Noiva em Fuga escrita por Nyna Mota


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, tive essa ideia, não me contive e postei. Espero que gostem!
Boa leitura!



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Eu andava de um lado pra outro trancada no quarto, enquanto isso, meus pais planejavam meu casamento no andar de baixo.

Tudo que eu sabia é que era um herdeiro de uma vasta propriedade a léguas de Cotswolds,o lugar que sempre foi meu lar. Nenhuma mulher fora permitida no térreo da casa, exceto a austera Renée Swan mais conhecida como minha mãe.

— A senhorita sabe que andar de um lado para outro não vai mudar nada, certo?

Bufei ignorando Rosalie, minha dama de companhia.

— Já lhe disseram que é muito pouco feminino bufar dessa forma senhorita Isabella?

Lancei meu maior olhar indignado para a loira que estava sentada no canto do quarto enquanto costurava algo.

— E eu já lhe disse para não me chamar de Isabella, nem de senhorita, nem..quem eu quero enganar, eu preciso saber como ele é! — Me joguei na cama dramaticamente. — Rose, eu só preciso ver como ele é.

— E o que isso mudará? — Tinha momentos que eu odiava da praticidade de Rosalie.

— Mudará...

— Mudará?

Nada. Não havia o que falar. Eu havia sido educada para ser um esposa, sempre soube que me casaria com algum desconhecido, mas quando chegou o momento, eu queria conhecer ele. Ao menos saber o rosto que me esperaria no final do corredor da igreja quando eu entrasse.

Eu diria sim no fim, mas queria saber qual rosto pertencia ao homem que seria meu marido. Mesmo que fosse um velho, cheio de rugas e que fedesse queijo bolorento eu me casaria, eu acho.

Gemi frustrada.

Senti quando Rose sentou ao meu lado na cama.

— Não adianta sofrer senhorita, seus pais sabem o que é melhor para a senhorita, confie neles, se acalme. Venha costurar comigo.

— Como você consegue ser tão passiva? — Questionei.

— Quando não se tem escolhas, não se questiona senhorita.

Eu me sentia uma garota mimada e privilegiada quando olhava Rosalie. E mesquinha quando questionava tudo que acontecia comigo. Mas acho que era mais teimosia e o mau gênio que papai sempre falava que eu tinha.

— Perdoe-me Rosalie, eu não quis...

— Eu sei que não. — Ela sorriu docemente. — Você apenas quer algo que não pode ter, isso é mais comum do que se imagina.

Rosalie vivia com minha família desde que me entendo por gente, apenas alguns anos mais velha, seus pais morreram, eram arrendatários nas terras da minha família, e meus pais a pegaram pra criar, a tornaram minha dama de companhia, erámos amigas, e eu odiava a diferença existente entre nós.

— O que eu faço?

Olhei esperançosa para Rosalie, como se ela tivesse uma resposta mágica para meu problema.

Ela arregalou os olhos violetas de forma assustada.

— Espera o casamento? — Ela questionou de volta.

Sua reação foi tão engraçada ou eu estava tão nervosa que comecei a rir sem parar, até lágrimas saírem dos meus olhos.

— Vamos senhorita, vamos finalizar seu enxoval, afinal logo mais você terá uma noite de núpcias.

Ela sorriu de uma forma estranha e um frio tomou minha barriga. Agarrei a mão que ela estendia e fui costurar meu enxoval de casamento, com um noivo que eu não conhecia.

Ouvi risadas e barulhos no andar de baixo, larguei a costura e corri novamente pra janela, ouvi a risada baixa de Rosalie que continuava a costurar, calmamente. Eu a invejava, tão calma enquanto eu me encontrava em meio a um turbilhão de sentimentos.

Não desgrudei da janela até ver nossos convidados saírem. Eram três homens, todos de paletó e cartola sob a cabeça, impedindo minha visão de seus rostos, uma mulher, minha futura sogra eu presumia. Seus cabelos ruivos estavam trançados seu olhar sério me causou um frio na barriga. Será que ela era tão séria e conservadora como minha mãe?  

Eles entraram em sua luxuosa carruagem sem que eu pudesse vislumbrar mais nada.

Rosalie havia se aproximado e não percebi, olhei atentamente pra ela, que me olhava com piedade no olhar.

— Está tudo bem ter medo senhorita, eu estarei lá com você.

Ela iria comigo, e isso me aliviava. Eu estaria numa casa estranha, com pessoas estranhas, não pude opinar em nada do meu casamento, apenas solicitei docemente aos meus pais que ela fosse comigo, para que eu não me sentisse tão só com pessoas que jamais conheci. Talvez tenha fingido algumas lágrimas que fizeram Rosalie sorrir e Jéssica, minha irmã mais nova bufar.

Eu debutara havia um ano, mas somente agora, no início da minha segunda temporada recebi a proposta de casamento. Jessica debutaria no ano seguinte, e estava enlouquecida para se casar com um jovem duque. Sua fixação pela nobreza era um tanto irritante as vezes.

Continuei olhando a carruagem, até ela sumir no horizonte junto com meu noivo e todo meu futuro.

A porta se abriu, não me virei. Já sabia quem era.

— Está tudo acertado. Seu pai aceitou o pedido de casamento.

Somente assenti, ainda sem me virar.

Eu e Renée tínhamos formas diferentes de agir e de pensar, o que nos afastou muito nos últimos anos, coisa que eu lamentava, mas não sabia como mudar. As coisas apenas não pareciam mais certas.

— Não vai perguntar quanto tempo até o casamento? — Ela questionou pela primeira vez parecendo empolgada.

Dei de ombros, indiferente.

— Por deus Isabella! Isso é falta de educação!

— O que você quer que eu fale mamãe? Minha opinião não importa, não foi isso que você me falou outro dia no jantar? Que eu não precisava ver ou saber de nada, que meu papel era apenas dizer sim no altar, então será isso que farei, de resto, não me importo com mais nada.

Eu coloquei o máximo de frieza em minha voz, o máximo de indiferença, mesmo que aquilo estivesse me doendo. Eu fiquei tão animada quando a carta chegou, com a perspectiva do casamento, afinal como uma Swan eu fora criada para ser uma excelente esposa, mas não sei porque Renée havia acabado com todas essas expectativas me deixando de fora de tudo.

Não pude ler a carta, saber o nome do meu noivo, de qual família vinha, onde moraria, eu apenas fiquei no escuro, e isso matou a felicidade que era pra vir com o casamento tão esperado.

A porta bateu atrás de mim.

— Não seja tão dura com ela. — Rosalie defendeu.

— Não ouse defende-la! — Rugi em resposta.

Rosalie levantou e me olhou com a calma de sempre.

— Não estou. Mas talvez você devesse parar de olhar somente para si e olhar ao seu redor.

Rosalie saiu e eu fiquei só. Me senti frustrada mais uma vez.

Respirei fundo e fui atrás de Rosalie, odiava brigar com ela.

Desci as escadas e segui para seu quarto. Entrei sem bater.

— Desculpe. — Pedi. — Odeio discutir com você.

— Tudo bem senhorita.

— Não, não está tudo bem. Perdoe-me, eu estou sendo mesquinha, mimada e grosseira quando não deveria.

— Está perdoada.

Ela sorriu docemente e me senti mais leve.

— O que você sabe que eu não sei? — Seu olhar desfocou um momento.

— Não é importante.

— Rose? Eu preciso saber.

A contra gosto ela se virou pra mim, seu olhar tinha compaixão.

— Ouvi rumores, sobre sua família. Seu pai para ser mais exata. Sobre dívidas de jogo.

Meu coração gelou. Todos sabiam que papai gostava de jogar, mas se seu tom de voz indicava algo, eram problemas.

— Quanto?

— Muito.

— Muito quanto Rosalie?

— Muito a ponto de comprometer todas as propriedades, exceto os dotes.

Fiquei zonza por alguns instantes. Ele havia perdido tudo?

— Bella? Bella por favor! — Olhei pra Rosalie apavorada.

— Por isso não houveram pedidos durante a temporada.

Meu pai havia se arruinado, e nos arruinado.

— Por quê agora? Por que então teve pedido de casamento.

— Porque seu noivo vem de uma família de soldados, e uma das terras vinculadas ao seu dote é um ponto estratégico, e o credor de seu pai é seu futuro sogro.

— Como você sabe sobre isso? — Perguntei ainda incrédula.

— Quem não é vista escuta coisas senhorita.

Bufei mas não retruquei. Rosalie era tudo, menos invisível. Ela era a mulher mais linda que eu já havia visto na vida, com seus cabelos loiros e olhos violetas, mas eu entendia, ela era uma criada para quem davam pouca atenção.

Eu não estava irritada por ser trocada por um pedaço de terra, isso é como eram as coisas em um bom casamento inglês. Minha mágoa era por meu pai ter perdido tudo, por me esconderem coisas tão importantes.

— A Senhora Swan sabia?

— Presumo que sim senhorita.

— Mas é claro que sabia! — retruquei indignada. — Ela devia ter me contato. Eu, eu!

— Não é assim que funciona Bella, as esposas não se intrometem nos negócios do marido.

Assenti.

— E porque não posso ver meu noivo?

— Isso eu não sei lhe dizer.

— É pedir muito?

— Não, não é. Mas sabe que não vai conseguir o que quer, não dessa vez.

— Obrigada pela sinceridade Rose.

Sai de lá cheia de coisas na cabeça, sempre achei que meus pais fossem sinceros comigo, achei que não havia segredos entre nós, mas estava errada. Mas no fim, o que mais me incomodava era o fato de não saber com quem iria me casar, quem era o noivo misterioso que eu não podia ver o rosto.

Me preparei pro jantar imaginando, sonhando acordada com meu noivo, meu futuro marido.

Teria ele cabelos escuros ou claros? Seus olhos reluziriam quando me visse? Seriam profundos como a noite ou claros como a luz do sol? Seria bom ou cruel e rude?

Cada vez me sentia mais insegura com meu futuro marido, talvez, se conversássemos, se eu o visse eu poderia compreender melhor como seria nossa vida juntos, como deveria me portar. Mas meus pais sequer tiveram a consideração de me dizer qual era seu sobrenome.

Jantei em silêncio, sendo analisada por todos. Aquilo estava sendo irritante.

— Não vai dizer nada filha? — Questionou meu pai.

— Não há o que dizer, há papai?

Ele se remexeu desconfortável.

— O quer dizer querida?

— Vou poder saber quem é meu noivo?

— Querida, as coisas são complicadas.

— Então não há o que falar. Se me derem licença, já acabei de jantar.

Levantei sem esperar respostas e fui pro quarto.

Minha relação com meus pais sempre havia sido aberta, erámos carinhosos, mas algo mudou, as coisas passaram a ser escondidas e eu me sentia sufocada, traída pelas mentiras e pelo distanciamento.

Num átimo de inquietação preparei uma bolsa com poucas peças de roupa, passando pela cozinha peguei pães, queijo, vinho, um pouco de dinheiro, minhas poucas joias e fui pro celeiro.

Assim que peguei meu cavalo Rosalie apareceu.

— Eu sabia que faria algo assim.

— Como? — Nem eu mesma sabia que faria algo assim.

— Da última vez que brigou com seus pais, uns quatros, talvez cinco anos atrás você fugiu, foi para o bosque, mas logo voltou. Dessa vez penso que é diferente. Estou errada?

Ela não estava. Eu não sabia o que estava fazendo, só sabia que não suportava aquela teia de mentiras, e não suportava não saber com quem iria me casar.

Selei um cavalo, Rosalie o outro, e seguimos na direção contrária a que a carruagem havia tomado poucas horas atrás.


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Notas finais do capítulo

Perdoem qualquer erro de ortografia, eu mesma que corrijo.
E sobre a forma de falar, de vestir e os temas referentes a ser uma história de época tenham paciência que é minha primeira aventura.
Vejo vocês nos comentários (se tiver alguém).
Beijinhos
17/05/2020.



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