Para o meu melhor amigo, com amor. escrita por forkswann


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Forks, 1996.

 

Observo Edward entrar no estacionamento da escola dirigindo seu novíssimo Volvo prata, é um 850 96 de deixar qualquer um babando, e eu não estou surpresa que Edward tenha um desses antes de qualquer pessoa da cidade, o Dr. Cullen adora o comprar com presentes caros.

Ele estaciona na vaga ao lado da minha, eu posso ouvir o som alto vindo de dentro do carro, acho que é Velocity Girl, provavelmente a mesma fita que ele me mandou na semana passada. 

Ele sai do carro balançando as chaves em frente ao rosto, pronto para exibir seu novo carro para todos na escola, mas seu sorriso é dirigido para mim. O observo por inteiro, seu cabelo está bem mais comprido, chegando em seu queixo e ele tem uma franja ensebada cobrindo seus olhos. Acho que sua fixação com Nirvana alcançou um novo nível, porque além do cabelo, ele também usa um suéter no estilo do Kurt Cobain e jeans rasgados. 

— Seus joelhos foram atacados no meio do caminho? – Pergunto apontando para suas calças. 

Edward ri e anda até mim, passando um braço por cima do meu ombro enquanto caminhamos juntos até a escola. 

— Estou testando um novo estilo – ele responde com um sorriso brincalhão no rosto. – Além do mais, meu pai odeia mesmo que eu me vista assim. Eu ganhei um carro só por causa do jeans rasgado, quero ver o que ele vai fazer quando meu cabelo chegar na altura do ombro. 

— Vai deixar a barba crescer também? 

Ele passa a mão pelo queixo liso, balançando a cabeça em negativa logo em seguida.

— Não, eu não quero parecer sujo. 

— Então deveria lavar o cabelo – eu levanto minha mão para pegar uma mecha do seu cabelo cor de cobre, conferindo que está tão sujo que os fios mal se separaram. – Isso está nojento. 

— Bom, isso – ele aponta para o cabelo – combina com isso – desce a mão para apontar para o suéter. – Faz tudo parte dessa nova personalidade ou coisa assim. 

Edward e eu temos sido amigos desde tempo demais para que eu possa contar, eu só sei que em algum momento entre o nascimento e o jardim de infância ele apareceu, e nós meio que nunca mais nos separamos. Eu estava com ele quando sua mãe morreu no inverno de 87 e ela estava comigo quando minha mãe foi embora para realizar seu sonho de ser uma estrela da Broadway dois anos atrás. Imaginar um mundo sem Edward é simplesmente impossível. 

Menos no verão, é claro, porque é quando Edward vai visitar seus avós na Inglaterra e eu fico com a minha mãe em Nova York. E muitas coisas podem acontecer no verão. 

— Você lembra do James McNeil? – Pergunto a ele durante a última aula do dia, biologia, onde nós dividimos a bancada. 

— Aquele meio hippie? – Edward indaga sem tirar os olhos do caderno. 

— Ele não é hippie, não de verdade – na verdade ele é meio hippie, e tem esse papo de salvar a natureza que ocupa a maior parte das nossas conversas, mas eu nunca vou admitir isso a Edward. 

— O que tem ele, Bella? 

— Nós meio que estamos saindo – conto em voz baixa. 

Edward levanta seu rosto para olhar para mim, balançando a cabeça para jogar os fios acobreados para longe dos seus olhos. 

— Desde quando? 

— Duas semanas atrás, eu voltei mais cedo para casa e acabei encontrando com ele em Port Angeles – mordo meu lábio inferior, esperando pela resposta de Edward. 

Edward é... Intenso. Na melhor das visões. Eu não sei realmente o que ele tem, mas eu nunca o vi aprovar algum cara com quem eu tenha saído. Minha irmã, Alice, diz que ele sente ciúmes, mas eu me recuso a acreditar em algo assim. Edward é Edward, ele pode ser bonito e engraçado, mas eu simplesmente não consigo o ver como um namorado ou coisa assim.

— Ele é hippie! – Ele exclama como se aquilo fosse uma coisa muito ruim, sendo repreendido pelo professor em sua mesa – desculpe, Sr. Berner. – Edward se aproxima um pouco mais, baixando sua cabeça para não chamar a atenção do nosso professor. – Ele é hippie, Bella. Eu acho que ele nem toma banho. 

— Ele toma banho – sussurro meio irritada. – Na verdade, o cabelo dele é mais limpo que o seu. 

Edward revira seus olhos verdes, voltando a atenção para seu caderno. 

Quando a aula termina a tensão entre nós já não existe mais, ele me acompanha até minha picape e se despede com um beijo em minha bochecha. As coisas com Edward são simples e eu gosto disso. 

Mas as coisas em casa nunca são tão boas quanto na escola, meu pai vive em um eterno mau humor desde que minha mãe foi embora e Alice, aparece apenas uma vez por mês, porque ela começou a estudar na universidade de Seattle e está morando no campus. Eu sinto um pouco de inveja dela, porque gostaria de sair de Forks, por sorte, esse é meu último ano e eu e Edward já temos planos de frequentar a universidade de Washington juntos. 

Eu espero o fim de semana animada, porque é quando Alice finalmente vai vir e ela vai me ajudar a me arrumar para um encontro com os pais de James. Apesar de Edward achar que James é um hippie fedido, ele é mais sério do que parece, é verdade que ele não faz faculdade e que deixou seu cabelo crescer tanto que agora ele já pode fazer trancinhas, mas ele insiste que eu conheça seus pais. 

Bobagem— Edward diz no telefone quando conto a ele sobre o jantar. – Eu nunca chamei nenhuma garota com quem saí para conhecer meu pai. Na verdade só você conhece meu pai. 

— Mas isso é porque seu pai é muito mau humorado – respondo enrolando o fio do telefone em meu dedo. – Ele não gosta de pessoas, parece até meu pai, se quer saber. 

Sim, eles poderiam ser amigos, se não fossem contra contato humano. 

Eu começo a rir no mesmo momento em que Charlie entra na sala, ainda vestido seu uniforme de chefe de polícia. Ele me encara com as mãos nos quadris e aponta com o olhar para o telefone. 

— Certo, eu tenho que ir agora, tempo de telefone excedido.

Ah, que coisa chata— Edward suspira perto demais do telefone, é como uma rajada de vento barulhento em meu ouvido. – Diga a ele que eu me ofereço para pagar a conta do telefone, se for por isso. 

— Claro, e ele vai aceitar – murmuro, mas recebo outro olhar zangado do meu pai. – Tenho que ir mesmo, vejo você na segunda. 

Até segunda. Boa sorte com o hippie! 

Desligo o telefone e me jogo no sofá, me afundando entre as almofadas decorativas que estão ali desde que minha mãe ainda morava na casa. Charlie se senta ao meu lado, ele parece zangado, com seu bigode franzido por cima dos lábios muito finos, mas ele está sempre assim, eu não preciso realmente me preocupar. 

— Me contaram que você tem um encontro com um rapaz mais velho amanhã – ah deus, talvez eu tenha que me preocupar sim. – É alguém que eu conheça? 

Espero que não, tirando Edward, os únicos caras da cidade que meu pai conhece são os que ele prende. 

— O nome dele é James McNeil, ele se formou faz dois anos – conto devagar, o rosto de Charlie permanece como sempre: zangado. – Ele trabalha meio período em uma loja de CDs em Port Angeles. 

— Loja de CDs? – Charlie pergunta desconfiado, eu confirmo com um aceno de cabeça. – Ele é algum desses garotos grunge que se drogam? 

Eu começo a rir, principalmente porque lembro que o grunge é o novo estilo oficial de Edward, mas paro quando lembro que se meu pai se preocupa com James ser grunge, provavelmente vai odiar saber que na verdade ele é hippie. 

Edward nunca vai poder saber que eu admiti que James é hippie. 

— Ele não é grunge, pai – garanto, ainda recuperando o ar. – Ele é um cara legal, você vai gostar dele. 

Que grande mentira, vai ser uma sorte se Charlie não pegar sua arma para colocar James para fora. Mas, para minha sorte, Charlie nunca pediu para conhecer nenhum dos meus namorados ou garotos com quem eu saí, ele sempre deixou que Alice resolvesse isso. Se ela aprova, ele aprova, é simples. 

E Alice nunca reprova alguém, porque ela me ama demais e aceita tudo o que eu faço. 

— Se Alice achar ele um bom rapaz, por mim tudo bem. – E isso é tudo, Charlie e eu não conversamos muito. 

 

No sábado eu preparo bolo de carne para o almoço, porque é o favorito de Alice e eu amo agradar ela, e torta de pêssego para a sobremesa, porque Charlie adora e nunca é demais fazer algo para melhorar seu humor. Alice chega pela manhã, cheia de presentes e novidades da cidade, como sempre. Nós temos uma daquelas tardes em família que Charlie sempre insiste que aconteçam, até que esteja na hora do jogo que meu pai gosta de assistir e ele nos libere para subir para o meu quarto.

— Você vai ficar linda – Alice diz equilibrando um dos seus vestidos pretos em frente ao meu corpo. – E vou fazer uma boa maquiagem em você, também! 

— Eu preciso ter medo? – Pergunto quando vejo ela abrir uma maleta enorme de maquiagem. 

Eu não sou a irmã arrumada, Alice é, mas eu normalmente deixo que ela teste em mim seus novos conhecimentos de moda e maquiagem, porque Alice nunca está errada em relação a essas coisas. 

— Você vai ficar totalmente incrível – Alice cantarola com sua voz angelical enquanto termina de passar em minhas pálpebras a sombra dourada que escolheu. – Vai realçar tanto seus olhos. 

Quando ela termina e eu me olho no espelho, me sinto como outra pessoa. O vestido de alças preto e de seda que Alice me emprestou fica um pouco mais curto em mim do que deveria – porque minha irmã mais velha é vários centímetros mais baixa que eu -, mas não é nada muito vulgar, e meu cabelo liso no “estilo Cher”, como Alice gosta de chamar, realça a maquiagem discreta que ela fez. 

— Esse tal de James vai se apaixonar – ele diz e abraça meus ombros por trás, se colocando na ponta dos pés para conseguir ver seu reflexo por cima dos meus ombros – Eu tenho que tirar uma foto! 

Antes que ela possa pegar sua câmera fotográfica da bolsa, eu puxo minha máquina Polaroid de dentro do armário e entrego a ela. 

— Tire uma instantânea, eu quero mostrar para Edward na segunda-feira e não quero ter que ir até a cidade mandar revelar fotos amanhã. 

— Então, você e Edward... – ela murmura enquanto tira as fotos. – É só amizade mesmo? 

— Sim, tem sido assim por anos e vai continuar assim – afirmo olhando as fotos, eu escolho a melhor e guardo na minha mochila para mostrar para Edward na escola. 

Alice senta na cama, algo em seu sorriso ou na forma como ela está me olhando me diz que ela não acredita muito na minha palavra. Eu não entendo qual o problema dela em aceitar a realidade. 

— Então – ela muda de assunto -, tem esse cara da faculdade, ele é mais velho e estuda artes, no nome dele é Jasper. 

Antes que James passe para me buscar, eu fico sabendo tudo sobre a nova paixão de Alice, inclusive todos os detalhes íntimos dos seus encontros no campus. Ao que parece, ela gosta mesmo dele, isso é bom, eu gosto de imaginar Alice sendo feliz com alguém que goste dela tanto quanto é feliz fazendo compras no shopping.

— Bella, seu garoto está aqui – Charlie chama através da porta fechada. – E ele tem cabelo comprido.

Alice segura a risada e faz um gesto com a mão obsceno demais para que eu possa descrever. Ela me leva até a porta e se despede com um abraço mais demorado que o normal, o qual eu só entendo quando ela sussurra:

— Coloquei duas camisinhas na sua bolsa, aproveite! 

Eu lanço a ela um olhar de repreensão e ao mesmo tempo gratidão antes de entrar no carro com James, um Chevy 78 verde musgo que faz mais barulho do que uma britadeira. De repente eu sinto falta do Volvo novinho de Edward. 

— Você está bonita – James comenta, passando sua mão direita pela minha perna. 

Eu sorrio, porque não posso dizer o mesmo sobre ele. James está tão diferente que eu mal o reconheço, para minha tristeza, sua barba foi embora e ele também prendeu o cabelo em um rabo de cavalo na altura do pescoço, que não combina nada com a camisa estampada que ele escolheu usar. 

O jantar é interessante, eu não posso chamar de outra coisa além disso. Os pais de James são legais, mas não lembram o filho em nada, ele são bem ricos, eu percebo isso quando vejo o colar de diamantes que a mãe dele usa para um simples jantar.

Nós damos uns amassos no carro quando ele me leva de volta para a casa e eu borrifo um pouco do perfume que levei na bolsa antes de sair do carro, porque fumei uns dois cigarros com ele e não posso deixar que Charlie perceba o cheiro.

— Vejo você na segunda? – James pergunta da janela do carro antes que eu suba as escadas da entrada da minha casa.

— Eu tenho aula, lembra?

Ele assente suspirando e vai embora com o carro fazendo barulho suficiente para acordar a vizinhança inteira. Quando eu entro em casa, meu pai ainda está na sala, ele não pergunta nada e murmura um simples “boa noite” antes que eu suba correndo para meu quarto. 

 

— Então o hippie é rico? – Edward pergunta enquanto escolhe entre o hambúrguer e o cachorro-quente da lanchonete da escola, decidindo pelo hambúrguer, assim como eu. 

— Sim, foi totalmente estranho! 

Eu termino de contar para ele tudo sobre o jantar enquanto almoçamos, mas ele não parece prestar muita atenção, seu olhar desviando regularmente para a mesa das líderes de torcida. 

— O que foi? – Pergunto me virando para olhar para o mesmo lugar que ele. 

Tanya Denali está olhando descaradamente para ele enquanto alisa suas pernas de forma obscena. Deus, nós estamos em uma escola, não estamos? 

— Ela está, literalmente, comendo você com os olhos – resmungo para Edward. 

Ele ri, balançando seu cabelo para fora dos olhos e dando um sorriso para Tanya, que acena para ele como uma idiota. 

Essa troca de olhares entre eles dura o resto da semana, e lá por sexta-feira, Edward aparece com seu cabelo curto novamente. É quase estranho, porque eu já estava acostumada com o cabelo Kurt Cobain dele, e de como eu podia zoar o fato dele parecer um emo. 

— Estava me incomodando – ele responde quando eu pergunto sobre o novo corte enquanto ele dirige seu Volvo até sua casa na tarde sábado.

Reviro os olhos e continuo procurando por alguma música legal no toca fitas do seu carro, mas só o que eu acho são músicas pop ruins.

— O que diabos é isso? – Pergunto retirando a fita e lendo o título “Festa para o fim de semana!”. – Eu com certeza não iria para uma festa que toca esse tipo de música. 

— Tanya que me deu – ele responde dando de ombros. – Não é tão ruim assim.

Eu rio, olhando da fita para o novo corte de cabelo de Edward e para o novo colete que ele usa por cima da camiseta branca. Ele parece com uma versão feminina da Cher Horowitz, de Patricinhas de Beverly Hills. 

— Ela também é a culpada por esse cabelo? 

Edward não responde, mas quando suas orelhas e pescoço ficam quase da mesma cor que seu cabelo, eu percebo que estou certa. 

Eu subo com Edward direto para o seu quarto no terceiro andar da enorme mansão que ele mora com seu pai e seu irmão mais velho, Emmett. O Dr. Cullen é o médico da cidade e, apesar de não ser um bom pai, ele é um ótimo cirurgião e ganha rios de dinheiro, além do mais, a sua família na Inglaterra é quase da realeza ou algo assim e ele ganhou milhões em herança quando ainda era um calouro na universidade. É por isso que a casa de Edward é a maior mansão de toda a península de Olímpia.

Eu procuro algo melhor que “Festa de final de semana!” entre os CDs de Edward enquanto ele tira sua mochila do canto do quarto e a coloca junto aos livros espalhados por cima da sua cama, só para, caso o Dr. Cullen entre pela primeira vez na vida em seu quarto, ele ache que nós estamos estudando de verdade. 

Coloco uma dos CDs do The Verve Pipe para tocar e vou até a janela com Edward, ele acende dois cigarros e entrega um para mim. 

— Isso está ficando cada vez mais fraco – eu reclamo com desdém com o cigarro entre os lábios.

— É só você se acostumando com a sensação – Edward murmura em resposta. 

Eu passo a mão pelo cabelo de Edward, que está com um corte igual ao do Leonardo DiCaprio. Ele não está feio, na verdade acho difícil de acreditar que Edward consiga ficar realmente feio de algum jeito, mas não combina com o estilo de Edward, e eu gosto muito do seu estilo.

— Você não gostou? – Ele pergunta com os olhos fechados.

— É diferente. Mas eu gostei. 

— Tanya está obcecada com esse ator, eu não lembro o nome dele, então nós estávamos no shopping e ela me incentivou a fazer isso. – Ele explica passando a mãos em seu cabelo e bagunçando os fios. 

— A coisa está ficando séria entre vocês dois, então? – Eu não faço ideia do porquê, mas sinto meu estômago revirar com a simples visão de Edward namorando com Tanya Denali. 

— Ela é legal e eu gosto de ficar com ela – Edward responde de forma simples. 

Jogo fora o resto do cigarro e corro para me jogar em sua cama, fingindo pegar um livro para ler para assim poder desviar daquela conversa irritante, mesmo que tenha sido eu a começar. 

— E você e James? – Edward pergunta deitando na cama ao meu lado. 

Levanto a cabeça para olhar para ele, seus braços cruzados atrás de sua cabeça e sobrancelhas arqueadas enquanto ele me encara risonho. 

— O que tem eu e James? 

— Vocês estão saindo já tem algum tempo – ele balança os ombros. – Você gosta dele? 

Enterro meu rosto entre os lençóis caros de Edward, sem ter a mínima vontade de responder qualquer pergunta sobre minha relação com James. 

— Você está apaixonada? – Ele insiste.

— Não! – Me apresso em responder. – Você está enlouquecendo, é sério. 

Ele puxa seus lábios em uma careta. 

— Achei que sim. 

— James quer algo sério, e eu não quero namorar alguém no meu último ano, porque logo nós vamos ir para a faculdade e não quero ter algo me prendendo em Forks. 

Edward assente com um sorriso satisfeito nos lábios enquanto cantarola The Freshmen junto com a música alta que sai do seu toca discos.

 

É mais ou menos pelo fim de outubro que eu e James colocamos um ponto final em nosso quase namoro e na mesma semana Edward assume sua relação com Tanya. É óbvio que ele tenta manter nossa amizade da mesma forma, mas as coisas acabam mudando, principalmente quando ele começa a almoçar na mesa dos populares com ela.

— Você não precisa ficar sozinha na nossa velha mesa, sabe disso – ele sussurra para mim durante a aula de Inglês. 

Reviro os olhos, sem tirar o olhar do quadro negro em minha frente. Eu realmente não sei o que falta em Edward, ou na maioria dos garotos, que não consegue perceber quando uma garota não gosta da outra, que é exatamente o caso entre Tanya e eu. 

— Eu estou bem curtinho minha solidão – respondo com um sorriso forçado. – E Angela Webber me convidou para almoçar com ela e suas amigas amanhã.

Edward me lança um olhar cheio de dúvida, me dá raiva que ele saiba exatamente quando eu estou ou não mentindo, mesmo que dessa vez não seja um mentira por inteiro.

— Ok, ela não me convidou oficialmente, mas disse que eu poderia ir sentar com ela se eu estive me sentindo.. só.

Ele ri, e por algum motivo o som da sua risada me faz tremer de raiva, porque eu não quero ser motivo de piada para Edward e sua nova namorada super popular. 

Edward me dá uma carona para casa porque minha picape deu seus últimos suspiros duas semanas antes e eu não gosto que meu pai vá me buscar na escola com a sua viatura. O clima não é lá muito bom dentro do carro, e eu sinto que isso é tudo culpa de Tanya Denali e seu maldito perfume que agora está preso em toda a parte desse Volvo idiota. 

É o fim de semana que Alice está em casa, isso me serve como distração porque ela está sempre me mantendo ocupada com as novidades da faculdade e do novo namorado, Jasper, o estudante de artes que ela tinha me falado no final de setembro.

— Se você gosta dele, deveria contar logo e acabar com isso – Alice diz quando termino de contar a ela sobre a atual situação entre eu e Edward. 

— Eu não gosto dele, Alice – respondo rapidamente, mas eu já não sei mais se é verdade. – Edward é meu melhor amigo, tem sido assim há anos.

— Ele vai continuar sendo seu amigo mesmo se vocês namorarem – ela murmura enquanto testa em meu cabelo um novo penteado que viu em uma revista.

— Você está delirando, sério. – Resmungo levantando da cama e indo até o espelho checar o resultado. Estou parecendo um poodle, e um daqueles tristes de propaganda de canil. 

Tudo fica meio triste quando Alice vai embora no domingo e eu não tenho vontade de ligar para Edward, porque tenho medo que ele esteja com Tanya e acabe me ignorando para ficar com a namorada. Eu me pergunto se ele se sentiu assim quando eu estava com James, mesmo que eu nunca tenha parado de sentar com ele durante o almoço ou desmarcado algum compromisso, como ele fez comigo quando combinamos de ir ao cinema assistir A Invasão e Edward desistiu apenas uma hora antes do início da sessão para ficar com Tanya.

A situação acaba ficando tão tensa entre nós, que eu recuso sua carona e sou obrigada a pedir para que Charlie comece a me buscar na escola, e mesmo que eu não goste da atenção que a viatura traz, ainda é melhor do que sentar no banco de trás do casal do ano e ver a mão de Tanya passear por lugares inapropriados nas calças de Edward. 

— Sua mãe ligou – Charlie começa a contar durante o caminho para a escola numa quinta-feira chuvosa típica de Forks. – Ela quer que você vá passar o natal com ela em Nova York. 

— Tudo bem para você? – Pergunto, mesmo sabendo que Charlie não liga muito para natais e feriados no geral. 

Ele dá de ombros, murmurando um sim em voz baixa. 

Eu gosto da ideia de passar as festas de fim e ano com a minha mãe, Renée é o tipo de pessoa alegre e festiva, bem diferente de Charlie, os natais com ela em casa costumavam ser os melhores, quando até Edward e Emmett vinham comemorar em minha casa. 

 

Novembro começa e termina rapidamente, logo nós estamos no início de dezembro e a neve começa a cobrir quase tudo. Eu e Edward continuamos nos falando, é claro, porque de forma alguma eu vou deixar nossa amizade acabar, e sinto que Edward também pensa assim. Nós nos esforçamos, as vezes só não é o suficiente. 

— Não acredito que você vai mesmo passar o natal longe de mim – ele reclama quando eu conto a ele sobre o convite de minha mãe. 

Eu estava guardando essa notícia, justamente porque sabia que essa seria a reação de Edward. 

— Quer dizer, talvez eu passe a noite do dia vinte e cinco com Tanya e sua família, eles tem essa tradição estranha de abrir os presentes a meia noite – Edward começa a contar, mas minha atenção se perde no momento em que ele começa a contar sobre Tanya e sua família incrível com genética perfeita. – Mas eu totalmente iria abrir os presentes com você pela manhã. 

Eu suspiro. Me sentindo irritada por ter que conversar sobre isso com Edward. Como se fossemos um casal divorciado decidindo com quem o filho vai passar o natal. É simplesmente irritante. 

— Eu prometo ligar para você assim que eu acordar – eu digo por fim e vejo um pequeno sorriso aparecer no rosto de Edward. 

 

Eu amo Nova York, e descubro que amo mais ainda no natal. Minha mãe e seu novo namorado, Phil, levam eu e Alice para ver a decoração da cidade e os corais de natal enormes, eu fico tão encantada que até esqueço de sentir culpa por deixar Charlie sozinho em casa, mesmo que ele tenha ficado até um pouco feliz de poder economizar com a decoração desse ano. 

Eu acordo bem cedo na manhã de natal, correndo junto com Alice para a sala de estar aconchegante da casa da minha mãe. Exatamente como quando nós éramos crianças, ela está lá, sentada ao lado da árvore e com uma garrafa de chocolate quente nos esperando. 

Eu ganho um Discman novo da minha mãe, e fico muito feliz com isso porque meu velho Walkman ultrapassado parou de funcionar uma semana atrás, e um suéter azul turquesa de Alice, ela diz que vai ser a cor da estação e que preciso estar na moda. Até mesmo Phil nos dá presentes, um CD do Duran Duran para mim e um dos Backstreet Boys para Alice – ela não tem um bom gosto musical como eu -.

O que você ganhou esse ano?— Edward pergunta assim que atende o telefone.

— Espera, como você sabia que era eu ligando? – Pergunto curiosa. 

O novo identificador de chamadas que meu pai comprou, eu reconheci o código de área de Nova York e soube na hora que era você. 

Eu sorrio sozinha e recebo um olhar de incentivo da minha irmã do outro lado da sala. 

Conto para Edward sobre todos os meus presentes, deixando claro que, agora que tenho um Discman e sou uma adolescente normal outra vez, ele vai ter que me emprestar seus melhores CDs. 

— E você, o que ganhou? 

Tanya terminou comigo

Fico em silêncio por um tempo, contente demais para conseguir fingir que estou triste com a notícia, mesmo pelo telefone, ele poderia notar pela minha voz. 

— Como isso aconteceu? 

Ela queria que eu pintasse meu cabelo como um dos caras da banda que ela gosta— ele ri totalmente sem humor ao mesmo que eu reviro meus olhos o máximo que consigo. – Quando eu disse que não iria fazer isso, ela falou que eu não a amava o suficiente e terminou tudo. Foi ontem de manhã. 

De repente eu percebo que isso significa que Edward passou seu natal sozinho, Emmett está morando em Seattle com a namorada, Rosalie, e não voltou para Forks esse ano e o Dr. Cullen sempre trabalha no natal, porque é a data que a mãe de Edward, Esme, morreu e ele não gosta de ficar em casa sem ela. 

Eu deixei Edward sozinho no aniversário de morte da sua mãe, no natal, no dia em que ele terminou seu namoro. 

Então eu começo a chorar, me sentindo a pior pessoa do mundo. É também nesse momento que percebo que amo Edward, não como um simples amigo, como eu sempre achei. Eu realmente amo Edward. 

Ei, por que você está chorando?— Ele pergunta e eu consigo sentir sua preocupação do outro lado da linha. 

— Percebi que amo você. – Eu confesso, mesmo que Edward não vá entender o real significado. 

Eu também amo você, cara de bolha— ele brinca -, vamos nos ver em breve, não precisa chorar de saudades

— É, eu sei. – Eu digo e desligo o telefone.

 

Minha mãe leva eu e Alice para assistir o descer da bola na Times Square, é uma das coisas mais lindas que eu já vi na minha vida, mas eu estou tão ferrada emocionalmente que passo todos os primeiro minutos de 1997 chorando abraçada a minha mãe e irmã e quando nós voltamos para a casa da minha mãe, acabo chorando um pouco mais ao som do meu novo CD do Duran Duran, pensando que estraguei o final de ano delas e também o de Edward. 

Eu volto para Forks no dia seguinte e me despeço da minha irmã ainda no aeroporto de Seattle, Charlie está lá me esperando para me levar para casa, ele não fala nada durante o caminho até Forks, mas eu gosto do silêncio enquanto acompanhando as árvores passando feito vultos pelos meus olhos. 

Edward chega na minha casa apenas uma hora depois de mim, trazendo com ele meu presente de natal. 

— É um colar da amizade, está vendo? – Ele aponta para o pequeno coração desenhado na moeda de prata que é o pingente. – E eu tenho um igual. – Ele mostra.

Eu sorrio e o abraço, é diferente abraçar Edward agora que sei que o amo. Um pouco melhor, parece mais quente e seguro. 

Entrego para ele a caixinha com seu presente de natal, me envergonhando ao notar que não é algo com tanto significado quanto o seu.

— Eu amei! – Ele exclama contente tirando o cartão de baseball edição limitada de dentro da caixinha. Eu comprei porque sei que ele coleciona, mas no fundo eu mal sei quem é o jogador da foto. 

Quando voltamos para a escola na semana seguinte, somos recebidos com a notícia de que o baile de inverno está chegando. É meio estranho, porque pela primeira vez na vida eu estou animada para ir a um baile, principalmente porque, durante a aula chata de biologia, Edward me convida para ser seu par.

— Você quer ir ao baile comigo? – Ele pergunta, me passando por baixo da bancada um dos folhetos cafonas do baile. 

Eu sorrio, mais do que acho que seja decente em uma aula de biologia extremamente chata.

— Não vai querer que eu use salto alto, vai? 

Edward enruga o nariz, fazendo uma careta de desdém que me faz cair na risada e receber um olhar severo do Sr. Berner.

— Uma flanela pra mim já está bom – ele sussurra em meu ouvido, e eu posso sentir todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. 

Eu ligo para Alice assim que chego em casa, contando a ela sobre as novidades do baile e pedindo ajuda para me arrumar, e mesmo que não seja seu final de semana de visita, ela aceita, começando a falar sem parar sobre vestidos e penteados que gostaria de fazer. 

 

Alice chega bem cedo no dia do baile, trazendo consigo pelos menos duas malas com opções de vestidos pra mim. Ela passa o dia todo testando cores e penteados, e quando finalmente termina, tem um sorriso orgulho no rosto.

— Você parece uma princesa – ela diz.

Eu encaro meu reflexo no espelho, sendo obrigada a concordar com ela. Toco o tecido fino do vestido azul marinho que estou usando e em seguida os pequenos cachos regulares em todo meu cabelo castanho. Eu estou linda, sem nenhuma modéstia.

Quando desço as escadas com Alice ao meu encalço, encontro meu pai e Edward me esperando no hall de entrada. É estranho ver Edward usando terno, quase tão estranho quanto ver meu pai sorrindo.

— Você está linda, Bells – Charlie murmura e rapidamente levanta sua mão para enxugar uma única lágrima que aparece no canto dos seus olhos. 

Eu o abraço e sussurro um obrigada, para logo em seguida encarar Edward. Ele tem um sorriso torto encantador nos lábios e seus olhos verdes brilham como nunca. 

— Você está perfeita – ele sussurra, estendendo sua mão para mim. 

— Quase tão bonita quanto você, Sr. Cullen – respondo pegando sua mão.

Edward encolhe os ombros, suas bochechas corando levemente enquanto ele passa a mão livre pelo seu cabelo perfeitamente penteado. 

Ele dirige ao som de Blues Traveler e nós cantamos o mais alto possível junto a música. Eu não sei quando, se foi antes ou depois de eu perceber que o amo, mas algo mudou entre nós, para melhor é claro, e eu sei que Edward também percebeu. 

— Espera – eu peço puxando a mão de Edward antes de entrarmos no ginásio onde está acontecendo o baile.

Edward me encara desconfiado, olhando da entrada do ginásio para mim.

— O que foi? 

Eu não falo nada, no lugar disso, rompo a pequena distância entre nós e o beijo. Edward retribui, me pegando em seus braços. O beijo de Edward é molhado e faz com que eu sinta meu corpo esquentar e meu coração acelerar em meu peito e, mesmo que eu esteja morrendo com a falta ar, me faz desejar nunca separar meus lábios dos seus. 

— O que foi isso? – Ele pergunta contra meus lábios quando rompemos nosso beijo, um sorriso começando a aparecer no canto dos seus lábios. 

— Fui eu dizendo que amo você – respondo com certeza, encarando seus olhos tão brilhantes. – E que quero ficar com você, enquanto durar. 

Edward segura meu rosto entre suas mãos, mesmo de fora, nós conseguimos ouvir Wonderwall, do Oasis, tocando no ginásio. Ele passa seu polegar pelos meus lábios, um sorriso bobo aparecendo. 

— Você está me pedindo em namoro, Isabella Swan? 

— Apenas se você aceitar – respondo sorrindo.

Ele ri e, no lugar de responder, sela nossos lábios em mais um beijo. Nós nem entramos no baile aquela noite, ficamos em seu carro, escutando nossas músicas e nos beijando, porque não há realmente um lugar melhor para estar. 

 

 

 

 

 


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