconder suas mãos, mas ele havia sido mais rápido e as pegou antes que ela o fizesse. Viu as mãos suaves e macias demais para uma ninja, tão pequenas perto das suas mãos rudes.

— Só um pouquinho. — ela garantiu — Eu estava distraída.

— Além de desastrada é distraída? — perguntou com um tom de brincadeira que era novo demais para ele. — Vejo que em nossa casa não poderá faltar curativos.

— Nossa casa? — perguntou nervosa, o coração aos saltos.

— Se você aceitar. — ele dissera abraçando a mão dela com a dele — Quero levar sua opinião em conta também. Não quero que responda agora, mas quero que pense.

Ela sorriu para ele, daquele jeito que fez o coração dele disparar e quase o fazer perder a postura impenetrável. Voltaram a andar com ela muito mais relaxada ao seu lado e a ouviu falar sobre as missões que havia participado, as coisas que ela gostava de fazer e quais eram suas perspectivas para o futuro. Ele a ouviu e absorveu todo o entusiasmo com o qual ela entonava a conversa, viu os olhos brilhando quando falaram do festival do fogo que se aproximava e como ela jurou que não faria nada para o atingir com suas trapalhadas inocentes. Mas, enquanto ela falava aquilo, ele sabia que não se importava se tomaria outro banho na frente de todos, se o líder do clã não podia ser visto de forma tão ridícula perante os outros, ele só queria que ela estivesse perto o bastante dele, ser atingido pelo seu desastre natural era apenas uma consequência que ele não se importava de pagar.

Caminharam sem pressa alguma de volta à casa da garota, seu tempo com ela estava acabando e isso pareceu dolorido demais. A cada passo mais perto da casa amarela ele se perguntava se ela demoraria para responder.

— Mikoto. — a chamou e ele saboreou com gosto a forma como até o nome dela em seus lábios pareciam doces.

— Sim? — perguntou ela se ponde de frente ao homem.

— Como manda a tradição, eu ainda terei que visitar mais duas moças. — ele dissera e viu quando o semblante antes tão alegre se desvaneceu, dando lugar a um tão opaco — Mas eu esperarei a sua resposta.

Se apressou em dizer e aquilo também era novo. O desespero para ser ouvido, como ele queria que ela entendesse que ela era sua escolha.

— Eu entendo. — ela garantiu dando um passo para trás — Mas, até lá, nós ainda vamos poder nos ver?

— É o que quer? — perguntou ansioso.

— Sim, mas eu quero saber se você quer isso. Sua opinião também é importante para mim.

Fugaku não respondeu de imediato. Nunca ninguém perguntou sua opinião querendo realmente saber, nunca ninguém quis saber o que ele realmente queria. Ele se sentiu importante, como ela havia dito que era.

— Claro. — falou apenas, mas o bastante para ver aquele sorriso mais uma vez. Sorriso que ele esperava poder ver todos os dias.

Eu vou esticar as minhas mãos no escuro

E esperar as suas para interligar

Durante os dias que se seguiram, Fugaku e Mikoto se encontravam entre uma tarefa dela e uma obrigação dele. Ela sempre aparecia com um doce que dizia ter feito para adoçar o dia dele. Ele não gostava de doces, mas gostava da forma que ela se importava. Conversavam sobre coisas bobas e coisas importantes também. Com ela, Fugaku viu ele sendo ele mesmo. Não era todo sorriso, nem brincava com frequência e nem mesmo externava seus pensamentos e sentimentos, mas sabia que se o fizesse, não haveria problema algum, já que Mikoto o aceitava como era. Ela o entendia acima de tudo.

— E então, como foi na casa da moça ontem? — ela perguntou tentando esconder seu nervosismo e ansiedade. Sentia medo da resposta dele.

“ — Você gosta dele! ” a voz de Kushina soou bem no fundo de sua consciência. Qual foi a sua surpresa quando constatou que a amiga tinha razão.

Ela gostava de Fugaku. Havia se apaixonado pelo jeito dele, com toda a carranca e com todo o silêncio, com suas ações que diziam mais que todas as palavras que ela falava pelos dois, se apaixonou pelo olhar que de primeira poderia ser frio, mas que emanavam um calor tão bom, se apaixonou pela forma como ele falava calmamente com aquela voz de trovão, como ele era justo e como ele se portava diante de uma adversidade, se apaixonou pela forma como ele chamava seu nome e cuidava dela quando tropeçava ou caía por aí, se apaixonou pelo riso raro e pela forma como ele pegava em sua mão.

— Meus pais gostaram dela. — disse simplesmente, ele nunca foi de muitas palavras.

— Certo, mas e você? — perguntou pegando um yakimanju e o levando a boca, era uma mania que tinha. Comer demasiado quando nervosa.

— Ah, ela é uma boa moça.

— Certo, e...?

— E o que mais quer que eu diga? — perguntou confuso.

               Ela pegou mais um bolinho e o colocou todo na boca. Fugaku via a inquietude da menina e não entendia porque estava assim.

— Eu não sei. — mais um bolinho — O que vocês conversaram?

— Porque quer tanto saber, Mikoto? — perguntou afastando o potinho com apenas três manjus de quinze.

— Estou curiosa. E somos amigos, não é? — ela deu de ombros e tentou pegar mais um bolinho, mas ele a impediu.

Fugaku pegou na mão de Mikoto e a abaixou. Viu ela corar com a mesma intensidade que seu coração começou a bater. Entendera tudo. Ela era tão boba. Como podia pensar que ele pudesse cogitar se interessar por outra garota que não ela?

— Sim, somos amigos. Quer que eu fale que eu adorei a conhecer e que vi que ela seria perfeita para ficar ao meu lado? — ele falou e viu quando ela murchou — Quer que eu diga que peguei em sua mão e vi que a dela se encaixava na minha e como nossas famílias se deram bem porque ela segue a risca todas as tradições? Quer que eu diga que ela é linda e que eu gosto dela? Posso falar, Mikoto. Mas seria mentira.

— Seria? — perguntou incerta, os olhos negros inundados de lágrimas.

— Você além de distraída e desastrada, é bem boba também. — ele revirou os olhos e bufou. Mas ela riu disso, ela o conhecia.

— Só um pouquinho. — ela garantiu de novo e ele afagou os cabelos dela. — Você ainda quer que eu responda aquela sua proposta?

Ele assentiu, o nervosismo passando por todo o corpo grande. Era tão estranho ficar assim, mas ao mesmo tempo, era tão natural porque era Mikoto que o fazia se sentir assim. Viu o sorriso que só lançava para ele se formar nos lábios rosados.

— Nós realmente teremos que ter curativos em nossa casa.

E eu vou abraçar

Eu vou abraçar você

Não importa o que este mundo vai fazer

Isso não me abalará

O casamento aconteceu no mês seguinte. Não foi surpresa para os pais de nenhum dos dois, claro que não teriam escolhido ela logo de cara, mas conseguiam ver o quanto ela era importante para Fugaku. O distrito todo se animou com a notícia de que a escolhida havia sido Mikoto, como ele bem sabia, todos gostavam dela. Claro que ela teve que lidar com alguns olhares ressentidos das garotas que haviam feito de tudo para impressionar o Uchiha mais cobiçado, mas tudo bem, fora somente uma fase.

O grande dia estava acontecendo. Toda o clã estava ansioso e contente pelo grande dia. Fugaku sentia as mãos suando, o coração aos saltos e quando se viu sozinho no seu quarto, conseguiu se despir de tudo, ficou livre para pensar por ele mesmo.

Viu como estava vestido no kimono formal com o símbolo dos Uchiha orgulhosamente bordado no lado esquerdo e nas costas. Se viu como um homem que estava aprestes a dar um passo importante, era o primeiro dia mais importante de sua vida. Sorriu quando pensou que somente Mikoto poderia o atingir dessa forma.

“ Sua vida não é mais só sua. ”

Entendia o peso dessa frase mais intimamente agora. Sua vida agora era de Mikoto. Ela era a detentora de seu coração, seu corpo e sua alma.

— Ei, está na hora. — alguém o chamou e ele endireitou a postura.

Ele teria que se vestir novamente com a sua casca de superioridade e seguir rumo ao altar decorado onde estava o Hokage da vila, pronto para selar a união do casal. Mas, ele acabou por passar na frente do quarto onde Mikoto estava e parou quando ouviu a voz da noiva.

— Estou nervosa, Kushina. — falou Mikoto se olhando no espelho da grande casa dos pais de Fugaku, onde seria realizada a cerimônia.

— Eu também estaria, mas pense, você está linda e esse será o melhor dia da sua vida, dattebane! — Kushina apertou os ombros da amiga e olhou o espelho novamente, as duas amigas sorriram uma para outra — Você fisgou mesmo o coração de gelo, hein. Sabia que ele se renderia aos seus encantos.

— Na verdade, quem se rendeu, foi eu. — ela admitiu com um sorriso pequeno nos lábios — Você tinha razão, eu gosto dele.

— Sei disso. Não se casaria se não gostasse.

— Espero que ele possa gostar de mim também. — confessou alisando o quimono branco com tons de pérola.

Fugaku riu quando a voz de seus pensamentos concluiu: Eu já gosto de você.

Enquanto se encaminhava para o altar e enquanto a viu aparecer lindamente em seu encontro, ela lembrou do que ela dissera a amiga ruiva.

“ Eu só queria me casar com quem eu amasse e com quem me amasse também. ”

Aquela vontade dela havia passado a ser dele também e segurou suas mãos, contentes por saber que ambos realizaram o desejo. Porque ela o amava e ele jamais poderia amar outra que não ela. Porque era ela, sempre fora, antes mesmo de saber. A garota desastrada que nadava contra a maré o encontrou e sabia que tudo o que eram, só eram para se encaixarem.

Os olhos dela brilhavam e ele sabia que nem mesmo o sol tinha o mesmo brilho que aqueles olhos negros. A sua voz prometendo toda a felicidade, lealdade e amor do mundo o embriagou, ela tropeçando e derramando um pouco do saquê em seu quimono o fez sorrir para ela, o corar de suas bochechas depois o encantou. Ela era tudo. Nada no mundo poderia ser comparado a felicidade que sentiu quando o Hokage selou definitivamente sua união com ela.

Não houve o beijo nos lábios, não na frente de todos, mas os lábios finos dele se pressionaram contra a testa da menor. Aquilo era o bastante, a sós, ele se sentia livre para a beijar da forma que sempre quis.

A festa ocorreu e ele nem prestou mais atenção nas pessoas que o cumprimentava, sua atenção era toda de sua esposa. Ela estava mais adiante recebendo todo o carinho e felicitações de todos os Uchihas e amigos de academia. Ela sorria e ele ficou feliz por poder proporcionar aquilo a ela. Todos a adoravam, ela sabia conversar com todos e os tratava com igualdade, ela era divertida também apesar da timidez.

Ao final da festa, eles foram levados pelos pais até a grande mansão onde iriam residir. Fugaku sentiu a mão da esposa apertar a sua quando viu os pais dela se distanciando. Agora ela teria a sua própria família, agora ela seguiria seu caminho. O medo de não ter os pais todos os dias a assolou, mas saber que era Fugaku quem estava ao lado dela, a acalmou.

— Eu prometi cuidar de você, Mikoto. — ele repetiu uma das promessas feita durante o casamento.

Ela assentiu mais calma e sorriu para ele. Adentraram a casa e viu que tinha apenas o básico, os móveis em madeira escura de boa qualidade, a sala ampla e a cozinha tão grande quanto. O corredor dava para o banheiro, dois quartos simples e no final dele, a suíte do casal.

O corpo de Mikoto se arrepiou quando viu a grande cama onde eles dormiriam. Juntos. Ela não tinha a menor experiência, mas sabia o que acontecia na noite de núpcias. Fugaku assistiu todo o mix de emoções pela qual a esposa passou e como estavam apenas os dois, soube que podia se despir novamente de sua casca de indiferença. Ele jamais seria indiferente a ela.

— Está tudo bem. — garantiu a puxando devagar para mais dentro do quarto.

— Eu sei que está. — ela tentou parecer confiante.

—Eu sei. — disse se sentando na beira da cama e a puxando para seu colo.

Não era a sua primeira vez. Ele bem sabia o que fazer. Mas, era como se nunca tivesse feito nada daquilo. Estava nervoso porque pela primeira vez em sua vida, ele se deitaria com uma mulher por e com amor. Em seus braços estava toda a sua felicidade e seu futuro.

Ela estava trêmula de nervosismo. Sabia que Fugaku não era o homem mais gentil do mundo, mas sabia que ele jamais a faria mal. Ele a trouxe mais para perto do corpo grande e ela viu que se encaixava ali. Perfeitamente.

— Me atentei que eu nunca a beijei da forma que queria. — a voz grossa falou baixo. As mãos grandes alisando os cabelos longos.

— Bom, não há nada que possa te impedir agora, não é? — perguntou olhando aqueles olhos escuros que a faziam perder o ar.

Se sentiu ousada, mas a quem queria enganar? Desde aquela noite onde ele fora a sua casa, onde puderam se conhecer melhor, ela não pensava em outra coisa que não aquilo. Pensou que ele levaria a mal o que dissera, poderia a interpretar de maneira errônea, mas ela não conseguia pensar muito bem quando o cheiro dele, tão fresco e másculo estava a embriagando daquela maneira. Mas ele não levou a mal, ele a entendeu, pôde até mesmo ver um sorriso pequeno nos lábios dele antes dele os pressionar contra os seus.

Como ele pensou. Ela era doce. Os macios e carnudos lábios tingidos de vermelho eram doces, suaves. Era apenas um encostar de lábios, não a queria assustar, mas temia não conseguir esperar mais para aprofundar o beijo. Devagar ele pediu passagem com sua língua e quase pôde suspirar em alívio quando ela lhe concedeu.

Mikoto não sabia bem o que estava fazendo, mas estava o seguindo e ele sabia a direção certa para onde seguir. Não era jeitosa com isso, mas okay, estava aprendendo. E então, quando finalmente encontrou o ritmo deles, ela se permitiu ir com confiança.

Ela jamais poderia imaginar que beijos poderiam ser tão eróticos, capazes de a tirar completamente de órbita. Em um segundo ele a beijava com medo, no outro, ele já afundava as mãos no rosto perfeito a puxando mais. Sem que percebessem, ele já a ajeitava em seu colo, as pernas dela ao seu redor. As mãos pequenas em seu cabelo, puxando levemente fazendo com que o corpo despertasse tão fortemente.

Os lábios se soltaram procurando o ar que naquele momento, era a menor de suas preocupações.

— Realmente, você não poderia me beijar assim na frente de todos. — ela brincou ele riu rouco enquanto cheirava a bochecha feminina.

— Há muitas coisas que quero fazer com você que não poderíamos nunca fazer na frente de outras pessoas. — ele confessou e sentiu um tapinha dela em seu ombro. Não segurou o riso.

— Jamais pensei que o grande Uchiha Fugaku poderia ser um pervertido.

— Por isso mesmo que apenas você verá esse lado meu. — prometeu antes de a beijar mais uma vez.

Eu vou ficar

Eu vou ficar com você

Nós vamos chegar ao outro lado como os amantes fazem

Ele viu a garota aninhada em seus braços, os longos cabelos espalhados pelo travesseiro, o rosto afundado em seu pescoço e a forma como seu semblante parecia tão feliz e em paz. Será que estava ouvindo o seu coração bater desenfreado apenas por a ver? Aquela havia sido a melhor noite de sua vida, teve a garota de sua vida em seus braços e nada poderia descrever toda a emoção que sentiu, nem como a sua pele parecia pegar fogo apenas com um leve toque dela.

No dia seguinte as coisas voltariam a sua rotina, ninguém nem saberia o que acontecera naquele quarto – apesar de poderem ter ouvido –, ninguém nunca saberia como seria a vida deles quando apenas os dois e tudo bem.

Sabia que estava cada dia mais perto da nomeação como líder e que as coisas mudariam, sabia disso porque era seu destino desde o começo. Mas, ele a teria consigo. Seria ela quem estaria o esperando depois de um dia cheio e era ele quem a estaria esperando voltar de uma missão. Seria com ela que dividiria aflições e dificuldades da mesma maneira que faria de tudo para lhe dar alegria e amor. Seria ela quem o faria sorrir e era ele que daria a vida para protegê-la. Seria com ela que acordaria todos os dias e se deitaria todas as noites. Seria a voz dela que ouviria pela casa e seria ela que amaria para sempre. Até o fim de seus dias. Para sempre.  

Eu vou lutar

Vou lutar por você

Eu sempre lutarei até meu coração ficar vazio e triste


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