The Rise of Light escrita por Padfoot


Capítulo 1
O sequestro




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O sol batia diretamente na clareira onde se encontrava o pequeno grupo descansando ao redor de um acampamento, revezavam seus cantis de água. Era mais de meio dia, imaginou Lux. O colete de armadura era pouco convidativo durante o verão de Demacia.

— Vamos levantar acampamento, tem apenas mais um vilarejo que precisamos visitar e voltamos para o castelo. – Mortison disse levantando-se.

Lux, levantou-se imediatamente, seguida, preguiçosamente, do resto do grupo que agora desmontava as barracas armadas e juntavam suas coisas em grandes mochilas. Desde que começou a acompanhar as missões para fora da vila, Lux não arriscava de contravir uma ordem de Mortison. Ele a ajudara muito a convencer seus pais e irmão que ela já era completamente capaz de sair ajudar as patrulhas. Ficou um tanto menos atribulado quando ele disse que a teria em sua própria equipe. Mortison não aceitava qualquer um. Sua equipe era composta, naquele momento, por quatro homens que podiam muito bem ser confundidos com estatuas de mármore, davam quase o dobro da menina, seus rostos não havia harmonização, com as cicatrizes acumuladas durante o tempo de serviço, Erick, Lino, Gaut e Maut (que eram irmãos), além deles, um casal pequeno, mas ligeiro, de arqueiros também acompanhavam o grupo, Todd e Penelope, sendo quase sempre designados para vigia. E o próprio Mortison, que era muito maior que ela, tinha os ombros largos, corpulento, e, se Lux não o conhecesse muito bem, ficaria aterrorizada somente com sua presença. E era exatamente esse o objetivo da patrulha. Medo. Eles eram responsáveis por garantir que os pequenos vilarejos estivessem cumprindo as ordens do Rei e de Demacia, saíam pelo menos uma vez a cada semana para fazer patrulha. Muitas vezes Lux aceitava quieta algumas barbáries que seus companheiros faziam, visto que, mesmo destruindo algumas carroças, quebrando algumas portas eles não machucavam ninguém a não ser que tivessem que o fazer. E eles sabiam sobre o pensamento da menina, que não escondia o quanto se desagradava com seus métodos.

Naquela manhã, em específico, Lux estava se sentindo pior do que o habitual. Seu segredo dentro dela estava pulsando. Por muito tempo Lux escondeu, não somente da família e amigos, como de si mesma, seus próprios poderes. A Stemmaguarda que nascera com magia. Proibida no próprio reino, sua própria família a odiaria se soubessem. Ela não se atrevera a nunca tentar nada. Até o último ano. Como teria sido tão tola? Confiara em alguém com seu segredo, e, por muito tempo, lhe cedeu informações em troca de um pouco de liberdade, e, ironicamente, depois viria a perdê-la com a mesma intensidade. Sylas Dregbourne. Lux deu uma leve estremecida ao pensar no seu nome.

            - Tudo bem, Stemmaguarda? – Erick a observava de canto. Ele era o mais simpático dos quatro. Não que seus métodos fossem menos primitivos que dos outros, mas sempre tentava camuflar das visões da menina, normalmente muito má sucedido, já que Lux, apesar de normalmente quieta, se tornara muito boa observadora.

Ela não sabia o que lhe responder. Acenou com a cabeça e forçou um sorriso. Ela não estava bem. Há muito tempo não se sentia assim, se é que algum dia chegara a sentir tão forte. Parecia que sua magia estava gritando para sair. Por muito tempo a manteve presa, e, Lux que acreditava que a magia tinha uma vontade própria, após ter sido liberta, não queria voltar a ser presa, queria ser expressa, estava acumulada e queria ser gasta.

Eles saíram da clareira e alcançaram o pé de uma floresta clara e muito verde. Demacia era muito bonita nessa época do ano, com o outono chegando, tinha suas árvores repletas de folhas mescladas de marrom com verde, muitas vezes molhadas das rápidas pancadas de chuva que umedeciam o tempo. Sempre que o sol encontrava uma janela por meio das muitas árvores refletia na armadura prateada dos soldados que andavam balançando suas bagagens, descontraidamente conversando sobre algum assunto que não havia chamado atenção da menina. Lux estava um pouco mais atrás. Adorava sair para patrulhas, conseguia conhecer algumas pessoas, sempre que podia, ajudava a recuperar uma plantação ou outra, usava todo o seu conhecimento de livros para consertar o que conseguisse. Entretanto, naquele meio de tarde, não sentia nem um pouco ansiosa para chegar no próximo vilarejo. Todo seu corpo estava mais pesado, sentia que a qualquer momento iria vomitar, o sol parecia estar cada vez mais quente, sentia seu corpo ferver por baixo da armadura, enquanto um suor gelado escorria por suas costas.

— Estamos chegando? – Perguntou tentando não revelar sua voz enjoada e cansada.

Eles não precisaram responder. Lux paralisou no fim da floresta quando avistou o vilarejo. As pequenas casinhas teriam um tom muito alegre de cores se não estivessem desbotadas há muito tempo com pedaços descascados em preto, se aglomeravam ao redor de um pequeno fio de água que parecia ter sido um belo riacho. As plantações de arroz e milho eram mal distribuídas em um pedaço de terra acidentado, pequenas árvores secas se espalhavam ao redor das casinhas, mas não alcançavam nem mesmo a altura de suas janelas. Apesar de externar uma clara negligência, havia uma certa felicidade que pairava ali, todas as janelas estavam abertas, algumas eram ornamentadas com um pequeno vaso de flores ou mesmo uma toalha colorida, muitos se encontravam para fora de suas casas, até o momento, sem muita demora, que notaram a presença da equipe. Algumas mulheres que estavam na beira da água quando avistaram os cinco homens se aproximando, largaram os baldes com roupas e correram em direção de seus próprios abrigos, apavoradas, claramente, janelas se fechavam com um som alto da madeira batendo, o clima mudara completamente.

            Lux sentiu que aquilo não ajudou nada no mal estar. Seu estômago parecia dar mais voltas ainda, suas mãos e pés estavam encharcados. Sabia que ia ser um lugar em que ela arranjaria problema se seus companheiros tentassem alguma coisa, e não tinha certeza se podia lidar com isso naquele momento.

A equipe que se aproximara um pouco mais das casas, e logo pararam com o movimento de Mortison. Não havia mais ninguém a não ser os 5 homens enormes parados ao lado de fora. Nitidamente eles não eram nem um pouco bem vindos ali. Um senhor saiu pela porta de uma das primeiras casas, não parecia ter menos que 80 anos, estava arcado, acompanhado de uma bengala, o que lhe restara de cabelos eram todos brancos e ralos, tinha uma aparência meio doentia, seus braços e pernas evidenciavam todos os seus ossos. Mas isso não foi motivo para que não olhasse para os soldados com bravura, mesmo tendo consciência que um deles era mais que suficiente para quebrá-lo ao meio.

— Os senhores precisam de alguma coisa? – Sua voz não era tão firme, apesar de Lux perceber que tinha a intenção de mantê-la assim.

Mortison não respondeu. Olhou de cima a baixo para o senhor e para o resto da vila. Ergueu a mão esquerda, e logo Penelope e Todd apareceram deslizando por um morro a sua direita com sorrisos no rosto. Lux sentiu sua cabeça pulsar. Mortison se inclinou para Erick e cochichou alguma coisa que apenas o homem pôde ouvir. Aquilo não era normal. Erick assentiu com a cabeça, deu um sorriso malicioso para o senhor parado a sua frente, pegou a bagaem de seus companheiros e se virou na direção em que ela se encontrava parada.

— Mortison percebeu que você não está muito bem, pediu para acompanhá-la até a carroça que voltaremos para casa. – Erick era sempre simpático, entendendo sua mão para que Lux pudesse lhe acompanhar. Mas ela não tinha intenção de abandonar aquele lugar.

— Eu estou ótima. – Disse tentando contornar o homem a sua frente. Mortison estava conversando alguma coisa com o senhor, e Lux queria ouvir, mas Erick colocou seu braço entre os dois.

— Ele insiste. – Ele não estava mais tão simpático. Lux notou que alguma coisa estava muito errada. Franziu o cenho para o homem enorme a sua frente, e sem pensar duas vezes escorregou por baixo de suas enormes pernas. E correu para a direção onde estava o senhor.

Tudo aconteceu muito rápido. Enquanto ela tentava se aproximar dos companheiros, cinco pontos de luz de lugares diferentes atingiram em cheio o comandante, que caiu para o lado. Lux congelou. Era magia. Por alguns demorados segundos pensou que pudesse ter feito isso, que saíra dela. Mas sua agonia foi refutada imediatamente quando os três enormes homens foram cercados. Ela conseguia ver claramente, cinco ou seis pessoas que se aproximando, Todd e Penelope não estavam em posse de seus arcos mais, mas Gaut, Maut e Lino ainda empunhavam suas espadas. Ela olhou para trás e Erick estava caído no chão com alguém lhe apontando a própria espada. Parecia que tudo estava girando. Ela tinha certeza de que estava prestes a vomitar, seu coração palpitava apressado, sentiu seu suor começar a escorrer pelo rosto. Foi quando ouviu uma risada. Achou que estivesse delirando. Só podia estar. Pensara nele pouco tempo atrás, por isso estava ouvindo sua risada. Com toda consciência que conseguiu juntar, olhou em direção de onde o som da risada vinha. Seu coração parou de bater por um segundo. Parado em cima de Mortison, com um dos pés apoiados em seu dorso, sorrindo, o que Lux sabia que era um sorriso vitorioso estava quem ela achou que nunca mais veria. Seus cabelos estavam mais limpos e rentes no corte, mas ainda morenos e bagunçado, levava ainda em seus braços as duas correntes enormes.

— Eu realmente achei que meu informante havia se enganado. – Sylas olhou na direção de Lux.

Ela tentou falar, mas percebeu que se abrisse a boca iria vomitar. Caiu sobre seus próprios joelhos, mas se forçou a não fechar os olhos. Não podia. Respirou fundo, e tentou se levantar, sem muito sucesso. Parecia que estava sufocando.

— Ajudem ela, tirem sua armadura. – A ordem de Sylas foi obedecida em segundos.

Alguém desamarrou sua armadura fazendo-a cair na terra emitindo um barulho que ecoou em sua cabeça. Mas aquilo ajudou, sentiu-se mais livre. Inesperadamente uma concha de água foi jogada em sua cabeça, e pareceu que descia apagando um fogo ardente assim que passou por seu rosto. Ela piscou forte, percebeu que havia recuperado boa parte de seus sentidos. Levantou-se com muito esforço. Nesse meio tempo o número de pessoas a volta havia aumentado demasiadamente. Alguém lhe oferecera um braço para que ela se mantivesse em pé, ignorado pela menina.

— Não os machuque. – Um sussurro fraco e bem menos autoritário do que Lux pretendia saiu por seus lábios. Sylas sorriu.

— O que você acha que eles iam fazer, Luxana?

Lux tentava se manter em pé de todos os jeitos. Ela era a única que não estava cercada com alguém apontando para seu rosto ameaçadoramente. Mortison ainda estava desacordado.

— Eu não ia deixar. – Lux havia dado alguns passos na direção do riacho, mas caíra novamente, e viu que o mesmo braço ainda estava estendido para ajudá-la. Levantou-se sozinha, apoiada em suas próprias pernas fracas e bambas. – Você sabe que não.

— DEIXE ELA IR! – Lino gritou, sendo silenciado com o que Lux imaginou ser um tapa.

— Fique quieto, porco imundo. – Uma voz feminina falara.

Quando conseguiu se aproximar o máximo que conseguiu de Sylas, caiu novamente em seus joelhos. Pôde perceber que suas correntes tinham sido adaptadas, uma espécie de manopla branca tinha sido alojada em seus fortes punhos, e penduravam-nas por um gancho de ouro. A peça era muito bem feita.

— Não está sentindo-se muito bem, não é centelhazinha? – Falava em uma altura que somente quem estava muito próximo poderia ouvir. Tirou a espada da bainha de Mortison, e apontou-a para o pescoço do homem. Lux deu um gemido. – Nosso vilarejo tem um certo reforço de magia. – Ele olhava para Mortison ainda. – Acho que você deve estar se sentindo péssima porque está acumulada há muito tempo, e, bem, nosso reforço faz com que a gente possa intensificar a quantidade de magia a nossa disposição. – Ele sorriu de canto e então olhou para os guardas a sua volta. Seu sorriso aumentou, e, em um movimento que parecia muito bem ensaiado, mudou a direção da espada do pescoço de Mortisson, para mais perto de Lux, apontando-a para o pescoço da menina. Uma comoção acontecera ao seu redor. Erick tentou correr em sua direção, e foi jogado para trás com uma força que Lux não achou que era possível. Os três soldados estavam desarmados agora, e Todd e Penelope ao chão. O sorriso de Sylas parecia ainda mais vitorioso. – Não vou matá-la, ah não! – Soltou uma risada feliz. – Ela vem com a gente.

Lux não conseguia respirar direito. Por entre as pernas de Sylas, viu que Mortison estava acordando. Não fora a única que percebeu. Imediatamente ele se virou para o comandante e apontou novamente a espada para seu pescoço.

— Amarrem-na.

Novamente suas ordens foram seguidas muito rápida, e três pessoas dessa vez se juntaram, mas Lux sabia que não seria necessário mais do que uma para segurar seu corpo sem força alguma. Ela tentava com todas as forças manter os olhos abertos. Não podia deixar que os matassem.

— O que faremos com estes? – Novamente a voz feminina que havia silenciado Lino se pronunciou, e Sylas não se virou, continuou observando Mortison atordoado aos seus pés.

— Sylas, por favor. – Lux olhava diretamente para ele, que virou o rosto em sua direção. Há muito não encarava seus olhos castanhos esverdeados. Ela tinha os olhos marejados, seu suor frio escorria pela bochecha. Sentiu seu corpo ficar mais pesado, e sua mente mais leve. – Por favor.


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