Álbum de família escrita por OchabowlProject


Capítulo 1
Capítulo Único - Nosso álbum


Notas iniciais do capítulo

* Fic postada no Spirit e no Wattpad.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790778/chapter/1

 

É uma porcaria ficar de quarentena, principalmente quando se está grávida de trinta e seis semanas e não pode fazer nada como heroína profissional. Ochako amava ser a Uravity e gostaria muito de ajudar a manter a ordem nas ruas do Japão, assim como dar suporte a todos que precisassem; afinal os vilões não respeitam qualquer tipo regra social, muito pelo contrário, aproveitavam a pandemia para causar ainda mais caos.

Porém, ela teria que se contentar em ser Bakugou Ochako: a dona de casa. Era meio tedioso, mas a sua prioridade era manter-se saudável e proteger a pequena Hanabi. E podia dizer que essa missão estava sendo realizada com excelência — embora as suas costas doessem e a sua barriga pesasse —, ela já havia cumprindo todos os seus afazeres domésticos. Os armários estavam limpos e arrumados, as roupas lavadas, as panelas areadas, o enxoval da sua bebê totalmente organizado e até conseguira fazer com que Katsuki organizasse o pandemônio que chamava de oficina de treinamento.

Ochako era muito eficiente, e toda essa eficiência acabava deixando-a em um estado de monotonia profunda.

— Marido, estamos entediadas! — Disse manhosa, aconchegando-se no sofá.

— Quer uma massagem? — Katsuki perguntou sem encará-la, estava entretido demais com o xbox para fazê-lo.

Homens! Diferentes, mas iguais. Tinha certeza de que se ligasse para qualquer uma de suas amigas as encontraria na mesma situação. Ochako não estava reclamando, era ótimo tê-lo em casa, agradeceria eternamente à agência por poupá-lo de tantas patrulhas e por pensar no bem-estar dela, mas de qualquer forma era difícil se divertir com uma barriga quase do tamanho de uma melancia.

— Não, queremos ação! — Respondeu, dando soquinhos no ar logo em seguida.

— Nem pensar, Bochechas. — Repreendeu-a. — Não tô a fim de te levar pro hospital antes da hora.

— Chato! — Falou, prolongando a última sílaba. Parecia uma criança fazendo birra.

Katsuki bufou na mais pura impaciência. Ela sabia que não era fácil lidar com os seus hormônios femininos, sobretudo na gravidez, mas Ochako não ia passar por isso sozinha. Não mesmo!

 — Quer jogar?

— Não.

— Quer ver novela?

— Não.

— Quer um lanche?

— Não estamos com fome.

— Então o que quer que eu faça?! — Ele estava começando a ficar irritado.

— Não sabemos!

— Cacete, Bochechas! — Exclamou, soltando o controle e desistindo da partida. — Assim não dá pra te ajudar!

Irritar ao marido era a sua pequena diversão. Na maioria das vezes não fazia por mal, afinal ficar confiscada dentro de casa era realmente estressante, porém, em situações como essas o diabinho que habitava em seu ombro esquerdo fazia questão de atiçá-lo. Ochako adorava vê-lo explodir tão rápido quanto o AP Shot.

 — Ainda estamos entediadas… — Cantarolou.

E isso fora suficiente para Katsuki largar de vez o video-game, resmungar um palavrão e sair da sala. Ela conseguiu deixá-lo puto — objetivo alcançado com sucesso —, mas também não precisava abandoná-la daquele jeito. Ochako nem tinha sido tão má assim! Tudo bem que o tinha importunado de propósito, só que ele não podia deixá-la sozinha num sofá tão grande. Ela estava grávida do filho dele! Como pôde desampará-la assim? Estava tão carente, vulnerável, isolada, com uma vontade louca de chorar e...

— Toma. — Jogou um envelope gordinho ao lado da esposa.

— O que é isso? — Perguntou, ignorando todo o seu drama interno.

— Não sei, porra! — Falou, voltando-se para o jogo. — Foi a velha que te mandou.

— Mitsuki-san?

— Não, a velha que mora no Polo Norte! — Katsuki revirou os olhos. — Não fode, Ochako!

— Não seja tão mal educado na frente da sua filha — Disse, jogando uma almofada nele.

Ela ouviu Katsuki murmurar mais algum palavrão, mas resolveu ignorá-lo. O pacote em suas mãos merecia a sua atenção. Com cuidado desfez o adesivo que selava o envelope e retirou o conteúdo; eram fotos antigas da família Bakugou. Claro!  Pedira à sogra algumas fotos da gravidez dela e do pequeno Katsuki para montar o seu próprio álbum de família, estava tão ansiosa pelas fotos, como pôde esquecê-las?

Ochako levantou-se mais rápido do que era recomendado a uma mulher grávida, foi ao quarto e pegou todos os seus materiais. Havia comprado um álbum para ser personalizado e confeccionado manualmente, a capa era de veludo amarelo e tinha o nome deles costurados em letras vermelhas e rosas. Já tinha umas fotos dos Uraraka; da sua mãe grávida, da bebê Ochako e umas da primeira infância. Faltavam apenas as da família Bakugou. Bem, não faltava mais.

Voltou à sala com a intenção de continuar com suas montagens, espalhou todos as fotos no tatame e começou a seleção. Mitsuki havia mandado diversas fotos, cada uma mais fofa que a outra, e a conclusão era óbvia: seu marido era um bebê lindo!

— Amor, acha que a sua mãe ainda tem esse pijama? — Perguntou, mostrando uma foto dele com roupinha de leão.

— Não vai colocar essa merda na minha filha.

Isso era um sim. Com certeza ligaria para a sogra mais tarde e pediria a roupinha. Hanabi ia ficar uma gracinha com ela! Imaginar sua filha só a deixava mais ansiosa para tê-la em seus braços; ansiava por saber a cor dos cabelos dela, como seriam seus olhos e o formato do seu rostinho. Será que seria parecida com ela ou puxaria ao Katsuki? E o seu temperamento? Julgando pelos chutes em sua barriga, seria igual ao marido. Queria tanto conhecer a sua filha, mas enquanto o grande dia não chegava se contentaria com aquelas fotos.

— Amor, — disse com uma voz melosa — você era um bebê adorável!

— Tck… — Resmungou, ainda dando atenção ao jogo.

— Olha essa foto dos seus pais amassando suas bochechas. — Mostrou a foto para ele. — E essa sua dormindo nos braços do Masaru-san…

Ochako selecionava as fotografias totalmente apaixonada, seu álbum ficaria magnífico e seria uma verdadeira relíquia para a posteridade. Estava tão concentrada em sua nova tarefa que nem percebeu Katsuki se aproximar.

— Acho que devia dar destaque pra essa foto. — Estendeu a imagem para ela.

— Nem pensar! — Nunca colocaria em seu álbum sua sogra fazendo um gesto obsceno enquanto o pequeno Katsuki, com um sorriso zombeteiro, parecia se divertir e querer imitar o gesto da mãe.

— Esse dia foi foda! — O marido parecia se deleitar com a lembrança. Ochako nem queria saber a história por detrás daquela foto, mas sabia que tinha a ver com explosões e xingamentos. 

— Se você ensinar essas coisas pra nossa filha, eu te faço flutuar até a estratosfera. — Disse no tom mais ameaçador que conseguia.

— Relaxa, Bochechas, não vai ser preciso ensinar.

Ochako revirou os olhos e fez uma prece interna: que a força gravitacional que rege o universo, mantém toda matéria intacta e cada planeta em sua órbita a ajudasse nessa tarefa sagrada de ser mãe da Bakugou Hanabi. Amém!

— Que tal essa? — Dessa vez o retrato era digno do seu álbum. O pequeno Bakugou estava em um carrinho de bebê, de óculos escuros e um babador, parecia um bad baby guy, fofíssimo! Porém o que realmente chamou a sua atenção foi a Sra. Bakugou exibindo um corpo escultural enquanto vestia uma calça jeans apertadíssima.

— Uau, Mitsuki-san ficou incrível depois da gravidez! — Falou com uma pontinha de inveja.

— A velha sempre foi um saco de osso. — Katsuki respondeu, sem dar muita importância.

— Eu já devo ter engordado uns cinco quilos…

— Não pira, Bochechas. — Puxou-a para mais perto de si enquanto a analisava. — Você deve ter engordado no mínimo uns dez quilos, mas... 

Ok! Ochako nunca fora magra, seu tipo físico era baixinha e fofinha, mas o treinamento sempre a mantivera em forma. Só que agora, com essa história de pandemia somada a gravidez, havia ficado totalmente desleixada com seu peso. Seria uma verdadeira luta voltar ao “normal”. Mas, dez quilos?! Katsuki só podia estar pedindo pra morrer!

— Idiota! — Disse, estapeando o marido o máximo que podia. Ela só não ativou a gravidade zero porque ficaria extremamente enjoada e não daria tempo de castigá-lo adequadamente. — Canalha de merda!

— Calma, porra! — Exclamou, tentando conter a esposa. — Você não me deixou terminar!

— Cuidado com o que você vai falar, Bakugou Katsuki! — Ameaçou, dando uma trégua no estapeamento.

— Você deve ter engordado uns dez quilos, mas continua gata pra caralho! — Beijou as mãos de Ochako. — E mesmo que ficasse do tamanho de uma super lua, ainda te amaria por mil anos.

Ochako queria matá-lo, porém, como fazê-lo depois de uma declaração tão estranhamente maravilhosa?! Claro que não pretendia engordar nem mais um quilograma — na verdade quando Katsuki virasse as costas faria alguns exercícios —, mas o marido sabia mexer com ela e com o seu coração de manteiga.

— E se eu ficasse do tamanho do Fat Gum? — Perguntou, provocando-o.

— Te amaria quinhentos anos a menos. — Respondeu no mesmo tom provocativo.

— Idiota! — Falou rindo enquanto dava um soco nele.

— Eu amo vocês mais do que pode imaginar. — Declarou, beijando-lhe a testa e o ventre.

A verdade é que ela também o amava e o amaria incondicionalmente, sem se importar com a dificuldade ou a situação que os encontrasse; seu amor continuaria firme e fiel a ele. Eles eram uma família feliz e estruturada nesse amor sólido que tinham como base, a futura geração os olharia como exemplos de heróis, mas também veriam aquele sentimento latente construído entre eles. E mesmo que não vissem, Ochako o guardaria como um verdadeiro tesouro em seu coração e no seu álbum de fotografia.  

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?

Essa é minha contribuição para o desafio do mês do @OchabowlProject .
Gente, que projeto maravilhoso, com uma equipe linda e histórias fantásticas... ♥
Agradeço imensamente por fazer parte desse bowl!
Não podia deixar de agradecer especialmente à @nordlicht pela excelente betagem e à @uwu_queen pela capa fofíssima. Obrigada, anjos!
E claro, meu muitíssimo obrigada a você que leu essa fic. ♥

2beijos e até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Álbum de família" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.