O Crime da Rainha escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 3
Expressões




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O grande salão estava muito cheio, todos estavam quase na ponta dos pés para conseguir ver o que estava acontecendo próximo ao trono. Alguns em alvoroço querendo ir até a frente, outros comentando sobre a beleza do palácio, outros sobre como a rainha e sua filha estavam resplandecentes. Quase ninguém percebeu a troca de olhares entre a rainha e seu genro e o acesso de dor de cabeça do espadachim.

Hanzo levou Kenshi para o jardim do palácio amparando-o com o braço em volto a suas costas. Chegaram a um banco de pedra e se sentaram, Kenshi continuava com as mãos nas têmporas e com o corpo para frente. Hanzo estava sem reação, continuou sentado olhando o amigo com as dores. Aos poucos Kenshi foi levando o seu corpo para trás até o encosto do banco, deixou as mãos pousar nos joelhos e respirou fundo. Hasashi o olhou e perguntou:

— Já está melhor?

— Agora sim. — disse Kenshi voltando-se para onde vinha à voz de Hanzo. Amarrou com mais força a faixa vermelha que cobria os seus olhos e ficou agradecido em seu coração por aquele ninja se preocupar com ele. Apesar de a amizade deles ter se iniciado a pouco tempo, parece que eram amigos desde a tenra idade.

Hasashi ficou curioso em saber o motivo daquela dor de cabeça repentina, mas se conteve com sua abelhudice e ficou tácito pegando a lança de sua kunai e afiando-a  com uma pedra. O espadachim logo leu a curiosidade de Hanzo e perguntou:

— Quer saber o motivo dessa cefaleia não é mesmo?

O ninja o olhou assustado e logo se lembrou do poder de telepatia do colega. De um sorriso amarelo e voltou a atenção a sua kunai, mas ainda preocupado com tudo isso que aconteceu. Kenshi respondeu com voz calma:

— Isso sempre me dá quando alguém me bloqueia, impedindo de que eu leia sua mente.

— Qual mente você quis ler? — perguntou Hanzo enrolando a kunai.

— A mente de Liu Kang. — respondeu Kenshi – Sei que ele, por ser shaolin, consegue bloquear a mente, mas não entendo o motivo de ele ter me bloqueado.

Kenshi não quis se estender muito com a prosa, para não acabar revelando que também desconfiava dos olhares de Liu para a rainha. Levantou-se e chamou o amigo:

— Vamos voltar à festa! Viemos para isso, não?

Hasashi deu um sorriso se levantou e acompanhou o espadachim.

(...)

Todos aplaudiram depois que Kitana e Liu Kang colocaram suas alianças um no dedo do outro e foram apresentados ao povo. A princesa não tirava o sorriso dos lábios, a brancura de seus dentes era muito nítida. A rainha timidamente e acenava para alguns que balançava os braços para serem vistos. Ela estava confusa com aquela sensação que queimava em seu peito, tinha certa dificuldade em esconder algo que estava sentindo, por mais que fosse um sentimento bom sabia que ia ferir o coração da filha. Liu lançou para Sindel um olhar e um sorriso que deixava a perturbada, ela apenas mostrava seu sorriso terno para não lhe causar algum constrangimento.

Uma música logo começou a tocar e os convidados se espalharam, uns foram para o jardim, outros foram aos seus pares e começaram a dançar uma valsa calma e lenta inclusive Kitana e Liu Kang. Sindel sentou-se em seu trono e acompanhava com olhar a princesa e o genro que bailavam. De vez em quando os lábios dos apaixonados quase se encontravam e deixava a rainha impaciente. O modo como Liu segurava a cintura de Kitana e como a olhava fazia como o peito da rainha arfar e às vezes ficava sem ar. “O que está acontecendo comigo?” perguntava a rainha para si mesmo.

Sheeva observava a rainha o tempo inteiro e percebendo o comportamento dela foi ao seu encontro e perguntou:

— Está tudo bem, majestade?

Sindel respirou fundo jogando seus braços sobre suas pernas e disse:

— Sim... É apenas um mal estar bobo. Acho que é por causa da multidão. Logo logo passa, não se preocupe.

— Como quiser majestade! Sabe que quando quiser pode me chamar.

A rainha pousou sua mão na da shokan e disse:

— Sei que posso contar com você Sheeva... Sempre.

A música havia mudado, mas os casais não. Raiden olhava de relance para Sindel com um olhar preocupado, sentiu algo que até poderia ser um atrevimento, mas deixou esse receio de lado e foi até onde Sindel estava. Com um sorriso audacioso estendeu a mão para ela e perguntou:

— Quer dançar um pouco majestade?

Sindel estranhou no começo aquele pedido, Raiden sempre fora sério e recatado, não imaginaria esse pedido vindo dele. O que ela mais queria naquele momento era se distrair um pouco sem olhar para Liu Kang, vendo que Raiden veio na hora certo deu a mão para ele e os dois juntos começaram a dançar com os outros casais. Enquanto dançava Sindel voltava seu olhar para Raiden que retribuía o olhar sorrindo e deixou escapar um elogia a rainha:

— Você dança muito bem.

Sindel sorriu agradecendo a ele pelo enaltecimento.

Com o olhar Liu Kang procurava a rainha e a encontrou com Raiden, ficou apenas acompanhando-os com os olhos, eles conversavam de modo agradável. O shaolin começou a observar cada traço da rainha: seus longos cabelos, seu rosto delicado, sua mão que se apoiava no ombro de Raiden com brandura, as expressões faciais que fazia ao conversar com ele. A princesa estava falando algo em seu ouvido, mas sua atenção estava toda na rainha. Kitana lhe deu um beliscão no braço e perguntou em tom rígido:

— O que você tanto olha?

Liu acordou de seu torpor e respondeu:

— Não é nada... Estava mergulhado em meus pensamentos e na beleza desse palácio.

Kitana o abraçou-o com mais intensidade, ele retribuiu o abraço, recostou sua cabeça na dela e cheirou seu cabelo, mas seu olhar continuou preso na beleza da rainha.

(...)

A festa havia terminado, tanto o povo como os combatentes do Plano Terreno voltaram para suas casas inclusive Liu Kang. A rainha se recolheu cedo em sua alcova ordenando a todos que quisessem procura-la viesse no dia seguinte. Após tomar um longo banho foi para a varanda de seu quarto, encostou-se ao parapeito e ficou pensando em tudo o que havia acontecido na festa, não conseguia tirar Liu Kang de sua mente. Respirava fundo toda vez que se lembrava de seu olhar e de seu sorriso. Relutava em seu coração contra aquele sentimento desacertado, o que menos queria era cometer erros de moral em seu reinado. Uma batalha começou a se travar naquele coração, de um lado aquela paixão e do outro o amor pela sua filha.


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