Abril 2013

Depois de quase um mês conversando, eu finalmente tinha dado meu número de telefone a Renan, que insistiu incansavelmente até o momento que o passei pelo chat.

 Renan: Queria te fazer um convite.

 Lorena: Sou toda ouvidos.

Renan: Amanhã, depois da aula, o time de futsal da escola (eu incluído) vamos jogar um amistoso com outra escola. Ficaria muito feliz se pudesse vir…

 Lorena: Depende… Vai ser na nossa escola?

 Renan: Sim…

 Lorena: Então estarei lá.

 E lá estava eu no dia seguinte. Na segunda fileira da arquibancada, pronta para assistir o jogo com atenção. Assim que ele entrou em campo percebi que procurava alguém. Então seus olhos encontraram com os meus e ele sorriu. Eu levantei as duas mãos com sinal de positivo para demonstrar que estaria lá por ele.

 Renan era do segundo ano, um ano mais velho do que eu. E muitas das meninas tanto do meu ano quanto do dele babavam por ele. Ele não era da turma dos descolados, mas era bonito, simpático com todo mundo, gentil e inteligente.

 Em algum momento no segundo tempo do jogo ele fez um gol, e cruzou a quadra apontando para mim. Eu sorri e comemorei muito. Ganhamos o jogo.

 Assim que a partida acabou, ele cumprimentou os colegas de time e os adversários e veio correndo até mim:

 –Você me espera? - Ele perguntou. - Vou falar com o treinador, tomar um banho e podemos tomar um sorvete aqui perto. O que acha? - Eu assenti. - Perfeito. Me dá alguns minutos. - Ele deu um beijo na bochecha e saiu correndo em direção ao vestiário.

 Assim que ele saiu do vestiário, com o cabelo molhado e sorriso no rosto, uma outra menina  encostou nele. Fiquei um pouco incomodada. Ele deu atenção a ela, agradeceu por ter ido, mas ela continuava tentando puxar assunto. Foi quando desisti de esperar. Virei de costas e comecei a caminhar em direção às catracas do colégio.

 Estava quase chegando no ponto de ônibus, quando senti alguém encostar no meu punho e uma eletricidade percorrer meu corpo. Me virei rapidamente. Era Renan.

 –Ei! Achei que fosse me esperar. - Disse olhando nos meus olhos ofegante.

 –Vi que estava ocupado. Não posso chegar em casa muito tarde, ainda tenho tarefa para fazer. - Respondi sem conseguir encara-lo diretamente.

 –Eu não esperava que aquela menina fosse conversar comigo. Não esperava que fosse demorar tanto. Desculpa. - Ele não tirava os olhos de mim. - Tem certeza que não podemos tomar um sorvete?- Não aguentei sua cara triste.

 –Hoje não, mas outro dia, ok? - Foi quando vi o ônibus chegando ao final da rua.

 Corri os quatro metros até o ponto e fiz sinal para o motorista. Renan ainda me encarava com olhar pidão. Voltei até ele rapidamente, puxei seu rosto e lhe dei um selinho, então virei de costas e entrei no ônibus.

 Assim que paguei o cobrador e encontrei um assento, levei minha mão aos lábios. Tinha sido uma sensação diferente, que eu não conseguia explicar. Boa. Mas ao mesmo tempo não sabia se tinha sido o certo a se fazer. O que aquilo significava?

 ***

 No dia seguinte, estava sentada na quadra aproveitando o sol durante o intervalo ao lado de Sabrina, quando Renan chegou. Ele rapidamente abaixou, passou os dedos por trás da minha nuca e me beijou. Um beijo longo e demorado. Eu retribui. E que beijo, senhoras e senhores! Ele se afastou depois de algum tempo, olhou profundamente nos meus olhos e disse:

 –Nunca mais vá embora daquele jeito, combinado? - Eu assenti e ele continuou caminhando como se nada tivesse acontecido.

 –O que eu perdi? - Perguntou Sabrina. - Como isso aconteceu? - Perguntou apontando pra mim e para a direção que Renan tinha seguido repetidas vezes.

 –Eu também não sei exatamente. Mas gostei que tenha acontecido.

 –Já era tempo, não? - Nós duas rimos