O Último Final Feliz escrita por Flor Da Noite


Capítulo 8
Capítulo 8




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Desde o acontecido depois do jogo, evito encontrar com Jake de qualquer jeito – o que não está sendo muito difícil, já que o jogo foi sábado e hoje é segunda. Ainda assim, tenho me precavido.

Depois de toda aquela loucura, sai correndo para longe do garoto, deixando-o totalmente confuso. O problema é que eu estou tão confusa com tudo isso que sinto como se fosse explodir e não aguentaria outra mente confusa pra sustentar. Abro meu armário olhando para os lados e coloco tudo empilhado lá dentro, nem lembro de pegar um livro pra ler depois, fecho-o o objeto rapidamente.

— Meg. – Viro assustada para a pessoa atrás de mim e suspiro ao ver que é apenas Tim. – Nossa, de quem você ta fugindo?

— Aaah... Eu? De ninguém... Por que eu estaria fugindo de alguém?

— Eu não sei, mas você parece alerta.

— Tenho que treinar pro apocalipse zumbi. – Brinco tentando desconversar e parece dar certo, pois ele apenas ri e balança cabeça como se dissesse "você não existe Meg". – Desculpe te deixar na mão na quinta, não foi por querer, juro. Eu passei a noite em claro por causa de uma insônia e mal poderia ser considerada um ser pensante na quinta. Na verdade, acho mais um pouco e eu que daria inicio ao apocalipse.

Eu não menti quando disse isso a Tim...

"O dia estava sendo uma loucura. Megan realmente achava que estava em um desses programas televisivos de pegadinhas. Ela tinha certeza que a qualquer momento alguém iria aparecer ao seu lado gargalhando de sua cara e apontaria em direção as várias câmeras escondidas.

Mas enquanto isso não acontecia, ela seguia com a vida, como se fosse qualquer outro dia. Quando as câmeras aparecessem, ela pediria alguns dólares para permitir sua imagem ao ar e com um passe de mágica – ou de dinheiro, aquilo tudo viraria muito divertido.

Sim, ela é um pouco mercenária às vezes. Mas convenhamos que este é o século XXI e não o século XIII.

Megan tentou não agir muito ansiosa perto de seus pais, principalmente porque ela tinha de acalma-los em relação ao incêndio de mais cedo, o que graças a tudo obteve uma ajudinha do jornal local que elogiou a escola por agir perfeitamente em situação tão grave. Felizmente ela obteve sucesso nessa missão.

Seus pais haviam vindo de um longo dia de filmagens e não demoraram a se deitar, pareciam realmente acabados. Ela então pôde se trancar no quarto e apreciar o objeto ganho de forma estranha. Ela acomodou-se confortavelmente em sua cama e pegou a caixinha que ainda estava em sua mochila.

A caixinha de madeira era totalmente entalhada com ondas e estrelas delicadas. Olhando atentamente na parte de trás ela percebeu que algo estava escrito em uma caligrafia perfeita, daquelas que se vê em cartas antigas escritas por penas. 'Megan Locke' era que podia ser lido.

Suspirando, ela abre o pequeno trinco de encaixe prata e com cuidado levanta a tampa. Contudo, ao fazer isso, ela foi obrigada a largar o objeto sobre a cama e cobrir os olhos.

Uma luz forte inundou o quarto, mudando de cor constantemente, mas não diminuindo sua potencia. Ela tentou abrir os olhos, mas era impossível, temia ter a visão danificada por tamanha luminosidade. O que lhe restou foi tapear pela cama de olhos fechados até encontrar a tampa e fecha-la com força. Quando abriu os olho, Meg ainda precisou de um tempo pra se acostumar.

Ela então colocou a caixa em uma gaveta, tentaria novamente no dia seguinte, com um bom par de óculos de sol. Jogou-se novamente na cama pretendendo dormir. Contudo, agora estava ainda mais acordada.

E por incrível que parece, nenhuma pessoa anunciando uma pegadinha apareceu àquela hora . Ou qualquer outra."

Foi o que escrevi no meu diário aleatório, em que eu escrevia só quando tinha vontade – e sim, em terceira pessoa. Não me julgue! Eu quase não dormi aquela noite, fiquei horas e horas sobe o efeito daquela luz estranha. E por isso passei literalmente o "dia de folga" da escola dormindo.

— Relaxa Meg, sei que não foi por querer.

— Mesmo assim, foi sacanagem com você. Podemos essa semana? Não quero que você saia prejudicado.

— Essa semana vai ter visita na minha casa, não vamos ter onde estudar. Mas tudo bem, acho que consigo me virar. – Sinto-me a pior pessoa do mundo, principalmente porque ele não demonstra estar chateado comigo por essa mancada.

— Não, eu prometi que ia te ajudar. Vamos lá pra casa então, você decide o dia.

— Certeza?

— Absoluta. – Sorrio pra ele reforçando que não tem problema. Odeio não cumprir com o que falo.

— Já falei hoje que você é incrível?

— Deixa de ser bobo. – Dou uma pequena empurrada nele com o meu ombro. Vamos andando em direção à sala. Tim e eu conversamos sobre sábado, o dia do jogo. Ele diz que sentiu minha falta a noite, na festa de comemoração. Mas eu lhe falo sobre como festas grandes me desanimam.

— Gosto de sair com meus amigos e até ir a festas, mas não sei muito o que fazer em festas grandes demais. – Dou de ombro. Não ir a uma festa não parece deprimente pra mim, como alguns filmes fazem parecer. Não é como se faltar uma ou outra me exclua de ter uma vida social.

— Ah, de qualquer forma, teria sido legal ter você lá. – Ele diz e eu o agradeço por isso. Tim é um amorzinho. – Ei, o que é isso? – Ele de repente puxa meu braço, parecendo muito curioso. – Não sabia que você tinha uma tatuagem.

Olho interrogativa pra ele.

— Eu não tenho uma...

Espera, eu tenho uma tatuagem?

O que é isso no meu pulso? Observo a imagem preta no meu pulso, é bonita e delicada. É uma pena de escrever e uma espada cruzadas, flutuando em cima de um livro aberto. Se Tim também não estivesse vendo, certamente eu iria no médico fazer um exame pra saber se não tinham me drogado.

Lembro-me de Tim e que ele ainda está esperando uma resposta enquanto eu analiso igual uma louca meu próprio pulso. Viro para ele com um sorriso que não atinge os olhos.

— Ah isso? Eu fiz tem pouco tempo... mas já me acostumei e até esqueço. – Minto, pois sinto que é melhor do que encontrar qualquer resposta. Tim parece não perceber que é uma mentira, afinal a gente não é tão próximo assim e eu não conto tudo da minha vida pra ele.

— Entendi, e o que significa?

Encaro novamente a marca tentando pensar numa resposta.

— A pena é uma metáfora para mente, inteligência; a espada para o corpo, a força e o livro é o mesmo que história. É preciso a mente e o corpo funcionando juntos para traçar uma história.

— Nossa isso é bem legal. – Ele parecia realmente impressionado.

— Obrigada. – É, provavelmente, a maior baboseira que já disse em minha vida, mas se serviu, do que vou reclamar? – Ei, já viu aquela série nova?

.........

Eu não acredito que ela está me evitando.

Ela me deixou sozinho no sábado, totalmente confuso. E agora está fugindo de mim como se tivesse cometido um crime contra a pátria.

Ou eu estava completamente drogado e nada disso aconteceu de verdade. Mas acho que eu saberia se estivesse sobre efeitos de alucinógenos.

Encaro Megan pegar seu material apressadamente, ela normalmente demora bastante pra sair da sala, mas dessa vez é a primeira a se retirar quando o sinal que finaliza a quarta aula bate. Temos a próxima aula livre, a professora de geografia está doente, e sei que ela vai se esconder em algum lugar.

Saio normalmente, conversando bobagens com alguns dos meus amigos, para ela não notar que estou prestando atenção. Vejo seu cabelo de fogo afastar-se rapidamente pelos corredores e logo consigo deduzir onde ela pretende ir.

A biblioteca.

— Encontro vocês na próxima aula. – Me despeço dos meus amigos.

A biblioteca é a parte interna mais distante na escola por ser mais silencioso – ou tentar ser, já que é possível ouvir os alunos há quilômetros de distancia. O lugar passou por uma reforma recentemente e não parece velho ou tem aquele cheiro de poeira insuportável. E mesmo assim eu tenho arreios toda vez que entro.

"Você só vai sair daqui quando terminar esse livro, Williams."

Espanto as lembranças antes que aquilo tome conta da minha mente e me concentro em olhar ao redor. Acho a ruiva largada em uma das mesas, lendo um livro bem grande – Acho que o autor pretendia competir com a Bíblia.

Sento-me de frente pra ela com os braços cruzados e fico encarando-a. Lentamente ela olha pra cima, o susto que toma me faz querer gargalhar, mas seguro a pose neutra.

— Você quer alguma coisa, Williams?

— Sim. Que você me diga o porquê de estar fugindo de mim a manhã inteira. – Ela arfa com a pergunta direta demais.

— Eu não estou fugindo de você, porque eu estaria? – Sinto sua voz tremular.

— Por causa de sábado. - De repente sua postura muda e ela coloca um sorriso sarcástico no rosto.

— Você realmente está ficando louco. – Ela solta uma gargalhada. – Não aconteceu nada no sábado. Você demorou no vestiário e eu fiquei te esperando do lado de fora, tirei uma foto sua e fui embora com os meus pais. Não sei o que você está achando que aconteceu, mas está puramente imaginando.

— Imaginando? Então está me dizendo que nada daquilo aconteceu, Megan? Nada? Você não queimou meu pulso com a sua mão? O furacão de nuvens, o velho com a espada... Nada disso, Megan? – Eu estava começando a me exaltar, realmente irritado.

— Silêncio. – A bibliotecária manda rabugenta.

— Você realmente está louco. – Ela continuava com aquele sorrisinho na cara, falando baixo dessa vez. – Ah, eu não acredito... – Faz uma cara surpresa que me deixa bem confuso. – Você está usando drogas, Williams?

— O que?

— É isso, não é? Você tem se dopado pros jogos? Foi por isso que estava tão rápido? Eu não acredito nisso. Sabe que isso vai te fazer ser expulso da equipe? Você vai ter sérios problemas com o treinador e a diretora, Williams. – Fico boquiaberto com o que ela diz. – Eu sabia que havia algo de estranho em você no jogo.

Será que ela realmente não sabe do que eu estou falando? Será que eu realmente imaginei aquilo tudo?

— Eu não vou contar pra ninguém. – Ela diz. – Mas se continuar me perseguindo, vou garantir que façam um teste em você.

Ela está falando sério mesmo. O que está acontecendo comigo? Ah meu Deus, e se alguém me drogou sem eu perceber?

Megan se levanta com seu livro e passa por mim. Viro-me pretendendo pedir desculpas pra ela, contudo não faço isso, pois algo no seu pulso chama minha atenção. Puxo seu braço e encaro a marca preta com uma espada e uma pena entrelaçadas, flutuando sobre um livro aberto.

De repente sinto aquela dor forte novamente no meu pulso. Uma marca idêntica a dela aparece ali. Olho nos olhos de Megan e ela claramente está vendo o que eu estou vendo.

Filha da...

— Você mentiu pra mim! – Acuso-a, me levantando. Tenho 1,85 de altura, então sou obrigado a olhar pra baixo para falar com ela. Seu semblante sarcástico não existe mais, em vez disso, sua cara é a de uma criança pega no flagra. – Eu não acredito que estava começando a pensar que estava mesmo drogado.

— Me largue. – Ela apenas diz e eu solto sua mão. A ruiva sai da biblioteca me deixando com ainda mais dúvidas.

Ah, mas isso não vai ficar assim. Ela vai me explicar o que está acontecendo...eu só preciso saber como. 


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