Forbidden Kiss escrita por MaahHeim


Capítulo 1
Question




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Os pés se mexiam com dificuldade, trêmulos dentro das pantufas. Ela quase não conseguia mais sustentar o peso do próprio corpo.

Ela já tinha a visão fraca, mal conseguia andar - mas, teimosa, continuava a se recusar a usar uma cadeira de rodas.

Vendo a dificuldade da esposa, Sasuke tratou de rapidamente colocar-se ao seu lado para ajudá-la.

Logo os dois sentaram-se à mesa da sala de jantar de sua casa. A empregada já havia deixado a sopa preparada.

Sorriram um para o outro, a esposa e o marido, e trataram de começar a tomar a sopa, colher por colher.

Depois de algum tempo, a mulher acabou por suspirar e deixar a sopa de lado. O marido a olhou, compreendendo que ela mal tinha forças para levantar uma colher. O mal de Parkinson a afetava. Ela não mais conseguia segurar as coisas, o corpo estava arqueado para frente, a perna direita tremia muito. A doença piorava cada vez mais, e a cada dia os dois envelheciam e chegavam mais perto da morte.

— Sakura... Eu acho que já estamos perto do fim, não é? – Ele segurou a mão esquerda dela com certa firmeza, acariciando a aliança em seu anelar. – Depois de todo esse tempo.

Ela acenou afirmativamente com a cabeça, tentando enxergá-lo. Ele não era nada além de um borrão.

— Acho que já foi o suficiente, ao menos nessa vida. – Ele murmurou. – Depois de todos esses anos, pelo menos, posso dizer que fui muito feliz ao seu lado.

Ela abriu a boca para falar, mas a fechou e apenas confirmou com a cabeça.

— Depois de todos esses anos... – Ele continuou. – Eu nunca te traí. Nunca. Você sempre foi única para mim.

Ela confirmou mais uma vez com a cabeça, e temeu a pergunta que ela sabia que viria a seguir.

— E você, Sakura, você já me traiu?

Ela comprimiu os lábios, pronta para lhe dar uma resposta. Antes que pudesse falar, entretanto, por motivo desconhecido, certo período entre seus vinte e trinta anos veio à sua cabeça.

Não, não era tão desconhecido assim.

Então, ela se permitiu, pela última vez na vida, deixar-se lembrar.

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Sakura ria, sentindo a alegria pulsar dentro de si. A risada aguda dela preenchia o salão enquanto Sasuke a girava nos braços.

— Sim! – Ela praticamente gritou para ele. Estava repetindo a mesma coisa há pelo menos vinte minutos desde que ele havia feito o pedido. – Eu aceito me casar com você!

Sasuke parou de rodá-la e a colocou no chão, puxando-a para perto de si e tomando-lhe a boca.

Os dois se olharam, extasiados de felicidade. Provavelmente era o dia mais feliz de suas vidas. Abraçaram-se, beijaram-se. Aquele momento era deles, o mundo era deles. Só existiam os dois em todo o universo.

Ou era o que pensavam.

— É ótimo saber que os dois pombinhos finalmente resolveram oficializar o relacionamento. – Os dois ergueram os olhos para a escada que dava no salão da casa dos Uchiha, se deparando com Itachi. Sasuke olhou para o irmão mais velho e adiantou-se para abraçá-lo, sem se importar com o tom irônico do rapaz. Sakura, diferente dele, contentou-se em observá-lo, lançando um olhar irritado para o cunhado. Ela nunca gostara do homem, o achava estúpido e grosso. Sasuke costumava ser assim, mas ele havia mudado com o tempo.

Itachi tinha 28 anos e parecia que nunca iria mudar.

— E você? Quando vai arranjar uma mulher, Itachi? – Sakura espetou, cruzando os braços.

— Quando alguma boa o bastante surgir na minha vida. – Ele olhou Sakura dos pés da cabeça. – De preferência uma diferente de você, e que tenha uma coloração de cabelo melhor.

Sakura jogou o cabelo para trás e fez uma careta para ele. Sasuke olhou para ela e a rósea imediatamente abriu um sorriso gigantesco.

Itachi revirou os olhos para o casal e murmurou um “vou voltar pro meu quarto”. Sakura e Sasuke deram de ombros, se abraçando e voltando a se beijarem.

Haruno Sakura ia se casar com Uchiha Sasuke. Aquele era o dia mais feliz de sua vida. Com certeza era.

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Aquele era o pior almoço de família da sua vida: Isso foi o que Sakura concluiu depois de vinte minutos na mesa com a família de Sasuke. Seus pais haviam falecido há alguns anos, e por isso não estavam presentes. Eram apenas ela e os Uchiha.

Fugaku, pai de Sasuke, virava uma garrafa de vodka e ria compulsivamente, gritando coisas como “o meu bebê vai casar!” enquanto balançava o ombro do filho mais novo.

Sasuke o olhava, tentando sorrir, sem sucesso. Ele notou que Sakura estava desconfortável, e passou a mão por cima de seu ombro.

— Você poderia tentar manter o respeito durante a mesa, Sasuke. – Mikoto, sogra de Sakura, olhava da nora para o filho. – Coisas desse tipo são para serem feitas em um motel.

Maldita mulher, Sakura pensou, forçando um sorriso para ela. A única coisa que conseguia pensar da sogra era que ela estava em constante abstinência sexual e não conseguia ver qualquer demonstração de afeto em público.

Após algum tempo comendo, engolindo e ouvindo o marido gritar, Mikoto não aguentou mais e levantou-se, pedindo licença e indo para o segundo andar, onde seu quarto ficava.

Apesar de mal ter presença no meio de toda a confusão, Itachi comia em silêncio do outro lado da mesa. Sakura observou-lhe por alguns segundos, se perguntando o que se passava pela cabeça do mais velho.

Sua atenção foi interrompida por Fugaku, que, entre tossidas, acabou por vomitar. Sakura imediatamente levantou-se, virando de costas para a cena para conter o enjoo que já tomava conta de si.

— Hinata! – Sasuke chamou uma de suas duas empregadas. – Por favor, limpe essa sujeira.

A empregada se aproximou e olhou para o patrão, que agora já se debruçava e vomitava ainda mais. Ela mordeu o lábio inferior, xingando internamente. Família estúpida, pensava. Ao menos o salário era bom.

— Está aí o seu motivo, Haruno. – Itachi falou, passando o guardanapo pela boca e levantando-se. Encarou as costas da cunhada. – Não forçaria minha noiva a aceitar uma família dessas.

A rósea lançou-lhe um olhar breve, que não dizia realmente nada. Apenas um olhar. Sasuke aproximou-se da noiva, passando a mão por sua cintura e perguntando se ela estava bem.

Sakura acenou afirmativamente com a cabeça, tentando afastar a cena do vômito da mente.

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Num dia de sol intenso, a família Uchiha – Mikoto, Fugaku, Itachi, Sasuke - e Sakura foram à praia. A areia queimava os pés dos cinco presentes e Sakura tentava fingir uma expressão feliz enquanto ouvia Mikoto reclamando sobre o calor atrás de si.

Ela tinha muita vontade de matar aquela mulher.

Assim que encontraram um lugar bom para ficar, Itachi afundou o guarda-sol no chão enquanto Sasuke tirava a camiseta. Sakura lançou um breve olhar ao tanquinho do noivo, quase deixando um sorriso escapar. Lembrava de ter beijado cada pedacinho daquela barriga. Em uma parte que o short dele não deixaria aparecer, estava um chupão que ela havia feito.

Corou ao notar que Mikoto analisava sua expressão embasbacada. A mulher mais velha deu-lhe um sorriso maldoso e, ao ver a expressão abalada de Sakura, sorriu com satisfação.

Já tendo se divertido importunando a nora, a mulher pôs-se a tirar a canga que trajava, estendendo-a no chão e deitando-se, preparada para se bronzear. Fugaku passou protetor solar no corpo da esposa, sorrindo-lhe de vez em quando. Mikoto retribuía com um leve levantar de canto de lábio. Ela podia odiar o mundo inteiro, mas amava o marido acima de tudo e, com ele, conseguia demonstrar algum sentimento verdadeiro – que não fosse ódio, impaciência ou desprezo.

— Eu vou entrar na água. – Sakura informou alegremente, enquanto tirava a regata e lançava um sorriso para o noivo, que não sabia nadar. – Já volto.

O homem a olhou e fez que não com a cabeça.

— O mar está perigoso.

Ela olhou para as ondas quebrando na arrebentação. Sasuke estava certo: só haviam surfistas e alguns poucos banhistas corajosos dentro d'água. Sakura, entretanto, deu de ombros. Faria parte do grupo de banhistas corajosos.

— Está tudo bem, amor. Eu cresci no mar. – Era verdade. O pai dela, surfista, sempre a trazia no mar, desde que ela tinha nove meses. Continuaram nisso até seus 16 anos. Ele acabou conseguindo um problema no joelho e teve que parar. Com isso, a garota perdera seu motivo de ir à praia também.

Aquilo não mudava o fato de que ela se sentia uma sereia quando entrava em contato com a água. Já havia pelo menos dois anos que não ia ao mar – era muito longe de onde ela morava – e ela sentia que tinha que aproveitar aquele momento. Não ficaria só pegando sol. Ela podia muito bem fazer isso em qualquer piscina por aí.

Tirou o short, deu um selinho no noivo e correu para o mar, ansiosa. Os outros três da família a observaram. Enquanto mergulhava, virava-se para eles e acenava feliz.

Mikoto nunca entraria pelo sal fazer mal para seu cabelo, e explicava isso para Fugaku, enquanto ele concordava com um “Faria mesmo, fora o fato de que aquelas ondas são horríveis. Não sei por que não fomos á uma piscina.”

A mulher concordou em um murmúrio. Itachi parecia alheio, sentado em uma toalha e bebendo um pouco de coca-cola. Detestava cerveja.

Sasuke continuava a observar a noiva brincando na água, sem conseguir conter o nervosismo. Itachi o salvara várias vezes quando ele estava se afogando quando mais jovem – o mais velho era um nadador exímio e já havia, inclusive, trabalhado como salva-vidas em um condomínio – e desde então ele preferira não aprender a nadar, nem entrar em nada muito fundo.

E odiava que pessoas que ele amava entrassem.

Os corajosos banhistas saíram do mar quando ele começou a puxar mais. Os surfistas remaram para o fundo, interessados nas ondas gigantes que vinham ao longe. Sakura estava alheia a tudo. Havia passado da arrebentação e molhava o cabelo rosa para se refrescar.

Sasuke franziu os lábios e apontou para trás dela, tentando conter o desespero. A menina não o viu.

— Deixe-a, Sasuke, ela sabe o que faz. – Mas Sasuke ignorou a mãe.

A rósea estava procurando conchas. A água estava clara, e ela olhava perto dos seus pés, para ver se encontrava algo que fosse interessante e bonito. Tinha uma coleção de conchas em casa, e queria mais uma para ela.

Viu Sasuke fazendo sinais estranhos com a mão, e acenou para ele. Fofo, pensou. Devia estar preocupado.

Achou uma linda concha próxima a seu pé esquerdo, e a olhou com animação. Era rosa, no tom exato da cor de seus cabelos. Entrou dentro d’água para pegá-la.

Sasuke suspirou em alívio quando viu a noiva entrar dentro d’água. Ela percebera a onda gigantesca que vinha pelo canto de olho, concluiu.

Quando a rósea voltou à tona, pouco antes da onda quebrar, Sasuke gritou seu nome. A jovem apenas virou o rosto para ele, desviando os olhos da concha em sua mão. A onda quebrou em cima de si.

Merda, a garota pensou, debaixo d’água. Não havia visto a onda se aproximar, e ela pegara diretamente em seu rosto, fazendo-a engolir água. Havia descido sem ar nos pulmões, e eles já gritavam para que ela emergisse para respirar.

A rósea o fez, fechando os olhos por conta do sal, que já fazia seus olhos arderem. Num timing perfeito, uma onda quebrou bem em cima dela quando tentara respirar.

Dessa vez respirou água também, e sentiu todo seu sistema respiratório gritar, avisando que o líquido havia entrado pelo lugar errado. A onda a empurrou para o fundo, contra a areia, e ela bateu os braços para emergir novamente. Em vez de conseguir respirar, tossiu a água dentro de si, e antes que conseguisse capturar algum oxigênio, outra onda a atingiu.

Desesperou-se, sentindo os braços perdendo as forças.

Sasuke xingou e começou a correr na direção do mar ao ver sua noiva se afogando. Os surfistas não a haviam notado, e os salva-vidas muito menos. Talvez eles estivessem em horário de almoço.

Na metade do caminho, um corpo correu ao lado do de Sasuke. Ele desviou o olhar para a pessoa, se deparando com Itachi.

— Eu não vou conseguir dar conta de vocês dois. Fique aqui.

Sasuke continuou correndo, mas acabou parando ao perceber que era mesmo uma estupidez. Mesmo que entrasse no mar, o mais provável seria que ele e Sakura morressem.

Deixaria o trabalho com o irmão mais velho.

Itachi mergulhou, furando as ondas com habilidade e batendo os braços até onde havia visto a garota pela última vez. Ele pensou que ela fosse estar desmaiada, mas Sakura ainda se esforçava para manter-se viva. Havia se desesperado e agora se debatia na água, como se não soubesse nadar.

Sasuke não conseguia ver bem o que acontecia. As ondas estavam cobrindo sua visão, e ele, que havia descoberto recentemente uma miopia, estava sem os óculos para longe.

Não conseguir ver o que acontecia estava o deixando extremamente preocupado, e ele estalava os dedos da mão com desespero. Logo acabaria os quebrando se continuasse sem ver Sakura a salvo.

Itachi chegou até a cunhada e pegou-a em seus braços. A menina estava chorando e batia e chutava para todos os lados.

— Sakura, sou eu. Está tudo bem, fique calma, está tudo bem.

Ela pareceu não ouvir a voz de Itachi, pois continuou a se debater. O homem viu uma onda aproximar-se.

— Sakura, acalme-se! – O tom era imperativo. A Haruno não conseguia ouvi-lo, estava nervosa. Tudo que conseguia pensar era que iria morrer, iria morrer ali.

A onda estava próxima demais, eles precisavam afundar. Itachi não queria que Sakura engolisse mais água. Ela acabaria desmaiando.

— Eu não quero morrer! – Ela berrou, mas foi calada imediatamente. Itachi colocara uma mão nos ombros da jovem, afundando seu corpo, enquanto a outra tapava o nariz dela, para que não respirasse água.

Sakura não estava pensando logicamente o suficiente para se perguntar por que não estava engolindo água, mas percebeu logo. Itachi a estava beijando, assoprando ar em sua boca para mantê-la viva. O choque do beijo, somado ao oxigênio que finalmente lhe era garantido, fez com que ela finalmente conseguisse se acalmar. Os pés pararam de se debater e ela segurou-se nele, mantendo-se em baixo d’água.

— Vamos. – Ele disse quando emergiu. Colocou-a em suas costas e pôs-se a nadar. – Quando eu mandar você prender a respiração, você prende.

— Tá. – Ela confirmou. Estava abalada demais. Havia acabado de se afogar no lugar que mais amava.

E havia acabado de beijar o irmão de seu noivo.

Itachi nadou até a beira sem muitas dificuldades. Já havia feito alguns resgates, e aquele havia sido só mais um.

Quando chegou a areia e viu seu irmão abraçar Sakura com força, corrigiu-se mentalmente:

Ele nunca havia acalmado nenhuma vítima de afogamento com um beijo.

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Sakura não queria contar a Sasuke. Ela sempre contara absolutamente tudo a ele nos últimos anos, mas não aquilo. Aquilo ela não queria contar.

Sentia como se houvesse traído o noivo com aquele ato, e isso a fazia se sentir mal. Tratava-o como sempre, escondendo bem os sentimentos conflituosos dentro de si, mas sempre que lembrava do ocorrido voltava a se doer por dentro.

O problema não era Itachi tê-la beijado. Aquilo fora para salvá-la.

O problema era o seguinte: Ela havia gostado de beijá-lo.

Claro que gostava de beijar Sasuke, amava. Mas ela não deveria gostar de beijar nenhum outro homem que não fosse ele, deveria? Ela gostara dos braços de Itachi a envolvendo, e da voz grave dele dando-lhe ordens para sobreviver...

E também da textura dos lábios dele. E de como os cabelos compridos dele faziam cócegas em seus dedos debaixo d’água. E de como ele olhou para ela rapidamente, mas com alívio, quando viu que ela estava bem. Eram inúmeras coisas.

Esbarrou com o cotovelo em um copo, que caiu no chão e espatifou-se. Ela olhou para os cacos de vidros no chão, mas preferiu ignorá-los e resolveu largar a louça que lavava meio suja, meio limpa.

Havia perdido a cabeça. Sim, só podia ser aquilo. Talvez estivesse afetada o suficiente na hora do afogamento para pensar que havia gostado do toque dos lábios de Itachi.

Sim, ela estava muito afetada, e como Sasuke e Itachi eram parecidos, havia acabado confundindo-os e sentindo as mesmas sensações que sentia com Sasuke com Itachi.

Uma voz em sua cabeça gritou, mas ela tentou ignorá-la, ligando a televisão.

A voz dizia que as sensações com Itachi haviam sido melhores que as que ela tinha com Sasuke.

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Era a véspera de seu casamento. Em sua casa, a rósea tremia em nervosismo. Tinha medo de não conseguir dormir naquela noite e acabar acordando com olheiras gigantescas e ridículas.

Não queria ser uma noiva feia. Queria que Sasuke olhasse para ela e soltasse um “você é a mulher mais linda do mundo.”

Já havia conseguido tirar o beijo com Itachi da cabeça há meses. Preferira não comentar nada com Sasuke para que não houvessem confusões e seguira em frente, preocupando-se com seu casamento e tendo o relacionamento de sempre com Itachi – oi e tchau.

Sakura lançou um olhar carinhoso para seu lar, sentindo vontade de chorar por ter que abandoná-lo. Ela insistira para Sasuke por meses para que morassem ali, mas quando finalmente conseguiu convencê-lo, sua prima de segundo grau, Ino, ligou para ela.

A mulher chorara no telefone, dizendo que seu pai havia sido despejado e que ela não sabia o que fazer já que ele estava doente e não podia trabalhar. Ela havia começado a trabalhar em uma floricultura recentemente, mas não conseguiria pagar aluguel de lugar nenhum apenas com o salário, quem dirá as necessidades dela e do pai.

Sakura, ao ouvir isso, prontamente cedeu sua casa, dizendo que não havia problema, já que iria se casar e se mudar logo. Aproveitara para convidar a prima para seu casamento, que concordou imediatamente, parando de chorar e agradecendo por pelo menos trinta minutos pela rósea ser tão gentil.

— Não é problema algum. – Sakura havia dito no telefone. – Papai e mamãe gostariam que você morasse na casa que já foi deles.

Agora teria de viver na casa de Sasuke por alguns meses após o casamento, enquanto ele juntava dinheiro. As malas já estavam todas arrumadas. Acabara deixando a maioria dos móveis para que a prima não tivesse que arcar com ainda mais despesas.

Ino tinha razão. A rósea era mesmo muito gentil.

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Sakura deu um suspiro pesado e lançou uma última olhada no quarto em que havia dormido a vida toda. Um sorriso.

— Tchau mãe, pai. Torçam por mim quando eu estiver no altar, certo?

Retirou-se do quarto e, do topo das escadas, viu Itachi no andar debaixo, levando suas últimas malas para o carro. Era ele quem iria levá-la à igreja, e também quem iria levar suas bagagens para a casa dos Uchiha. Depois da lua de mel, Sakura estaria morando com o noivo e sua família.

Quando Itachi voltou procurando por mais malas e não encontrando nenhuma, terminou por erguer os olhos para a noiva que descia as escadas. O vestido tomara que caia havia caído bem nela, e o cabelo rosa estava jogado de lado. Ela havia o cortado recentemente, de forma que ele estava acima de suas orelhas. Era charmoso, e o rosa – agora não desbotado, já que ela havia colorido o cabelo naquela mesma manhã – contrastava com o branco do vestido.

— Nossa. – Itachi fitou-a dos pés à cabeça. Abriu um leve sorriso ao ver as bochechas da menina ficarem da mesma cor que seus cabelos. – Qualquer uma pode ficar apresentável com um pouco de maquiagem, mesmo.

Sakura arqueou uma das sobrancelhas perfeitas, sentindo vontade de socá-lo.

— Não encha o meu saco, Uchiha. – Falou. – Já é o bastante saber que você vai me levar ao altar.

— Sou um bom condutor, acredite. – Virou-se de costas, começando a andar. Na metade do caminho, olhou para trás e completou: - Sou bom em outras coisas também.

A rósea desviou o olhar, soltando um “convencido”.

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O braço de Sakura estava dado com o de Itachi enquanto os dois esperavam a marcha nupcial começar a tocar. O coração dela batia aceleradamente, e suas mãos tremiam.

Itachi percebeu, e abriu um sorriso para ela.

— Vou ter que te acalmar de novo, não vou, Haruno?

Antes que ela entendesse o que ele queria dizer, os lábios dos dois já se encontravam.

Sakura não conseguiu separar-se de imediato, aproveitando a sensação quente que se espalhava por seu corpo, queimando-lhe até os dedos dos pés.

A marcha nupcial tocou no exato momento em que ambos separavam as bocas. Itachi apenas virou o rosto para frente, passando rapidamente as costas das mãos sobre os lábios, tirando o batom que estava ali.

Ele não a olhou. Sakura também não. Andaram de braços dados até onde Sasuke a esperava, ambos com expressões alegres no rosto.

O coração da rósea ainda estava acelerado, mas dessa vez, não era pelo casamento.

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A lua de mel havia sido perfeita. Nos primeiros dias, Sakura estava nervosa, ansiosa, com medo. Sasuke imaginou que fosse por terem acabado de se casar.

Não era.

A mulher estava em desespero por ter beijado outro homem – seu cunhado! – no dia de seu próprio casamento. Sentia-se uma traidora, sentia o coração doer por ter traído Sasuke.

Certo, Itachi que havia beijado-a de novo, mas ela não resistiu. Ela gostara. E dessa vez tinha certeza de que não era por ele parecer com Sasuke.

Ao mesmo tempo em que se arrependia, seu corpo ansiava por mais uma chance de beijar a boca do cunhado.

Na primeira noite, enquanto ela e Sasuke transavam, ele murmurando frases carinhosas em seu ouvido enquanto movimentava-se, ela mordendo os lábios para não gemer muito alto, percebeu que não podia ser Itachi com quem ela queria ficar.

Nunca, nunca seria. Assim que encontrasse com o homem, questionaria o porquê de suas últimas atitudes e daria um basta naquilo para sempre.

Era Sasuke quem ela amava. Tinha certeza disso.

Focava-se nesse pensamento enquanto sussurrava o nome do marido, escutando o ranger da cama abaixo dos dois.


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Notas finais do capítulo

Fic velhinha de 2012 da qual nunca desapeguei ♥



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