É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 23
Capítulo 23 – Mistério da alma


Notas iniciais do capítulo

IMPORTANTE!! Não ignorem, por favor! Alguns esclarecimentos sobre esse capítulo:

1 - Sei que nem todos acreditam, mas projeção astral é algo real, e todos fazemos ao dormir, mas poucas pessoas lembram. Achei que se encaixaria bem nas habilidades de Adam.

2 - Esclarecendo um pouco sobre as luzes que ele vê ao sair do corpo, são os chakras das pessoas, embora ele ainda não saiba disso. Falando sobre dados da realidade agora, quando um bebê nasce, ele recebe um fluxo de energia dourada da mãe e prateada do pai até seus 16 anos de vida. Essa energia vem da natureza do planeta Terra e nos ajuda a construir nossos chakras e crescer emocional, mental e espiritualmente. Se por algum motivo a criança não tem o pai, a mãe é capaz de fornecer a energia prata também, embora o pai não consiga fornecer a dourada se a situação se inverter. Se ambos os pais não estão com a criança ou a rejeitam, ela recebe essa energia de pessoas que ela gosta e confia, ou de mentores espirituais. A energia azul é do chakra do coração, e quando há uma cor mais escura manchando o azul claro, mostra que algo nos abalou e afetou aquele chakra. O cinza que Adam viu na aura de Peter também mostra que ele não está bem, e com muitos desequilíbrios. Sua própria aura branco azulada mostra que Adam é uma pessoa inclinada ao amor, caridade e bondade. A energia prata em volta de Groot é a que ele recebe de Rocket ou Peter, que foram quem o criou. Se Gamora estivesse por perto, provavelmente ele teria dourado também. Mas como Groot se desenvolve mais rápido que crianças humanas, ele já está começando a buscar isso sozinho no universo. Essas cores são as que vemos na Terra, em outros planetas acredito que seriam diferentes. Sabiam que existem planetas com arco-íris dourados e transparentes, como se um diamante em forma de arco-íris reluzisse no ar?

3 - Deixo a recomendação (pra quem quiser entender o assunto mais a fundo) pra procurarem no youtube o curso aberto (com 7 aulas) sobre chakras, de Halu Gamashi. Pesquisem "Curso Aberto Os 7 Chakras Halu Gamashi". Se você não lida bem com opiniões de outras religiões ou de espiritualistas, ou acham que os chakras não existem (apesar de serem de fato órgãos do nosso corpo energético), não falte com respeito caso deixe alguma opinião sobre isso aqui, ok? Simplesmente ignore. A maior parte das informações do tópico 2 eu aprendi nesse curso e outras eu li a respeito no site "Portal Educação".

4 - Não foi erro de escrita Rocket chamar Peter de "Pete", ele realmente o chama assim no game da Telltale.

5 - Tenho demorado a postar porque estou dando conta dessa fic e de mais duas de Deus Salve o Rei e Bleach ao mesmo tempo. Peço desculpas pelo atraso. Espero logo poder chegar ao capítulo que tem a cena que deu origem a essa fic, que veio de um sonho de Rebeca Cristina, que já lia minhas histórias aqui. Deixo já um agradecimento por ter compartilhado e opinado sobre tantas coisas dessa história. ♥



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Capítulo 23 – Mistério da alma

Adam seguiu para o quarto de Gamora ao concluir suas obrigações da noite no dia seguinte, esperando que um passeio no jardim interno da prisão pudesse deixar ela e Meredith de bom humor, mas as encontrou dormindo profundamente. Sem ter nada melhor a fazer por enquanto, silenciosamente colocou uma das cadeiras da mesa ao lado da cama e do berço, e sentou-se, tentando captar o que sentiam, não invadindo suas memórias pessoais, no entanto, e mais uma vez testando os limites de suas habilidades.

A bebê era a pura serenidade, e nela Adam só sentia paz, apesar de breves oscilações que ele não entendeu o que significavam. Gamora parecia calma até então, mas o que sentia vindo dela parecia o que ele descobriu recentemente que os terráqueos chamavam de montanha russa, que aparentemente também era um brinquedo enorme onde várias pessoas podiam se divertir juntas. As emoções da zehoberi oscilavam entre a agitação e a estabilidade, apesar de ela não demonstrar estar vivenciando algum pesadelo, e Adam se perguntou se era sempre assim quando ela dormia. Então veio a sensação familiar de quando ela pensava no terráqueo, líder dos Guardiões, e era sempre uma emoção mais intensa que todas as outras, o que o fez fechar os olhos e sentir, tentando talvez descobrir onde o restante da equipe poderia estar.

Antes que percebesse acabou caindo no sono, talvez num sonho estranho. Sentiu uma vibração em sua pele, a sensação era boa, e muito similar a de quando lançava raios de energia ou usava alguma habilidade parecida, as palmas de suas mãos esquentaram e de repente ele se sentiu leve e em paz. Quando o entorpecimento que sentia passou, finalmente abriu os olhos e se viu de pé no mesmo lugar onde estava, bem em frente à cama de Gamora e Meredith, onde ambas ainda dormiam, mas algo estava diferente. Havia luz iluminando o quarto escuro. Fios de energia fluíam de cada um deles para as paredes, se perdendo entre elas. Luz dourada e prata envolvia Gamora e fluía para Meredith, e luz branco azulada estava a sua própria volta. Olhando em volta se assustou a princípio, vendo a si mesmo adormecido na cadeira onde estava antes, mas por algum motivo desconhecido não sentiu medo ou pânico, a sensação parecia a mesma de quando trouxera Gamora de volta do mundo estranho da joia da alma. Parecia até algo... Normal. Como se tivesse passado por isso por toda sua vida.

— Ok... Outra habilidade estranha. O que eu faço agora? Isso é um sonho?

Decidindo testar, virou-se novamente para Gamora e Meredith, estendendo a mão na direção da luz dourada e prata que fluía de Gamora para a criança e conectava as duas. O que sentiu quase o fez chorar. O amor de Gamora para sua filha era a coisa mais forte que já tinha sentido desde seu próprio nascimento, a segurança e alegria que a pequena tinha em sua mãe eram tão grandes quanto. Ele se agachou e ficou ali sentindo a energia fluir até seu espírito se acalmar, e fechou os olhos mais uma vez, não tendo ideia do que fazer em seguida. Tentou novamente se concentrar em qualquer lembrança emocional que pudesse vir de Gamora e servir como informação extra para conseguir libertá-la, e se sentiu leve outra vez, como se flutuasse pelo quarto. De olhos fechados viu a luminosidade mudar, e aos abri-los ficou mais confuso ainda.

— Que lugar é esse? – Sussurrou para si mesmo, vendo-se dentro de alguma habitação, que a princípio acreditou se tratar de uma casa, mas deduziu ser uma nave após observar melhor.

A sua frente havia uma porta, e assim como o quarto onde estava antes, tudo em volta parecia diferente de si próprio, mais sólido e denso. Ele podia sentir chamas de vida presentes ali, seis delas mais precisamente, espalhadas em diferentes locais, todas calmas e quietas. Estava escuro, então onde quer que estivesse também devia ser noite. Pensou em abrir a porta para buscar pistas, até perceber que podia atravessá-la sem dificuldades, e assim o fez, vendo-se em outro quarto iluminado por chamas coloridas, porém mais fracas e nubladas por um tom de cinza.

Havia alguém adormecido ali, grande e forte como ele, apesar de aparentar menos altura e aparência humana. Aproximando-se Adam viu as luzes de cores misturadas ao longo do corpo adormecido. As luzes pareciam disformes e perturbadas, em especial a azul que brilhava na altura do peito, manchada por um tom escuro que se misturava com o mais claro. Adam sentiu tristeza, dor e medo vindos do homem adormecido, e por alguma razão ele parecia muito familiar.

— Quem é você?

Olhando em volta não viu nada no quarto que pudesse denunciar onde estava ou quem eram os habitantes da nave, até seus olhos baterem num porta-retrato no criado mudo e a compreensão mergulhar como um raio em sua mente. Imediatamente olhou de volta para o terráqueo adormecido ao ver a foto dele com Gamora ali, começando a deduzir como viera parar aqui.

— Peter Quill... – disse para si mesmo.

Abaixando-se até a altura da cama, observou o rosto do terráqueo. Parecia jovem, apesar de cansado e triste, e claramente tinha os traços e as cores de cabelo e pele de Meredith. As expressões dos dois dormindo eram até parecidas.

Decidindo arriscar um pouco mais, Adam estendeu a mão, tocando o braço do líder dos guardiões e sentindo com muito mais intensidade a dor profunda que não só ele, mas todos que estavam dentro da nave sentiam pela falta de Gamora, especialmente ele e duas das outras almas em particular, que não soube identificar no momento, mas pareciam ser de uma mulher e de algum ser que ele não tinha ideia do que era. Sentiu um choque quando lembranças chegaram do nada, junto com gritos e choro. Fechando os olhos ele viu outro lugar estranho, ao ar livre, escuro e frio, onde a neve não parava de cair, e os gritos e choro de Gamora cortando a noite quando foi atirada para sua morte.

Adam arregalou os olhos, vendo o rosto de Peter se contorcer numa expressão de sofrimento e seu sono ficar conturbado, então se afastou, respirando fundo e tentando absorver e entender o que acabara de acontecer. Ok, era óbvio que estava fora de seu corpo no momento, e sabe-se lá como se transportando para lugares diferentes, e agora sabia que isso não afetava sua telepatia. Ainda não tinha ideia de como voltar aonde estava, mas com o que sabia agora, tinha uma boa chance de ter algo mais concreto para ajudar Gamora. Não queria interferir no sono de Peter de novo, não sabia o que isso podia fazer com ele no estado em que estava. E outra pergunta passava em sua cabeça, ele era o único ser que conseguia fazer isso quando dormia? E por que só agora?

Observou o quarto uma última vez, agora notando os sinais de Gamora ali. A cama era para duas pessoas, o porta-retrato era delicado e feminino, havia uma espécie de cômoda com espelho e caixas organizadoras decoradas num canto do quarto, que aparentemente não pertenciam a Peter.

— Essa é a casa dela.

Adam saiu do quarto da mesma forma que havia entrado, na intenção de procurar pelos outros, mas se deteve ao ouvir passos vindo de outro lugar e um ser que nunca tinha visto antes cruzou seu caminho, passando por ele como se não o visse e seguinte para outro local da nave. Tinha aparência jovem e era tão alto quanto ele, parecia uma mixagem entre planta e humano, e percebeu que era um dos que sentira com maior carga de sofrimento ali. Também podia ver luzes coloridas nele, que também pareciam em desordem, embora um pouco menos do que em Peter, talvez a luz prateada que o envolvia o estivesse estabilizando de alguma forma?

— Ei... – chamou, achando estranho que ele ignorasse um invasor na nave no meio da noite.

Adam o viu ignorá-lo novamente e sumir para algum outro cômodo. Fez menção de segui-lo, talvez fosse cego, surdo ou sonâmbulo.

— É suficiente por hoje – ele ouviu uma voz feminina, suave e bonita atrás dele, percebendo que a luz no lugar havia aumentado.

Virando-se, saltou para trás em espanto quando a imagem de Ayesha ou de algum de seus subordinados veio a seus pensamentos, até que percebeu ser uma mulher desconhecida, ainda que claramente uma soberana.

— Quem é você? E por que me vê se ele não?

— Ele não o vê porque não tem tal habilidade desenvolvida, e porque está acordado, com o corpo. Ele perdeu o sono e deve ter ido esfriar a cabeça em algum lugar. Isso tem sido comum aqui ultimamente.

— O que ele é?

— Essa informação não é importante agora. Você deve voltar, querido. Já foi um bom tempo pra sua primeira projeção astral consciente.

— Projeção?

— É... Quando seu espírito sai do corpo à noite. Todos fazem isso e vão pra onde suas emoções os levarem, Adam. Alguns ficam perto do corpo mesmo, quando ainda não estão preparados. Muitas coisas diferentes acontecem. Mas você aprenderá com calma com o tempo. E a grande maioria não consegue se lembrar depois, ou acha que foi um sonho, por uma série de razões também.

— Quem é você? Como sabe tudo isso? E como me conhece?

— Meu nome é Ava. Meu trabalho é ajudar você a crescer. Provavelmente você não se lembrará disso quando voltar. Mas se lembrará quando dormir e sair novamente. E talvez você não lembre do que fez toda vez, como não tem se lembrado até agora. Mas não se preocupe com isso.

Adam não teve tempo de fazer novas perguntas quando uma luz dourada os envolveu e outra vez ele se sentiu flutuar. O ambiente em volta ficou nublado, com exceção dele e de Ava, e de repente estavam de volta ao quarto de Gamora e Meredith.

— Quem é você? – Ele repetiu – Tudo isso foi um sonho?

— Não, mas tudo bem se você pensar que foi. Eu já vivi neste planeta.

— E...?

— Há tempo pra isso. A pressa não nos serve em todos os momentos.

— Pode ajudar? Precisamos tirá-las daqui.

— Estou ajudando. Mas não posso fazer nada no seu lugar. Você está indo bem, continue.

Antes que pudesse questioná-la de novo, ele sentiu-se entorpecido e fechou os olhos, sentindo-se tão leve que seu corpo parecia não mais existir, e sentiu-se flutuar de volta para onde tinha adormecido na cadeira. Não abriu os olhos imediatamente, tentando retornar aquele sonho estranho, mas conformando-se de que não conseguiria, abriu os olhos finalmente, vendo Gamora e Meredith ainda dormindo a sua frente. Lembranças confusas vieram a sua cabeça. Luzes, cheias de cores, os sentimentos intensos de Gamora e Meredith, um sonho estranho numa nave, um homem muito parecido com Meredith, Peter Quil... Seria ele? Uma visão de Gamora sendo jogava para sua morte num abismo, gritos e choro desesperados, e muita dor, tanto física quanto emocional, o corpo da zehoberi ferido numa poça de seu próprio sangue. O soberano respirou fundo tentando acalmar o coração acelerado, e olhou fixamente para Gamora.

— Foi assim que você morreu? – Murmurou para si mesmo – Ou foi só um sonho? Deve ter doído tanto... Você já tinha Meredith... Por isso veio com ela quando eu a trouxe? O que eram aquelas luzes?

Arregalou novamente os olhos quando mais uma memória veio a sua cabeça, havia uma mulher. Parecia uma soberana, mas não era Ayesha, Alia ou qualquer pessoa que lembrasse de conhecer. Havia lhe dito seu nome? Haviam conversado algo? Não conseguia lembrar.

Levantando-se lentamente, devolveu a cadeira ao lugar de antes e saiu do quarto em silêncio, deixando Meredith e Gamora ainda dormindo. Fez seu caminho para fora do palácio, feliz por não encontrar ninguém no trajeto, e seus olhos finalmente alcançaram as estrelas brilhantes que enfeitavam o céu, ainda escuro e sem sinais do amanhecer. Devia ser tarde, o movimento no reino estava tímido, as luzes menos intensas e o silêncio imenso.

— O que foi tudo isso?

Adam tinha certeza que podia esquecer do sono pelas próximas horas, porque ele não viria.

******

Gamora sorriu ao ver Meredith sorrir estendendo as mãozinhas para as folhas de uma das árvores no jardim da prisão, testando a textura da folha com seus dedinhos enquanto a mãe a segurava no colo. Olhou um instante para Adam, que hoje estava anormalmente calado, e sequer lhe dissera porque dessa vez a havia trazido ao jardim algumas horas mais cedo que o comum.

— Você está bem? – Gamora perguntou antes que pudesse perceber o que estava fazendo.

Adam não respondeu, seu olhar permanecia perdido em algum ponto no chão, e o que espantou a guerreira, ele estava se segurando para não chorar?! Um soberano chorando!! Não era mais uma surpresa para ela que Adam só parecia um soberano, mas era completamente diferente deles em espírito. No entanto, ainda era algo inimaginável de se ver. O que na galáxia poderia fazer um soberano chorar?!

— Adam – chamou novamente, conseguindo que ele a olhasse, mas não antes de piscar e se recompor para ocultar seu estado.

— Sim?

— Há algo errado? Por mais irônico que me pareça perguntar isso.

— Não – ele respondeu vagamente – Trabalhei muito ontem, devo estar um pouco fora de órbita.

— Ayesha ameaçou você por algum motivo...? Acho que você não ganha nem perde me contando isso.

— Não. Por que acha isso?

— Porque é a cara dela. E porque de alguma forma você não parece bem hoje.

— Você já tem preocupações demais, Gamora. E eu estou bem.

— Se você diz...

Meredith riu enquanto brincava com a folha da árvore, tocando-a enquanto ela balançava no ar, tirando-os de suas preocupações e fazendo-os sorrir com ela. Ele tentou melhorar sua expressão e não transparecer tanto o que sentia enquanto ainda estavam ali, embora os olhares que Gamora lhe lançava indicassem que estava falhando miseravelmente. Ela não disse mais nada a respeito, apesar disso. E só ao deixa-las de volta no quarto e estar sozinho e seguro em seus aposentos, ele respirou fundo e deixou que as lágrimas que vinha contendo caíssem. O sonho e a dor tinham sido tão reais, como se ele próprio estivesse morrendo no lugar de Gamora naquele lugar estranho, frio e vazio. É isso que Peter sentia toda vez que tinha esse pesadelo?

Não importava se tinha sido ou não um sonho, e ainda que estivesse um pouco escuro ou estranho por causa das luzes, Adam tinha certeza que aquele homem adormecido era o pai de Meredith. Algo em sua intuição dizia que de alguma forma ele sentia a existência da filha, mesmo que não soubesse sobre ela, e só então a possibilidade atingiu sua mente. Os Guardiões estavam realmente vivos, as respostas vagas de Ayesha sobre isso eram uma fachada, Gamora tinha para onde ir. Mas como tirá-la do planeta em segurança? E sem levar uma frota soberana gigantesca atrás de sua família?

******

Peter arregalou os olhos ao acordar de mais sonhos confusos, perturbados e misturados, procurando por seus blasters até perceber que estava sozinho e seguro no quarto. Num instante estava sonhando com fatos corriqueiros do dia a dia, de repente estava de volta a Vormir, ouvindo Gamora gritar e chorar mais uma vez, e do nada tinha um soberano em pé no meio de seu quarto o observando dormir e intencionando sabe-se lá o que a seu respeito. Provavelmente pretendia mata-lo, é isso que seu alarme interno anti-soberanos aprendera a alertar. Mas não o reconheceu. Não era Ayesha ou qualquer soberano que lembrasse de ter visto. E por que raios ele sonhara com um soberano de repente?!

Saiu do quarto após trocar de roupa, encontrando Rock e Groot olhando para ele com expressões interrogativas.

— Sabe... Você não tem talento pra esconder quando tem algo errado – Rocket comentou – Teve pesadelos de novo?

— Mais ou menos... A nave foi invadida durante a noite ou algo assim?

— Cara, estamos no estacionamento mais bem guardado do planeta. Você acha que a essa altura a Tropa Nova não ia saber se isso tivesse acontecido? E Groot perdeu o sono de madrugada, ele andou pela nave e não viu nada.

— Eu sou Groot.

— Você sentiu um calafrio quando passou aqui na porta do quarto dele?

Groot assentiu.

— Ele deve ter tido pesadelos de novo e você também ainda tá tão afetado com tudo isso que até sentiu – Rocket falou.

— Eu sou Groot.

— Fantasmas não existem. Você viu algum por acaso?

— Eu sou Groot.

— Viu? Deve ter sido só frio porque levantou de repente no meio da noite.

— Eu sou Groot?

— E daí que plantas regulam a temperatura diferente? Você ainda sente um pouco de frio.

Groot não teve chances de responder, pois Peter os interrompeu.

— Eu tive um sonho assustador... Com um soberano me observando dormir no meio do meu quarto durante a madrugada.

— Você tá cansado. Provavelmente isso foi só um reflexo das lembranças das batalhas que tivemos contra eles. Coisas importantes também aconteceram nessa época, inclusive... – ele se absteve de completar a frase, não querendo tocar o amigo exatamente no que o estava ferindo agora.

— Bom dia! – Uma Mantis sorridente apareceu acenando para eles – Aconteceu algo durante a madrugada?

— Não, por que? – Rocket questionou, começando a achar a pergunta repetida estranha.

— Não lembro do que sonhei essa noite, mas senti algo muito forte. Como se alguém quisesse falar comigo.

— Quem?

— Não sei. Mas não parecia alguém conhecido.

Rocket os olhou como se estivessem ficando doidos, e Peter teria gargalhado de sua cara se a situação não fosse tão confusa.

— Todo mundo aqui pirou?!

— Como assim? – Drax apareceu, seguido por Nebulosa.

— Só falta vocês dois dizerem que também aconteceu algo esquisito de madrugada.

Drax olhou para cima em reflexão.

— Não lembro, acho que pensava em outra coisa.

— Você tava dormindo, seu idiota! – Rocket respondeu – Não é pra lembrar mesmo. E você? – Perguntou a Nebulosa.

— Lembranças ruins. Nada que valha a pena lembrar agora. Pesadelos, claro.

— E você? Não sonhou nada? – Drax perguntou.

— Como eu vou saber? Groot interrompeu meu sono no meio da noite, e já não sou bom em lembrar de sonhos mesmo. Também não lembro de nada. Pete foi quem começou essa discussão doida porque acordou assustadinho por ter passado a noite sonhando que tinha um soberano o observando no meio do quarto.

— O que?! Os soberanos invadiram e não vi nada?!! – Drax exclamou com sincero espanto, fazendo Nebulosa e Rocket espalmarem uma mão no rosto e Mantis rir.

— Você não prestou atenção, cara? – Peter finalmente falou – Foi só um pesadelo. E não acho que eles seriam doidos o suficiente pra arrumar problemas com a Tropa Nova do nada. Se você não percebeu, ainda estamos no estacionamento deles.

— Ah, sim... – Drax respondeu simplesmente.

— E mesmo que invadissem você não ia conseguir ouvir o barulho além dos seus próprios roncos – Rocket falou, ganhando um tapa de Drax quando o guerreiro passou por ele para chegar até a cozinha, sendo seguido por Groot e pelo guaxinim que ainda reclamava.

— Você está bem, Peter? Foi só isso mesmo? – Mantis perguntou.

O ruivo encarou a irmã, pensando em como ela melhorava sua leitura sobre cada um deles a cada dia.

— Estou. Foram um monte de sonhos confusos, inclusive sobre Vormir... E o último foi esse. Foi tão real... Que acordei procurando meus blasters. Você acha que realmente havia alguém te chamando de madrugada?

— Não sei. Isso é tudo que lembro, mas foi bem real também.

— Estamos todos tão perdidos que devemos estar sincronizando nossos pesadelos e preocupações – Nebulosa falou – Tony já me disse que há estudos sobre situações semelhantes na Terra.

— Talvez... – Peter respondeu, preferindo guardar para si mesmo por enquanto um detalhe que não revelara a sua família.

Em Vormir, ele viu tudo de novo. Os gritos, o choro, o sangue, embora as imagens fossem borradas. E no último instante antes do sonho mudar, a sensação de realmente ter estado com Gamora ali foi tão forte que era difícil pensar naquilo como um pesadelo comum.


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