É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Ele nos amou


Notas iniciais do capítulo

Deixo uma agradecimento especial a minha amiga Rebeca Cristina, que, além de sempre opinar e me dar muitas ideias e feedback, deu origem à ideia dessa fanfic acidentalmente. xD Ela teve um sonho de cinco minutos com Guardiões da Galáxia, e criei a história a partir disso.

Algumas das minhas one-shots de Guardiões da Galáxia podem estar conectadas a essa fanfic, embora não vá afetar o entendimento da história se você não tiver lido. Mas se desejar lê-las, deixarei os títulos nas notas finais desse capítulo.

É por causa dessa fanfic que não tenho postado one-shots dos Guardiões utimamente, embora eu tenha algumas ainda na ideia pra escrever. Como essa história tem muitos capítulos passei esses meses me dedicando a ela, pra tentar evitar demora nas postagens.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790219/chapter/1

Capítulo 1 – Ele nos amou

De Dani Tsubasa

                Ayesha olhou assustada quando seus guardas entraram no saguão carregando o único membro feminino dos Guardiões da Galáxia que conheciam. A zehoberi estava contida em algemas e parecia confusa e furiosa, e o mais curioso, os olhava como se não os conhecesse. Ayesha não conseguia compreender como a única em sua opinião que tinha algum juízo e respeito entre todos eles podia tentar invadir seu reino para seja lá o que fosse.

                - Do que isso se trata?

                - Ela invadiu nossas imediações – um guarda respondeu – Foi pega de surpresa pelas naves não tripuladas quando a vimos nas câmeras.

                A rainha olhou com seriedade para a zehoberi que a encarou de volta sem sequer piscar.

                - Vejo que um de vocês me poupou o trabalho de ter que procurá-los e exterminá-los. O que não entendo é porque você, a única que demonstra ter algum juízo entre aquele bando de criaturas desprovidas de educação e inteligência, tentou invadir e saquear nossas dependências, outra vez.

                - Não sei do que você está falando – Gamora falou friamente num tom de desafio.

                Ayesha se levantou, a princípio não dizendo ou fazendo nada.

— Certifiquem-se de que isso não seja uma armadilha. Ela luta muito bem e é muito habilidosa pra ser contida tão facilmente. Os outros podem estar escondidos esperando alguma distração nossa – finalmente falou.

Alguns guardas deixaram a sala do trono e se espalharam pelo palácio. Gamora olhou as direções em que seguiram, não tendo qualquer ideia do que a mulher dourada estava falando ou do que poderia ter acontecido no passado. Ela não tinha mais propósito ou para onde ir, tudo que precisava agora era de recursos para conseguir unidades suficientes para encontrar um lugar para viver o mais longe possível. Sua nave parara de funcionar justamente neste planeta. E estava disposta a negociar por trabalho ou pelas peças que ainda fossem de alguma serventia, antes de ser atacada, contida e presa sem explicação alguma. Mas após refletir sobre as palavras da mulher a sua frente, Gamora tirou algumas conclusões, lembrando-se de tudo que Nebulosa lhe contara. Estaria a mulher se referindo aos Guardiões da Galáxia? Eles haviam roubado o reino no passado? Nebulosa não teve tempo de lhe dar tantos detalhes, inclusive esse.

                - Senhora, o mais estranho é que... Ela parecia não estar familiarizada com nossas dependências. Quando questionamos se queria roubar as baterias anulax ela disse não saber do que estávamos falando e que isso não lhe interessava.

                Ayesha encarou profundamente a mulher. Os olhos castanhos não a olhavam como da última vez, pareciam perdidos, apesar da ferocidade que tentavam demonstrar. E se perguntou se o evento de extinção em massa ocorrido anos atrás e o repentino retorno dos desaparecidos tinha algo a ver com isso. Gamora realmente não se lembrava deles. Não tinha como especular o que havia acontecido aos outros e porque ela estava sozinha, mas isso só lhe deu mais vontade de caçá-los do que antes, estava esperando apenas que toda a confusão gerada pela volta dos desaparecidos se estabilizasse em seu reino, especialmente agora que ele estava pronto. Poderia condenar Gamora à morte aqui e agora, mas seria fácil demais. Queria acabar com todos juntos, e, se possível, fazê-la se lembrar do ocorrido primeiro.

                - Senhora... – um dos guardas falou – Ela tem uma nave. Ou tinha. Algo deu errado e ela caiu há alguma distância do palácio. Foi como a encontramos. Ela disse estar interessada em negociar por trabalho, ou pela nave.

                Ayesha ficou em silêncio enquanto refletia.

— O destino sempre nos trás o que merecemos cedo ou tarde... Temos interesses maiores que esse. Levem-na para uma de nossas celas mais fortificadas, no mesmo bloco prisional em que deixamos a irmã dela da última vez que estiveram aqui. É o sensato a se fazer agora.

Gamora tentou lutar, como normalmente faria. Ayesha sorriu ao vê-la ser levada à força na direção da mesma prisão em que haviam trancafiado Nebulosa, e mais questionamentos explodiram em sua cabeça. O que Nebulosa teria feito para vir parar nesse lugar e ser presa?

— Senhora, o que pretende fazer? – Sua jovem assistente perguntou baixinho ao se aproximar.

— Isso eu resolverei em breve. Devemos conversar com ele sobre isso. Ela é o primeiro alvo que ele conhecerá.

******

Adam estava no exterior do palácio, próximo ao gigantesco recipiente das baterias anulax, observando as incontáveis estrelas do céu noturno. Os passos de sua criadora chegaram a seus ouvidos, e ele se virou para encará-la quando se aproximou.

                - Bem atento como sempre, isso é bom – Ayesha sorriu – Espero que esteja bem lembrado de tudo que conversamos, pois esta noite você conhecerá o seu primeiro alvo. Não vamos eliminá-la ainda. Por algum motivo perdeu a memória, e eu gostaria que ela recuperasse antes de nossa sentença.

                - Os Guardiões da Galáxia estão aqui? – A bela voz do homem dourado perguntou.

                - Apenas um deles. A única que aparenta ter alguma noção sobre qualquer coisa, isso antes de perder a memória. Mesmo sem memória ela não confia em nós, mas você é bom em conversar com as pessoas. Quero que fale com ela, descubra se lembra de alguma coisa, e principalmente, onde estão os outros. Podem estar atrás dela, se ela os viu deve saber onde estão. Ou isso pode ser uma armadilha.

— Sim, senhora.

******

Gamora estava sentada no chão frio de sua cela, encostada na parede e por hora apenas querendo descansar e então encontrar uma forma de fugir durante a madrugada. Além de tudo que havia acontecido na Terra, e da imensa confusão em que estava sua mente agora, tudo que ela não precisava era uma prisão. Olhou para as celas vazias do lado de fora e não foi difícil imaginar a triste razão pela qual estavam vazias. Talvez em breve a sua também estaria, ou ao menos parecia ser isso o esperado pelos Soberanos.

Passos pesados, apesar de calmos e cautelosos, ecoaram no corredor, era um homem, e consideravelmente maior que o padrão que ela percebera nos outros quando chegou, mesmo entre os guardas. Haviam tirado sua espada e suas armas de pequeno porte, mas não seria difícil matá-lo com as próprias mãos se necessário. Recuou um pouco para o fundo da cela, preparando-se para reagir. Mas os olhos dourados que a encararam dessa vez eram completamente diferentes de todos os outros. Sem frieza, raiva, orgulho, arrogância ou até ódio como ela viu nos olhos de Ayesha. Seu olhar era calmo, suave e arriscaria dizer que até gentil. Gamora o encarou profundamente em busca de falsidade, e começou a pensar que a Terra a tinha afetado mais que o esperado quando não encontrou nenhuma.

O homem era grande e forte, o que a fez se lembrar do último que tinha visto assim, ao menos o último que chamou sua atenção quando ela fugiu da Terra no fim da batalha. Peter Quill. Ele ativou antigos gatilhos de perigo em sua mente sem querer, e ela o agrediu, ela o achou idiota. Mas o olhar no rosto dele quando estava no chão a atingiu, ele estava realmente magoado por sua atitude, seus olhos verdes se encheram de uma dor tão profunda que Gamora se arrependeu, apesar de não tê-lo ajudado a levantar. E não era a dor da pancada que ela havia lhe dado, a alma dele estava em pedaços. E ela queria tanto entender aquilo, mas nada mais fazia sentido o suficiente para que ela ficasse e descobrisse, nem mesmo a amizade de Nebulosa.

                - Meu nome é Adam – o recém chegado falou, colocando o banco que carregava em frente à cela e sentando-se.

                A voz dele era suave e bonita, embora não menos masculina por isso. Seu cabelo ondulado estava penteado para o lado, caindo acima do olho direito. Suas roupas eram uma mistura de dourado e azul marinho, e pareciam indicar certo nível de importância.

                - Parece que você não se lembra de como nos conheceu há alguns anos.

                Gamora continuou em silêncio, esperando extrair qualquer informação que pudesse antes de falar. Ela já tinha sido imprudente o suficiente em um único dia.

                - Mas também parece que não se lembra de seus companheiros – ele continuou – Você sabe onde eles estão agora?

                Ela refletiu. Os Guardiões da Galáxia não eram maus, eles ajudaram a acabar com Thanos afinal. Nebulosa os descreveu como bobos, idiotas e atrapalhados, mas que eram algumas das pessoas mais gentis e confiáveis que ela conheceu em sua vida. Também lhe falou do quanto era secretamente grata ao líder deles por mantê-la longe de Thanos, e lhe contou rapidamente sobre como Peter a acolheu na equipe e na nave e cuidou dela e a amou mais do qualquer outra coisa, por mais que agora não sentisse nada de volta. Não os entregaria por nada.

                Adam suspirou, parecendo desistir do tópico sobre os Guardiões e a olhando ainda com a mesma gentileza de antes.

                - Uma coisa muito estranha aconteceu há alguns anos. Eu ainda não estava aqui, mas me disseram que foi aterrorizante. As pessoas começaram a desaparecer, literalmente virando pó. Nós descobrimos há anos que os seres vivos são feitos do mesmo material do pó das estrelas, não só aqui, os de outros planetas também. Eu me perguntei se haviam voltado a ser estrelas, mas eu olhei várias fotos e mapas estelares, e não parecia haver mais estrelas no céu do que antes.

                Gamora se sentiu tocada pela inocência dele, e surpresa por um adulto pensar dessa forma. Os Soberanos eram de fato muito peculiares, ou isso era uma armadilha tola na qual ele esperava que ela caísse. No entanto, o universo inteiro havia sido afetado por Thanos, e fazia sentido que os Soberanos estivessem na lista.

                - Eu ouvi várias histórias tristes sobre isso desde que eu nasci. Eu também tive sonhos estranhos com um lugar ensolarado cheio de pessoas que não conheço, incluindo alguns soberanos. Nunca imaginei que existissem tantos diferentes lá fora. Eu nunca fui muito longe do nosso planeta. Não sei se foram sonhos ou memórias, mas acho que eu me lembraria bem se fossem reais. E um dia, de repente, todos voltaram do nada. E a quantidade de pessoas no planeta dobrou, o que causou muita desordem. Felizmente estamos conseguindo organizar todos novamente, mais rápido do que em outros planetas pelo que sabemos. Você se lembra de alguma coisa sobre isso onde você estava?

                Gamora permaneceu em silêncio por alguns segundos, avaliando suas possibilidades e resolvendo entrar no jogo dele. Não conseguiria nada se ficasse calada para sempre.

                - Thanos. Ele sempre foi um psicopata obcecado por destruir metade da vida de todo o universo. Felizmente um grupo de pessoas conseguiu reverter isso, embora alguns danos tenham permanecido irreparáveis.

                - Inclusive sua memória?

                Gamora se atentou quando ele retomou o tópico inicial da conversa, mas decidiu correr o risco de prosseguir.

                - Houve uma guerra contra Thanos. Ele foi morto na Terra. Eu fui a única que ele levou pra lá que saiu viva. Mas eu não tenho as memórias vividas com os Guardiões que vocês procuram. Me foi dito que Thanos me levou deles e me matou em Vormir. Mas... Eu não sou a mesma pessoa que esteve aqui como vocês disseram.

                Adam pensou... Podia ainda ser inexperiente sobre vários conhecimentos simples, mas os complexos os Soberanos o fizeram estudar. Algo muito improvável lhe ocorreu. Ele lera a respeito, mas ninguém nunca havia conseguido fazê-lo. O único capaz de viajar no tempo seria o último dos magos. Adam não sabia seu nome, mas era conhecido como Doutor Estranho. Pelo que lera a seu respeito, era um homem íntegro, nunca levaria alguém perverso para iniciar uma guerra em qualquer lugar. Então de alguma forma outra pessoa descobrira um meio de fazê-lo, talvez tentando reverter as mortes causadas por Thanos. E tinha funcionado. Talvez Gamora não tivesse sofrido danos na memória, apenas...

                - Você veio de outra realidade. Ou de algum momento no passado antes de tudo que você viveu.

                Ficou calada a princípio, temendo ter falado mais do que seria seguro. O homem do lado de fora era inteligente, e isso poderia derrubá-la. Mas só lhe restava continuar e ver aonde chegaria com essa conversa.

                - É por isso que você não lembra. Você realmente nunca esteve aqui. Chegou por acaso – Adam respondeu por ela.

                - Imagino que isso não faça diferença no que pretendem fazer comigo – ela disse.

                - Querem matar os Guardiões da Galáxia, mas eu li muito sobre eles. Não parecem pessoas ruins. Descobri que um deles tem uma compulsão por roubar coisas que não precisa, tem um registro sobre isso no Kylin. Deve ter sido ele que tentou roubar nossas baterias. Eu falei sobre isso com nossa rainha, mas ela parece obcecada por vingança. E eu posso sentir sua alma, você está confusa e aterrorizada, mas não é uma má pessoa.

                Gamora o olhou curiosa com a revelação. Ele podia sentir almas...

                - Você é um Soberano, não devia ter sentimento algum, como poderia sentir almas?

                - Eu não tenho certeza. Mas eu sinto em você uma energia muito parecida com algo que já conheço. Eu posso tentar ajudá-la. Não sei se a libertariam, mas não acho que seria certo executar você.

                - Não preciso da sua piedade, sequer o conheço.

                - Meu nome é Adam Warlock. Dizem que me criaram como uma versão melhor de tudo que os Soberanos já fizeram, e pra grandes propósitos. Mas sempre achei que o universo tem mais a oferecer do que só nascer pra servir a um único propósito. Agora você sabe mais sobre mim.

                - Essa energia que você fala... O que é?

                - Eu não tenho certeza. Mas eu acho que você sabe, e é algo que a deixa triste.

                Gamora não teve mais dúvidas. Ele estava falando da Joia da Alma. Como os Soberanos poderiam ter conseguido acesso a isso? Ainda mais durante o impacto causado por Thanos? Ela nunca chegara a ver a joia, mas pelas histórias que conhecia imaginava como devia funcionar.

                - Se me deixar sentir, talvez eu saiba como ajudá-la – Adam lhe disse ajoelhando-se em frente a ela e estendendo a mão pelas grades da cela.

                - Por que eu confiaria em você?

                - Porque agora sou o único disposto a ajudá-la num planeta inteiro de pessoas que te consideram uma inimiga.

                Gamora pensou enquanto se sentava mais próxima dele, ainda sem segurar sua mão. Thanos estava morto e ela não tinha nada para ela lá fora. Tinha pessoas que a esperavam, mas ela não via sentido em segui-los. Não havia muito a perder. Primeiro perdera tudo em sua vida, que agora perdera o único sentido que restava com a morte de Thanos, que era impedi-lo.

— Eu posso sentir você aqui, e em outro lugar muito distante. Eu posso ouvir gritos e lágrimas de desespero e tristeza.

Gamora se assustou quando percebeu que Adam agarrara seu pulso sem seu consentimento, e que seus olhos dourados tinham sido tomados por luz dourada, o que a fez lembrar instantaneamente da mulher que chamaram de Capitã Marvel na Terra.

— O que você...?!

Antes que terminasse sua frase, a luz aumentou, tornando-se tão forte que era impossível enxergar qualquer outra coisa. Gamora devia ter desmaiado por algum tempo, porque quando acordou sentia-se como se despertasse de um sonho. A cela dos Soberanos havia sumido, e ela estava de pé num oceano sem fim. Era laranja e raso, o céu inteiro também estava tomado por uma luz laranja. Alguém estava chorando ao longe, e a voz era muito familiar. Gamora se espantou por demorar para reconhecer a própria voz, e pela situação completamente sem sentido que se passava.

— Eu disse que podia ouvir alguém chorando.

Ela estremeceu de susto quando ouviu a voz de Adam ao seu lado, seus olhos tinham voltado ao normal.

— Que lugar é esse?! Que tipo de alucinógeno você e seu povo usam?!

— Nenhum. E acho que estamos muito longe de lá agora. A energia que falei pra você, ela nos trouxe até aqui. Eu não tenho certeza se isso está realmente acontecendo, ou se não passa de um sonho, mas esse lugar é muito familiar. Eu tenho certeza que já estive aqui antes – ele disse andando na direção da pessoa que chorava.

Gamora não teve outra escolha além de segui-lo, conseguindo definir melhor de quem se tratava conforme se aproximavam. Talvez apenas seus melhoramentos fossem os responsáveis por evitar que seu cérebro entrasse em curto circuito nesse momento. Ela viu a si própria em pé diante deles. Estava usando roupas diferentes, mas era ela.

— Não deveriam ter morrido.

— Quem...? – Perguntou devagar ainda em choque – Não há mais ninguém aqui.

— Eu sinto outra vida dentro dela.

Gamora ficou muda, sentiu sua temperatura oscilar e o coração descompassar. Ela estava grávida?! Tinha morrido grávida?! Imediatamente ligou os pontos e pensou no que Nebulosa lhe falou sobre Peter Quill, e percebeu que haviam chegado ainda mais longe do que sua irmã teve tempo de esclarecer. Tinha se envolvido com ele a esse ponto? Família, e um filho? Fora isso que Thanos tirara dela? Sentiu seu sangue ferver ao odiar o titã mais uma vez, por mais que não quisesse viver com os Guardiões agora. E finalmente conseguiu acreditar em tudo que Nebulosa lhe contou sobre o terráqueo, pois jamais, jamais, se entregaria a alguém dessa forma se não confiasse nele com sua vida.

— Por que estamos aqui? – Perguntou a Adam.

— Eu queria saber o que era aquela energia, e ela nos trouxe aqui.

A mulher que chorava ergueu o rosto para vê-los quando finalmente pararam ao seu lado. Por quanto tempo ela esteve chorando sozinha? Os cinco anos que Nebulosa relatou se passarem tinham sido o mesmo para ela?

Seus olhos se arregalaram e ficou tão espantada quanto sua versão mais jovem. O que Thanos havia feito?! A única explicação para isso é que ele conseguira viajar no tempo e matá-la novamente. Reconheceu as roupas que usava, ela era mais jovem. Thanos destruíra seu passado? Quem era o Homem Dourado? Como um Soberano se tornara vítima da Joia da Alma?

— O que aconteceu? – Perguntou da melhor maneira que podia com a voz atordoada pelo choro – De onde você veio, e porque? – Perguntou a sua versão mais jovem – O que mais ele fez?

— Exatamente o que nos disse, mas conseguiram reverter o que ele fez. Embora não tudo – encurtou a história, não querendo que ela chorasse mais ou achasse que morrera em vão.

Gamora observou sua versão mais jovem, notando imediatamente e se lembrando do quanto tinha medo das pessoas antes de fugir.

— Você não conheceu ele, não foi?

— Não como você espera – ela respondeu – Eu sinto muito.

Mais algumas lágrimas silenciosas correram por seu rosto, e Gamora não podia explicar o quão estranha era a situação, mas a Gamora jovem sabia exatamente o que ela estava pensando.

— Você não perdeu seu futuro. Alterações no tempo não ocorrem como quase todo mundo pensava.

— Não adianta preservar meu futuro se não estou mais nele. Quem é você? – Perguntou a Adam.

— Eu fui criado pelos Soberanos como arma de Vingança contra os Guardiões da Galáxia, mas jamais os encontramos. Eu disse a minha rainha que provavelmente a culpa foi do animal estranho que os acompanhava, e que não precisamos matar todos, mas ela não deu ouvidos.

Os dois recém-chegados trocaram um olhar diante da confusão cada vez maior da mais velha.

— Olha... Muita coisa aconteceu na Terra. Thanos está morto. E todo o seu exército. Eu fui a única poupada.

— De que época você é?

— 2014. Estávamos num dia normal e terrível como todos os outros quando descobrimos a existência de uma segunda Nebulosa, de 2023. Thanos a raptou e trocou as duas pra que a nossa sabotasse os planos de desfazer o estalo. Mas a sua me contou tudo que teria acontecido se eu não tivesse sido interrompida antes de fugir naquele dia, ao menos tudo que ela teve tempo de me contar. É uma história muito longa, mas nós vencemos.

Gamora inspirou fundo, pouco se importando em conter as lágrimas, e segurou a mão da mais jovem. Ambas poderiam ter desmaiado com a quantidade imensa de informações que surgiram de repente em suas memórias quando as lembranças se mesclaram. Ela chorou por cada coisa que aconteceu após Thanos matá-la, pelo exército do titã louco virando pó, pelo olhar ferido de Peter jogado no chão diante da mulher mais jovem que estava agora diante dela, pela confusão e solidão que ela sentia ao decidir deixar a Terra no fim da batalha, pela destruição causada na Terra, pelo homem para o qual todos se ajoelhavam, até Peter, o qual não soube dizer se estava ou não vivo.

A mais jovem sentiu seus olhos arderem, e deixou que as lágrimas caíssem pelo que sentiu. A princípio era medo. Amor, carinho, amizade, cuidado, a mais pura paixão do homem que ela agrediu na Terra, tudo vindo de uma só vez após uma vida de dor era aterrorizante, mas cada lembrança que veio de tudo que ela não viveu acalentou seu coração mais e mais, e de repente ela desejou ter estado envolta nos braços dele tantas vezes, ter recebido todo o carinho que ele dedicava a ela todos os dias, ter vivido todos os momentos de alegria com os outros Guardiões, ter visto Groot crescer e tratá-la como mãe, e até mesmo ter sido cuidada por Peter como a coisa mais preciosa do mundo na provável noite em que geraram uma criança. Seu coração acelerou de emoção quando sentiu a vida do bebê atingi-la com ainda mais força que as memórias que viu. As duas encostaram a testa uma na outra e choraram juntas.

— Ele nos ama mais do que a própria vida.

— Eu sei... Agora eu sei.

Nenhuma delas se importava com explicações no momento, ou porque Adam as unira ali, mas era o primeiro momento de paz e consolo que tinham em vários anos. Adam segurou ambas pelo braço tão suavemente que demoraram demais para perceber a luz dourada tomar tudo em volta novamente. Gamora não sabia o que estava acontecendo, mas seu único temor foi o bebê. Ela achou que o carregaria para sempre na Joia da Alma, e não se importava de fazê-lo, mas tudo que queria é que o quer que estivesse acontecendo não o tirasse dela.

O chão abaixo de seus pés desapareceu, tudo ficou escuro, a brisa suave do oceano interminável parou de soprar, e ela estava sozinha agora. Forçou seus olhos a se abrirem, sentindo as lágrimas ainda escorrendo por seu rosto. Ela estava numa cela?! Onde?! E por que?! Sua visão estava embaçada, mas podia ver algumas coisas. O homem dourado abriu a tranca e de repente estava ajoelhado ao seu lado no chão. Ele a pegou no colo e se levantou com ela, deitando-a no que deveria ser um banco de pedra da prisão. Gamora queria protestar, queria se afastar dele, queria explicações, queria ter certeza que seu bebê estava bem, ela queria Peter! Levou as mãos ao estômago embora seu pouco tempo de gestação não tornasse possível perceber qualquer coisa, e nunca desejou tanto ter Mantis por perto para lhe dizer o que estava acontecendo dentro dela.

— O que... Você fez? O que...

— Fique calma. Eu não vou machucá-la. Seu corpo precisa se ajustar.

— Quem é você? Aonde ela foi?

— Sou Adam Warlock. Podemos conversar depois. Descanse. Você precisa.

Gamora lutou contra o cansaço, mas seu corpo venceu, e Adam foi a última coisa que ela viu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

1 - Dance comigo
2 - Meu Senhor das Estrelas
3 - Somos família
4 - Father and Son
5 - Papai
6 - Star-Sick
7 - O amor é seguro
8 - What a wonderful world
9 - Nós somos Groot
10 - My Love is alive
11 - Eu deveria ter ditto isso a você
12 - I want you back
13 - Ain’t no mountain hight enough
14 - Como Kevin Bacon
15 - Você cuidando de mim
16 - Você aquece meu coração
17 - A baby in the battle
18 - Você é especial
19 - Um presente do universo
20 - My life, my love, my lady
21 - Minha vida pertence a você
22 - Eu confio em você
23 - Vida
24 - Eu te amo mais do que tudo
25 - Eu sempre vou voltar pra você
26 - Although we are miles apart
27 - When you hold me in your arms
28 ?- Fooled around and fell in love
29 - Estrelas cadentes
30 - Tudo que eu amo em mim
31 - I’m in love with you
32 - Você está segura aqui
33 - 5 sentimentos
34 - Sempre aqui
35 - 5 sentimentos - Parte 2



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "É só uma coisa implícita" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.