Eu quero você. escrita por Lady Mataresio


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

AVISO: a história a seguir contém spoilers da quinta temporada de She-Ra. Se você ainda não assistiu e não quer estragar a experiência, recomendo que salve para ler depois!
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Para o mundo que eu não tô bem, eu NÃO. ESTOU. BEM.
CATRADORA FINALMENTE ACONTECEU EU ESTOU TÃO !!!!!!!!!! OBCECADA E FELIZ E GAY
Até resolvi ser ativa no Twitter, altas amizades gente amo tanto esse fandom meu pai amado, todo mundo fissurado nas lesbicas, estamos parecendo os clones do Horde Prime/Mestre da Horda: falamos e postamos as mesmas coisas, totalmente voltadas para enaltecer Catra e Adora. (se quiserem me seguir lá: @athenafulcanel)
Eu não sosseguei enquanto não escrevi algo delas, o dedo tava coçando!!!!
Espero que estejam tão felizes quanto eu em relação ao final incrível desse desenho, e que gostem da leitura a seguir. Foi escrito com muito amor!



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 Em alguns lugares de Etéria, as mudanças de estações costumavam ser celebradas – e Lua Clara obviamente era um deles. Não que toda aquela festança fosse surpresa para Catra, mas estaria mentindo se afirmasse ser uma fã de eventos tão... coloridos e brilhantes.

Uma melodia animada preenchia o salão do palácio real e ecoava para fora, desconhecida aos ouvidos de Catra. Desde o dia em que Horde Prime foi finalmente derrotado, menos de uma semana atrás, não sobrara muito tempo para comemorações – mas Glimmer conseguiu organizar tudo à sua própria maneira para que a celebração fosse possível, trazendo um significado bem mais profundo a festa do que a simples chegada do outono; era como o Baile das Princesas, por mais que menos movimentado do que a felina se lembrava.

Sentada ao lado de Melog em um banco qualquer, longe da aglomeração da festa, Catra suspirou. Acariciava a cabeça do bichano com calma, seus olhos bicolores se perdendo ao contemplar o céu noturno e estrelado; mesmo que fosse uma visão belíssima, repassava em sua mente a imagem de tantos rostos desconhecidos no salão, que pareciam conhecê-la tão bem – ou ao menos, quem ela costumava ser. Catra fitou a porta de entrada e pensou no preço que aquelas pessoas pagaram por sua arrogância. Não podia sequer reclamar de tantos olhares tortos em sua direção quando caminhou entre elas no início da noite, afinal, era um direito deles julgá-la por todos os seus feitos maldosos em nome da Horda.

Perfuma lhe dissera que emoções deixam as pessoas vulneráveis; Horde Prime falara sobre como os habitantes de Etéria eram reféns dos próprios sentimentos e, mais do que nunca, Catra entendia isso muito bem... E essa vulnerabilidade toda ainda lhe apavorava. Não queria deixar ninguém saber as coisas que planejou, pensou e desejou erroneamente contra cada um dos que estavam ali, quando ainda não era capaz de enxergar nada além da vingança que tanto buscou. Catra caminhava rumo a sua redenção, mas algo ainda se remoía dentro dela ao imaginar quantas pessoas sofreram com as consequências de seus atos.

Se tivesse conhecimento dos impactos de suas escolhas na Horda, teria feito tudo de novo mesmo assim?

Agora era sua vez de pagar um preço. Catra não era burra, sabia que se adaptar ao estilo de vida em Lua Clara não aconteceria de primeira, mas às vezes perguntava a si mesma se não era mais fácil simplesmente gritar com todos e retomar sua postura defensiva. Queria deixar isso fora de cogitação, mas era difícil estar ali, diante de tantos olhares, sem se sentir tão... frágil. Catra odiava se sentir frágil.

Apesar de tudo, insistia em tentar aprender a ser uma pessoa melhorar, continuar buscando aquela paz interior que lhe abraçava aos poucos. Pelo menos, sabia que tinha com quem contar: a começar por Scorpia.

Scorpia e ela tiveram longas conversas nos últimos dias e todas acabaram da mesma forma: os braços da princesa em torno da felina. Catra chegou até mesmo a se desculpar por dizer que Scorpia era irritante quando cantava – uma das várias mentiras que contou em seus momentos de raiva, já que, no fundo, ela adorava escutá-la cantarolar pelos cantos da Horda, o que motivou a princesa a apresentar um número na festa daquela noite. Também se dispôs a ajudar em todas as etapas de reconstrução do reino da princesa, se assim Scorpia desejasse, já que ela finalmente seria oficializada e teria seu lar de volta. E além de toda a compreensão, Scorpia a ajudou com seus pedidos de desculpas para Lonnie, Kyle e Rogelio, que já tinham sido providenciados e recebidos... por mais que não tivessem sido aceitos no primeiro momento. Catra ainda estava trabalhando nisso.

Em relação as demais princesas, muitas coisas ainda incomodavam a felina: a maior parte delas não lhe dirigia a palavra, ou então andavam nas pontas dos pés para falar com ela. Ainda temiam a presença da felina ali, de certa forma. Quem realmente lhe surpreendeu, no entanto, foi Netossa: parecia que ela e Catra tinham encontrado uma forma de conviver, que girava em torno da gata ser rude e, vez ou outra, ter a grosseria devolvida pela princesa. Catra dizia que Netossa era um pé no saco, mas logo ela revidava respondendo que a felina não precisava ficar ali se não quisesse; e quando zombava da gentileza dos outros, Netossa surgia pronta para espirrar água em seu rosto novamente. Funcionava para ambos os lados – e era até um alívio para Catra ter alguém preparada para contradizê-la sem rodeios quando estava sendo desagradável.

Glimmer e Bow eram extremamente mais pacientes – por mais que fosse até fácil irritar a brilhante – com ela, também se mostrando ótimos amigos. Gostava deles no fundo, bem no fundo. Catra apreciava os laços que construía com o passar dos dias, as primeiras relações em sua vida que não se assemelhavam a um mero borrão, mas tudo ainda lhe causava uma tremenda dose de insegurança – porque todo mundo estava esperando algo dela agora, e Catra não queria decepcioná-los.

E em meio a vários nomes, havia o principal: Adora.

Catra e Adora se encontravam num ponto onde nenhuma das duas sabia bem como estavam, algo que a felina não havia previsto. Imaginou que, após todos os eventos da última semana, elas voltariam a ser tão próximas quanto antes, mas sequer tiveram espaço para conversar sobre tudo. Adora tentava, é claro, mas os compromissos como She-Ra a arrastavam para todos os reinos possíveis, em prol de declarar a queda definitiva da Horda – e não parecia muito inteligente levar a antiga Capitã da Força de Hordak junto, seria informação demais para todos processarem.

E quando conseguiam estar juntas, não sabiam bem como se comportar, por mais que o sorriso dócil de Adora continuasse ali. Apenas trocava singelas palavras de conforto e a promessa de que, assim que possível, conversariam sobre tudo.

Catra encheu-se de coragem para confessar seus sentimentos por Adora quando a tinha em seus braços e, mesmo tendo ouvido ela dizer que a amava também, a felina tinha medo: medo de ser rejeitada com todas as letras, ainda mais depois de terem trocado um beijo... e que beijo. Ter coragem para beijá-la mas não falar sobre isso era, no mínimo, um ato de covardia de sua parte.

— Catra?

Catra suspirou, olhando na direção de sua querida Adora: parada alguns passos distante, provavelmente tinha a procurado pelo baile todo até decidir buscá-la no lado de fora. Lembrou-se de quando as duas eram apenas crianças brincando de esconde-esconde pelos becos da Horda e de como Adora sempre a encontrava, mais cedo ou mais tarde. Dessa vez a felina poderia usar a camuflagem de Melog ao seu favor e, se bem quisesse, esconder-se para sempre – mas não queria isso, não mais. Jazia cansada de fugir de seus sentimentos por Adora, ainda que estes a assustassem por serem tão intensos e profundos.

Imaginou que a princesa estivesse chateada com seu sumiço repentino, mas ela apenas abriu um sorriso e começou a caminhar em sua direção.

E Catra não pôde deixar de admirá-la dos pés à cabeça, como fez várias vezes durante a noite: Adora estava ainda mais bela do que o habitual – como se fosse possível -, uma serenidade no rosto que a gata nunca contemplara antes. Seus lábios eram pintados por um tom de coral e os cabelos se encontravam soltos, caídos pelos ombros, além do gracioso vestido azul celeste que contornava suas curvas. Não se lembrava de já tê-la visto usando azul, tampouco assim arrumada, mas isso só levou-a a concluir que Adora ficava estonteante com qualquer cor, ainda mais uma que realçava tão bem o céu que carregava nos olhos.

Quando Adora parou a sua frente, Catra se encolheu com Melog no banco sem dizer nada. Adora entendeu o recado e se sentou ao lado dela.

— E então? — questionou a princesa. — Gostando da festa?

— É. — Catra deu de ombros, cruzando os braços. — Não é bem o que eu chamaria de festa, mas a comida de vocês até que é boa mesmo.

Adora riu, roubando um meio-sorriso da felina.

— É a sua primeira festa longe da Horda, deveria estar pregando peças nos outros comigo. — falou a loira. — Te procurei por toda parte...

Catra olhou para o céu estrelado em resposta, um silêncio se instalando entre as duas.

— Catra... — Adora chamou, fazendo seus olhares enfim se cruzarem. — ‘Tá tudo bem?

Silêncio.

— Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, não é? Sempre pôde.

O sorriso terno de Adora quebrou as barreiras da gata.

— É só que... — Catra suspirou. — Sabe que eu nunca fui boa em me enturmar, ainda mais agora com metade desse salão observando cara passo meu, como se eu fosse atacá-los a qualquer momento. Não que eles estejam errados em desconfiar, mas...

— Eu sei bem como é, quando eu cheguei aqui não foi nada fácil também. — Adora pareceu distante, como se estivesse recordando sua chegada em Lua Clara. — Só... dê um pouco de tempo pra eles.

Catra bufou.

— Como se eu precisasse da aprovação de alguém. — sua fala fez com que Adora a lançasse um olhar em reprovação. — Qual é, Adora. Essas pessoas não vão simplesmente esquecer o que eu fiz.

— Eu também estive no seu lugar antes, lembra?

— Mas você não liderou a Horda contra vilas inteiras, não mandou tropas retaliarem inocentes. Eu sim. Todo mundo ali sabe o meu nome, e não é do jeito bacana.

— Bom, é verdade. — a loira se aproximou com cautela, pegando uma das mãos de Catra assim que a mesma descruzou os braços. — O que estou tentando te dizer é que... Não estamos na Horda mais, Catra, nossos erros nos condenavam lá mas aqui é diferente. Essas pessoas são capazes de perdoar, de enxergar o que há de bom em nós.

Catra se perdeu nos majestosos olhos de Adora, que lhe mirava com um sorriso de canto e acariciava sua mão.

— Eu não sei... — a felina revirou os olhos. — Aqui é tudo tão rosa e brilhante, não sei se posso sobreviver a isso.

— Vai por mim, uma hora você se acostuma. — a risada contagiante de Adora foi como música para suas orelhas, que balançaram levemente.

Dessa vez, quando as duas se encararam de novo, Catra devolveu o sorriso de sua amada e segurou a mão dela mais forte. Adora de fato estava mais bonita do que nunca e a gata sabia o motivo: um fardo saíra de suas costas com a queda de Horde Prime. Mesmo com tantas coisas para fazer no cenário pós-guerra em que viviam desde então, o jeito suave que ela se portava transmitia paz.

E isso só fazia Catra se apaixonar ainda mais por Adora.

Melog desceu do colo da felina e saiu corredor afora, entendendo perfeitamente o desejo de sua mestre: ficar à sós.

— Você... está linda, Adora. — admitiu, um pouco nervosa.

— Ah, olha só pra você... — o jeito bobo alegre com o qual Adora lhe fitou causou uma sensação de euforia no estômago, as tão famosas borboletas. Catra permanecia como de costume, a não ser pelo terninho azul marinho que vestia (qual Glimmer providenciou para ela após uma série de reclamações sobre vestidos). A felina era incapaz de negar que, mesmo odiando Horde Prime com toda a sua alma, gostava do novo corte de cabelo. Ajudava a se lembrar de que era uma nova Catra agora. — Está maravilhosa.

Céus, Catra sabia que era capaz de passar o resto de sua vida trocando olhares com Adora diante da luz do luar. Nem soava real que ambas realmente se encontravam ali, lado a lado, depois de quase três anos repletos de conflitos e tempestades.

— Catra... eu sei que estamos meio distantes nos últimos dias, mas... — diferentemente da felina, a princesa possuía uma enorme sensibilidade para falar das coisas que sentia, por mais que parecesse prestes a gaguejar em alguns momentos. — Eu quero que você saiba que eu não estou te evitando nem nada do tipo, as coisas andam uma correria sem fim e isso está matando cada segundo de tempo livre que eu poderia ter. E eu tenho tanto pra te falar... Catra, tudo o que aconteceu naquele dia foi mais do que sincero...

A gata levou sua outra mão até o rosto da garota em sua frente, deixando que as pontas de suas garras deslizassem levemente pela bochecha corada dela.

— Adora, eu tive tanto medo de perder você. — Catra ainda se recordava do pavor percorrendo suas veias quando viu sua amada naquele estado, tão próxima da morte. Reprimiu a lembrança. Não suportava pensar em vê-la partir. — Eu-

— Eu preciso te dizer uma coisa. — a intensidade com a qual Adora lhe fitou ao interrompê-la pegou a felina desprevenida, que acabou por se arrepiar com o tom dela. — Quando eu deixei a Horda, eu queria tanto que você viesse comigo, porque... Em nenhum momento eu estava escolhendo entre essas pessoas ou você. Meu destino era ser a She-Ra, me tornar o que sou hoje, mas eu nunca quis ficar um segundo longe de você, eu não queria que soasse como se eu estivesse te abandonando. Me desculpe se-

— Eu sei, Adora. Agora eu sei. Não tem que se desculpar.

Catra pensou no dia que viu Adora partir em meio à fumaça, convicta da causa que lhe a levou a se perder tanto: tinha sido rejeitada pela única pessoa que realmente demonstrou se importar com ela sua vida toda, a sua querida Adora. Aquele vazio em seu peito, misturado com a inveja de todos os que agora conviviam com ela, foi a consumindo pouco a pouco, fazendo-a afastar até mesmo os que tentaram cuidar dela: Lonnie, Rogelio, Kyle... Até mesmo Entrapta e Scorpia. Precisou aprender muito até compreender tudo o que se acumulava em sua mente, precisou ver a si mesma completamente sozinha perante Horde Prime...

Mas agora entendia – não somente os sentimentos e atitudes de Adora ao longo dos anos, como os seus próprios. E Catra estava sendo totalmente sincera quanto à sua redenção: queria amar e ser amada, ainda que não acreditasse ser tão digna assim – algo que começava a trabalhar também.

— Tudo o que eu disse foi verdade também. Adora, eu não consigo nem... raciocinar quando você ‘tá por perto, eu...

Catra se enfureceu ao se deparar com aquelas sobrancelhas arqueadas de Adora em conjunto com seu sorriso zombeteiro, claramente tirando um sarro com sua cara.

— ‘Tá se declarando pra mim de novo, gatinha?

— Você é insuportável, Adora! — ela se afastou um pouco, vendo a loira achar graça daquilo tudo.

— Te acho tão fofa quando se irrita comigo...

— Por que você é assim, garota?

Em um movimento repentino, Catra se surpreendeu com as mãos de Adora sendo postas nas laterais de seu rosto, o toque macia que ela tanto se derretia ao sentir. A princesa uniu suas testas, um suspiro escapando de ambas quase ao mesmo tempo.

— Lembra... Você me perguntou o que eu queria. — com seu olhar grudado no dela, Adora prosseguiu. — Eu não te respondi na hora, mas é você, Catra. Eu quero você, eu... eu sempre quis.

As batidas do coração de Catra já se encontravam completamente fora de sintonia, seu corpo tomado por um êxtase ao ouvir tais palavras. Era a primeira vez que escutava Adora dizer o que realmente desejava – e era ela, a felina desajustada que não largava do seu pé. Tão ciumenta, tão complicada, tão insegura... E mesmo assim, Adora a queria. Adora a queria.

— Também quero você, Adora. Eu amo você.

— Eu amo você, Catra.

Riram juntas, como se nenhuma delas acreditasse que era real. Catra passou tanto tempo jurando que Adora não a correspondia, imersa em seus medos e incertezas quando, na verdade, ambas se amavam esse tempo todo – nas brigas, nas guerras, nos momentos em que praticamente desejavam matar uma a outra... se amavam o tempo todo, tontas o bastante para não admitirem.

— Então, nós estamos... juntas? — a gata indagou, rindo sem separar suas testas ao ver as orbes cristalinas da princesa se arregalarem um pouco.

— D-Depende. — gaguejou de maneira adorável. — Você quer?

— Se você quiser, eu quero.

— Eu quero...

Catra abriu o seu melhor sorriso:

— Então eu também quero, princesa.

Adora selou seus lábios aos de Catra, que não hesitou em colocar suas mãos ao redor do pescoço dela – enquanto que as de Adora desciam por suas costas.

E ali, aos beijos com a mulher que amou a vida toda, a felina perdeu a noção do tempo. Agarrava-se ao corpo dela como se pudesse trazê-la mais para perto, ainda que já se encontrassem colidindo uma com a outra. Catra nem ao menos sabia descrever o que sentia, sua mente tomada por completo pelos lábios que agora tocavam os seus. Quando se via nos braços dela, não se lembrava de nada que pudesse passar tanta segurança como aquele abraço, como aquele beijo.

Um simples toque de Adora a fazia derreter, por mais que tentasse resistir. E saber que era recíproco deixava Catra entregue por inteiro.

— Você... — a princesa comentou de repente, separando o beijo por um instante. — Ronronou, Catra?

A felina ficou envergonhada, principalmente por sequer ter se dado conta de ter feito aquilo. Adora ria de sua timidez, mas não hesitou em lançar lhe um sorriso sacana.

— O que acha de sairmos daqui?

Catra recuou um pouco.

— Não quero que perca a festa dos seus amigos por minha culpa, Adora. — ela mentiu, abaixando a cabeça. Obviamente queria que a loira deixasse aquela celebração medíocre para ocupar o seu tempo com ela, mas seria egoísmo demais pedir isso. — Vá se divertir.

— Qual é, Catra! — Adora se levantou do banco, estendendo a mão na direção da gata. — Nossos amigos — corrigiu. — com certeza vão entender. Além do mais... Acho que merecemos ficar à sós um pouquinho.

Entendendo as intenções da princesa com aquele riso sapeca estampado na face, Catra revirou os olhos e acatou o pedido dela, entrelaçando seus dedos nos dela ao ficar em pé. Conhecia sua querida Adora o suficiente para saber que, diferentemente do que o resto das princesas imaginavam, ela não era nenhum anjo puro e inocente. Escondia muitas coisas por trás daquela carinha e daquelas sobrancelhas curvadas.

E é claro que não podia deixar de brincar com ela um pouco, chegando perto das feições de Adora até que pudessem sentir a respiração da outra. Com a mão livre e sem romper o intenso contato visual que se formou, Catra afastou uma mecha de cabelo da loira e aproximou seus lábios da orelha dela, sentindo-a se arrepiar com o toque das garras em seu pescoço.

— Se me quer tanto assim, Adora... — sussurrou. — Vai ter que me pegar primeiro.

E como se fossem duas pirralhas de novo, Catra e Adora saíram correndo pelas passagens do castelo, rindo descontroladamente. A felina reconhecia bem essa sensação – correr com Adora por aí, como se fossem livres para fazerem o que bem quisessem. De uma maneira ou de outra, em todas as brincadeiras e situações, Catra só conseguiu pensar em como Adora sempre lhe alcançava – e não tinha sido diferente dessa vez, sendo resgatada pela princesa após três tortuosos anos. Se bem conhecia a teimosia de sua amada, ela não a deixaria correr para longe nunca mais.

Ainda que odiasse admitir, Catra sabia: Adora era bem melhor do que ela quando brincavam de pega-pega, mesmo com todos os seus saltos e habilidades. Mais cedo ou mais tarde sua princesa a pegaria novamente – e a gata não poderia ficar mais contente com isso.

Porque, enquanto estivesse nos braços de Adora, não precisava temer nada – afinal, não existia outro lugar em que Catra gostaria de estar.

Catra amava Adora. Adora amava Catra. E isso fazia o mundo ganhar sentido de novo.


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Notas finais do capítulo

CATRADORA. É. CANON.

É isso gente não to nem respirando direito, nem acredito que elas finalmente estão juntas e agora vão poder encher o saco uma da outra pro resto da vida aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Noelle do céu, obrigada por esse final perfeito, guerreira que lutou pela comunidade WLW até o fim sz

A gente que lute pra superar...

Obrigada se leu até aqui!!!



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