Todas as formas de amar escrita por Snowflake


Capítulo 7
Capítulo 7 - Composições


Notas iniciais do capítulo

Retomando, espero que gostem!




Enjoy!



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Temari: Eu saí de casa, Hinata. – Disse firmemente, mesmo em meio às lágrimas. – E dessa vez é para valer.

**********

 

 

Pov Temari

Eu sempre fui tratada de forma diferenciada pela minha mãe, dentro de uma casa onde “os homens reinavam”, meus dois irmãos mais novos eram o xodó da minha mãe, mas eu nunca senti esse mesmo amor em relação a mim. Minha sorte, ou grande dádiva, era o meu pai, o senhor Katsuo. Ele era o meu herói, o meu primeiro amor, o meu tudo, porque para ele, eu era sempre a sua princesa.

Por causa dele eu aprendi a ser forte, a amar e ser amada... Mas... Imagine a dor que eu senti ao perdê-lo aos 13 anos? Eu fiquei sem chão, mas precisei me manter forte, pois minha mãe desmoronou, e meus irmãos nunca mais foram os mesmos, o papai era nossa luz... E foi como se algo tivesse se apagado dentro do nosso coração. E foi assim, que aos 13 anos eu precisei me tornar a “chefe da casa”. Com a perda de meu pai, minha mãe precisou começar a trabalhar, e eu era a encarregada de cuidar da casa, dos meus irmãos e de mim mesma.

 E era assim que eu levava meus dias, precisei trabalhar durante o dia e estudar a noite para conseguir o dinheiro para poder me bancar na faculdade, e quem diria? Eu havia passado em medicina! Mas isso nunca pareceu orgulhar minha mãe, e eu sempre me perguntava o porquê de ela me tratar como tratava, era como se... Se eu não fizesse diferença para ela.

E foi justamente por isso, que por tantos anos, mesmo sendo obstetra, eu recusei firmemente a ideia de ser mãe, como eu poderia amar uma criança se eu nunca havia recebido este amor da minha própria mãe? Mas tudo mudou quando eu conheci Hinata e a sua história, ela havia me contactado através da Ino, uma colega da faculdade que namora o Sai, um amigo da Hinata, e foi assim que nos conhecemos, e logo eu, que nunca me aproximo de ninguém me vi totalmente entregue a essa pessoinha maravilhosa, a qual hoje posso chamar de melhor amiga.

E foi graças a ela que eu pude me tornar uma pessoa melhor, conheci o Pe. Micael, um ser humano extraordinário – mas que ele nunca saiba o que acho dele, porque ele vai me encher a paciência. – com quem eu aprendi a conviver, mesmo sendo tão diferenciados em nossos pensamentos. É tão engraçado ver a Hina ficar no meio de nossas discussões, mas é divertido ter alguém como ele como amigo, pois com ele e com Hinata, eu sei que sempre poderei contar.

Então em um belo dia, os dois resolveram me apresentar ao tão amado “Orfanato de Santo Inácio”, e foi quando minha vida mudou... Saber que aquelas crianças, mesmo sem pai e mãe, conseguem distribuir amor, me fez pensar o quão feliz eu seria ao poder dar à um filho o amor que um dia minha mãe me negou, mas com o qual meu pai me amou em dobro.

Dessa forma, passei a frequentar o orfanato junto aos meus amigos, até Hina ter o nosso pequeno menino e me convidar para ser madrinha... Ah, pela primeira vez, eu pude amar outro serzinho, com “todo o amor que eu tinha dentro de mim” como sempre diz o Pe. Micael. E assim o meu desejo de ser mãe apenas ia crescendo dentro de mim, isso até eu conhecer o preguiçoso do Shikamaru, conhecido também como meu marido, ele nunca pensou em ter filhos, mas eu acreditava que com o passar do tempo poderia mudar a cabeça dele em relação a isso.

O que infelizmente não aconteceu, mesmo depois de 10 anos de casamento Shikamaru ainda não desejava ter filhos, o que me fez tomar uma decisão desesperada: eu parei de tomar remédios contraceptivos, mas não contei nada ao meu marido.

Resultado: agora estou aqui, grávida e desesperada, abraçada a minha melhor amiga, a única pessoa que poderia me reconfortar neste momento.

Hinata: Calma... – Ela me abraçava, e massageava meus cabelos. – Vai ficar tudo bem, sempre fica. – Sorriu.

A tranquilidade de Hinata as vezes me dava nos nervos, porque mesmo diante de um furação ela ainda possuía um sorriso no rosto e era capaz de animar os outros ao seu redor, e eu sei, que mesmo com tudo que ela estava passando, ela seria capaz de me apoiar. Ela também não perguntaria nada, e ficaria calada ali, me consolando até eu decidir falar, curiosidade realmente não era um de seus defeitos.

Hinata: Eu estou aqui, sim? Você sabe que pode confiar em mim. – A nossa ligação era muito forte, porque foi construída ao longo das pancadas dos anos, aprendemos que a minha dor era a dor dela, e a tristeza dela era a minha também. – Aqui é a nossa casa, e você pode ficar o tempo que desejar, aliás, eu amaria ter você e Boruto morando aqui comigo. – Sorriu e eu não pude deixar de sorrir também.

Bom, era o momento de eu contar a melhor notícia no momento mais inesperado e desesperador possível, mas se essa era a nossa história, era segundo esta composição que iríamos dançar.

Temari: Eu estou grávida, Hina. – Disse passando a mão na minha barriga ainda imperceptível. – Eu estou com 4 semanas, sou oficialmente mamãe! - Não pude deixar de sorrir.

Hinata: Oh minha nossa! – Agora ela me abraçou, com lágrimas nos olhos. – Parabéns minha amiga! Mais um bebê para integrar a nossa família. – Sorri ao ouvir “nossa família”, ela era realmente como uma irmã para mim.

Temari: Pe. Micael teve a mesma reação que você. – Ela sorriu surpresa. – Ele começou a chorar no meio da Igreja, foi até meio engraçado, e vergonhoso. – Sorri ao lembrar e ela soltou uma gargalhada.

Hinata: Então quer dizer que você contou primeiro para ele, foi? – Sorriu, tentando parecer ciumenta. – Que tal limparmos essas lágrimas, hein? Vamos arrumar o nosso quarto. – Eu sorri.

Com o passar dos anos, as visitas ao Pe. Micael e ao orfanato tornaram-se mais frequentes, então Hina e eu decidimos alugar uma casinha nas proximidades para podermos passar um tempo antes de voltar a “nossa realidade”. Ela era singela, mas bonita, possuía dois quartos, um da Hina e Boruto e o outro para mim, mas acabávamos ficando as duas no mesmo quarto e deixando que nosso menino tivesse um quarto só para ele.

Temari: Ai Hina, foi horrível. – Eu havia me segurado todo esse tempo, mas agora, aqui sozinha com ela, eu poderia desabafar e chorar tudo o que estava entalado dentro de mim. – Ele me disse coisas terríveis, que eu fui irresponsável e que agora teria que arcar com as consequências sozinha... – Chorei enquanto ela apenas me olhava profundamente, tentando de alguma forma me reconfortar com aquele olhar.

Hinata: Não se preocupe com nada, está bem? – Se aproximou e segurando minhas mãos, disse. – Você não está sozinha, e nem vai precisar arcar com consequência nenhuma. Você terá um lindo bebê, e eu estarei sempre aqui, vamos criá-lo e ele será muito amado. – Sorriu.

Eu sabia que poderia contar com ela, desde que nos conhecemos sempre foi nós duas contra o mundo, – fortalecendo-nos e sendo apoiadas pelo Pe. Micael, Deus com certeza havia colocado anjos no meu caminho. – e conseguiríamos mais uma vez, meu filho seria muito amado, e jamais se sentiria esquecido ou abandonado, afinal de contas “eu tinha muito amor dentro de mim”. E foi assim que eu adormeci, abraçada a minha amiga, e na esperança de que “a alegria viesse pela manhã”.

**********

 

 

Pov Naruto

Já fazem dois meses que eu não tenho notícias de Hinata ou Boruto, meu filho não havia voltado para casa um só dia depois que a mãe se foi, mas as coisas dele ainda estavam aqui... O que significava que ele iria voltar, pelo menos para buscar um par de roupas ou algo assim. Eu precisava ter esperanças.

Shikamaru: Você acha mesmo que ele vai voltar, não é? – Perguntou sarcástico. – Você tem pedido para a Kurenai botar dois pratos a mais todos os dias, desde que ela se foi. – Disse ríspido.

Naruto: Ah, você quer que eu peça para ela colocar o prato da Temari também? – E assim ele foi nocauteado, de irônico passou a ironizado.

Shikamaru: Nós somos dois babacas, não é mesmo? – Perguntou amargo. – Somos sim. – E respondeu a sua própria pergunta.

Assim como eu, ele também havia perdido a mulher da vida dele, e agora estávamos aqui, sozinhos e tentando a torto modo consolar um ao outro, através de comentários maldosos e nada amistosos. Talvez esse fosse o nosso jeito de dizer que estaríamos ali um pelo outro, estar ao lado das pessoas era algo que a Hina mais amava fazer, e foi assim que eu me peguei pensando nela mais uma vez... Quando de repente ouvimos o barulho na porta, alguém havia acabado de chegar, era Boruto.

Naruto: Bolt! – Disse alegre, mas ao olhar para mim e Shikamaru, ele tornou-se rígido e subindo as escadas, simplesmente nos deu as costas.

Pe. Micael: Boa noite. – Disse cortês, afinal ele era um padre, precisava ser educado, mesmo com os caras que tinham magoado suas amigas.

Naruto/Shikamaru: Boa noite, Padre. – Dissemos em uníssimo.

Pe. Micael: Eu trouxe Boruto para buscar seus pertences. – Se explicou.

Shikamaru e eu apenas assentimos, nós nunca paramos para conversar com aquele Padre, na verdade, ele era praticamente um estranho para nós dois, ele fazia parte da história de Hinata e de Temari, ele sabia seus segredos e conhecia-as muito bem, e mesmo sendo padrinho do meu filho, eu não sabia absolutamente nada dele, além de que ele era muito querido por minha esposa.

Ao olhar para Shikamaru percebi que nos demos conta da mesma coisa e ao mesmo tempo, nós nunca havíamos nos importado com coisas relativas às nossas mulheres, não fazíamos a minha ideia de quem ou o quê eram importantes para elas.

Eu sabia tudo sobre as companhias e gostos da Sakura, sabia até que ela preferia usar o batom “vermelho sangue”, mas não sabia responder sequer a cor favorita da Hinata, me senti pior do que já estava me sentindo e decidi perguntar.

Naruto: Padre, pode parecer estranhos mas... Sabe qual a cor favorita de Hinata? – Ele pareceu surpreso com a minha pergunta, e como se recordasse de algo, suspirou ao responder.

Pe. Micael: Azul. – Sorriu, triste por um momento. – Mais não qualquer azul, ela prefere o azul do céu nas noites mais escuras.

Aquilo me intrigou, eu lembro de Hinata amar o azul, mas  também sabia que ela possuía muito medo da noite, ela sempre preferiu o azul do céu, nas manhãs mais lindas. Logo percebi que algo havia mudado... Suspirei ao me dar conta do quanto eu fui relapso com ela durante todos esses anos, eu sabia tudo sobre minha amante, mas tão pouco sobre a mãe do meu filho, a mulher que eu amava, mas que nunca se sentiu amada por mim.

Shikamaru: Padre... – Ele nem tinha terminado de falar quando Pe. Micael respondeu.

Pe. Micael: Ela está bem. – Sorriu.

Boruto: Mas não graças a você! – Meu filho descia as escadas cheio de malas e parecia realmente irritado. – A barriga já está aparecendo, sabia? – Perguntou raivoso e Shikamaru se encolheu irritado.

Naruto: Boruto, por favor, controle seu tom de voz! – Ordenei, afinal de contas ele ainda era muito pequeno para se meter nessa história. – Esse assunto não diz respeito a você!

Boruto: E o que diz respeito a mim, pai? – Perguntou exaltado. – A família que você destruiu? – Essa havia doído, e olhando nos seus olhos, eu não soube o que responder.

Shikamaru: Você não pode falar desse jeito com o seu pai, Bolt! – Disse visivelmente irritado.

Boruto: Vocês só sabem gritar, não é mesmo? – Perguntou irritado. – Em algum momento pararam para ouvir? Para ouvir as pessoas ao seu redor? – Perguntou inquisidor. – Ouvir que suas famílias estavam desmoronando e vocês simplesmente não fizeram nada para impedir isso? Que durante tanto tempo a mamãe e a madrinha estiveram tentando fazer dar certo e vocês simplesmente não fizeram nada, a não ser afundar ainda mais esse navio? – Ele parecia mais chateado do que furioso.

E eu vi ódio nos olhos do meu filho pela primeira vez em 15 anos, eu vi rancor enraizado naqueles pequenos olhos tão parecidos com os meus.

Naruto: Bolt... – Tentei falar, mas fui interrompido.

Boruto: A mamãe sempre foi forte, sabia pai? – Perguntou, desta vez com lágrimas nos olhos. – Ela nunca se permitiu chorar na minha frente..., mas hoje eu a vi chorando. Sabe porquê? – Eu não tive tempo de responder. – Porque a minha madrinha estava chorando também. – Disse olhando para Shikamaru. – Vocês sempre se importaram em gritar e estar com razão, mas nunca perceberam que eram vocês que faziam mal a elas. – Agora falava em tom acusador e com lágrimas nos olhos.

Pe. Micael: Boruto. – Disse firmemente, e pela primeira vez eu pude perceber o quando meu filho era ligado aquele homem, pois seus olhares transmitiam uma sintonia como que dizendo “por favor, já basta”.

Boruto: A nossa conversa ainda não terminou. – Disse e saiu batendo o pé, e empurrando as malas.

Pe. Micael: Bom, boa noite mais uma vez. – Disse parecendo cansado e indo atrás de Bolt.

Quando eles saíram ficou um clima realmente estranho, Shikamaru parecia pensativo e eu sabia muito bem o que ele estava sentindo, pois eu me sentia tão derrotado quanto ele.

Shikamaru: Acabamos de ser nocauteados por um garoto? – Perguntou derrotado.

Pela primeira vez naquela noite eu me permiti sorrir por alguns segundos, antes de lembrar que desta vez, parecia que eu demoraria mais tempo para ver o meu filho novamente.

Naruto: É, parece que desta vez ele não irá voltar tão cedo. – Sorri amargo, a minha família estava destruída e eu estava aqui, ao lado de um cara tão acabado quanto eu.

Shikamaru: Talvez não. – Falou e eu fiquei sem entender. – Ele disse que a conversa não tinha terminado, se lembra? – Sorriu amargo.

E naquela noite não comemos nada, apenas permanecemos ali, sentados um em frente ao outro, pensando sobre o que poderíamos ter feito para mudar o rumo da nossa história, para um futuro no qual aquela mesa estivesse cheia, com nossas mulheres, nossos filhos, e até mesmo com o Pe. Micael, esta seria com certeza, a melhor composição.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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