Feliz Dia Das Mães escrita por Carol McGarrett


Capítulo 1
Feliz Dia Das Mães, Emilly Prentiss


Notas iniciais do capítulo

Um Feliz Dia das Mães para você que lê as minhas histórias e já é mãe.
E para quem acompanha essas duas encrenqueiras, espero que gostem!

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790368/chapter/1

Dessa vez não tem erro, eu comprei tudo antecipadamente e chequei duas, ou melhor, três vezes a receita. Está tudo aqui, até mesmo a caixa de band-aids e de primeiros socorros – que eu sei que vou precisar!. Então, literalmente, mão na massa, Elena Prentiss-Hotchner, porque esse bolo não vai se fazer sozinho.

É até engraçado, achei que poderia fazer esse bolo de madrugada... a ingênua aqui pensou em acordar às três da manhã – ou não dormir também seria uma opção – só para que minha mãe pudesse comer esse bolo na hora do café.

Acontece que foi ela quem me acordou mais cedo. Aconteceu qualquer coisa no FBI e precisavam dela e de papai por lá. Não tinham hora para voltar...

São nove da manhã e estou aqui olhando para o forno, tentando entender como vou acender essa porcaria sem queimar a minha mão.

Sim, a receita manda acender o forno antes de começar a fazer a massa para que ele vá aquecendo e assim não deixe o bolo corado por cima e cru no meio.

E não me perguntem como isso é possível, essa magia está muito além das aulas que tive com a professora Minerva McGonagall!

Já tentei de tudo, como não consegui, vou recorrer ao pai dos inteligentes, senhor supremo dos necessitados por informação, salvador master de todos aqueles que estão com trabalho atrasado na escola: o PAI GOOGLE!!

Digitei a marca e o modelo do forno e acabei por saber que posso ligar o danado na tomada e apertar um botão que ele acende o forno misteriosamente sem que eu precise queimar o meu dedo. Ah, essa tecnologia avançada chamada cozinhar!

Forno ligado, dei uma olhada na bancada... tudo estava ali, era só começar com....

É claro, os ovos! Primeiro se bate os ovos, depois os mistura com o açúcar, aí vem... vem o que mesmo?

Não, pera, é o açúcar com a margarina, depois vem os ovos... acho que é isso!

Comecei por essa ordem, rezando para ser a certa... mas parece que está faltando alguma coisa!

Mas é claro! Música! Não tem como cozinhar sem música.

Se meu pai estivesse aqui, com certeza ele diria que eu nunca cozinhei na vida para saber se música é ou não necessária! Ainda bem que não está, ele ainda não se recuperou do trauma que foi quando eu cismei de fazer o jantar no ano passado. Quem diria que um mísero jantar poderia me por na cadeia!

Trocando de assunto, voltemos ao bolo...

Açúcar, margarina, ovos, maisena – bater até dar bolhinhas...

Como assim bolhinhas?!! Que raio de receita doida é essa? Deixa pra lá... eu acho que estou vendo algumas aqui na massa... espero que seja isso, e não que tinha algo estragado no meio dos ingredientes...

Agora vem a farinha e mandam bater até dar as benditas bolhinhas... eu juro que tinha que ter um curso para a tradução dessas coisas, é complexo pra caramba, não me espanta que mamãe seja uma péssima cozinheira.

Depois da farinha ser colocada – e de perder o meu braço de tanta força para bater esse bolo! Seria bom acrescentar o risco de Lesão por Esforço Repetitivo que é bater um bolo à mão na receita... – vem o leite – agora eu tenho que bater devagar... pelo amor de Deus, esse povo não se decide! – Assim, estou mexendo delicadamente essa massa como se a minha vida dependesse disso.

Agora falta as gotas de chocolate e o fermento, que eu também não posso bater com força... coisa cheia de frescura que é cozinhar...

Ótimo, a massa está pronta e, milagrosamente, ninguém se feriu enquanto eu a fazia! Tô virando uma verdadeira Chef!

Próximo passo é:  Despejar em uma forma untada e esfarinhada.

E como eu faço isso?! Forma antiaderente não serve não, moço?

Procurei no Google e não serve não. Vou ter que sujar a minha mão de margarina....

Forma – e eu – estamos devidamente esfarinhados e untados. - Eu tô linda! Parece até que vou fazer teste para ser o Gasparzinho!! – Hora de despejar a massa.

Massa no forno, diz a receita que são quarenta minutos no forno médio. Só que não tem a opção “médio” no forno daqui de casa! Só tem números! E o pior, tem uma continuação ainda mais pirada:

Ou conforme funcionar o seu forno.

Helllooooo! Eu não sei como esse forno funciona, bonito! Eu só tô tentando fazer um agradinho para minha mãe que está trabalhando e hoje é o da dela!

Mesmo assim enfiei a massa no forno e estou pedindo a todos os deuses que me iluminem e me digam quando vai estar pronto. Ou eu posso perguntar para a Palmirinha! Ou a Ana Maria Braga!!

Brincadeiras à parte – ou não, pois a resposta veio do site da Palmirinha (Olá amiguinhos!) – é só ver quando o bolo está corado ou dourado – aquela coisa não é a Garota de Ipanema para ficar dourado, mas vá lá, eu já disse que esse linguajar de cozinheiro não é o meu forte – e depois é só pegar um palito de dente e ir fincando pelo bolo afora, se sair tudo limpinho, o bolo está pronto e eu posso tirá-lo do forno.

Agora eu te pergunto, não era mais fácil ter falado isso o tempo todo? Mas é claro que a galera tem que ficar inventando expressões confusas para cozinheiros iniciantes como eu...

Com essa parte resolvida, tenho que fazer o recheio e a cobertura, hoje é dia das mães e não tem essa de que está de regime. Vamos de brigadeiro mesclado no recheio e de muito chantilly na cobertura!

O brigadeiro foi fácil de fazer, sim, nisso eu sou expert, que garota não precisa de uma panela de brigadeiro naqueles dias, né? Até meu pai sabe disso e fica feliz quando me vê chorando abraçada a uma panela dessas, afinal isso prova duas coisas: primeiro eu não estou grávida do meu namorado que tomou doril e não deu sinal de vida nesse dia, segunda, eu não vou chorar no ouvido de papis.

Agora o chantilly vai requerer uma perícia específica com a batedeira. Formalmente ainda não fomos apresentadas. Sei que ela existe, ela sabe que existo, mas nossos caminhos ainda não se cruzaram,

Até hoje.

Fui atrás da minha mais nova BFF. Peguei a lindeza da mamãe e comecei a lavar o que ia precisar, sempre é bom higienizar tudo. Com ela montadinha em cima do balcão, fui ver como transformava o conteúdo de uma caixinha em uma linda cobertura de bolo.

Basta acrescentar 500 ml de leite para cada caixinha.

Eu tenho duas, conta fácil, eu não fugi da escola!

Fiz o que me mandaram. Mas e o ponto do bendito?

Diz os cozinheiros da internet que basta levantar um pouco a batedeira para se testar. Com ela ainda ligada, porque não pode parar de bater...

PARA QUE EU FUI FAZER ISSO?!!!!

Tem chantilly até no teto da cozinha!!! E nem vou comentar a minha cara. Agora eu deixei de ser o Gasparzinho e vou entrar para a Família Cullen, tô mais fantasmagórica que o Jasper!

E pergunta se esse é o ponto do chantilly?

Não sei, só sei que será esse porque eu estou falando.

Epa... acho que esqueci do....

MEU BOLO!!!

Abri o forno morrendo de medo do coitado ter virado Conde Drácula depois de pegar um solzinho, ainda bem que ele estava...

E não é que essa coisa realmente fica dourada!? Gente que coisa louca! Fiz o teste do palito de dente e ele está cozido. Que orgulho de mim mesma!

Agora vinha o recheio. Eu teria que partir o bolo no meio, passar o recheio em cima de uma das partes, colocar a outra por cima do recheio e depois vir com o chantilly.

É mais fácil falar do que fazer...

Partir não foi problema, nem espalhar o brigadeiro mesclado... isso foi moleza, e olha que sou eu, Elena, quem está falando!

Difícil foi “colar” a outra parte exatamente em cima. Parece até engenharia de foguete! O treco fica escorregando de um lado para outro! Até que... quebrou! Bem no meio.

Ótimo, agora eu tenho um bolo Frankenstein na mão. Tá todo cheio de rachadura.

Depois de muito gritar e xingar o bolo, consegui empilhar a segunda parte sem mais nenhuma cicatriz. Era hora de passar o que restou do chantilly e decorar com os morangos.

Assim, não ficou um bolo que eu colocaria na vitrine de uma padaria, mas gente, fui eu quem fiz, e o chantilly ficou uma delícia. Sobrou um pouquinho para experimentar.

Até que ficou bonitinho, espero que chegue inteiro no prédio...

Sim, essa é a parte três, a segunda é limpar essa cozinha que está parecendo... eu nem sei o que isso tá parecendo!

Como eu vou tirar o chantilly do teto eu não sei, mas o teto é branco e talvez ninguém perceba afinal, até porque, euzinha e uma escada, para limpar um teto... é uma viagem para o pronto socorro na certa!

—----------------------

Levei mais tempo limpando a cozinha do que fazendo o bolo, a parte boa, o chantilly deve ter endurecido o suficiente para que ele não derreta pelo caminho e saia manchando o estofado do carro de mamãe... Imagina se isso acontece!

Estou pronta, de banho tomado, não sou mais uma integrante da Família Cullen e só tenho mais uma coisinha a fazer.

Peguei o presente oficial que comprei para mamãe, além, é claro, de pratinhos, garfinhos. Não pensei na bebida, mas deveria ter pensado... anyway, vai ter que ser assim.

Vasculhei a casa inteira até encontrar a chave do carro, já tinha a minha carteira de motorista de volta e é só seguir as leis de trânsito até o meu destino. É domingo afinal de contas, nada vai dar errado!

Ou será que daria?

—------------------

Quarenta minutos de muito cuidado depois, eu parava do outro lado do Hoover Building. Olhei para o banco traseiro, o bolo estava intacto dentro da boleira de cristal que eu tinha comprado exatamente para essa ocasião.

A turma aqui já me conhece, apesar de que eu passei de “A Diabinha da BAU” para a “Dor de Cabeça do Diretor” nos últimos anos. Mesmo assim liguei para o dito Diretor para que a minha entrada fosse autorizada.

Esperei pacientemente na porta até que me liberassem de vez, peguei o elevador para o sexto andar e com muito cuidado para não acontecer uma tragédia, sai. As portas duplas de vidro me aguardavam. Estava quase lá.

Agarrei a boleira com mais força e empurrei a porta com a perna, tudo ia muito bem até que comecei a subir as escadas.

Dessa vez não foi minha culpa, juro que não foi.

Minha mãe não me viu, eu não tive como desviar, a sacola onde o presente dela estava acabou presa no corrimão. Ela trombou em mim e...

Nós duas só vimos o bolo despencar até o chão.

Era uma vez todo o meu trabalho da manhã.

— ELENA! O que era aquilo? – Ela me perguntou assim que dois milhões de partículas de cristal quebrado e chantilly adornaram o chão.

— Era a sua surpresa de Dia das Mães, mamãe.

— Você comprou um bolo para mim? – Ela pareceu comovida.

— Eu fiz aquele bolo, mamãe. – Falei chateada, olhando para a maçaroca em forma de panqueca.

— Me diga que a casa não pegou fogo! – Ela pediu.

— Mamãe!  - Disse ofendida.

— Tudo bem, meu amor. O que vale é a intenção. O bolo era de que?

— Recheado com brigadeiro mesclado e com cobertura de chantilly e morango.

Mamãe olhou para o que restou do bolo.

— Uma pena, eu estou com vontade de comer bolo.

Tia JJ apareceu e olhou para a nova decoração da escada.

— Meu Deus, Elena! Você nem chegou já causou desse jeito!

— Dessa vez ela não tem culpa, JJ. Fui eu. – Mamãe me defendeu.

— Bem.. aquilo ali... – Ela apontou para a coisa.

— Era um bolo para todas as mamães da BAU que deixaram seus filhotes em casa para combaterem o crime. – Eu falei.

— Isso me faz lembrar de uma coisa, Elena. – Mamãe me olhou feio.

— O que eu fiz dessa vez?

— Esqueceu o meu abraço! – Ela mandou.

Dei aquele abraço de urso nela, e mil beijos.

— FELIZ DIA DAS MÃES, EMILLY PRENTISS! – Falei. E aqui está o presente oficial, entreguei a sacola.

Minha mãe, curiosa como sempre, foi logo abrindo, e espero que ela tenha adorado o novo uniforme de pilates dela, comprei tudo combinando. E tinha o kit pós pilates, devidamente personalizado.

Passei por tia JJ, Tia PG, Tara e deixei os presentes delas.

— Mas eu não sou mãe. – Tia Penelope disse.

— Mãe de Pet também é mãe! E, antes de mais nada, Dona Tara, Tia também é mãe, assim, Parabéns!!

 Elas riram do que falei e logo foram abrindo os presentes.

Com pouco, alguma nova informação sobre o caso em que estavam trabalhando chegou e todos tiveram que ir. Fiquei por ali, para limpar a sujeira do bolo, afinal, nenhuma faxineira é obrigada a limpar as presepadas de Emily e sua filha.

Estava terminando, quando papai chegou.

— Conseguiu fazer bagunça com um bolo, Elena? – Ele falou.

— Dessa vez foi a mamãe a mentora da desgraça, só estou limpando.

— Onde comprou? – Ele começou a me ajudar e posso jurar que a faxineira do andar achou muito extraordinário que o Diretor do FBI estivesse fazendo o serviço dela.

— Eu que fiz.

Papai me encarou.

— Como está a casa?

— A casa está no lugar, eu não fui presa, mas o teto da cozinha vai precisar de uma limpeza. Maldito chantilly.

Ele respirou fundo.

— Quando que você vai parar de fazer bagunça, Elena?

— Quando eu for para a faculdade, mas até lá, o senhor vai ter que me aturar!

— Isso é daqui a quatro meses. – Ele me avisou.

— E antes tem o dia dos pais.... me aguarde! – Dei um beijo na bochecha dele, afinal tudo estava limpo e eu não tinha mais nada o que fazer ali. – Te vejo em casa, papai, te amo!

Desci correndo e antes que pudesse entrar no carro, vi que tinha um bilhetinho no para-brisa. Rezei para não ser uma multa.

Não era, obrigada meu pai!

Era um bilhetinho de minha mãe.

Não importa o bolo que caiu o que você me deu, Elena, o maior presente que ganhei foi você!

Era o dia das mães, mas quem acabou chorando fui eu!

Te amo, mamãe!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Daqui a pouco eu volto com Elizabeth!

Muito obrigada por lerem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Feliz Dia Das Mães" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.