Good Morning Call 2 escrita por Buttercup
POV Rachel
Acordei às 7:30 em pleno domingo. Me olhei no espelho e vi que estava descabelada, mas pelo menos, sem olheiras. Dormi relativamente bem. Parece que o dia de ontem nem existiu. Foi aí que me dei conta que NÃO era domingo. Era segunda-feira! E eu me esqueci totalmente de levar minhas coisas para o dormitório.
Mesmo assim, preparei meu chá de ervas. Pelo menos era cedo. Se eu corresse, tudo daria certo.
— Mãe, me dá carona até a faculdade? - Perguntei, esbaforida e já com roupas casuais.
— Esqueceu de levar suas coisas, filha?
— Não importa! Pode me dar carona ou não? - Irritei-me de repente. Detesto lição de moral. SEI que errei.
— Claro, filha. Come um sanduíche antes de ir. - Respondeu ela, com a maior calma do mundo.
Tentei comer o sanduíche devagar, mas não conseguia. Ia comendo e olhando para o relógio. Já eram quase oito horas! Minha aula hoje começa às 9:30! Eu sei que tenho tempo até lá, mas ainda preciso arrumar minhas coisas. Ainda bem que deixei algumas roupas lá no dormitório e só trouxe roupa suja.
— Tá levando calcinhas o suficiente? - Perguntou minha mãe, nada discreta.
— Mãe! - Senti o rosto ficar quente. - Claro, né? Queria o que? Que eu pedisse emprestado?
— Não. - Riu ela, cínica. - Era só para ter certeza.
Fiz careta e terminei meu chá. Nem senti o gosto do sanduíche direito, pois estava com pressa. Escovei os dentes e rumamos para a faculdade. Meu coração estava acelerado de tanta correria e até me deu calor, apesar do friozinho que fazia lá fora.
— Enfim, chegamos... - Disse minha mãe, estacionando o carro do outro lado da rua. - Tchau, filha. Se cuide. Te amo.
— Tchau, obrigada, mãe. - Dei um beijo na bochecha dela. - Também te amo. Se cuida.
Ela buzinou antes de ir embora e eu acenei. Minha mãe é mesmo uma figura. Rumei com minha mala e mochila para os dormitórios. Antes de chegar lá, esbarrei com alguém que não queria ver.
— Oi, Rachel! - Era aquele baba-ovo do Vincent Garfield, com aquele sorriso besta dele.
Sério, esse Vincent não estuda, não?
— Oi.
— Está com pressa? Vamos conversar?
— Não é óbvio que estou com pressa? - Respondi meio ríspida, mas não me arrependi. Esse cara é folgado pra caramba.
— Poxa, Rachel, o que eu te fiz?
— Nasceu. - Respondi, sem pensar direito. Eu tava atrasada, afinal.
— Nossaaaa... - Ele ficou ali, com cara de pamonha como sempre, assimilando a minha patada. Mas ele não se toca mesmo.
Quando finalmente cheguei ao dormitório, apenas a Tara estava ali. Ela parecia surpresa ao me ver.
— Oi, Rachel.
— Oi, Tara. - Respondi, colocando minha mala em cima da cama. - Cadê a Karen?
— Ainda não chegou. - Respondeu a loira. - Deve estar por aí.
Achei aquilo muito estranho. Não era do feitio da Abelhinha se atrasar. Comecei a ficar preocupada. Peguei meu celular e mandei mensagem para ela.
Oi, onde vc tah?
Ela não respondeu de imediato. Depois de uns 15 minutos, a resposta veio:
Oi... To em casa... To doente... Nao posso ir p aula hj
Desculpa :/
Doente? Como assim? Ela tava bem ontem! Preciso dar um jeito de vê-la depois da aula. Depois de tudo que ela fez por mim, chegou a hora de retribuir.
— Tara, a Karen está doente. Não virá pra cá hoje. - Falei.
— Sério? - Por incrível que pareça, até a Tara parecia preocupada. - Coitadinha...
— Eu vou visitá-la depois da aula. - Declarei.
— Eu quero ir também. - Tara falou, parando de lixar suas unhas. - Quer dizer... Posso ir?
Eu dei um sorriso de canto.
— Claro que pode. Não sou eu que devo falar o que você deve ou não fazer. - Dei de ombros, mas estava meio feliz por ela me acompanhar.
— Afe, Rachel, sempre meiga, né? - Mas ela estava rindo.
— Delicada igual coice de mula, obrigada. - Me vangloriei daquele apelido que me deram uma vez. Agora eu gostava.
Nós duas rimos e pela segunda ou terceira vez, percebi que até que a Tara é uma boa companhia.
Estávamos indo para nossas salas de aula, quando vi que a Tara estava parada no meio do caminho, olhando para alguma coisa. Ou melhor, para alguém.
— Vamos logo, Tara... - Tentei puxá-la, mas parecia um burro empacado.
Olhei para a direção que ela fitava e vi o que estava acontecendo. Estava olhando para o Garth Tenson, aquele que ano passado foi até minha casa e do Garfield pedir conselhos para ficar com ela. Que doideira.
— Você... gosta dele? - Perguntei.
Ela balançou a cabeça, corando um pouquinho.
— N-Não! Não estava olhando para ele! Vamos pra aula! - Ahá, agora deu pressa nela. Bom, vou logo pra essa aula.
Mal consegui me concentrar. Estava preocupada com a Abelhinha. O que será que aconteceu? Vou passar a matéria para ela mais tarde.
xxxx
POV Garfield
Quando tempo que eu não jogava basquete na escola. Correr quicando a bola, sentir o tênis gritando no chão do ginásio, a torcida enlouquecida chamando pelo meu nome, o triunfo de fazer uma cesta e esse suor escorrendo pelo meu corpo. Cara, que saudades!
— Jogamos bem, galera! - Bati na mão dos parças. - Opa, não me abraça não, Bill! Tô suadão! - Brinquei com meu amigo.
— Garfield! - As "líderes de torcida", vulgo minhas fãs estão enlouquecidas, mas não estou dando atenção para elas.
— Ei, a gente também tá jogando, tá? - Um dos caras que estava jogando comigo reclamou.
— Mas você não é o Garfield, Robert. - Alice, uma das garotas respondeu e o resto dos caras soaram: "UHHHHH! LEVOU TOCO!"
Eu apenas dei risada. Não é de hoje que isso acontecia.
Rumei para os bebedouros, estava seco de sede. Hoje o dia não podia estar mais agradável. Parece que a tempestade interna enfim passou. Mamãe estava certa. Eu cresci com as experiências. E já chega de pensar só na Roth. Eu ainda tenho minha vida e meu amor próprio, claro.
Talvez um ano não demore muito a pensar. E mesmo que demore, vou curtir ao máximo minha vida de colegial.
A parte chata é... fazer prova! Caramba, eu tô me ferrando em matemática, física e química. Sorte que o Bill é fera nessas coisas. Ele me lembra o Vic. Parceiro, atlético e um pouquinho nerd também. Sem contar que ele também é negro, então, vejo o Vic nele.
— Poxa, cara, você tirou nota baixa de novo? - Bill perguntou.
— Me ajuda, parça! Por favor! Não posso pegar exame... - Choraminguei, como sempre.
— Tá bom... Mas você precisa se concentrar, cara! - Bill dizia e eu vivia sempre no mundo da lua. Mas está na hora de focar.
Hoje na aula até respondi certo uma questão de biologia! E nem foi o Bill que me soprou. Me senti um gênio!
— Além de lindo, é inteligente! - Disseram umas garotas.
O velho Garfield garanhão iria se vangloriar e tentar impressioná-las, mas eu fiquei na minha, feliz com meu desempenho. Bill deu um joinha.
— O bofe é mesmo um sonho! - Rudinick, um andrógeno que gosta de mim, logo comentou.
— Silêncio, pessoal! - O professor pediu, sério. - Vamos continuar. Muito bem, Logan. Sente-se.
Me sentei, com o sorriso do tamanho do mundo.
Acho que finalmente vou tomar juízo... ou não!
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