32 minutos de silêncio escrita por MV Kard


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Enquanto eu tento voltar a escrever de uma forma aceitável pra mim, cada passo é um passo.



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Nem todas as amizades são entre pessoas com muitos assuntos em comum, algumas amizades são entre pessoas que apenas gostam de ficar juntas. E esse era o caso de Katara e Zuko, duas pessoas com nada em comum, que se tornaram amigos devido a circunstancias extremas. Uma amizade baseada em compartilhamento de traumas, experiências de quase morte e, principalmente, de terem amigos em comum.

Para eles não havia nenhum problema em se sentarem na mesma mesa durante um festival, sem nenhuma interação específica, apenas apreciando os acontecimentos. Mas havia alguém que via um grande problema nisso, alguém que não suportava a ideia de dois amigos que não se viam a muito tempo não estarem conversando. E com isso Katara e Zuko estavam novamente unidos para enfrentar um inimigo em comum. Mas nenhum dos dois estava colocando total atenção nessa batalha, ambos estavam cansados, Zuko estava muito atarefado gerenciando a Nação do Fogo.

—Eu não consigo vê-lo. - Ela diz enquanto olha em volta de forma discreta.- Ele pode estar em qualquer lugar.

Zuko estava cochilando profundamente, como se o problema não fosse dele também e isso estava deixando Katara levemente irritada.

—Eu acho que vi a Mai. -Era mentira, mas situação fez com que Katara se visse na necessidade de trapacear um pouco.

Mai estava evitando Zuko a todo custo, Katara não sabia direito sobre a situação atual dos dois, e sendo sincera, ela também não queria saber.

—Onde? -Os olhos dele se abriram de uma vez e ele quase caiu da cadeira enquanto olhava para todos os lados.

Katara não estava disposta a correr o risco de ficar muito tempo em silêncio e chamar a atenção de uma pessoa que, naquele momento era indesejada. Se o risco de não ouvir um sermão sobre amizade era Zuko quebrando o pescoço ou caindo no chão, ela estava disposta a arriscar. Até porque, ela estava fazendo isso por ele, sozinho ele seria uma vítima muito mais fácil.

Estar sentada em uma mesa relativamente afastada dos grandes acontecimentos do festival com toda certeza não tinha nenhuma relação com o fato de que ela não suportava mais toda a atenção que seu namorado estava recebendo de várias mulheres estranhas. Mulheres que com toda certeza do universo estavam mentindo quando diziam que queriam conselhos espirituais, aprender a meditar e ouvir palavras de sabedoria. Para Katara essas mulheres, desde a mais nova das meninas até a mais velha das senhoras, queriam mesmo era tentar seduzir o Avatar. E ela queria matar todas elas.

E talvez esse sentimento não tenha sido muito bem disfarçado, e ela percebeu isso quando ainda estava no centro do evento com Aang e ele sussurrou com todo o carinho e respeito possível:

—Meu amor, tem uma estranha áurea de agressividade e eu temo que talvez você possa ser a fonte.

—E? -Ela respondeu sem disfarçar a tal "áurea de agressividade".

—Bom, eu temo que isso pode acabar quebrando o clima de paz do evento. -Ele respondeu sussurrando com toda a calma possível.

Isso fez com que ela decidisse de fato quebrar a áurea de paz do evento, junto com a cara dele. As águas de fontes próximas começaram a se mover de forma agressiva, depois de muito tempo tentando manter a postura, ela estava cansada desses eventos em homenagem ao Avatar, cansada dessas mulheres indecentes. Era iria fazer algo que Aang havia pedido, antes de saírem de casa, para ela não fazer: uma cena.

Porém ela começou a se mover para longe dele, passos calmos e estranhos, passos que ela não estava dando por conta própria. A estranheza do momento fez com que ela ficasse sem reação, até finalmente parar de frente a uma das barraquinhas do evento, mas aquela não era uma barraquinha de comida como as outras. Era uma barraca maior, quase uma tenda, com panos verdes decorados com porcos alados em dourado. Uma placa verde e dourada continha as palavras "Academia Beifong de Dobra de Metal".

Assim que ela parou na frente do local, Toph saiu dele com alguns folhetos nas mãos, dizendo:

—Ele não fez por mal.

—Eu sei! Ele nunca faz! Mas é tão difícil conviver com tudo isso, eu sei que é estressante essa coisa de não deixar a cultura dele morrer e ele realmente precisa compartilhar esse conhecimento pra ele não se perder, mas eu -

—Ei, eu não perguntei nada. Eu estou trabalhando, aqui- ela deu os folhetos para Katara- distribui isso pra mim, estou ocupada dando demonstrações, e tenta ir esfriando a cabeça.

Katara estava nervosa e queria alguém pra conversar, mas ninguém parecia muito disponível. Até Iroh, que era a última opção respeitável, estava ocupado cuidando de sua barraca de chá. Katara deixou os folhetos com ele e começou a vagar pelo festival. E assim ela encontrou Zuko, dormindo sentado, em uma área com algumas barracas de comida não muito populares, devido à proximidade com uma barraca para alistamento nas forças militares da Nação do Fogo.

Mas ela percebeu que a paz de Zuko não duraria muito, pois Sokka claramente já o havia avistado. Katara então pensou que mesmo com Zuko nem sempre tendo sido uma pessoa decente, ele não merecia o que ela sabia que estava prestes a acontecer.

Com isso em mente, ela apressou seus passos e chegou perto de Zuko um pouco antes de Sokka. Então, ela colocou uma das mãos no ombro dele para que ele não se assustasse muito ao acordar e disse:

—Zuko, me desculpa ter demorado tanto para te encontrar nesse lugar que havíamos combinado de nos encontrar. -Ela tentou apontar com os olhos a direção na qual Sokka estava se aproximando.

—Claro. -Ele disse tentando não bocejar. -Katara, minha estimada amiga que eu estava esperando já que havíamos combinado isso antes em algum momento no passado.

Com isso Sokka apenas acenou para os dois e continuou andando.

—Essa foi por pouco, ainda não acredito que ele desconfia dessas pequenas coisas, mas não desconfia das frases que usamos de código pra ele.

—É porque ele acha que estamos brincando. Ele pensa que nós dois conversamos assim porque achamos engraçado.

—Por quê?

—Porque eu disse isso pra ele.

Sokka continuou andando até achar um grupo de pessoas que não parecia estar se divertindo. Então ele começou a fazer um discurso sobre diversão, sobre como esses momentos são importantes e sobre como amigos nem sempre tem tempo uns para os outros.

—Por que ele faz isso?

—Com a Sukki ocupada cuidando da segurança do evento com as outras guerreiras Kyoshi e a Toph avançando nos planos de transformar os alunos dela em uma polícia que dobra metal, ele achou que deveria fazer algo assim.

—É sério que essa é a inspiração dele para criar a Policia da Diversão?

—Sim.

—Katara, esse já o quinto evento que eu não posso dorm- Sokka se vira para trás, fazendo com que Zuko quase perca a cor- quer dizer, aproveitar. Sabe, eu gosto de me divertir de forma diferente.

Katara riu e fez um sinal de “joinha” para Sokka.

—Esses momentos me deixam muito feliz. -Ela diz ainda rindo.

—Por quê?

—Porque me lembram que eu não moro mais com ele.

—Posso te pedir um favor?

—Não, eu não vou ajudar o Iroh a vender chá, eu não vim aqui para trabalhar.

—Não isso.

—Ok, diga.

—Posso dormir e se ele aparecer você me acorda.

—Claro.

Para Katara isso estava perfeito, ela sabia que com Zuko acordado não demoraria muito para eles ficarem sem assunto, mas ele dormindo, ela poderia usar as poucas coisas que ela poderia perguntar por educação apenas quando Sokka estivesse por perto.

Zuko dormiu por mais tempo do que Katara esperava. O festival não era grande o suficiente para Sokka, ou algum dos outros dois idiotas que Katara havia visto fazendo mesmo que ele, não tivessem passado por lá. Katara não sabia mais haviam se passado 32 minutos. 32 minutos de puro silêncio em que não havia tido que fingir uma conversa. Ela estava começando a ficar paranoica e ela não queria passar por isso sozinha. Então ela decidiu acordar seu cúmplice, que como resultado quase caiu da cadeira.

—Foi alarme falso, a mulher que eu vi apenas se parecia muito com ela.

O semblante dele mudou para algo mais triste e mais cansado e Katara sentiu que havia tirado um pirulito imaginário de uma criança.

—Ei, depois você chora por dor de cotovelo, temos um problema de verdade acontecendo. Você dormiu muito tempo e nem meu irmão ou os amigos dele passaram aqui.

—Katara, seu irmão é um adulto, você não precisa ficar correndo atrás dele só porque acha que aconteceu alguma coisa.

—Não é isso, eu só não quero ser surpreendida... Ei, espera, você me chamou de controladora?

—Não, eu disse pra você relaxar. Está tudo bem, pela primeira vez depois de muito tempo.

Ao ouvir essas palavras Katara começou a pensar que talvez Zuko estivesse certo, talvez ela estivesse realmente sendo controladora e ignorando um momento de paz que ela poderia muito bem estar aproveitando. Então eles ouviram uma grande explosão. Katara rapidamente se levantou

—Se for algo sério me avisa. -Zuko disse sem abrir os olhos.

Katara correu até o local da explosão, o centro do evento onde Aang estava. Ela procurou a razão da confusão no meio de alguns destroços e viu Azula e Sokka, usando o símbolo da polícia da diversão, discutindo com Aang que meditação é chato. Toph estava rindo do outro lado enquanto gritava:

—Isso aí! Meditação é coisa pra que tem dedos leves, venho ver minhas demonstrações de dobra de metal!

Pessoas próximas começaram a gritar que meditação era uma coisa chata e vaiavam quando Aang discutia sobre como meditação era importante. Ele estava acuado, as mulheres que estavam com ele se juntaram as vaias. E ele então ele finalmente avistou Katara.

—Amor, me ajuda.

—Desculpa, amor, mas a minha áurea de agressividade pode atrapalhar o evento.

Após falar tais palavras e deixar Aang de olhos Arregalados, ela voltou para onde Zuko dormia.

—Então, o que era?

Ela poderia chamar ele para ajudar a conter a confusão, mas ele com certeza iria e ela não queria ninguém ajudando.

—nada, pode dormir

—Certeza? Eu acho que ouvi a minha irmã.

—Azula? Aqui? Deve ter sido no seu sonho.

—Verdade, ela não apareceria em um lugar onde não desse pra acusar confusão fácil.

O festival acabou sendo um grande fracasso para todos, menos para Toph, mas Katara sempre carregou ótimas lembranças dele em seu coração.


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Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui eu espero que você tenha gostado.



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