Inspiration escrita por Lover


Capítulo 4
III: Um adeus.


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos, como estão?
Espero que gostem do capítulo de hoje. Não esqueçam de deixar sua opinião nos comentários, me ajuda muuuuuito!!
Um abraço.



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NOVA YORK - DOIS MESES ANTES

Clary lutava contra a rodinha emperrada de sua mala cor de rosa pink enquanto caminhava apressadamente pelos limpos corredores do Aeroporto Internacional John F. Kennedy.

— Tem certeza que não quer ajuda com isso, Clary? — perguntou Simon, respirando aceleradamente enquanto dava passos largos para acompanhar o ritmo agitado da ruiva.

— Estou bem, Simon. — a garota rebateu com ferocidade. — Se eu perder esse voo...

Clary apertou mais ainda o passo, de modo que Simon tinha quase que correr para permanecer ao seu lado. Para uma mulher tão pequena, ela anda surpreendentemente rápido, pensou o melhor amigo enquanto lutava para acompanhá-la.

— Relaxe, Clary. Você não vai perder o avião. — riu Simon, tentando animar a amiga. — E eu já pedi desculpas, mas as chaves simplesmente sumiram!

Clary soltou um barulho engraçado, que Simon não soube distinguir se era uma risada ou um rosnado, ou talvez uma mistura do dois.

— Chaves não saem andando, Simon! — explodiu a ruiva, sem parar.

 Depois de mais alguns minutos caminhando, ou — no caso de Simon — correndo, eles alcançaram finalmente o portão de embarque para voos internacionais. Clary respirou aliviada ao checar o monitor, que indicava que o embarque ainda estava acontecendo.

Então é isso, pensou a garota. Por mais que tivesse ficado irritada com o melhor amigo por se atrasar, a possibilidade de perder o voo agora não parecia tão ruim. Na verdade, parecia até apelativa. O pensamento de passar seis meses fora de casa, em um país completamente estranho, sem conhecer uma pessoa sequer, era assustador. Clary estremeceu levemente.

Ao seu lado, Simon, percebendo o nervosismo da amiga, virou-se em sua direção e ergueu seu queixo com o polegar.

— Ei. — ele sorriu com solidariedade — Vai ser uma experiência incrível. Voar de primeira classe e tudo mais. Você tem sorte que foi algum velho rico que se interessou por sua arte. Além do mais, você vai se virar de mim por seis meses inteiros!

Clary abriu um sorriso forçado e sentiu as lágrimas se formando atrás de seus olhos. Ela fechou os olhos com força e exigiu que elas ficassem lá dentro. Ela não ia chorar, pelo menos não em público. Desesperadamente, a ruiva envolveu o amigo em um abraço apertado. Simon afagou seus cabelos desarrumados com uma mão e fez um carinho em suas costas com outra. Sentir o conforto no toque do amigo acalmou Clary, pelo menos um pouco.

— Obrigada Simon. — ela se desvencilhou dos braços dele e olhou em seus olhos. — Vou sentir sua falta.

O garoto sorriu em resposta. Havia algo em seus olhos que Clary não conseguiu identificar, como uma pontada de desespero.

Abrindo a bolsa e alcançando sua passagem e passaporte, a mulher ajeitou a postura e respirou fundo. Quando tomava seu primeiro passo em direção à plataforma, sentiu algo puxando seu braço.

— Clary, eu... — Simon a olhava com olhos angustiados. — Queria te dizer que...

Por mais que soubesse exatamente o que tinha a dizer, as palavras entalaram em sua garganta. Simon sentiu sua boca secando e seu coração disparando. O olhar da melhor amiga queimava em sua face, fazendo suas bochechas corarem. Ele não conseguia dizer o que sentia. O que sentira desde sempre, desde que a conheceu. Queria dizer o quanto a amava, a admirava. O quanto ele sentia seu coração disparar quando a via sorrir, e o quanto ele desejava a segurar em seus braços e declarar seu amor com os mais profundos beijos. Mas ele não podia. Aquela era a chance de Clary virar uma reconhecida artista, e conquistar tudo que ela sempre sonhara, e Simon jamais poderia tirar aquilo dela. Ele a amava demais para ser egoísta a este ponto.

— Só queria te dizer para se cuidar em Londres. — ele forçou um sorriso. — Ouvi dizer que chove muito lá. Não quero que fique resfriada.

 Confusa, Clary assentiu com a cabeça e sorriu. Aquele sorriso, maldito sorriso, amaldiçoou Simon enquanto assistia a garota entrar pelas portas de embarque e desaparecer.

***

Depois que o avião finalmente atingiu altitude de cruzeiro e os sinais luminosos de cinto de segurança se apagaram, Clary soltou um suspiro aliviado. Ela não era a maior fã de aviões. Não era nem por conta da altura ou do espaço apertado, mas dos tremores. Ela podia sentir o avião todo vibrando sob seu corpo enquanto ele disparava pelo céu escuro de Nova York. Clary odiava aquela sensação, principalmente por não se sentir no controle.

Enquanto olhava pela janela, Clary podia ver a cidade, agora pequena e significante, diminuir lentamente. Todas aquelas luzes e prédios agora se resumiam a pequenos borrões.

Clary nunca havia voado na primeira classe antes. Na verdade, só havia voado poucas vezes, e sempre no pior — porém mais barato — dos assentos, ao lado do banheiro onde pessoas ficavam cruzando o tempo todo.

Ela deixara bem claro para a mulher que organizara sua viagem, Nina Roberts ou algo assim, que não fazia questão de tal luxo, mas aparentemente seu chefe — o homem misterioso que a contratara — fazia questão que ela fizesse sua viagem da maneira mais confortável possível. Embora Clary não tivesse gostado da ideia a princípio, agora, sentada confortavelmente e com os pés, cansados de tanto andar, esticados pelo enorme espaço de sua cabine, a ruiva agradeceu mentalmente ao universo.

A poltrona de couro era incrivelmente espaçosa, e o ambiente cheirava a lavanda. Ao seu lado havia uma cestinha com vários tipos de petiscos — amêndoas, barrinhas de cereal, pretzels e gomas de mascar — e um kit de higiene com escova e pasta de dente, fio dental, creme para as mãos e uma máscara para os olhos. Ela imaginou como Simon tiraria sarro dela nesse momento, voando como uma verdadeira madame.

Pensar em Simon fez seu coração afundar no peito. O turbilhão de emoções que Clary sentia há vários dias veio a tona, fazendo seus olhos brilharem com lágrimas. Sua mãe, Luke, Simon... Toda aquela confusão de sentimentos tomou conta dela. Sabendo que não conseguiria dormir tão cedo, Clary puxou o cobertor azul petróleo que repousava ao seu lado até o queixo e afundou no assento, absorta por memórias.

Naquela noite, Clary sonhou com um homem misterioso — seus olhos escuros como a noite e cabelos loiros como o sol. Cicatrizes enormes e esbranquiçadas cobriam seu corpo perfeitamente esculpido. O homem era como um anjo caído, seu corpo branco como leite e seus lábios rosados como a mais linda rosa.


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