O Último Final Feliz escrita por Flor Da Noite


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulooooo, se divirtam!



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            - Eles também não têm título. – Comento ao tirar um dos livros da estante de areia, todos os livros tinham a capa em couro colorido com detalhes em linhas de ouro. – Deve receber título só quando vai para a estante de cristal. - Dirijo-me a escadaria e começo a subir em direção ao pedestal.

            - Você já se perguntou o que vamos ganhar fazendo isso? – Jake pergunta de braços cruzados e cara emburrada.

            - Eu não me importo. Quantas outras pessoas tem a oportunidade de conhecer outro universo? Eu imagino que poucas. Além disso, estamos falando de um universo de livros, eu pagaria por isso.

            - Eu com certeza não. - O encaro por um ou dois segundos. Nas últimas semanas tenho notado a aversão dele para com os livros. Por que será que ele parece detestar tanto o assunto?

            - Se quiser ficar ai que fique. – Dou de ombros e troco os livros do pedestal. - Só lembre-se que horas atrás você me seguiu para me dizer que eu estava sendo covarde.

            - Eu não cheguei a dizer isso, mas que bom que ficou subentendido. – Ela da um sorrisinho sarcástico com a cara ainda emburrada. Ignoro seu comentário e me seguro no pedestal vendo o livro de instruções ser engolido por um buraco que se abre no chão e o outro despencar do alto. Jake percebe o que estou fazendo e também se agarra no pedestal.

            O buraco por onde o livro desceu, não está mais lá e o conjunto do livro sobre o pedestal treme o chão com seu impacto colossal. Desse vez, como estávamos agarrados ao pedestal, não saímos rolando como as bolas de neve gigantes que se formam nos desenhos quando os personagens escorregam morro abaixo.

            Quando percebo que está tudo normal – ou pelos, o normal daquele lugar – abro o livro-chave na primeira página e toco meu pulso com calma, como era esperado a pena aparece em minha direita. Escrevo no livro: Era uma vez...

            O livro-mãe então copia as palavras na caligrafia exata da minha e algo estranho – ok, talvez já nem seja mais estranho – começa a acontecer. Os três pontos no final da frase se multiplicam e se deslocam até a página seguinte, depois se juntam formando um ponto bem grande que se deforma até virar uma porta. Aproximo-me do livrão, olhando para onde piso com medo de haver algum buraco que me derrube como fez com o outro exemplar. Estendo a mão para a maçaneta na porta, mas descubro de forma decepcionante que é apenas uma ilustração.

            - Mas você fez como da última vez... – O garoto murmura sem entender. Fico parada em silêncio, pensando, sentindo que há algo faltando. Um estalo vem em minha cabeça.

            - Era uma vez. – murmuro e isso parece ser o que fala, pois minha voz ecoa por toda a biblioteca e a porta ilustrada começa a se abrir, isso me trás uma sensação boa e inexplicável, me faz me sentir... não sei. Poderosa?

            Não consigo ver nada por trás da porta, parece ser só a página preta. Uma escadinha desce da porta e eu subo degrau por degrau, incrédula com a tinta preta em formato de degrau.

            - A gatinha aqui vai encontrar sua própria Boo. – Brinco e coloco um pé para dentro. Ele atravessa a tinta preta. Com um suspiro entro de vez.

            Por alguns segundos vejo tudo escuro, mas logo uma luz me obriga a fechar os olhos. Minhas pupilas ainda aumentam e diminuem quando abro os olhos, tentado me acostumar. Percorro o olhar por todo o cenário em volta e é exatamente como no meu sonho de alguns dias atrás, quando toda essa maluquice começou.

            Estou num lindo jardim. Uma cascata de pedra e ouro enfeitada por um anjo que derrama água com seu jarro adornado está posicionada o centro do lugar. A sua volta, um canteiro de tulipas rosas e roxas para chegar a fonte havia um caminho de pedras que evitavam que as tulipas fossem pisadas. Bancos de mármore estavam por todos os lados, o detalhes realmente impressionantes. Algumas borboletas passam voando por mim de forma graciosa.

            O dia está bem ensolarado, mas não sinto calor, a temperatura é bem agradável na verdade. O céu é enfeitado por nuvens de formas divertidas e estranhas. Parece tudo muito mágico.

            - Parece melhor do que eu esperava. – Comento para... Onde está Jake? Procuro-o, mas não o encontro. – Não acredito que ele não entrou!

            A porta preta não estava mais onde sai, tinha desaparecido completamente.

            - Argh! Ele é um idiota! Não acredito. – Murmuro emburrada. – Ah, problema é dele, espero que esteja bem entediado lá do outro lado. Eu que não vou ficar me preocupando com ele.

            Dou um passo para me aproximar da fonte e percebo algo de errado. Meu corpo parece mais pesado. E é ai que e toco que minha roupa não é a mesma, não estou mais de jeans e camiseta, mas sim de vestido. O vestido é bem bonito, algo como costumamos vernos filmes de contos de fadas, mas não é nada extravagante, é bem simples, na verdade, é de um tom de roxo clarinho e desce até um palmo abaixo do joelho, não tem laços ou babados, é de um tecido pesado e levemente grosseiro. Não devo ser ninguém de classe alta.

            Aproximo-me da fonte e passo minha mão na água com cuidado. Não sei o que fazer na realidade, não tenho sequer ideia de onde estou. Acho que eu meio que estava imaginando que quando eu entrasse seria como naqueles vídeo games que eu costumo jogar com meu pai em alguns feriados – Quando a gente precisa dar uma pausa nos filmes – onde você entra numa fase e aparece algo te dando as instruções para jogar.

            - Tire as mãos dai garota! – Alguém manda e eu me afasto imediatamente da fonte. Uma mulher com o vestido idêntico ao meu se aproxima de mim e me puxa pelo braço. – Nunca encoste em nada no jardim a menos que seja para limpar, você tem sorte de ser eu a encontra-la. Vamos, vamos, o trabalho nos espera.

            - Hã... Trabalho?

            - Claro, temos muita coisa a fazer ou o patrão não vai ficar nada contente. – Deixo ela me arrastar pelo jardim em direção a entrada de um grande castelo de pedra, noto que envolvendo o jardim e o castelo existe uma enorme muralha também de pedra com lanças de metais no topo por toda a extensão.

            “O que deu nessa garota? Será que está doente? Oh, deve ser isso, coitadinha. Quem em sã consciência se meteria onde as garras do patrão podem se fechar?”

            Tomo um susto com a voz que surge em minha cabeça. Nessa bagunça toda acabei esquecendo que agora consigo ler mentes. A mulher me puxa com uma cara desanimada e aflita. Quem será esse tal patrão que amedronta tanto esta mulher? Faço menção de perguntar quem é ela e quem é esse patrão e onde nós estamos, mas desisto. Se ela já pensa que estou louco por simplesmente encostar a mão na água da fonte, imagina se eu lhe encher de perguntas. Isso talvez possa me colocar em risco, melhor eu descobrir por mim mesma.

            Entramos no castelo por uma portão pequena e meio escondida na lateral do jardim. Subimos alguns degraus até entrar em uma ala grande. Passamos por várias mulheres vestidas como nós lavando, passando e dobrando roupas e lençóis e entramos na cozinha onde inúmeros pratos estão sendo preparados. O calor é intenso e, se não fosse pelas grandes janelas, provavelmente aquelas mulheres também estariam sendo cozinhadas.

            - Heloisa, como vai? – Uma outra mulher pergunta à minha condutora que agora finalmente sei o nome.

            - Na medida do possível Roxane. – Ela suspira, noto um quê de infelicidade em seu rosto, mas não acho educado perguntar sobre sendo uma completa desconhecida. – Vim trazer essa aqui para você, ela estava meio perdida nos jardins.

            - No jardins? Oh, pobrezinha, poderia ter sido pega. – Roxane passa as mãos pelo meu braço como se me consolasse. Elas estão loucas ou algo assim? – Vem, você vai para as louças. Pode ajudar as meninas a lavar aquela pilha de vasilhas ali.

            É o que? Será que eu ouvi direito? Ela quer que eu lave as louças?

            Consigo sentir que Jake estaria gargalhando da minha cara nesse momento. Nossa, até o Jake da minha mente é babaca. Por que diabos eu tenho um Jake da minha mente, aliás? Acho que estou me sentindo meio sozinha nesse lugar, mesmo que haja mulheres para todos os lados.

            Uma menina morena se aproxima de mim, ela é bem gentil, pergunta se eu estou bem e coisas assim. A garota - que se chama Alison – me entrega um avental branco e me da espaço para que eu vá enxaguando as vasilhas que ela ensaboa.

            Quando será que vão inventar as lava-louças?

            ......

            Já se passaram umas três horas que estamos nas louças. Minhas mãos estão enrugadas, mas até que isso está sendo bastante produtivo. Se nós conversarmos baixinho, ninguém nos impede, por tanto Alison e Dalila estão me contando inúmeras coisas sobre esse lugar estranho.

            - Estamos em Gildehamm. – Elas me disseram quando murmurei algo sobre nem saber onde estou e foi ai que a conversa teve inicio. – Não podemos sair deste palácio, ele é imerso em uma bolha de encantamento muito forte, apenas o patrão pode atravessa-lo. – Alison, a garota de pele negra e lindos cachos volumosos sobre a cabeça, me explica. – Éramos garotas quaisquer da vila, éramos felizes. Mas Arthur conseguiu conquistar o reino e aprisionou a princesa Daisy e centenas de outras mulheres no castelo. Agora servimos a princesa e suas damas da corte.

            Fui perguntando sobre os costumes delas e como era a vida delas presa naquele lugar. Mas não consegui que elas me respondessem, pois um barulho alto faz o lugar todo se ajeitar. Corro para as janelas engradadas junto das meninas e o que vejo me assusta um pouco.

            No jardim, onde ficam várias pedras uniformemente ajustadas para formar um circulo, um dragão vermelho cessa voo. Sua calda bate ao lado da janela, nos dando um susto, e ele pousa com grosseria, dando por fim um rugido alto.

            Os dragões de contos de fadas não me deixavam tão nervosa assim quando eu estava apenas lendo em meu quarto seguro.

            Mas a surpresa não para por ai. O dragão vai reduzindo de tamanho até que se torna um homem como qualquer outro, de aparência grosseira. Num movimento instintivo tento pegar meu celular para filmar a cena, quero muito mostrar os efeitos daquela magia toda para os meus pais, mas não estou mais com minhas calças jeans e bem... não vejo nada que se assemelha à um celular nesse lugar.

            Ops. É o habito.

            - O patrão chegou! – Heloisa alerta para todas no local. - Todas ao trabalho!


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