Capítulo Único

Porto Real

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Uma chuva fria e intensa caía. Os muros e muralhas da fortaleza vermelha encharcados e escuros como o sangue. Sentado próximo à lareira, o rei acreditava que os Deuses estavam chorando pela vil traição que estavam lhe infligindo.

Umedeceu os lábios, refletindo como tentou ser bom para Elia após seu retorno da guerra, entendia que a presença de Lyanna e seu filho eram uma ofensa, mas esperava que ela se acostumasse. Mas, ela não se acostumou, tratando-os com cordialidade e gentileza em público e os ignorando em privado. O tratamento para com ele era pior, rancor e desprezo sutil. Nos primeiros anos após sua vitória, convidava-a para tomar o desjejum junto diariamente, ela sempre negava e encontrava diversos motivos para recusar seus convites, muitas vezes alegando problemas de saúde, para em pouco tempo ser vista conversando animadamente com suas senhoras, entreter sua corte erudita e visitar orfanatos ao lado de septãs. O único convite que ela não lhe negava era comparecer às reuniões do pequeno conselho, posteriormente arrependeu-se, devido ao modo competente com que ela dava suas opiniões e muitas vezes as decisões dela pareciam mais pertinente do que as deles.

Então, no aniversário do quinto ano de seu reinado, sua primeira esposa retornou depois de três dias ausentes. Esteve tão preocupado, temendo que ela pudesse ter se ferido durante a peregrinação que optou por fazer ao lado de suas damas para o Septo Baelor. Quando o tempo se tornou hostil, mandou que a trouxessem de volta e decidiu esperá-la em suas câmaras. E então, deparou-se com algo inimaginável.

A iluminação baixa era um contraste com a escuridão da noite. O silêncio sendo rompido pelo barulho violento da chuva contra as janelas de vidro. Diante do frio, podia até mesmo ver a respiração dos dois que estavam mais próximos do que deveriam na antecâmara dos aposentos.

Sentiu como se estivesse de pé dentro do olho de um furação, enquanto assistia os olhos verdes de seu cavaleiro jurado focados no rosto de sua esposa, a curva de lábio dele moverem-se para um sorriso presunçoso e ele abaixar o rosto, alcançando-a no meio da escuridão e os lábios se tocando.

Deixou os aposentos sem ser notado. Do lado de fora da Fortaleza Vermelha, a intensa chuva o esperava, para lavar seu rosto banhado de lágrimas.

E pensar, que houve um tempo que todos os beijos de amor de Elia lhe pertenciam