Take me home escrita por winter


Capítulo 1
Take me home


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem com vocês?
Espero que sim.
Nesses tempos de quarentena, resolvi trazer para vocês uma one shot fortemente inspirada na música 'Style' da Taylor Swift. Espero que gostem e boa leitura ♥



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Take me home

▬ Bella ▬

Suspirei vencida olhando para o celular em minhas mãos. Me recusava a acreditar que teria mesmo que ligar para que Edward viesse me buscar. A situação seria trágica se não fôssemos... nós, mas como era Edward, era apenas cômico. 

— Obrigada universo, você nunca falha – sussurrei para o vento.

Girei a cabeça olhando vendo a boate atrás de mim. Apenas as luzes do lugar sendo visíveis já que a boate era revertida com isolamento acústico impedindo que o som se propagasse para fora do lugar. Olhei o relógio marcando 23:43 da noite. Respirei fundo uma vez mais antes de discar o tão conhecido número. No terceiro toque ele atendeu. A voz sonolenta deixando sua fala ainda mais incompreensível que o habitual.

Achei que tinha esquecido da minha existência— sua voz sempre tão irônica, pretensiosa e roucamente sexy soou do outro lado da linha

— Meio que sim – confessei – Faz um tempo desde que nos falamos... ou que ouvi sobre você.

Apenas dois meses baby, não é tanto tempo assim para me esquecer.

Se estivéssemos frente a frente, apostaria meu polegar que ele piscaria para mim daquela forma sedutora e convencida que apenas ele sabe fazer.

— Preciso de um favor – fui direto ao assunto.

— Eu sei que sim. Onde desta vez?

— Em frente a Seattle Club.

— Chego aí em 15 minutos.

— Obrigada, fico te devendo uma... ou mais uma.

— Você já me deve tanto baby, olha que posso começar a cobrar.

— Estou esperando, Edward.

— 15 minutos.

Quando desliguei o telefone. Me sentei na calçada para o esperar. Eu já tinha perdido a dignidade ao lhe ligar, o que seria ficar jogada no chão a espera do seu ex namorado para vir te buscar?

Por mais que mantivesse os olhos fixos no movimento da avenida principal a minha frente, não consegui manter minha mente fixa no lugar, fazendo-a vagar para o dia em que Edward e eu nos conhecemos. Três anos atrás na empresa de publicidade em que trabalhávamos...

3 anos atrás...

—  Qual é Bells, não acredito que você é a única que ainda não viu o funcionário novo – Rosalie dizia repetidamente – Você não tá nem um pouco curiosa em saber como ele é?

— Provavelmente metido – rebati me olhando no espelho para ver o estrago em minha calça.

Eu devia ter acreditado quando meu horóscopo disse que hoje seria um dia ruim e cheio de surpresas. Imagine o tamanho da minha surpresa ao ignorar minha onda de má sorte, vestir uma calça jeans branca para vir trabalhar, passar o dia bem e apenas 10 minutos atrás ter derrubado café em toda minha calça branquinha? Então.

Além disso, hoje foi o dia que a empresa recebeu seu mais novo funcionário. Edward Cullen, um publicitário que veio da Flórida para trabalhar conosco em Seattle. Aparentemente ‘uma grande aquisição de um grande profissional para a Brightness Publicity’. Palavras do chefe. Ao que soube, o cara mal chegou e já estava arrancando suspiros de todas as mulheres do prédio, cheio de sorrisinhos e olhares.

Por sorte, não precisei esbarrar com ele, conheço o tipinho, deve ter uma aparência mediana e se achar o Deus. Não quero o conhecer, além do que, eventualmente iremos nos encontrar já que provavelmente trabalharemos juntos em algum momento. Prazer, Isabella Swan, também publicitária.

Rosalie revirou os olhos azuis como se o que eu falasse fosse óbvio. Na verdade, até era.

— Ser metido não conta, todo publicitário é metido – a loira fez careta.

— Sério Bells, até eu estou de pernas bambas por ele – Alice enfatizou.

— Você não conta, fica de pernas bamba por todos.

— Bom, sim, mas isso não vem ao caso – a baixinha ajeitou os óculos em seu rosto – A questão é que ele é muito bonito.

— Acredito – torci a boca – Vocês acham que dá pra perceber que caiu café na minha roupa?

— Magina amiga, apenas parece que você sentou na merda e saiu rolando nela – Rose respondeu irônica.

— Falta 20 minutos para acabar o expediente – Alice disse ao olhar o horário no relógio em seu pulso – E é sexta, vamos para o All Night Pub depois?

— Fica difícil eu ir toda ‘rolada na merda’ – rebati usando o termo utilizado por Rosalie.

— Eu tenho uma saia no meu armário – Alice ofereceu.

Fiz uma careta em descontentamento. Alice é a garota da minissaia. Claro que nela não ficam minis pois ela já é mini, mas em mim ficam e eu sou apenas 8 centímetros maior que ela, mas isso já é muita coisa. Apenas assenti concordando e logo a vi saindo do banheiro empolgada para ir buscar a saia.

— E você precisa ajeitar sua cara – Rose parou atrás de mim no espelhado – Acabaram suas maquiagens ou o que?

— Eu acordei tarde, não deu pra me maquiar e você me conhece, acabei esquecendo minha necessaire com maquiagens em casa – torci a boca.

— Você sempre esquece de coisas importantes, qualquer dia desses esquece a cabeça em casa também – ela riu – Eu te empresto algumas coisas.

— Você só usa batons vermelhos.

— E você devia seguir meu exemplo, por favor. Nude nem dá pra ser considera uma cor pra batom – a loira revirou os olhos para evidenciar todo seu descontentamento.

— Exagerada.

Rosalie me entregou sua necessaire com algumas coisas. Por termos tons de pele parecidos, consegui tranquilamente usar sua base, passei um blush, rímel e usei um dos seus famosos batons vermelho sangue. Devo confessar, gostei de como ficaram, combinaram bem com meu tom de pele e formato de rosto.

Quando Alice retornou, ela me entregou uma saia preta de couro sintético. Era bonita, assim como todas as suas roupas. Por sorte, hoje eu escolhi ir fantasiada de enfermeira e fui toda de branco. Usava uma blusa social branca, levemente soltinha, as mangas estavam dobradas até pouco abaixo do cotovelo e a blusa casou bem com a minissaia que Alice me emprestara, não ficando provocativo para o ambiente de trabalho, embora agora faltasse apenas 7 minutos par ao fim do expediente. Por sorte meus sapatos não eram brancos, era um lindo, confortável e elegante par de saltos preto.

Alice e Rosalie voltaram para seus trabalhos e combinamos de nos encontrar depois. Após terminar de me arrumar, saí do banheiro, mas não sem antes dar mais uma conferida no espelho, tudo ok.

No segundo que coloquei os pés no piso do corretor, esbarrei em alguém. Eu teria caído se braços fortes não tivessem circundado meu corpo para me segurar. Senti uma corrente elétrica atravessar meu corpo como se eu tivesse sido atingida por um raio, ou algo assim.

— Perdão, não te vi – murmurei levemente desorientada – Oh... – franzi o cenho ao levantar o olhar e ver alguém que eu não reconhecia – Eu não conheço você.

— Este é seu jeito de dizer que gostaria de me conhecer? – perguntou com um dos cantos da boca repuxado em um sorriso torto.

Sua voz soou confiante demais, embora seu sotaque interiorano tipicamente sulista tornasse difícil de entender o que falava, ele soava muito seguro de si e percebi que ele realmente era. O observei melhor, ele era alto. Definitivamente alto. Ombros largos, não era musculoso, mas seu corpo era proporcional a ele e sua altura, então, não era magricela, mas também não era forte, era... na medida para ele. O estranho tinha o cabelo em um tom diferente, ao mesmo tempo que parecia avermelhado, parecia meio cobre, não sei, mas definitivamente ele é ruivo.

Contudo, o que mais me chamou atenção nele foram seus olhos. Intensos, brilhantes e expressivos olhos verdes que me olhavam como se soubessem quem eu sou e me conhecessem a vida inteira. Seu cabelo caía por sua testa deixando apenas uma fresta visível dos seus olhos, mas logo ele passou a mão pelos fios acobreados puxando-os para trás deixando seus olhos ainda mais visíveis.

O estranho usava camisa branca e jeans preto levemente colado e com sutis rasgos no joelho. Balancei a cabeça para lhe responder antes que percebesse que eu o  encarava demais.

— Na verdade, esse é meu jeito de dizer ‘eu não conheço você’ – repeti o que havia dito.

— Podemos resolver isso – arqueei uma sobrancelha vendo-o me oferecer a mão estendida em um cumprimento educado – Edward Cullen, prazer. Sou o novo...

— Publicitário – completei – Eu sei.

— Não vai me desejar boas vindas?

— Ninguém lhe desejou boas vindas? – franzi o cenho confusa.

Seu sotaque deixava um pouco difícil entender o que ele dizia. Ele realmente está falando inglês?

— Na verdade sim, todos foram muito gentis.

— Bom, nesse caso, não sei como meus ‘boas vindas’ poderiam ser relevantes, de qualquer forma, seja bem vindo, Edward. Espero que goste de nossa empresa.

— Até o momento sim. Você é?

— Publicitária também – respondi – Bom, se você me der licença, eu tenho que bater o ponto – erguei o indicador com as digitais virada para ele – Sabe como é, ponto eletrônico é uma porcaria.

— Por sorte, estou livre disso até que me cadastrem no sistema – ele riu – Até mais ver, também publicitária, aliás, gostei do seu batom vermelho, ficou bom em você.

— Obrigada, gostei do seu jeans rasgado – retribuí o elogio ganhando um olhar confuso dele – Achei que estávamos trocando elogios – dei de ombros acenando um ‘tchau’ e me distanciando para ir até o local do ponto eletrônico, mas não sem antes de virar para ele falar novamente – Você fala engraçado, Edward, se te conhecesse, diria que é texano – sorri novamente antes de me virar saindo dali sem lhe dar chance de resposta.

[...]

— Meu Deus, Bella – Alice arregalou os olhos – O carinha novo não tira os olhos de você.

— Carinha novo?

— Sim, Edward – Rose respondendo tomando um gole de sua bebida – Mas não olha agora, seja discreta.

— Eu não olharia de qualquer forma – dei de ombros.

— Vem Alice, vamos deixar ela sozinha pra ver se o bonitão vem falar com ela – Rose a puxou pela mão – Se tudo der certo, não desperdice a chance, Bells.

Revirei os olhos vendo-as se afastar. Não demorou até que eu sentisse alguém em minhas costas e logo surgir em meu campo de visão.

— Olá novamente – Edward me cumprimentou de novo.

Ele tinha uma long neck na mão e levou a garrafa à boca. Devo confessar que a visão foi extremamente sensual e erótica, embora fosse apenas um cara tomando sua cerveja.

— Olá – beberiquei um gole da minha mimosa.

— Prazer, sou Edward e você é...? – franzi o cenho. Ele tinha problemas de memória? – Ah, aproposito, não estamos no trabalho, então sua profissão realmente não me interessa.

Quis rir. Sua fala era arrastada, a impressão que eu tinha é que ele morou a vida inteira no interior. Estava curiosa para o perguntar de onde ele era, mas não o faria, se ele realmente for do Texas, não quero ter que entrar em uma chata conversa sobre o quanto tudo lá é melhor. Texano tem essa megalomania irritante.

— Então o que te interessa? – perguntei após divagar sobre suas origens.

— Acho que podemos começar com um nome.

Não vou mentir, ele era incrivelmente bonito e talvez eu ficasse um pouco nervosa ao redor dele, mas não demonstraria isso, pelo que Rosalie e Alice contaram, aparentemente toda a ala feminina da empresa se jogou aos pés dele, ele era do tipo que despertava interesse, em mim também inclusive, mas não me jogaria aos seus pés, ao menos não tão explicitamente.

— Isabella – respondi simplesmente.

— Nome interessante, porém cumprido, posso chama-la de Bella?

— Bella... – repeti permitindo provar a sonoridade do apelido em meus lábios – Ninguém me chama assim.

Gostei de como ‘Bella’ soou em sua voz rouca e seu sotaque interiorano.

— Isso é ruim?

— Diria que é diferente, mas gostei de como soou. Pode ser Bella – concordei – Você não é muito bronzeado para quem veio da Flórida – tomei mais um gole da minha bebida.

— Estou sendo julgado pela ausência de bronzeado? – ele ergueu uma sobrancelha lançando-me um olhar brincalhão.

— Eu diria que é mais uma observação.

— Válido – refletiu – Aparentemente, meu corpo não aceita muito bem o bronze natural e saudável, ele parece preferir o branco e pálido.

— Já tentou ir para o sol se bronzear?

— Por favor, eu morava em Miami, eu sou praticamente um surfista oficial de Miami Beach – não contive o riso frente às suas palavras – Porém, meu maior bronze foi um intenso vermelho um dia quando esqueci o protetor solar. Grande erro.

— Você não tem cara de quem é afeiçoado ao mar e nem soa como alguém de Miami.

— Eu não tenho cara de muitas coisas, mas posso as ser do mesmo jeito – deu de ombros levando novamente a garrafa com cerveja à boca – Porém realmente, não sou de Miami, sou de Longview, uma cidade no leste do Texas.

Texano. Touché.

— Seu sotaque te denunciou, cowboy – brinquei.

— Ele sempre denuncia, não consigo me livrar dele. Parece que a fala arrastada, sotaque forte e o inglês difícil de entender persegue aqueles que nasceram no estado da estrela solitária.

— Pouco invejável – rebati – Não vai falar sobre as grandezas que o Texas possui?

— Ei, nem todo texano tem essa mania feia, ok? – ele pareceu ultrajado – Texanos são muito estereotipados, acham que somos caipiras.

— Bom, você soa como um – brinquei.

— Saiba que os quase dez anos que morei na Flórida atenuaram meu sotaque, ele era muito mais forte antes.

— Não creio.

— Leste do Texas – apontou para si mesmo – O sotaque lá é pior. Mas as visitas anuais à família fazem com que o sotaque nunca se perca.

— Sexy – falei em tom divertido.

Edward tomou novamente um gole da sua cerveja mantendo seus olhos em mim. Eu estava presa na forma como seus olhos me encaravam. Ele tinha um olhar meio de James Dean.

Bom, James Dean tinha olhos castanhos... ou talvez fossem claros, é difícil dizer olhando para as fotos em preto em branco, de qualquer forma, não é esse meu ponto, o que eu quero dizer é, ele tem aquele olhar sonhador do James Dean, aquele que mesmo se você olhar uma foto dele, você vê um certo brilho e enigma no olhar.

O cabelo ruivo levemente cumprido caindo em sua testa sobre os olhos e ele está constantemente passando a mão os puxando para trás. É... sexy.

— Se vamos julgar pela palidez, diria que você é de Seattle.

— Quase... Forks, uma cidade no interior, algumas horas daqui – expliquei ao notar seu olhar confuso.

— Há quanto tempo trabalha na Brightness Publicity?

— 5 anos. Vendo agora, é um tempo considerável – refleti – Por que se mudou para cá e há quanto tempo é publicitário?

— 6 anos, se for contar a faculdade, então eu diria 10...

— Parece que alguém já está na casa dos 30 – falei.

Honestamente, eu só queria saber sua idade.

— Orgulhosamente nos 28, embora não tenha problema com os 30. Devo assumir que está na mesma faixa etária?

— Esse é seu jeito de questionar minha idade?

— Sim, embora achei já ter sido explícito com relação a isso, afinal de contas, eu tinha que ser o explícito já que você foi a discreta – piscou para mim de forma sedutora.

Isso quase me fez perder o ar. Quase.

— 27 – disse simplesmente.

Não deveria me surpreender em o quão fácil foi conversar com Edward. O assunto fluía bem, mas o que mais me fazia ficar presa a sua conversa era a forma como ele falava. Ele tinha uma aura libidinosa e confiante ao seu redor que me fazia querer saber mais sobre ele.

Ao que descobri, ele um belo dia se cansou de como estava sua ‘monótona’ vida em Miami estava e procurou por emprego em outro estado, escolhendo Washington por ser o lado extremo do país. Interessante trocar a costa leste pela costa oeste.

Eu não percebi quando fiquei tão envolvida na conversa com ele, quando dei por mim, estávamos dançando juntos na pista e sua boca estava na minha. Ele tinha lábios quentes, sedutores e acolhedores. O jeito no qual sua boca encaixava na minha era envolvente demais para apenas me afastar, mas eram suas másculas e grandes mãos em minha cintura que me faziam perder o ar e ficar. Literalmente ficar.

Eu não queria apenas me jogar aos seus pés, mas meu corpo estava ansiando demais pelo dele para finalizar aquela noite em algum lugar que não fosse a sua cama e eu não sou de negar os desejos do meu corpo.

Após aquela noite no pub, passamos basicamente o final de semana inteiro entre lençóis, com corpos suados e nada além do som dos nossos gemidos – e algumas sacanagens sussurradas no sexo – preenchendo o ambiente, saíamos do quarto apenas para comer e até nossos banhos tomávamos juntos.

Na segunda, deixamos que nosso profissionalismo predominasse, mas após o horário do expediente quando ele se ofereceu para ir para casa comigo, mais uma vez, não consegui – e nem tentei – negar os desejos do meu corpo.

Era impressionante como parecíamos sempre famintos um pelo outro. No trabalho, conseguíamos disfarçar bem, especialmente pela política de não envolvimento emocional entre funcionários. As mulheres ainda se jogavam aos pés dele, mas ele educadamente, recusava cada uma.

Essa aura libidinosa, erótica, excitante e envolvente que ele tinha era absurdamente tentadora. Os meses foram passando e estávamos cada vez mais envolvidos. Não namorávamos, contudo, éramos exclusivos um do outro, não precisou ser verbalizado, era meio que um acordo silencioso comumente acertado entre nós.

— Eu gosto do jeito como você se veste – Edward comentou. Seu sotaque carregado quase me impediu de entender com clareza o que ele havia dito. Quase.

Era sábado a noite, estávamos em meu pequeno apartamento alugado. Edward já estava pronto, usando uma camisa polo branca, jeans azuis e tênis, estava deitado na cama, as mãos atrás da cabeça olhando-me atentamente enquanto eu me vestia. Pelo espelho, o olhei com a sobrancelha arqueada e um sorriso travesso no rosto.

— Obrigada, eu realmente me visto de forma que melhor te agrade – ironizei.

Apesar da ironia, tinha um fundo de verdade. Eu me vestia para mim, para que quem me olhasse visse que eu tinha minha beleza e uma pequena parte também se vestia para que Edward gostasse do que via. Seria hipócrita dizer que não era assim, por mais que você se vista para si mesma, nenhuma mulher veste-se apenas para si mesma. Uma pequena, egoísta e narcisista parte pede para que você e os outros enxerguem sua beleza, mas essa era apenas uma pequena parte em mim.

— Você tem essa aparência de boa garota, inocente e toda essa aura de ‘fé’ ao seu redor, mas quando usa essas saias curtas e apertadas, puta que pariu, que mulherão da porra que você é – seus olhos estavam fixos em minhas pernas já que por elas, neste momento eu deslizava a saia que usaria para sairmos – E você sempre usa esse batom vermelho que fica tão bem em você, é tão clássico e provocativo. Eu realmente adoro como esse batom fica bem em você.

— Obrigada?

Sorri sem graça. Edward tem essa mania de sempre me elogiar e eu ainda sou presa ao péssimo hábito de não saber receber elogios. Irônico, porém ainda acho divertido.

— Namora comigo.

Sua voz rouca soou rompendo o silêncio instaurado. Estreitei os olhos em sua direção. Não soou como um pedido, também não era uma ordem, ele apenas disse. Visivelmente surpresa, lhe encarei como se buscasse repetir suas palavras em minha mente. 

Pela forma como ele falou, qualquer um não teria entendido. Mas eu não era qualquer uma. Eu bem conhecia todos os trejeitos de sua fala, cada pronúncia arrastada, cara 'a' que seu sotaque omitia e cada 'i' alongado que sua fala proporcionava. Eu conhecia bem seu jeito de falar.

— Namora comigo – ele repetiu – Oficialmente quero dizer – explicou pausadamente ao se levantar da cama e caminhar em minha direção, passando os braços ao redor da minha cintura e baixando a cabeça para olhar em meus olhos – Sabe, já namoramos, só não colocamos isso em palavras claras e objetivas. Eu gosto de você e tenho certeza que você também gosta de mim, não sei você, mas eu não quero ficar com outra pessoa, somos bons juntos – ele se inclinou escovando os lábios por meu pescoço fazendo-me arrepiar ao sentir sua barba por fazer – E quando estamos juntos, juntos, pegamos fogo. Me diga, você não gosta de mim ou do que temos? 

— Sim – foi a única coisa que consegui responder sem gaguejar, embora com a voz trêmula.

— Sim o que? Sim você vai ser minha namorada? Sim você gosta de mim? Sim você gosta de nós juntos? – seus lábios dançavam pela pele do meu pescoço causando diversas sensações em meu corpo – Há muitas possibilidades para o seu simples ‘sim’.

— Pra tudo – pigarreei ao ouvir minha voz fraquejar – Sim, pra tudo isso, especialmente para ser sua namorada.

— Bom – Edward sussurrou em meu ouvido mordiscando minha orelha em seguida.

Definitivamente bom.

[...]

As vezes eu me pergunto se nosso erro foi não deixar as coisas como estavam. Quero dizer, aquele ditado de ‘não se mexe em time que está ganhando’ deve ter sido criado por um motivo. Desde que começamos a ‘oficialmente namorar’, Edward e eu terminamos e voltamos por incontáveis vezes. Embora seja aquele típico ‘namoro ioiô’, não posso dizer que foi... ou é, um relacionamento abusivo.

Pelo contrário, sempre terminamos pacificamente e nossa reconciliação é tudo menos pacífica, no sentido sexual da palavra, é claro, pois nosso sexo de reconciliação é sempre selvagem do jeito que ambos gostamos. Edward é sempre um cavalheiro e extremamente educado. Mesmo quando estamos separados ele é incrivelmente gentil e temos uma boa relação, tão boa que eu, esquecida como sempre sou, sempre recorro a ele quando me envolvo em alguma situação ‘atípica’.

Eu tenho uma leve tendência a sair de casa e esquecer minha carteira em casa, o que me deixa em situações onde eu preciso de dinheiro e não tenho, como agora. Ou então, situações em que eu perco a chave da minha casa e Edward que sempre teve uma cópia, tem que me emprestar a sua para que eu possa entrar em casa e servir de molde para que eu faça uma nova cópia.

Ele nunca está fora da minha mente, nossas provocações são sempre frequentes e mesmo quando estou com outra pessoa, é nele que eu penso.

Me pergunto se isso é saudável, digo, eu sou definitivamente e irrevogavelmente apaixonada por Edward Cullen e sei que ele sente o mesmo por mim, mas como pode que funcionemos melhor do separados do que juntos? Sempre acreditei que ele fosse o amor da minha vida e o amor pra minha vida.

Ele definitivamente me estragou para todo e qualquer outro homem. Eu me recuso a aceitar alguém que seja abaixo do nível ‘Edward Cullen’ no qual eu estabeleci e quando digo isso, não quero dizer em seus atributos físicos, que inclusive, tão praticamente impossíveis de que alguém consiga os atingir. Deus estava realmente namorando e apaixonado quando desenhou aquele homem.

Voltando ao meu padrão, digo, eu me recuso a aceitar em minha vida alguém que não me trate como Edward tratava. Qual é, ele estava constantemente me elogiando, fazendo questão de me deixar saber o quanto ele me acha linda, educado como o inferno, um dos seus hobbys favoritos é me mimar, não deixava com que seu ‘orgulho masculino’ interferisse em alguma briga, nunca dormíamos brigados, exceto quando terminávamos, aí a briga era um pouco mais séria. Edward sabe respeitar meu espaço, meu corpo e tudo com ele funciona e céus, ninguém lidava melhor com a minha tpm do que ele. Ele é o verdadeiro homem dos sonhos e sexualmente falando, eu não tenho nem palavras para descrever, o homem é perfeito em todos os sentidos e por isso eu me recuso a aceitar alguém que seja menos do que isso para mim.

Por esse e outros motivos, eu estou estragada para todo e qualquer homem no mercado.

Atualmente...

O impressionante é que nossas brigas sempre são bobas e nunca consigo me lembrar o porquê de termos nos desentendido. Terminamos há dois meses e eu sequer lembro porque foi, especialmente porque nunca houve traição entre nós, mas eu consigo ter uma personalidade forte e teimosa, porém, ele conseguia ser ainda mais teimoso e de personalidade forte. Típico de texano.

No último mês, Edward viajou a trabalho, passou 30 dias em Nova Iorque e retornou há dois dias, eu mal tenho o visto desde que terminamos pela 1254789813 vez nos últimos 12 meses, embora tenha conversado com ele duas ou três vezes por mensagem.

Olhei para o celular em minha mão, meia noite. Revirei os olhos, 15 minutos é uma ova. Ele já está atrasado por mais uns 2 ou 3 minutos a mais. Bati o pé impaciente no asfalto e logo vi um carro irritantemente brilhante, prateado e com os faróis apagados parando a minha frente. A escura janela coberta com vidro fumê aos poucos abaixou e o rosto de Edward pôde ser visto junto com seu sorriso presunçoso que eu tanto odeio, mas ao mesmo tempo amo.

— Por que você sempre dirige a noite com os faróis desligados? – lhe lancei um olhar repreensor ao levantar passando a mão em minha bunda para tirar a areia antes de abrir a porta do carro. Faróis apagados? Sério? Você gosta de brincar com sua vida.

— Vim com eles ligados, só desliguei pra te provocar, baby – ele piscou para mim daquela forma sedutora e que fazia minha respiração parar por um segundo como apenas ele sabia fazer.

Quis revirar os olhos, mas não o fiz. Ele estava me fazendo um favor, não podia abusar. Edward rapidamente saiu do carro vindo até o meu lado em um piscar de olhos e gentilmente, abriu a porta do carro para mim. Estão vendo? Arruinada para outros homens. Quem ainda faz isso hoje em dia? Apenas ele.

— Você está bêbada? – ele se inclinou sobre mim no banco enquanto prendia em mim o cinto de segurança do carro e cheirou minha boca.

Me esquivei pois não respondia por mim em o ter assim tão perto. Eu poderia fazer uma loucura.

— Não, eu mal bebi – respondi rapidamente.

Edward fechou a porta do meu lado após verificar que eu estava bem acomodada e segura no banco do carona, deu a volta no carro e sentou ele mesmo em seu lugar no carro, travando a porta e dando partida em seguida.

É uma longa viagem daqui até minha casa. o caminho até lá pode terminar muito bem, ou muito ruim, mas eu pagaria para ver. A cidade passava como um borrão pela janela enquanto eu olhava a paisagem. Com Edward o silêncio nunca era constrangedor, era até agradável, o problema é que minha mente estava alta demais para o silêncio.

— Faz um tempo desde que ouvi falar sobre você... – falei como quem não quer nada, embora eu quisesse muita coisa.

— Já está se esquecendo de mim, baby? Estou um pouco ofendido – um sorriso presunçoso e zombeteiro moldou seus lábios – Achei que fosse especial para você.

— Meio que é – concordei ao dar de ombros.

— Você é completamente especial para mim, sabe como eu sou, não sei ser apenas 'meio'. Ou é tudo ou é nada.

— Para! Você sabe que também não é só ‘meio’ para mim.

Ele riu.

— Eu sei, mas eu sempre acho adorável como você, uma bem sucedida publicitária, tão cheia de palavras as vezes consegue fazer com que as palavras lhe fujam.

Suspirei alto. Esse é o efeito Edward Cullen em mim.

— Então, qual foi o motivo dessa vez? Esqueceu a carteira ou as chaves? – questionou divertido ao mudar de assunto.

Edward sempre sabia que quando eu estava constrangida, não gostava de ficar no assunto e eu agradecia por ele respeitar isso.

— Ah – fiz uma careta – Carteira – respondi de má vontade – Em minha defesa, eu voltaria com a Rosalie, ela é minha carona, mas ela conheceu um tal de Emmett e eu falei para ela ir com ele, pena que só depois que ela foi percebi que eu estava sem minha carteira e você sabe, eu não confio em Uber, então não tenho ele instalado – respirei fundo – Eu devia ser mais responsável com isso.

— Sim, devia – ele concordou – Mas eu realmente gosto de ser o seu herói da noite, mesmo que eu esteja um pouco ofendido que você não me chamou para irmos juntos.

— Estamos separados, sabia? – afirmei.

Edward desviou seu olhar selvagem da estrada a sua frente para me olhar. Seu olhar não era acusador, era brincalhão. Bufei constrangida.

— Ok, não faz muito sentido já que eu tive que te ligar, mas você entendeu o que eu quis dizer.

Edward tinha o olhar selvagem, era erótico apenas de observar, mas nesse momento, ele não conseguia manter seu olhar selvagem e atento na estrada, seu olhar sempre se voltava para mim e eu não conseguia esconder o sorrisinho que surgia em meus lábios quando ele me olhava.

Após um tempo, voltamos ao silêncio. Era confortável e não fazia com que minha mente confabulasse um milhão de coisas, embora eu quisesse lhe perguntar um milhão de coisas.

Já próximo de onde eu morava, Edward tinha um sorriso despretensioso no rosto. Seus olhos agora estavam fixos na estrada a sua frente e o único som no carro era o de nossas respirações. Eu observava suas mãos segurarem o volante com firmeza e fora sua voz com seu forte sotaque arrastado que quebrara o silêncio.

— Você sabe, nós vamos voltar em breve, nós sempre voltamos – ele deu de ombros como se tivesse falado sobre o clima.

Abri a boca para lhe responder, contudo, fechei novamente. Refleti sobre o que ele havia dito, ele não mentia, nós sempre voltávamos. Me ajeitei no banco e evitando olhar para ele, usando a rua escura iluminada apenas pelas luzes dos postes como distração.

— É questão de tempo – ele completou.

Mordi o lábio para não sorrir.

Ao estacionar em frente ao prédio onde eu morava, Edward abriu a porta do carro saindo e parando na porta ao meu lado para a abrir para mim. Com as luzes apagadas da maioria das casas ao redor e deixando uma baixa iluminação, ele tirou o casaco que usava e colocou sobre meus ombros. Adorava quando ele fazia isso, embora não sentisse frio, era sempre bom sentir o calor que seu cheiro me trazia e o calor que meu corpo sentia quando ele agia dessa forma. era encantador.

Eu devia dizer ‘obrigada’ e dizer para que ele fosse embora. Eu sei exatamente par aonde isso vai nos levar, mas eu fico nos vendo dar voltas e voltas todas as vezes. É quase como um círculo vicioso, vai e volta, vai e volta.

Me abracei mais ao seu casaco ao meu redor, Edward caminhava ao meu lado até a entrada do prédio.

— Sabe – pigarreei para limpar a voz – Eu ouvi que você tem estado com uma garota por aí – tentei soar despretensiosa, mesmo sem saber se obtive o resultado desejado.

— O que você ouviu é verdade – falou com a voz límpida – Kate o nome dela, é uma boa garota, saí com ela no máximo 2 vezes – mordi o lábio enquanto o ouvia falar – Mas... ela não é você, sabe?! Mas eu não consigo parar de pensar em você e eu, ninguém se compara a você e nada chega nem perto de nós dois juntos – deu de ombros abrindo a porta da entrada do prédio para mim.

Respirei fundo atravessando a porta de vidro. Edward veio junto comigo, estávamos no elevador indo até o terceiro andar onde eu morava e só quando o elevador fechou as portas que eu consegui responder.

— Sei como é, passei por isso uma ou outra vez – respondi honestamente.

Tentei buscar em outros homens o que eu tenho com Edward. Nada se compara.

— Então por que insistimos em ficar separados? – questionou-me com seus intensos olhos verdes.

Seu sotaque arrastado do sul dos Estados unidos e do leste do Texas se fazendo mais evidente a cada letra proferida. Eu nunca me canso de ouvir seu sotaque e sempre agradeço por ele nunca ter o perdido.

— Não somos muito inteligentes – respondi.

Fiquei observando nosso reflexo no espelho do elevador e não pude evitar de sorrir ao ser acometida por um pensamento.

— Nós nunca saímos de moda – refleti.

Edward franziu o cenho parecendo confuso.

— Em questão de vestimenta?

Revirei os olhos.

— Não, nós dois – gesticulei de mim para ele – Entende o que eu quero dizer? 

— Mais ou menos?

— Enfim, nós fazemos sentido...

— Por isso nunca saímos de moda?

— É meio que uma metáfora – expliquei – Mas em tese, sim.

A porta do elevador se abriu e não saímos, apenas ficamos nos olhando.

— Volta pra mim, Bella – Edward falou com seu sotaque arrastado, tornando até meio difícil entender o que ele fala, mas não pra mim que já conheço cada variante do seu sotaque de garoto do interior do Texas.

— Eu nunca deixei de ser sua – respondi com a voz tranquila, contrária a euforia que bagunçava meu interior.

Um sorriso iluminou seu rosto. Edward envolveu minha cintura com seus braços inclinando-se para tomar meus lábios nos seus em um jeito que era um grande conflito de emoções. Saudade, paixão, luxúria, desejo, mais saudade e a vontade de nunca estar separado, tudo isso refletida em um jeito.

Passei meus braços ao redor do seu pescoço querendo o manter ali perto de mim por mais tempo. Deus, como eu senti falta dele. Quando meu pulmão reclamou pedindo por ar, nos afastei quebrando o beijo. Edward estava com a testa colada na minha, os olhos fechados e um grande sorriso no rosto. Eu dedicada meu tempo a observá-lo.

— Eu te amo – murmurou com a voz baixa e ofegante – Nunca se esqueça disso.

— Eu também te amo, sempre vou amar – respondo no mesmo tom.

— O que fazemos agora? Nunca reatamos um namoro na porta da sua casa – ele riu.

— Só... me leva pra casa – ele abriu os olhos, me encarando com olhos verdes confusos – Sim, apenas me leve pra casa.

Sorrindo, Edward segurou minha mão nos guiando para fora do elevador indo em direção ao meu apartamento. Um grande, feliz e enorme sorriso não deixava meu rosto.

Definitivamente, nós nunca saímos de moda.

F I M


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Comentem, me deixem saber o que acharam, vou adorar saber ♥
Qualquer coisa, vocês podem me encontrar no twitter, estou sempre por lá: @winterdxs

Até a próxima ♥