Draco Malfoy nunca iria hesitar em dizer que o momento em que ele segurou Scorpius pela primeira vez foi o momento mais feliz em toda sua vida.

Seu filhinho. Cinco dedinhos se fechando em seu pulso sem nenhuma força de verdade, mas tão, tão calorosos. Dois olhinhos que mal se abriam ainda, mas que quando fazia isso, eram tão, tão cinzas, e tão curiosos também. Dois pezinhos pequenos e enrugados chutando o ar, uma boquinha avermelhada se abrindo enquanto ele gritava. O narizinho mais adorável e pequenininho que Draco já tinha visto, menor do que seu dedo mindinho.

Quando Draco fez cosquinha em sua barriga, quando Scorpius riu pela primeira vez... nesse momento, Draco podia jurar que ele tinha morrido. Era o som mais inocente e maravilhoso que já havia existido, e tinha sido fofura demais para ele aguentar, amor demais para o seu coração conseguir segurar. Ele nunca tinha se sentido tão feliz e seu cérebro simplesmente não estava preparado para isso.

Seu filhinho era a coisa mais preciosa do mundo inteiro – a coisa mais pequenininha, mais delicada que alguém já tinha confiado com ele. O rosto dele brilhava. Draco prometeu para si mesmo que iria proteger aquela luz dele da escuridão do mundo. Para sempre.

Ele falhou.

Ele falhou, porque ele nem pôde levar a criança de St. Mungus para casa, nem uma única vez.

Sequestrado enquanto os medimagos e Draco cuidavam de Astoria.

Sequestrado enquanto Draco não cuidava dele como um pai deveria, enquanto Draco não prestava atenção, enquanto Draco falhava como ele sempre falhava.

E agora havia Draco, com apenas um berço vazio e roupas de bebê nunca usadas e um divórcio em andamento. Esse Draco, sozinho e quebrado e morrendo por dentro, ele ainda podia sentir os dedinhos fantasmas de Scorpius apertando seu pulso.

Ele ainda não conseguia respirar direito por causa de toda a dor e a culpa.