Dates escrita por nywphadora, nywphadora
Sirius sempre tentou arranjar-lhe encontros, desde que Remus se entendia por gente.
— Está vendo aquela garota ali? — lembrava-se de escutá-lo perguntar toda a santa vez.
Naquela vez, estavam no Salão Principal de Hogwarts. Sétimo ano.
— Não, Sirius — ele respondeu automaticamente.
Geralmente quando os amigos vinham pedindo algo, essa era a sua primeira reação. Nunca era algo bom.
— Dorcas Meadowes — continuou Sirius, como se não tivesse escutado a sua negativa — Ela é uma das garotas que acha cicatrizes algo sexy, você sabe.
Remus soltou um som estrangulado pela garganta, tentando não enfiar o rosto no livro de transfiguração.
— Bela abordagem — Lily o repreendeu, mas logo em seguida acrescentou — Ela é bonita.
— Você também não, Lily — pediu o lobisomem.
— Você deveria sair com ela — disse Sirius.
— Ah claro! E eu também deveria sair com Héstia Jones, Mary MacDonald... — ele ergueu os dedos conforme ia dizendo os nomes.
Não cabiam em duas mãos.
— Você se lembra dos nomes! — Sirius exclamou, sorrindo.
— Isso já é mais do que você já faz, Black — Lily o alfinetou.
A amizade entre eles era estranha.
— Isso deveria ser a sua obrigação, Sirius — Remus disse, tentando voltar a atenção para o livro de transfiguração.
Mesmo depois disso, ele ainda perguntou:
— Isso é um não?
E mesmo depois de 12 anos trancafiado em Azkaban isso não tinha mudado.
— Wotcher! — Tonks cumprimentou-os.
Remus sorriu e acenou para ela, antes que ela fosse na direção de Bill e Moody para resolver algum assunto da Ordem.
— Você sorriu para ela — disse Sirius.
— Eu sorrio para todo mundo — ele retrucou, franzindo o cenho confuso — É educação.
— Não, mas você sorriu para ela. Foi um sorriso diferente.
— Não foi não!
— Remus, as suas covinhas apareceram!
Ele pôde ver Tonks olhar na direção deles, erguendo uma sobrancelha para o tom alto da conversa. Qualquer pessoa estranharia, considerando que nunca tinham visto os amigos brigarem até então, mesmo que o tom de voz normal de Sirius fosse ensurdecedor.
— Fala baixo — Remus rosnou, desviando o olhar dela.
— Você está corando?
— Puta que pariu, Sirius!
Ele escondeu o rosto atrás das suas mãos.
Escutou-o gargalhar e sobressaltou-se quando Sirius bateu a mão na mesa de madeira, apenas chamando mais a atenção para eles.
— Tudo certo aí? — Tonks atreveu-se a perguntar.
Podia imaginar o quão bizarra estava sendo aquela cena.
— Ah não se preocupe, Nymph — disse Sirius alegremente.
— Você é o ser mais irritante que eu tive o desprazer de conhecer — Remus reclamou, mesmo sabendo que Nymphadora escutaria e que ela era a mulher mais curiosa que ele já conheceu na vida.
E que ela com certeza o perturbaria depois para saber do que estavam falando.
— Vocês fariam um lindo casal, sabe — comentou Sirius casualmente, jogando o corpo para trás, apoiando-se no encosto da cadeira — Espere, como é mesmo que os jovens dizem hoje em dia? Eu shippo?
O Lupin quase ajoelhou-se em agradecimento quando Dumbledore entrou pela porta para dar início à reunião.
Ele não conseguiu olhar na direção de Tonks pelo resto da noite.
Pôs a culpa em Sirius por isso, mas a verdade é que ele não tinha tanta certeza.
Pensou que o amigo deixaria o assunto de lado depois que visse que não aconteceria, como foi em todas as vezes anteriores, mas uma madrugada em que Tonks estava na ronda no Ministério e estavam só os dois em Grimmauld Place, ele retomou o assunto.
— Eu sou sério — disse Sirius repentinamente.
Remus não pôde evitar abafar uma risada, negando com a cabeça.
— 24 anos que nos conhecemos e você ainda faz essa piada.
— Não, mas... eu falei sério. Sabe, sobre você e a Tonks.
Ah não, aquele assunto de novo não.
— Sirius... — ele tentou dizer.
— Ela gosta de você.
Era difícil de acreditar vindo daquele cupido irritante.
— E o que te faz pensar isso? — perguntou Remus, sem poder evitar.
— Ela tem dado em cima de você nos últimos três meses — disse Sirius, diretamente.
Ele engasgaria se estivesse tomando firewhiskey como o amigo, mas tinha resolvido ficar só no chá.
— Não tem não! — ele retrucou.
Esperou que o amigo começasse a rir e dizer que era uma brincadeira, mas ele pôs o copo de firewhiskey em cima da mesa de centro e virou-se para ele, incrédulo.
— Você... — o animago parou — Tá falando sério? Você não percebeu?
— Sirius, nem todas as pessoas que são legais com você estão dando em cima de você — exclamou Remus, levemente exasperado.
Um som no corredor interrompeu o diálogo deles e não muito depois Tonks surgiu na sala, tirando o casaco e parecendo exausta.
— Não deveria estar no Ministério? — perguntou Sirius, voltando a pegar o seu copo, como se a discussão não tivesse acontecido.
Não viria coisa boa dali.
— Ah, bom, Arthur está fingindo que chegou mais cedo ao trabalho hoje — ela deu de ombros — Vocês acordaram muito cedo ou não dormiram ainda?
— Estávamos conversando — disse Sirius.
— Então — Remus exclamou quase em pânico quando percebeu o assunto se introduzindo —, como foram as coisas lá?
Tonks passou o olhar de um para o outro, desconfiada.
— Ah, você sabe, o de sempre.
Ela bocejou sem poder evitar, não tinha dormido nada.
Ficava tão fofa quando...
Foco, Remus.
— Moony quer te perguntar uma coisa — Padfoot aproveitou a sua distração.
O quê?
Ele o mataria.
— Sim? — perguntou Tonks.
Ficou sem saber o que dizer, olhando de um para o outro, gaguejando. Antes que pudesse pensar em alguma desculpa, Sirius adiantou-se:
— Você está dando em cima dele?
Sirius Black definitivamente era um homem morto.
Ele pôde notar o cabelo de Tonks mudar de cor para um tom avermelhado.
— Não, eu não... — Remus tentou pensar em algo para mudarem de assunto.
Ela soltou uma risada, passando a mão no próprio pescoço.
Ótimo, agora ela estava rindo dele. Obrigado, Sirius.
E então tão repentinamente quanto ela começou a rir, ela ficou séria.
— Sim, há meses, mas obrigada por notar — Tonks respondeu.
A sala ficou em silêncio por alguns segundos que pareceram durar horas.
Por fim, escutaram um assobio da parte de Sirius. Ele tomou um último gole do seu copo e então levantou-se da poltrona teatralmente.
— Bom, essa é a minha deixa. Boa noite para vocês.
E então saiu da sala.
Não se lembrava de muitas vezes em que as pessoas o deixavam sem palavras.
Não sabia o que dizer.
Por sorte, Tonks voltou a bocejar.
— Eu vou dormir. Boa noite, Remus — ela despediu-se e foi em direção à escada, como se nada tivesse acontecido.
— Boa noite — ele respondeu, hesitante.
Seu chá estava frio.
Ele notou isso quando voltou o olhar para a xícara ainda em suas mãos.
Antes que decidisse ir dormir ou tomar uma dose de firewhiskey, escutou passos novamente. Pensou que seria Sirius vindo incomodá-lo, mas era Tonks novamente.
— Você é muito lerdo — ela disse, não parecendo mais tão cansada.
— Desculpe-me? — seu pedido soou mais como uma pergunta.
— Eu que vou ter que tomar uma atitude, não é?
Uma atitude?
Céus, ele nunca poderia reclamar de Harry, ou relembrar com Sirius sobre como James e Lily demoraram para ficar juntos, depois daquilo.
— Tonks, eu não acho que... — ele deixou a xícara ao lado do copo de firewhiskey vazio, em cima da mesa.
Ela não estava nem um pouco interessada em saber o que ele achava.
Ela não deixou-o dizer o que achava.
E depois ele também não lembrou-se mais do que ia dizer.
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