Feliz Dia Das Mães escrita por Carol McGarrett


Capítulo 2
Feliz Dia das Mães, Jennifer Shepard


Notas iniciais do capítulo

Porque mãe adotiva ou de coração também é mãe!!



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Eu tinha procurado por todos os lados, tinha sondado por dias. E nada, eu não descobri o que minha mãe queria de Dia das Mães. Se eu perguntasse diretamente, ela diria que não queria nada, que não precisava de nada. Era a mesma história todos os anos. O mesmo dilema, assim eu sempre tinha que improvisar.

Me levantei cedo, esse domingo tinha um ritual especial, primeiro ia ao túmulo onde a minha mãe número 01 estava. Para ela não havia presente especial. Eu sempre escolhia o buquê mais bonito com as flores mais coloridas para colocar para ela, e passava um bom tempo contando o que havia acontecido nos últimos dias. Depois, da nossa milionésima despedida, era hora de visitar outra mãe. Aquela que nunca conheci pessoalmente, mas que também merece um presente nesse dia, parei na frente da sepultura de Shannon e Kelly, e deixei um buquê de rosas bem vermelhas para Shannon, papai uma vez mencionou que eram as favoritas dela. fiquei um pouco ali, conversei com as duas e prometi cuidar muito bem do Marine. Assim que me despedi, prometendo voltar logo, era hora de ir para casa e mimar a minha mãe número 02, ou a mamãe.

Para quem não sabia da história de verdade, nem imagina que o casal Shepard-Gibbs tinha me adotado, a grande maioria das pessoas apenas fala que eu saí a cópia da minha mãe. E nós deixamos assim mesmo, a explicação ainda é dolorosa demais.

Assim, depois que cheguei do cemitério, vi que tinha um bilhetinho para mim.

A letra apressada da minha mãe me dizia que uma emergência nacional a tinha chamado na CIA. A parte dois do bilhete era o meu pai explicando que tinha um caso também.

E vamos passar o domingo sozinha.

Mas algo me incomodava.

Sim, eu tinha um presente para minha mãe, andei até atrás dele em D.C. mas só fui encontrar na internet, as coisinhas chegaram dias atrás, e estavam devidamente escondidas no meu quarto. O presente da Ziva, Delilah e Breena também já estavam comprados. E mais tarde eu sairia para entregar.

Acontece que que queria fazer algo especial para minha mãe. Algo que realmente contasse. Um abraço e um presente não significam todo o amor que tenho por ela, eu queria que o gesto importasse.

Gesto...

O que mais poderia deixar a Poderosa da CIA feliz se não fosse...

DOCES!!

Não doces quaisquer. O agradinho era um só. Aquelas coisinhas coloridas e deliciosas que chamam de macarons!

Eu sabia a receita praticamente de cor, era difícil de fazer, com certeza, daria trabalho também, mas eu tenho certeza de que dou ainda mais trabalho do que alguns biscoitinhos franceses.

Dei uma olhada nos ingredientes... faltava só o corante e o chocolate, o resto eu tinha aqui.

Peguei o carro, corri no supermercado. Lá comprei uma coisinha para meu pai também. Afinal ele merece. E voltei para casa.

A receita era cheia de melindre, cheia de frescura, levei mais tempo fazendo isso do que levaria se quisesse ir de carro para Stillwater. No meio do dia, papai ligou para ver se eu estava viva, e contei para ele o que estava aprontado. Ele só deu uma gargalhada e disse:

— Ele vai comer todos e depois reclamar que engordou. E guarde alguns no porão para mim.

— Pode deixar. E assim que eu estiver saindo para Langley eu aviso.

Ele desligou antes de se despedir. Estranho.

Depois dos biscoitos ficarem prontos, era hora dos recheios.

Eu amo doce, e adoro fazer, acontece que...

Minha mãe vai me matar ao ver essas panelas... foi eu me distrair com o Twitter por cinco minutos, - mas cá entre nós, depois de esquecer a senha do Twitter por sei lá quanto tempo, o Tom Hiddleston deu o ar da graça na conta dele, e isso é motivo para comemorar com fogos! - e lá foi o doce queimar o fundo da panela...

Deveria ter comprado um novo jogo de panelas de Dia das Mães, pensando bem, talvez não, mamãe detesta ganhar coisas para casa e se eu fizesse isso, ela, com certeza, me daria uma panelada na testa, igual a Aurora de Enrolados...

Experimentei o doce, não tinha gosto de queimado. Menos mal. Agora era pegar para rechear.

Tirando o fato de que eu queimei cada ponta dos meus lindos dedinhos para poder desinformar os biscoitos e também rechear aquelas coisinhas -  e nem vou falar no quanto que eu comi, - tudo estava dando certo.

Mas até agora o motivo para eu ter cismado de ter feito macarons de seis cores diferentes ainda é desconhecido para mim. O grande problema era que eu tinha que limpar toda essa bagunça, já que a cozinha de casa estava mais colorida que jardim de infância.

Na verdade, parecia que uma criança tinha passado com uma caixa de giz de cera na parede. Eu deveria ter tido mais cuidado.

Uma hora e lá vai bolinha depois, achei que tinha terminado tudo. Até que olhei para o meu cachorro.

Ice, que é todo branquinho, estava cheio de manchas coloridas, como se ele tivesse ido a uma rave muito louca e batido em vários tambores com tinta.

— Onde foi que você se meteu para ficar desse jeito?

Lógico que cachorro não responde, ele só saiu correndo pela casa – mesmo velho e quase cego, ele é teimoso que dói – e deixou tudo sujo.

Não ia ter jeito, a pedida do dia era dar banho em um enorme husky que não pode tomar banho.

 Era mais fácil eu esperar a minha mãe chegar em casa para dar o presente dela....

Um banho em um Husky e em mim e uma faxina linda na parte de baixo da casa, eu estava pronta para entregar as minhas encomendas.

Primeiro passei no apartamento da Família McGee. Delilah estava igual doida atrás dos gêmeos. John estava impossível, mas ela tinha um sorriso tão feliz no rosto que acho que era o que ela mais queria naquele dia. A casa da Família Palmer foi mais tranquila e como todo ano, Breena sempre fica toda sem jeito quando apareço com as lembrancinhas.

Agora eu tinha um dilema, ou passava no NCIS e entregava o presente de Ziva e deixava alguns macarons por lá ou ia direto ver a minha mãe... Melhor a primeira opção.

Cheguei no andar da sala do esquadrão, não tinha ninguém lá. Que maravilha. Parei na mesa da Ziva, deixei o presente dela e uma caixinha com macarons, com o devido bilhetinho.

Deixei os docinhos na mesa de cada um e na mesa de meu pai um pequeno presentinho, garantindo a ele que a fornada dele estava muito bem guardada no porão.

Logo que terminei por lá, e ninguém apareceu, me dirigi para Langley.

Cantei a viagem inteira, e uma certa hora, estava no semáforo, esperando pacientemente que ele abrisse quando paguei aquele mico. Me esqueci que as janelas estavam abertas e me empolguei cantando Love Runs Out do OneRepublic... aí, quando olhei para o lado, a senhorinha do carro à minha esquerda estava rindo... eu só dei boa tarde e torci para o semáforo abrir, o que demorou a eternidade e quanto mais eu sentia o olhar dela e agora dos demais ocupantes do carro também, em mim, mais vermelha eu ficava.

Graças a Odin abriu e eu acelerei o máximo que podia, mal sabendo que minha dor de cabeça estava apenas começando.

Já em Langley, parei no portão, me identifiquei. Revistaram o carro e me pediram para esperar. Levou mais de meia hora para que alguém viesse me informar que eu teria que esperar um pouco mais.

Até para dar informação a CIA é misteriosa. Senhor.

Fiquei dentro do carro ouvindo música e tomando todo o cuidado do mundo para não começar a cantar alto, não precisava de outro mico no dia.

Uma hora depois – e eu sem paciência – me permitiram entrar.

Dei de cara com Cynthia na porta, sim, quando mamãe voltou a comandar alguma coisa, a primeira pessoa que ela chamou para ficar do lado dela foi Cynthia – claro, se meu pai tivesse a intenção de ser espião da CIA, seria ele, mas o grande Gibbs gosta é de aterrorizar a Marinha e os Fuzileiros, não o resto do mundo.

— Oi Cynthia, boa tarde! – A cumprimentei e entreguei uma caixinha com macarons para ela.

— Boa tarde, Liz. Foi um custo liberar a sua entrada aqui hoje.

— Por que não avisaram? Eu teria voltado para casa.

Cynthia deu uma risada.

— E desde quando a sua mãe abre mão de uma visita sua, ainda mais hoje? Venha, você foi classificada como importância nacional por ela, fique à vontade.  – Ela abriu a porta do escritório de mamãe para mim.

Sem ninguém para me vigiar, fui dar uma de doida e me sentei na cadeira da Diretora. Pelo menos assim eu poderia fingir que era importante.

Virei para a janela, estranho dizer que, vendo o prédio do lado de fora não parece ter janelas, já do lado de dentro, é uma maior do que a outra, e fiquei tão distraída que quando dei por mim, levei um susto, minha mãe parou atrás de mim, colocou a cabeça no meu ombro e soltou:

— O que tem de tão especial para receber uma visita sua em um domingo?

Desnecessário dizer que caí da cadeira e levei a dita cuja para o chão comigo!

— Por que a senhora sempre faz isso? – Falei ainda do chão.

E minha mãe, que sempre adorou me colocar em enrascadas, apenas sorriu.

— É meu papel de mãe. Mas me diga, o que está fazendo aqui? – Ela estendeu a mão para me ajudar.

Não larguei a mão dela quando me levantei, ao contrário, a puxei na minha direção e dei um abraço apertado nela. E não satisfeita, comecei a pular em círculos, e ela teve que me acompanhar.

— FELIZ DIA DAS MÃES, JENNIFER SHEPARD!  - Falei ainda pulando.

Quando paramos de pular, ela ainda teve o espírito de soltar.

— Esse nosso abraço ficou igual ao Deita e o Rola de Vida de Inseto.

Tive que acompanhar a risada dela.

— Ainda bem que ninguém viu, então.

— E aí, o que trouxe para mim?

— Credo. Não trouxe nada. Eu sou o presente. – Fingi estar ofendida.

— Não me faça procurar, Elizabeth.

— Tudo bem. – Fui até o sofá e peguei as duas sacolas.

Mamãe faltava pouco começar a pular de tão ansiosa.

— Quantos cafés a senhora tomou hoje? – Perguntei ao ver o estado agitado dela.

— Muitos. É uma emergência nacional.

— Falando em emergências nacionais. Eu sou uma agora?

— Você sempre é, nunca se sabe o que você vai aprontar, Liz. Agora, será que a mocinha pode se apressar, eu quero saber o que tem aí.

Pensei em fazer hora, mas achei melhor evitar que ela ficasse ainda mais agitada, ela não faria nada comigo, mas coitado da pobre alma que a deixasse nervosa mais tarde! Assim, entreguei o embrulho com o presente oficial e os agradinhos que tinha feito.

Nessas horas minha mãe é engraçada, e tem um radar para comida, porque a primeira coisa que ela abriu foram os macarons.

— Eu vou engordar uns dez quilos com isso! – Ela falou assim que viu os docinhos na caixa. Mas não deixou de pegar um e comer.

E ponto para Leroy Jethro Gibbs! Ele acertou mais uma!

— Onde comprou?

— Mãe! Eu que fiz!

Ela arregalou os olhos.

— Que? Noemi me ensinou muita coisa na cozinha! – Me defendi.

— Está tudo inteiro por lá? – Ela perguntou colocando outro macaron na boca.

— É claro, mãe! – Me joguei na cadeira mais próxima, descrente que ela poderia achar que seria capaz de explodir a casa.

Ela colocou a caixinha na mesa e começou a escolher o sabor do próximo. E era pior do que criança, apontava para um, falava que não, apontava para outro, e desistia.

— Mãe... – Tive que trazê-la de volta a esse mundo.

— Esse aqui! – Ela me mostrou o macaron que comia. – Está idêntico a um que comi em Paris. Onde você achou a receita?

— Agradeça à Ana Maria Braga por isso.

— Ah, eu vou.

— Não vai abrir o outro presente.

Ela olhou para o embrulho como se tivesse esquecido que ele estava ali.

— Não me diga que é uma balança! – Ela brincou.

— Eu posso ser lesada às vezes, mamãe, mas não sou suicida.

Ela abriu com interesse.

Tirou a primeira caixa e a abriu. Depois deu uma risada.

— Agora ninguém rouba meus copos de café ou os joga fora. Muito menos o seu pai. – Ela falou olhando para o copo térmico personalizado que mandei fazer. Não vou dizer para ela que papai também ganhou um...

Aí ela abriu os outros dois. Era em um embrulho só.

Ela vivia reclamando que a pasta dela estava velha e gasta, que as pessoas viviam pegando a caneta dela e não devolvendo e, fora que nunca conseguia achar nada dentro da bolsa. Acho que consegui resolver o problema dela de uma única vez.

Dei um jeito de mandar fazer uma pasta sob medida para ela. Cabia os arquivos que ela tinha que carregar, ainda tinha onde por o celular, o tablet e um bloco de anotações. Isso sem falar na caneta. Era um tanto nada formal, mas peraí, depois dos óculos de leitura vermelhos com cristal adornando, que mal fazia a caneta da Diretora da CIA ser uma cheia de cristal Swarovski? Nenhum né? E tinha um agradinho no zíper da pasta, um minúsculo chaveiro, também de cristal no formato de um veleiro. Eu sei que ela entenderia a referência.

E ela ficou encantada com o detalhe. Acho que gostou mais do mimo do que do presente em si.

— E então? – Perguntei.

E minha mãe chorava. E isso eu não entendi.

Ela deu dois passos e me abraçou apertado.

— Obrigada. - Ela sussurrou.

— De nada. Não sabia que a senhora iria ficar tão ...  – eu não sabia definir o que estava acontecendo.

— Não é pelo presente. Céus, é claro que eu adorei. Se fosse só os macarons, ou não fosse nada, só de você estar aqui já bastaria, Liz. Eu estou te agradecendo por você me deixar ser a sua mãe. Por você me chamar de mamãe. – Ela me deu um beijo na testa.

Então era isso.

— Eu quem agradeço, mãe. – Agora quem tentava não chorar era eu. – Obrigada por me aceitar como sua filha! - E lá estávamos nós duas chorando.

— Quer saber. – Mamãe me soltou e olhou para o relógio. – Acho que posso dar o dia como encerrado. – Você me dá uma carona?

Comecei a rir.

— O seu carro está lá fora. – Dei de ombros.

E minha mãe pegou o casaco, a bolsa e os presentes, equilibrando tudo em um braço só, depois me pegou pelo braço e saímos nós duas pelos corredores da CIA, ela toda feliz, mostrando os presentes.

Nossa viagem até em casa foi barulhenta, ela escolheu uma playlist no Spotify e fomos cantando as músicas, o som estava tão alto que quando paramos na porta de casa, papai saiu da sala e veio nos receber na porta, achando estranho toda aquela barulheira no início da noite de domingo.

 - Oi Jethro. – Ela o cumprimentou com um beijo no rosto. – Pode ir dividindo os macarons que a Liz fez e deixou para você. – Disse ao passar por ele.

Papai me olhou como que me perguntando porquê eu tinha contado. Antes que eu abrisse a boca, porém...

— Liz não me contou, a sua boca está suja com farelo rosa, então onde estão?

Ele olhou espantado para ela que já tinha se jogado no sofá.

— Acho bom o senhor dar o que ela quer... – avisei.

— Ou? – Ele me desafiou.

— Vou vasculhar o seu porão. – Ela informou muito inocentemente.

Papai pensou por um tempo e depois abriu o armário onde colocamos nossos casacos.

— Mas aí? – Perguntei incrédula.

— Onde mais a sua mãe não iria mexer em plena primavera? – Ele deu de ombros.

Mamãe estendeu os braços para pegar a caixa, com os macarons acomodados no colo dela, ela bateu com as mãos no sofá, cada uma de um lado.

— Venham. – Nos chamou.

Nos sentamos cada um do lado, papai me olhou por sobre a cabeça dela, e eu entendi o que ele queria fazer.

Ela abaixou para pescar outro macaron, e quando ela levantou a cabeça, cada um deu um beijo em uma bochecha dela.

— Feliz Dia das Mães, - Falamos!

— Agora sim, isso é que é dia das mães! – Ela falou feliz. Passamos o restante do domingo assim, e já estava planejando o que faria no dia dos pais...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Um Feliz Dia das Mães para quem é mãe!
Muito obrigada por lerem!
Até a próxima!!



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