Todo mundo te ama escrita por Nati Miles


Capítulo 1
Capítulo único




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Todo mundo está um pouco apaixonado por ela. E talvez seja esse o motivo de Katsuki estar isolado e emburrado em um canto.

As turmas A e B resolveram se juntar antes que o segundo ano acabasse e dar uma festa, pra comemorar tudo que eles haviam alcançado naquele trabalhoso e cansativo período escolar. A sala comum do dormitório da turma B estava lotado de alunos, inclusive de outras turmas, todos querendo apenas descansar a mente e relaxar um pouco.

Em um canto mais afastado, sentado sozinho em uma mesa, o loiro a observava andando pra lá e pra cá, distribuindo sorrisos e simpatia com todo mundo. Talvez seja isso que a torna tão incrível e irresistível? Quer dizer, além de sua inteligência, força, determinação, força, beleza, força, todos os aspectos de sua personalidade e... Ele já pensou em força? Bakugou sacode a cabeça e volta a focar na garota.

A festa nem começou direito ainda, mas ele já perdeu as contas de quantas pessoas Uraraka já fez o dia mais feliz, apenas por conversar um pouco. Bakugou viu quando a morena conversava com Deku e Todoroki. O esverdeado era lerdo e só sabia ficar gaguejando, o que o loiro achava patético. Já o meio a meio, era menos pior, mas ele a encarava intensamente e parecia nem piscar quando ela estava perto. Havia rumores de que ele havia contado pra garota que achava que estava gostando dela, mas foi delicadamente rejeitado – o que fez Bakugou rir um dia inteiro, ele não negaria. 

A situação não era tão diferente quando ela passava perto dos amigos dele, o que deixava o loiro mais puto da vida. Cada vez que Uraraka se sentava com eles no almoço, ele sentia vontade de explodir a mesa, porque os três idiotas não desgrudavam dela, e hoje não estava diferente. Kirishima, Kaminari e Sero olhavam para a morena quase como se ela fosse uma entidade divina. Não que ela não fosse, mas os três estavam quase literalmente babando em cima dela. Kaminari costumava soltar uns flertes aqui ou ali, mas ele parecia se esforçar mais quando eles eram direcionados à morena. E Kirishima? Ele nem sabia se queria pensar sobre como seu melhor amigo ficava ainda mais amistoso e gentil quando estava conversando com Uraraka. Ela apenas sorria, mantendo a conversa, e ele desejava, do fundo do coração, que ela fosse mais mal educada e mandasse eles tomarem no cu logo.

Com os outros alunos, a coisa não mudava tanto de figura. Bakugou conhecia Monoma muito bem, de tantas atividades que as salas fizeram juntas, e ele sabia que aquele sorriso que ele jogava pra cima da morena, naquele momento, parecia ser debochado, mas escondia inseguranças e... Adivinha só? Um penhasco de sentimentos. Ele podia até estar fazendo uma piada idiota e a fazendo franzir o cenho, mas Bakugou sabia que o garoto estava tentando flertar com a morena, de um jeito ou de outro. Até mesmo Shinsou, que era sempre quietão e não esboçava muitas reações, havia caído nos encantos da controladora da gravidade.

Ele observa enquanto Uraraka está indo na direção do arroxeado com dois copos na mão, entregando um para o garoto. O loiro consegue ver com clareza quando ela sorri e o Shinsou cora de leve, esfregando a nuca com uma das mãos, em claro sinal de nervosismo com a presença dela. E um sinal mais claro ainda de que está afim dela, e só ela parece não perceber.

E Bakugou não sabe se é porque ele está a encarando demais, mas ela parece perceber que alguém a observa e começa a olhar ao redor da sala, até o avistar. Ela sorri e dá um leve aceno de mão, que ele não responde, porque não sabe como reagir ao que ela despertou dentro dele. Afinal, todos estão apaixonados por Uraraka Ochako. 

— Ah, o amor... – uma voz soa ao lado de Bakugou e ele quase pula de susto, mas disfarça e estala a língua para Aoyama.

— Que que você quer – ele resmunga irritado.

— Eu só acho as festas interessantes – o loiro coloca os cotovelos na mesa, dando apoio à cabeça nas mãos. Seu sorriso é sugestivo. – Você sabe o que quero dizer: pessoas se declaram, algumas são rejeitadas, outras conseguem o que querem. Mas nenhuma delas consegue isso ficando sentadas e só encarando a outra, como um stalker.

— De que caralhos você tá falando, globo de luz? – a voz do loiro soa mais irritada, mas isso não assusta o Aoyama. Nem um pouco.

— Oh, será que estou vendo coisas? Peço desculpas – ele sorri cínico e Bakugou nunca quis tanto quebrar os dentes dele. – Devo ter me enganado sobre o que estava claramente vendo. 

Assim que Aoyama sai de perto, Bakugou faz menção de levantar e ir embora. Talvez fosse melhor ter ficado em seu quarto mesmo, sem ninguém o enchendo o saco. Mas sua ação é interrompida por uma voz suave que o chama.

A controladora da gravidade pede licença pro Shinsou assim que vê Bakugou ficando sozinho de novo, não dando espaço para o arroxeado fazer muito além de apenas concordar e a ver se distanciar, dando um suspiro baixo e triste.

— Bakugou-kun! – ela chama e ele sente todos os pelinhos da nuca se arrepiarem. Ele se vira devagar na direção dela, se esforçando pra tentar não foder com tudo. – Você... já estava indo? – ela soa triste e ele gosta de pensar que talvez ela o quisesse ali por mais tempo.

— Tsk, essa merda tá chata e cheia demais – ele reclama, como sempre, pra tentar disfarçar.

— Ah, está bem cheio mesmo. Tem gente aqui que acho que nunca vi, deve ser de outros cursos – ela dá uma rápida olhada ao redor e volta aqueles lindos olhos chocolate na direção dele de novo. – Você quer... tomar um ar lá fora?

Ochako sente vontade de socar a própria cara com a pergunta. Ele tinha acabado de falar que ia embora, tinha nem sentido perguntar se ele queria tomar um ar. Engolindo os xingamento proferidos para si mesma, ela sorri e o olha, esperando pela resposta, que acaba sendo um simples dar de ombros. Ela está amiga do loiro o suficiente pra saber que isso é um “pode ser" e então começa a andar em direção à porta.

Os dois caminham em silêncio até se afastarem um pouco do prédio, encontrando um banco que pudessem sentar e apreciar a noite.

— Está uma noite tão boa – a morena comenta, tentando criar um assunto.

— Sim, razoável – ele dá de ombros.

— Você não mudou muito, né, Bakugou-kun? – ela solta uma risadinha e ele franze o cenho em confusão. – Está mais amigável, se comparar com o ano passado, mas ainda não gosta de festas.

— Por que eu gostaria de um monte de gente amontoada num espaço que não as cabe? – ele cruza os braços, arqueando a sobrancelha.

A controladora da gravidade ri de novo, fechando os olhos e deixando a brisa da noite brincar com seus cabelos. Bakugou não pode deixar de a observar por alguns, logo desviando o olhar, antes que ela abrisse os olhos e o pegasse no flagra - era essa a última coisa que precisava. Ou talvez a primeira, quem sabe assim acabava logo com essa angústia de ficar sempre com essa dúvida pairando em sua cabeça: será que teria uma chance dela gostar dele de volta? Suas inseguranças diziam que não, mas seu coração torcia para que sim.

— Eu gosto de quando todo mundo se junta assim – ela cortou o silêncio novamente e abriu os olhos. – Apenas um bando de adolescentes que querem se divertir por algumas horas. Ou, como o Todoroki disse, é tudo desculpa para as pessoas criarem coragem e irem se declarar. Bom, foi o que ele me disse na última festa.

— Na que ele se declarou pra você? – o loiro soltou antes que pudesse segurar a língua.

— A-ah, você ficou sabendo? – ela parecia envergonhada agora e ele quis bater a própria cabeça no banco.

— Todos ficaram sabendo.

— Meu Deus, que vergonha! – ela cobriu o rosto com as mãos. – Mas bem... sim, foi nessa festa que ele me disse isso. O que é engraçado, porque o Aoyama veio me dizer a mesma coisa hoje.

Bakugou sentiu o sangue gelar. Em que momento os dois tinham conversado que ele nem viu? Será que Aoyama teve aquela conversa estranha com a morena também? E se teve, será que comentou algo sobre ele estar observando a morena de longe e imaginando quando seria possível a ter em seus braços? Quer dizer, sobre estar apenas a observando?

— Tsk, aquele globo de luz ambulante fala tanta asneira quanto o meio a meio.

— Ah, nem sempre – ela deu uma risadinha. – Aoyama é bem... observador, sabia? Ele consegue captar muitas coisas no ar e é bem perspicaz. Ele dificilmente erra quando fala algo sobre alguém.

O loiro apenas resmunga um “hm”, fingindo desinteresse, quando o que mais quer é saber o que diabos aquele doido disse pra garota à sua frente. Uraraka morde o lábio em nervosismo e se vira um pouco, pra observar melhor o garoto com quem está dividindo o banco.

— Bakugou-kun... Talvez isso vá soar estranho, mas... Não sei, achei que talvez fosse uma boa só falar logo e... Aoyama disse que poderia ser uma boa ideia aproveitar a chance de hoje... – a voz da morena diminuía a cada sentença proferida e o garoto sentia sua ansiedade aumentar. 

— Só fala, cara redonda! – ele soou mais ansioso do que gostaria, mas sua curiosidade estava o corroendo com as últimas palavras dela.

— É que... Bem, a gente se tornou bons amigos nesse último ano e eu sou muito grata por isso. Mas eu... Assim... Teria a mínima possibilidade de... Passarmos disso?

— Passarmos... disso? – ele repetiu lentamente, seu coração já batendo na boca, mas seu cérebro mandando ele se acalmar e não tirar conclusões precipitadas.

— É, sabe... Como mais que amigos – ela mordeu o lábio de novo e se esforçou o máximo que pode para sustentar o olhar dele, cheio de perguntas. – Eu gosto de você mais do que um amigo e... É isso que eu tava tentando falar...

Bakugou sentiu seu cérebro “se calar” e seu coração tomar conta de todo o seu corpo. E antes que pudesse pensar direito ou até responder apropriadamente a garota à sua frente, ele levou uma das mãos à nuca dela, a beijando com fervor. Ochako não se incomodou nem um pouco com a resposta vir em ação, afinal Katsuki era mais de atitudes do que de palavras. A morena não perdeu tempo e levou a mão à nuca dele também, tentando os aproximar ainda mais – se é que era possível. 

— Eu vou considerar isso um sim, para o “podemos passar disso" – ela ofegou quando beijo se quebrou, mantendo a testa colada à dele. 

— Um sim? – ele arqueou a sobrancelha e sorriu de maneira genuína e até brincalhona. – Acho que vou ter que te beijar de novo pra você entender que é um “com certeza" e que eu gosto de você também.

Ochako riu e os dois se beijaram de novo, Katsuki não mais sentindo vontade em voltar para o próprio quarto tão cedo. Ele poderia aproveitar mais um pouco daquela festa.

Porque todos poderiam estar um pouco apaixonados por ela, mas ele não se preocupava mais, pois sabia que era ele o sortudo que era correspondido.


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