Aquela noite, como na maioria das noites de casado com sua Betty, Armando havia possuído sua amada da mais diferentes formas, hora ternamente outras vezes agressivo, mas sempre com muito amor. E assim foi até a exaustão. Estavam dormindo nus, coisa que não faziam em casa há muito tempo, pois desde que Camila nasceu, depois de fazerem amor, vestiam pijamas, pois tinham receio que os flagrasse como vieram ao mundo. Haviam decidido que quando a menina estivesse em casa, sempre dormiriam comportados, por mais apaixonada que tivesse sido a noite. Logicamente que, às vésperas de completar oito meses, a Milinha não andava, mas como já engatinhava, era um passo. 

Assim, estavam agarradinhos, nus e de conchinha.  Cada vez que Betty se mexia tocava-lhe involuntariamente e ele acordava e quando a via assim se excitava, a acariciava e voltava a dormir. Em seus sonhos fazia amor com Beatriz.

Mas agora Armando estava sozinho, tateava a cama, meio dormido e ela não estava lá. Tampouco tinha forças para acordar e procurar por ela, assim, continuou seu sono.

—Ela não está mais, não é?

—Quê?

—Sua monstrinha! Não adianta! Sempre fui eu seu amigo, que esteve a seu lado. Nem seus pais te apoiavam! Só eu seu fiel amigo!

—Caldeirón?

—Qual outro? Hum, dorme pelado, tigre?

—Passei a noite fazendo amor com minha Betty...

—Me admira que ainda tenha este fogo todo com sua mulher depois de dois anos.

—Pois cada vez tenho mais. Basta que me tive e ... NÃO TE INTERESSA!

—Olha, durma o ogro!  Ela aguenta estes gritos, eu não Aliás, não aguenta mais, pois se foi.

—Não.

—Sim.

—Mas estou aqui, irmão. Podemos levar nossa vida como antes. Sabe, as modelos, uma a cada noite! Ou duas, como preferir, tigre faminto!

—Não.

—Desde sempre tem sido assim. Não é homem de uma mulher só.

—Eu mudei. Creio que na verdade, sempre quis isso: um casamento como o de meus pais, felizes com filhos.

—Isto não é vida para você. Lembra como passávamos bem?

Aparecem cenas de Armando e Mario desde quando brincavam de bola, na escola, no clube, depois na adolescência com as mulheres mais lindas, as juventude, uma vida de farra e festa. 

—Nunca fui feliz!

—Sim, se digo que era, é porque era e agora está assim: até engordou!   Cadê aquele corpo esbelto e sexy que conheci?

—Solte-me! Às vezes penso que é do time de Hugo.

—Pois sei que me ama.

—Comporte-se, Mario. Meu Meu negócio são as mulheres.

—Ótimo!

—Quero dizer, meu negócio é minha mulher!

—Não me engana. Sabe, Armando nem tudo está perdido. E agora que Betty te largou, pode voltar a viver!

Várias mulheres que Armando teve desde a juventude aparecem e começam a agarrá-lo, enquanto Mario ri.

—Me deixou? Betty!  Beatriz! Não!

Armando acorda suado e gritando.

—Que foi, meu amor?

—Na-na- nada!

—Teve um sonho ou melhor um pesadelo?

—É...

—Quê? Sonhou comigo de feia?

—Isto seria um sonho lindo e se veria divina.

—Só você mesmo!

—E nunca foi feia!

—Sei...  Mas o que sonhou? 

—Er, não lembro.

Logicamente, lembrava, mas não queria falar de Mario, pois poderia pensar que ele sentia falta do amigo e mais ainda rodeado de mulheres. Não, não sentia a menor falta da outra vida. Mas era só um pesadelo e não podia controlar.

—Beatriz onde foi? Acordei e não te vi.

—É que fui ao banheiro e tive fome. Me deixou sem energia, Armando!

—Deite aqui, deixe-me abraçá-la.

A aperta contra ele.

—Sonhei que tinha me largado. Não sai assim não.

—Nunca vou largá-lo!

—Não sei, sou insuportável, às vezes!

—É divino sempre! Muito!

Ela o beijou na testa (um tempão) e no rosto todo.

—Sim, Beatriz! Foi horrível.

—Estou aqui.

Armando sorri, mas a cara de cínico de Mario não sai de sua cabeça.

Beatriz adormece nos braços fortes de remando.

—Sai, idiota. Jamais te aceitaria para destruir minha vida. Esta é a mulher que amo e a única que desejo e nada, nem ninguém pode mudar isso!