É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 13
Capítulo 13 - Alerta




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Capítulo 13 – Alerta

                Gamora estava com quase oito meses de gravidez. Adam continuava mantendo a rotina de levá-la ao jardim central da prisão duas vezes por semana, geralmente à noite, quando a circulação de guardas e outros funcionários do local era quase sempre zero. Às vezes durante a manhã ou à tarde.

                Conforme se familiarizava cada vez mais com o caminho, ela começou a observar outras coisas, lembrando-se que só na segunda vez que saiu pensou em verificar o teto do lugar, por onde era possível ver o sol e as nuvens muito, muito longe, ou a lua e as estrelas à noite. Os andares superiores deveriam conter outros blocos de celas, ou cômodos administrativos do palácio. Não havia muito no que se segurar uma vez que alguém estivesse lá em cima, mas era possível escalar. Ou seria, se o teto não fosse completamente vedado por arabescos de metal dourado e vidro, provavelmente muito resistente, formando um teto solar natural. Não compensava o esforço, fugir por ali na sua condição seria suicídio. E mesmo que não estivesse grávida, como poderia transpor tal estrutura? E o que faria se chegasse do outro lado? Ainda que conseguisse chegar em segurança ao chão, ela precisaria de uma nave para deixar o planeta, ou encontrar um hangar e partir clandestinamente, o que tomaria muito tempo uma vez que Gamora não tinha ideia de onde isso poderia ficar.

                Fugir pela porta principal da prisão ou outra saída era sua opção menos impossível. A Gamora de 2014 podia estar confusa, desnorteada, assustada, e não ter conhecimento sobre os soberanos, mas essa era uma vantagem que ela tinha. Poderia derrubar os guardas facilmente. Mas o problema seria o percurso até o lado de fora do palácio. Sozinha ela teria uma boa chance, mesmo contra um exército de homens. Mas com seu bebê, esse risco também era muito maior do que qualquer possibilidade de fuga. O medo a abalava toda vez em que se voltava para a única opção que lhe parecia segura. Esperar a criança crescer, e os dois poderiam fugir juntos com mais segurança. Se Ayesha não a matasse após o nascimento do bebê, se ela e o filho sobrevissem por tempo suficiente para isso. Pensar em passar anos no confinamento a aterrorizava. Como criaria um bebê numa prisão?

                Gamora balançou levemente a cabeça para afastar tais pensamentos, determinada a continuar buscando alternativas. Ayesha não voltara a visitá-la pessoalmente, o que já era maravilhoso para manter sua mente mais focada. Os funcionários aleatórios também pararam de aparecer após Gamora aterrorizar cada um deles o suficiente para até mesmo evitarem o corredor de sua cela, e agora eles acreditavam que a gravidez era a fonte de sua agressividade. Gamora riu quando ouviu um deles sussurrar isso do lado de fora numa conversa com algum outro funcionário. Em parte era verdade. Mas ela os deixaria pensar assim.

Apenas Adam ou Alia vinham vê-la agora. Da última vez Alia tinha trazido mais roupas de bebê, com cores diferentes e mais alegres que da última vez. Novamente ela insistira em saber do que Gamora precisaria para o nascimento e o depois, e a zehoberi decidiu que não havia sentido em adiar mais. Ela não conseguiria nada sozinha de qualquer forma. Então Adam lhe trouxera um kit para recém nascidos no dia anterior. Havia duas mamadeiras, duas chupetas, um aspirador nasal, fraudas para recém-nascido, e duas toalhas com capuz, tudo variando entre azul, rosa e verde. O aspirador era verde, e os demais itens um de cada cor, azul ou rosa. Gamora não tinha noção se os soberanos tinham alguma ideia sobre a tradição terráquea de cores para as crianças. Provavelmente não, uma vez que quase tudo no planeta inteiro era dourado. Mas se encaixaria bem, uma vez que não sabia o sexo do bebê.

Enquanto verificava os itens Gamora riu ao se lembrar do rosto confuso dos dois jovens soberanos quando ela falou sobre alguns desses objetos, alguns dos quais eles não faziam a menor ideia de que sequer existiam, e que provavelmente tinham encontrado problemas para localizar onde quer que tivessem comprado. Ela também falou que precisaria de uma banheira para o bebê, e de água morna disponível, além de sacolas impermeáveis, um berço, e instrumentos cirúrgicos específicos, o que os deixou quase horrorizados. Quando Alia a questionou se ela precisaria de ajuda e o quão arriscado seria o nascimento, Gamora apenas disse que cuidaria dos detalhes por si mesma, desde que tivesse o que precisava. Tinha certeza que esse último pedido poderia ser o mais difícil, pois certamente Ayesha temeria lhe disponibilizar itens que ela poderia utilizar como armas.

Uma parte dela tinha medo. Só tinha ideia de tudo que precisava pelo conhecimento acidental que adquiriu em missões aleatórias com os Guardiões, e das quais ela se lembrava bem, e pelas pesquisas que ela e Peter fizeram por pura curiosidade nas poucas ocasiões em que discutiram ter filhos um dia. Ela nunca havia de fato visto o que teria que fazer, e nunca tinha feito nada parecido sem que fosse para suas modificações, mas sua teoria e coordenação motora teriam que servir. Não confiaria a chegada de seu filho a qualquer soberano ou desconhecido. Saber que provavelmente lhe restava apenas um mês a preocupava ainda mais, mas simplesmente não havia o que fazer. Era isso que ela tinha, e teria que passar por isso. Ao menos era esse o tempo que esperava que durasse. Peter lhe dissera que humanos esperam por nove meses, mas Gamora não tinha a melhor ideia do tempo de sua espécie. Ela não vivera o suficiente com seus pais e seu povo para se interessar em saber algo assim.

Os zehoberis eram naturalmente mais avançados que os humanos em vários pontos, como força física, resistência, cura acelerada e outros sentidos mais aprimorados. As modificações de Gamora só reforçavam ainda mais o que ela já tinha. Talvez os bebês nascessem antes em seu planeta, ou mesmo um pouco depois, mas ela jamais descobriria.

Pensar em tais coisas lhe traziam as poucas lembranças distantes que tinha de casa, do rosto de seus pais, e de seus dias felizes antes de Thanos, e uma sensação triste de saudade. Ela revelara a Peter estar sentindo isso uma vez que os dois estavam sozinhos logo depois que derrotaram Ronan. Ele não conseguiu dizer nada, apenas refletiu a tristeza dela em seus olhos, e repousou uma mão em suas costas. Gamora estremeceu com o contato, e teve que reprimir o instinto de esmurrá-lo e a paranoia de se defender, mas respirou fundo e compartilhou um silêncio gentil com ele. E quando falaram sobre isso de novo, dois anos depois de derrotarem Ego, quando já haviam avançado bastante em seu relacionamento, a sensação foi completamente diferente. Era uma saudade quase agradável, lembranças alegres, ainda que tivessem acabado daquela forma. O vazio e a dor estavam completamente preenchidos, pelo amor de Peter, de sua família, e a forma como ele estava acariciando seus cabelos enquanto ela estava deitada em cima dele naquele momento. Apenas os dois sozinhos em seu quarto.

Tomou outra respiração e afastou a vontade de chorar com a determinação em continuar procurando um caminho para fora do palácio. Peter tinha que estar vivo em algum lugar, e provavelmente procurando por ela. Essa era a esperança a qual ela vinha se agarrando para sobreviver a cada dia entre as paredes frias da prisão dos soberanos.

O bebê a chutou, como se adivinhasse que ela estava se perdendo em pensamentos como tantas vezes, e exigindo um pouco de atenção. Gamora riu baixinho e acariciou a barriga.

— Oi... Ainda estou aqui. Só estava pensando no papai. E em como vamos fazer pra sair pra procurá-lo. Quando você crescer.

Ela se impediu de dizer se. Seu bebê iria crescer! Ela mataria Ayesha e todos os soberanos do planeta se fosse necessário para proteger a vida de seu filho. Pensamentos quase insanos de um plano de emergência andavam se formando em sua cabeça ultimamente. Ela teria que confiar a criança a alguém se algo lhe acontecesse. E antes que pudesse pensar em qualquer alternativa, era sempre Adam que vinha a sua cabeça. Mas como poderia confiar nele? Ele era parte disso, apesar de tudo que tinha feito por ela desde quando se conheceram. Como o convenceria, como teria certeza de que ele levaria seu bebê em segurança para fora do planeta, e para as pessoas certas? E se Ayesha tivesse falado a verdade? Se sua família não estivesse mais nesse universo? E se Xandar não existisse mais? Gamora tinha uma última alternativa. Muito incerta, mas a única restante. Uma das poucas lembranças concretas que ela tinha da joia da alma.

O bebê a chutou de novo, fazendo-a olhá-lo outra vez, e percebendo que havia se distraído novamente.

— Desculpe, querido. Mamãe está preocupada com algumas coisas. Mas nós vamos dar um jeito, de alguma forma.

Guardou todas as coisas que estava olhando na mesma caixa que Adam havia trazido, deixando-a em cima da mesa, e voltando para a cama. Apoiou as costas no travesseiro, e esticou as pernas, correndo as mãos pelo tecido suave da camisola sobre a barriga.

— O que você quer fazer agora? – Perguntou para o bebê – Brincar? Ou ouvir uma história?

Ela acabou passando os próximos minutos brincando com o filho de qualquer forma, fazendo uma pressão leve em alguns locais, a qual o bebê respondia empurrando suas mãos com um pezinho ou uma mãozinha. Era uma das poucas coisas que conseguia fazer Gamora se sentir realmente feliz nos últimos meses. Conforme o tempo passava, a criança também se tornara mais agitada, chegando a dificultar que Gamora adormecesse à noite. Então certa noite, antes que percebesse o que estava fazendo, ela se viu cantando baixinho cada uma das canções que Peter lhe mostrou desde que se conheceram, enquanto acariciava a barriga e sentia o bebê se acalmar aos poucos, até que ela também acabasse adormecendo.

— Acho que você vai ser como o seu pai. E ficarei feliz se você herdar o mesmo dom que ele tinha pra nos tirar de situações complicadas com música e conversa. Será mais fácil pra ao menos você sair daqui.

A mesma pergunta sempre voltava a sua cabeça quando Gamora falava sobre Peter ou pensava nele. E se ele soubesse? Se os dois soubessem quando foram para Luganenhum naquele dia? Se os dois soubessem que ela estava grávida quando Thanos a levou? E se Nebulosa soubesse? Provavelmente ela teria descoberto rápido se não estivesse sendo torturada. Afastou para longe todos os questionamentos sobre o que poderia acontecer se Thanos soubesse. Tinha certeza que nenhum caminho seria bom.

******

— Isso é bom – Nebulosa sorriu enquanto olhava para a tela de seu datapad – Estão melhores do que nós.

Tony ficou sério, deixando clara sua tristeza em não poder ajudar a amiga.

— Eu sinto muito, Neb.

— Se me chamar assim de novo eu cruzarei a galáxia pra transformar suas armaduras em ferro velho!

— Não precisa. Morgan nos obrigou a adotar um cão que encontrou na rua, ele mesmo já tentou se encarregar disso.

— Papai!

Nebulosa ouviu Morgan chamar de algum lugar na casa. Então escutou latidos e risadas que claramente pertenciam a Morgan, Pepper, Peter, MJ e Happy, e conseguiu sorrir, genuinamente feliz por as coisas estarem melhores na Terra.

— Eu já vou, meu amor! – Tony respondeu, olhando rapidamente para trás e se voltando para a câmera outra vez – Nós não sabemos onde está a verdinha. Eu sinto muito. E se ela praticamente fugiu daqui depois da guerra, não acho que ela voltaria tão cedo. De qualquer forma, eu vou falar com os outros. Você sabe... Eu estive de férias por longos meses. E ainda estou preso ao atestado médico.

— Fico feliz que você esteja bem.

Tony sorriu.

— Como está o Quill? E os outros?

Ele provavelmente sabia da resposta, mas não pode evitar a pergunta.

— Estamos bem. E não estamos. Ele continua arrasado. Depois que ela fugiu da Terra, não a encontramos em lugar algum. Estamos escaneando todo o universo conhecido há meses, e não a encontramos. A Tropa Nova está oferecendo uma recompensa por informações do paradeiro dela, mas ninguém se manifestou até hoje. Já visitamos todos os lugares possíveis onde ela poderia estar, e ela não estava em nenhum deles, como eu já lhe disse. Ele e Groot ainda choram algumas noites. Ele tem tido pesadelos estranhos com ela. Estamos fazendo nosso melhor pra passar por isso juntos. E eu sei que talvez chegue o momento em que teremos que aceitar a possibilidade do pior ter acontecido. Isso vai quebrá-lo. Quero esgotar todas as chances primeiro.

— Eu entendo.

— Papai!

                - É melhor você ir. Antes que uma de suas preciosas armaduras se transforme num mordedor.

Tony riu.

— Eu entrarei em contato se souber de algo relevante. Foi bom falar com você.

— Mande nossos cumprimentos a Pepper e às crianças. E ao seu novo filhote.

— Eles vão ficar felizes. Transmita os nossos também.

Nebulosa sorriu antes de se despedir e desligar.

******

— Ei!

Nebulosa despertou ao som da voz, arregalando os olhos ao se ver no escuro e não reconhecer o lugar. Tinha certeza que tinha adormecido em seu quarto na Benatar.

— Me escute!

Ergueu-se do chão frio ao ouvir a voz da irmã novamente, e finalmente percebeu o ambiente a sua volta. Era escuro e cinzento. Vários corredores se projetavam entre várias divisórias, como pequenos quartos ou salas, mas todos vazios.

— Que droga de lugar é esse?

Por um instante seu coração se encheu de pavor, quase acreditando que era mais uma projeção de pesadelo criada por Thanos, que ela nunca fugira dele, que nunca se unira aos Guardiões, que nunca passara cinco anos sozinha com Rocket, que Gamora nunca fora...

— Irmã!

Nebulosa saiu do cômodo estranho, adentrando o corredor e olhando na direção da voz.

— Gamora! Onde você está?! – Perguntou já começando a andar.

Pouco lhe importava agora o que era real ou não, se Peter estava tendo sonhos estranhos ou avisos esquisitos, se havia uma mínima possibilidade de falar com Gamora, mesmo em um sonho bizarro, ela aproveitaria.

— Nunca há muito tempo aqui. Se apresse!

— Continue falando!

— Você precisa saber! Precisa avisar!

— Avisar o que?!

Estava entrando em pânico desde que Gamora mencionara o tempo, e estava pronta para correr por cada sala disposta a achá-la, quando de repente Gamora saiu de uma das salas a sua frente, quase esbarrando nela. Estava exatamente como Nebulosa se lembrava de tê-la visto na Terra da última vez, exceto pela falta de suas armas, e seu olhar. Estava diferente... Parecia...

— É mesmo você?

Não esperando a resposta, Nebulosa a abraçou, apertando ainda mais a irmã quando Gamora retribuiu. E agora tinha certeza! Era ela! A Gamora deles! Não que considerassem a de 2014 menos importante, eram a mesma pessoa afinal.

— Onde você está?! – Perguntou ao se afastar para olhá-la.

— Você precisa dizer a ele! Vocês têm que saber.

— Saber o que?

De repente Nebulosa sentiu sua cabeça pesar. Não era dor, ou uma sensação ruim, era apenas um peso, como cansaço, e reconhecia bem essa sensação, a que se sentia perto do despertar de um sonho lúcido. Nunca fora de ter muitos assim, mas lembrava bem de como funcionavam.

— Sobre Vormir.

Nebulosa sentiu uma pontada no coração com a menção de Vormir, mas se por algum motivo, razão ou circunstância do universo ela estava tendo um sonho estranho com Gamora depois de Peter ter tantos outros, ela ouviria bem o que ela tinha a dizer a respeito.

— Foi terrível... – Gamora sussurrou, e olhou brevemente para baixo, agora deixando algumas lágrimas rolarem por seu rosto – Mas você tem que dizer a ele! Falta pouco tempo. Se estiverem em Xandar...

“Ele” só podia ser Peter.

— Nós estamos. Mas o que foi terrível?! O que além do que já sabemos que aconteceu lá. Tem que me dizer o que...

Nebulosa acordou num pulo, com os olhos arregalados e a respiração ofegante. Ela nunca fora de ter sonhos assim! Não com frequência pelo menos. Se tinha alguma dúvida sobre os sonhos estranhos de Peter, agora pareciam incrivelmente reais até para ela.

— A Gamora de 2014... Será que causou alguma distorção esquisita no tempo espaço? E o que é que ela queria que eu dissesse a ele? Droga, Gamora! Por que enrolou tanto?!

Não podia realmente culpar qualquer versão que fosse de sua irmã no sonho. Sonhos lúcidos tendiam a fazer tudo para interromper o recebimento de informações importantes quando o consciente começava a lutar para despertar, já percebera isso há anos, e nem sempre era possível forçar o efeito contrário.

Levantou-se e saiu do quarto, passando por uma das janelas e vendo as estrelas do céu noturno de Xandar e as demais naves estacionadas no hangar da Tropa Nova. Seguiu direito para a sala de controle da nave, ligando o painel e exibindo o mesmo rastreador por onde Peter tantas vezes tentara localizar Gamora. Levaria séculos para rastrear todas as áreas que ele já havia procurado, então limitou a pesquisa para Xandar e proximidades. Levaria pelo menos vinte minutos para ser concluída. Voltou a se perder em pensamentos e dúvidas ao encarar a foto da irmã, lembrando-se de repente do bebê que Peter relatava ver em tantos sonhos.

— Não pode ser... Ela não estava grávida nesse de agora. Não parecia pelo menos.

Lembrou-se do olhar que a irmã lançou para baixo quando começou a chorar, no momento lhe parecera apenas que fora um gesto inconsciente para esconder as lágrimas, uma das sequelas de Thanos.

— Devo estar ficando paranóica.

— Ele deixou outra pesquisa aberta?

Nebulosa escondeu seu estremecimento com o susto repentino de ouvir a voz rouca de Rocket na escuridão. Estava tão dispersa que não o ouvira chegando? Respirou fundo e virou-se para encarar o guaxinim.

— Não. Eu comecei uma nova.

— Por que? Ele acordou desesperado com sonhos malucos de novo? Eu não ouvi nada. Só perdi o sono mesmo.

                Rocket se aproximou e saltou para o assento da cadeira em frente ao painel, ficando em silêncio enquanto observava a imagem de Gamora. Ainda que ele não dissesse nada, e quase sempre tentasse se mostrar indiferente, Nebulosa pode ver claramente a saudade e a tristeza em seus olhos vermelhos.

                - Fui eu que tive um sonho estranho dessa vez.

                - Com ela?!

                - Não... Com Kevin Bacon – respondeu sarcasticamente.

                Rocket não se deu ao trabalho de responder, e sentou-se na cadeira em silêncio.

                - Groot o ouviu chorando um dia desses, e me fez prometer que eu falaria com ele sobre isso.

                Nebulosa o encarou interrogativamente.

                - Ele disse que não sabe se esses sonhos são só um resultado do que conversavam sobre isso, ou se algo pode ter acontecido. E que se aconteceu foi um acidente. Ele disse que...

                - Queria casar com ela.

                O silêncio do guaxinim concordou com a afirmação.

                - Eu detesto falar coisas melosas como Peter, mas... Eu queria muito que minha irmã tivesse vivido suficiente pra isso. Ele é a melhor coisa que aconteceu com ela.

                Rocket apenas balançou a cabeça em afirmação.

                - Então... O que você sonhou? Se quiser contar.

                - Foi tão estranho quanto o que ele tem nos contado. Estávamos em um lugar estranho que eu nunca vi antes. Não sei se parecia mais com um labirinto, uma prisão, ou um pavimento muito macabro de escritórios. Eu ouvi Gamora me chamando e precisei procurar um tempo até achá-la. Ela tinha pressa. Me disse que nunca tinha muito tempo naquele lugar esquisito, e que eu precisava dizer algo a ele.

                Rocket estreitou os olhos enquanto chegava ao entendimento do que Nebulosa queria dizer.

                - Pet?

                - Acredito que só pode ser ele. Ela também disse que nós precisávamos saber.

                - Do que?

                - Eu não sei. Alguma coisa terrível sobre Vormir.

                - Mas... O que nós sabemos que aconteceu lá... Não já é terrível?

                - Eu disse isso a ela. Ela começou a chorar quando falou em Vormir. Disse que falta pouco tempo. Disse que se estivéssemos em Xandar...

                - O que? Pouco tempo pra que?

                - Eu não sei. Eu acordei antes que ela me esclarecesse esse ponto. Tudo que sei é que ela queria desesperadamente que eu avisasse a todos nós sobre algo, especialmente a ele. O que é o problema.

                - A nossa Gamora...?

                Nebulosa assentiu.

                - Talvez a Gamora de 2014 tenha causado alguma distorção esquisita no tempo. Esse sonho pode nem ter sido sobre a nossa dimensão.

                - Mas por que ela falaria sobre coisas que aconteceram aqui se não fosse?

                Nebulosa apenas balançou a cabeça negativamente, não tendo qualquer ideia sobre uma possível explicação.

                Os dois passaram os próximos minutos em silêncio, observando a pesquisa continuar no rastreador. O projetor já mostrava que Gamora não estava em qualquer lugar de Xandar, e agora buscava em planetas e naves próximas.

                - Você acha... – Rocket começou naquele tom sério que raramente usava – Que ele pode estar certo? Que pode ter acontecido? Nós sabemos que é totalmente possível.

                - Eu não sei... Ele sempre teve mais cuidado com minha irmã do que com qualquer coisa no universo inteiro. Mas falhas acontecem.

                - Ele me disse que pode ter acontecido por acidente, embora nenhum dos dois tenha percebido nada que indicasse isso.

                - Talvez. Embora eu prefira ignorar essa possibilidade. O cenário da morte de Gamora já me parece terrível o suficiente sem uma criança inocente envolvida.

                - Você vai contar a ele? Não acha que ele vai ficar ainda mais paranoico?

                Nebulosa levou algum tempo para responder.

                - Peter ter esse tipo de sonho é uma coisa. Sempre pode ser apenas o subconsciente dele descarregando o peso e a dor que sente. Mas eu nunca fui de ter sonhos assim, por pior que fosse qualquer coisa que tivesse acontecido... A Tropa Nova também a está procurando. Chegamos tarde hoje, mas talvez amanhã seja hora de conversar com Dey e saber se ele tem notícias. E se ela me pediu pra contar o que quer que seja e foi tão enfática sobre contar a Peter, talvez signifique alguma coisa pra ele que eu não estou conseguindo deduzir.

                - Eu nunca fui de acreditar em sonhos, mas... Ela não te disse onde estava?

                - Eu perguntei. Mas acordei antes de ter essa resposta também.

                Nebulosa não disse. Mas se esse sonho significasse alguma coisa na vida real, o tempo a preocupava. Se Gamora estava em perigo, e algo ruim lhe aconteceria em breve, por mais que não acreditasse cegamente em sonhos premonitórios, ela buscaria pistas.


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