P.O.V. Renan

 Troquei algumas mensagens com a Lorena nos dias da semana seguinte ao feriado. Foi muito bom saber que ela não iria simplesmente ignorar aquele tempo que passamos juntos e partir meu coração me deixando mais uma vez. Dessa vez teríamos pelo menos a chance de conversar.

Tínhamos combinado de nos ver na sexta-feira para decidirmos o que seria de nós dois, mas a minha chefe me prendeu na fábrica para recuperar o tempo perdido durante o feriado e não consegui sair. Isso me deixou puto, briguei com ela e avisei Lorena que não poderia.

No dia seguinte, perto do horário do almoço, ela apareceu no meu apartamento. Estava linda como sempre e seu olhar assim que cruzou a porta me deixou extasiado.

Nos sentamos nas cadeiras da bancada da cozinha. Ela respirou fundo e iniciou a parte relevante da nossa conversa:

—Falei com Lara hoje de manhã. Aparentemente, ela soube desde o primeiro dia da viagem. -Eu ri. É obvio que ela sabia, fazia todo o sentido.

—Acho que sua prima é mais esperta do que você imaginava. - Respondi, logo antes de lembrar o real motivo para ela não querer ficar comigo - Mas na última noite, você me disse que não era apenas por isso que não poderíamos ficar juntos. Você chegou a refletir sobre isso? -Questionei.

—Sim. Acho que está na hora de começarmos de novo. - Eu sorri e a beijei. Não poderia estar mais feliz.

Conversamos, comemos, ela me ajudou a arrumar as coisas… Estávamos nos divertindo com a presença um do outro. Saí para ir no banheiro e assim que dei a descarga ouvi a porta se abrir.

Corri. Lorena estava entrando aguardando o elevador. Ela chorava:

— O que foi? - Questionei sem entender. O que eu havia feito desta vez?

—Layla te mandou mensagem. Disse que não gosta de brigar com você e que está preocupada já que você saiu de lá tão tarde ontem. - Ah! Ela estava com ciúmes… Ficava tão linda assim. Me aproximei sorrindo.

—Vamos conversar, por favor. Não é o que você está pensando. - Retruquei;

—Uma frase tão de praxe? Jura, Renan? - Como alguém conseguia passar do amor ao ódio tão rápido? A porta do elevador se abriu. Ela entrou, apertou o botão, mas antes que a porta fechasse totalmente eu a bloqueei. Eu olhei em seus olhos suplicante.

—Pare de fugir, por favor. Só uma vez, me escuta e para de fugir. - Ela estava ofegante e retribuiu meu olhar.

Antes que o porteiro nos desse uma bronca pelo interfone, eu a puxei para fora do elevador, deixando que a porta se fechasse. A prensei contra a parede, deixando nossas respirações bem próximas.

Quando ela se acalmou, o que demorou algum tempo, me pronunciei novamente:

—Porque você sempre foge de mim, Lorena? - Perguntei. Ela ficou o que pareceram horas tentando encontrar as palavras.

—Tenho medo. Medo de deixar você partir meu coração. - Não contive um riso sarcástico, mas mantive meus olhos nos seus.

—E nisso você parte o de nós dois.

—Me desculpe. - Ela retrucou, abaixando o olhar. Peguei seu queixo e fiz com que olhasse para mim mais uma vez.

—Tudo bem, acho que estava na hora de eu correr atrás de quem eu realmente quero alguma vez. - Me aproximei. Por que eu nunca tinha ido atrás dela antes? Ela continuava fugindo e eu continuava parado.

Nos beijamos. Foi um beijo intenso e lento ao mesmo tempo. Nenhum dos dois parecia querer correr mais. Quando nos afastamos, decidi explicar tudo:

—Layla é minha chefe no trabalho. Brigamos ontem por conta da carga horária maluca que ela está me obrigando a cumprir. - Pisquei para ela em seguida e vi suas bochechas adquirirem um tom rosado.

—Me desculpe. Eu realmente pensei… -Sorri. Ela era meiga demais.

—Eu sei o que você pensou, Morena. Tudo bem. Eu tenho um histórico que não me favorece.- E a beijei novamente.