Interessante Imagine - Tsukishima escrita por Caphelie


Capítulo 1
Capítulo 1




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O amarelo prevalecia naquela sala de aula. A luz do sol anunciava o fim da tarde, iluminando todo o local com tons amarelados e quentes. Mas essa luz não te enganava. Lá fora fazia um frio danado. 

 

A sensação era parecida com a cor do cabelo dele: um tom de amarelo frio. 

 

Estavam só vocês dois limpando a sala, nada que nuca tivesse acontecido. Todo dia uma dupla ficava até um pouco mais tarde para arrumar a bagunça, apagar a lousa, organizar o itinerário do dia seguinte e limpar o chão. Era a vez de vocês. 

 

Talvez fosse a quarta ou a quinta vez que limpavam a sala juntos. Mas para você, essa vez era diferente. 

 

Antes, vocês trocavam apenas palavras necessárias. “Vou limpar ali”, “Você sabe onde está a vassoura?” e “Não esqueça do itinerário”. 

Isso é, quando ele não parecia inalcançável, com aqueles fones de ouvido. Você tinha que cutuca-lo para ouvir uma resposta. 

 

Porém agora você o olhava com certa peculiaridade, pois a ideia que tinha de Tsukishima foi totalmente transformada depois do jogo de vôlei que assistiu no fim de semana passado. 

 

Dos poucos meses de convivência na mesma sala, pensava nele como alguém desinteressado e indiferenteEquivocadíssima. 

 

Ele é esperto e inteligente É como um estrategistaVocê viu essa parcela da personalidade do garoto na final dos jogos da Primavera. 

 

Agora você o acha mais interessante do que deveria. Uma terrível decisão, pois teria que lidar suas fãs, já Tsukishima é bastante popular com as meninas.  

 

Você suspira. Estavam quase acabando e não trocaram uma palavra se quer. Ele usava os fones de ouvido e você sabe que não se deve incomodar alguém que está ouvindo música. 

 

Suspira de novo. 

Ele estava varrendo o chão enquanto você bate os apagadores um no outro na janela, para tirar o excesso de giz. 

 

 Não contou as vezes em que virou para olhá-lo, mas sabe que, infelizmente, foram muitas. E por algum motivo, estava mais nervosa do que o normal. 

 

Terminou de limpar os apagadores e foi colocá-los de volta no suporte, perto da lousa, e parou para olhá-lo novamente.  

 

Ele estava ali, de costas para você, varrendo lentamente o chão. As costas estavam ligeiramente arqueadas para frente, já que seu tamanho era demais para a vassoura. O silêncio naquela sala estava ficando absurdo. 

 

— Tsukishima. 

 

E nenhuma resposta. 

 

 Tsukishima-san. 

 

Nada de novo. 

 

— Kun? 

 

Nada. 

 

— Chan? 

 

E nada. 

Você ri baixinho. 

 

— Tsukki? 

 

E nenhuma resposta de novo. 

Você ri novamente ao lembrar de Yamaguchi chamando o amigo. 

 

— Você é inacreditável.  

 

Você suspira. 

 

Ele continua varrendo. 

 

— Eu acho você muito interessante, Tsukishima-san. 

 

Sem respostas. 

Você coloca uma mecha de seus cabelos atrás da orelha, sem olhá-lo. 

 

— Você me deixou chocada depois daquela partida. Estou pensando em como devo me declarar pra você no futuro.  

 

Ele não estava te ouvindo mesmo, podia falar a abobrinha que quisesse. Sentia seu corpo inteiro formigar. 

 

— Acho que se eu te mandasse uma carta de amor, você não iria nem ler. 

 

Você ri. 

 

— Eu não sei cozinhar, então um almoço caseiro como declaração não seria nada romântico. Mas em minha defesa, eu prefiro comer ao cozinhar. 

 

Você ri de novo. Estava se divertindo conversando sozinha. 

 

— Se a gente namorasse eu treinaria pra fazer uns pratos gostosos... Talvez... Ok, nãotalvez fosse melhor se você cozinhasse. Você parece alguém que cozinha. 

 

Fez uma pausa, como se o outro fosse responder. 

 

— Mas seria legal. Nós poderíamos voltar juntos para casa, junto com o Yamaguchi. Só que aí você me acompanharia até chegar na minha casa, e eu te daria um beijinho de despedida. No outro dia de manhã eu iria até sua casa, iria te dar outro beijinho e nós caminharíamos juntos pra escola. E depois que eu terminasse minhas atividades no clube de artes, eu com toda certeza iria assistir você treinar. E adivinha?! Eu iria te dar beijinh 

 

Você vira sua cabeça para olhá-lo. 

 

Ele estava parado. 

 

Muito parado. 

 

Ele não estava mais varrendo? Não. 

 

Ah. 

 

Ah não. 

 

Ele tira o fone dos ouvidos e o deixa pendurado no pescoço. 

Nenhum som saia dali. O silêncio que te incomodava antes de começar a conversar com o nada estava de volta. E muito mais tenso. 

 

Ah. 

 

Que beleza de vida. 

 

— P-p-por que você não está ouvindo nenhuma música?? 

 

Você diz, alto demais. Os ombros do garoto se enrijeceram como se tivesse levado um susto. O corpo dele parecia tremer discretamente, e você pensou que ele fosse gargalhar de sua confissão meia-boca. 

 

Entretanto, enquanto virava, a expressão em seu rosto... 

 

— Eu que sou inacreditável?! 

 

O rosto dele está contorcido. Suas sobrancelhas quase grudadas uma na outra de tão arqueadas, e com os dentes trincados. Ele parece nervoso e um pouco irritado, mas acima de tudo, extremamente... encabulado.  

Sua face inteira estava em um tom de vermelho maravilhoso. 

 

Você não consegue segurar um sorriso. Não tinha como segurar quando o garoto mais sério que conhecia estava na sua frente com a cara igual a um tomate brabo. 

 

Seu próprio rosto também devia estar corado. Enquanto você sorria, sentia como se as borboletas em seu estômago e estivessem dando uma festa. 

 

— Que espécie de confissão foi essa?! 

 

Ele tentava manter a compostura, mas claramente foi pego de surpresa e seu rosto o denunciava. Estava em uma espécie de estado de choque e você estava se divertindo. 

 

— Isso quer dizer que você gostou? 

 

Ele engasgou. 

 

— Calada! 

 

Você começa a rir. Sua gargalhada faz com que a expressão contraída do menino suavizasse. 

 

— Desculpa suspira – Não era para essa confissão sair agora... E nem desse jeito... – Você sente seu rosto esquentar. 

 

— Então não é sério? 

 

— O quê? 

 

— Você está só brincando, então? 

 

Os olhos do garoto se mantinham nos seus, com um pouco de dificuldade devido a vergonha. Mas estavam firmesVocê sente seu corpo se esquentar inteiro.  

 

Seu plano de fazer uma confissão perfeita já tinha falhado. Não lhe resta muita coisa a fazer a não serser franca. Mais do que já tinha sido há alguns segundos atrás. 

Você suspira. 

 

— Não estava te zoando. Eu te acho incrível! 

 

O garoto dá um passo para trás e esconde a boca com as costas da mão, com o rosto ficando mais vermelho ainda. Você respira fundo e reúne toda a coragem que lhe restava. 

 

— Sabe, eu vi seu jogo contra a Shiratorizawa! Não entendo quase nada de vôlei, mas eu sei que eles são uma potência. E aí você bloqueou aquele cara enorme! – sem perceber, você se anima e gesticula cortadas e bloqueios desastrosamente – E deu pra ver que não foi fácil, porque você teve todo o trabalho de provocar o cara que toca pra cima, sabe?  

 

— O levantador...? 

 

— É, não sei, deve ser. Mas foi incrível. A plateia toda vibrou com aquela jogada, foi inacreditáv 

 

— Quem se apaixona por alguém só por ver um bloqueio? 

 

Ele continuava vermelho, mas com um sorriso irônico. 

 

 O quê? Eu não disse que estava apaixonada. – as palavras saem atropeladas – Disse que te acho interessanteI-n-t-e-r-e-s-s-a-n-t-e! Porque você é inteligente e eu gostaria de te conhecer melhor... 

 

Seu tom foi diminuindo quando o viu aproximar. Desde quando ele começou a ir em sua direção? 

Agora vocês estão a dois passos de distância. 

Você está muda. 

 

 Eu te vi na arquibancadaE não é a primeira vez que organizamos a sala de aula juntos. — ele começa, provocativo – Você sempre esteve por aqui. Mas depois de hoje, acho que posso dizer que você também é alguém interessante. 

 

 Então nós estamos saindo? 

 

Tsukishima bufa, quase rindo. 

 

Você está perdida nos olhos calorosos daquele garoto. Aquelcor de âmbar, quanto mais olhava, mais te hipnotizavam. 

 

Uma brisa leve e gelada entrou pela janelabalançando os cabelos loiros em frente àquele rosto corado. O frio da brisa fez seus olhos fecharem. 

 

Você se perde na sensação de ser observada pelo loiro. 

Seu pescoço sente o toque daqueles dedos gelados percorrendo um caminho até seu queixo, deixando um rastro aquecido para trás. 

 

Agoraum toque gentil, úmido e trêmulo dos lábios de Tsukishima é depositado em sua bochecha 

 

Você abre os olhos, um pouco atordoada e dá de cara com o loiro tentando controlar a vermelhidão de seu próprio rosto, com as sobrancelhas arqueadas e ainda segurando seu queixoA outra mão apertava seu ombro de leve. 

Ele estava um pouco curvado devido à diferença de altura entre vocês dois e seus narizes quase se tocavam. 

O hálito quente do garoto em seu rosto entrava em contraste com a fria brisa vinda de lá de fora. 

 

Ele é insanamente lindo. 

 

— Eu nunca saí com alguém antes. 

 

— Hmnn... 

 

Ok, você está completamente atordoada.  

 

 Estou falando sério.  

 

— Hmnn... Mas você tem um monte de fãs... 

 

Ele dá ombros. 

 

— Foi porque minha confissão foi legal, né? 

 

Você sorri. Ele também. 

 

— Não, foi um fracasso total. — diz, com um sorriso sarcástico – Mas eu gostei. Não ia achar ruim de te conhecer melhor também. 

 

Você não sabia como e nem o porquê de ele ter gostado daquilo. Mas sabia que ali na sua frente havia um garoto comum e encabulado, e não alguém inalcançável. 

 

Subiu lentamente suas mãos pelo blazer preto até chegar ao colarinho e puxou-o para si. 

 

Os lábios de Tsukishima estavam um pouco gelado devido ao frio e totalmente trêmulos devido ao seu provável-primeiro-beijo. 

Sentiu os dedos gelados do garoto subirem pela sua nuca e acariciar seus cabelos. 

 

primeiro beijo não durou muito. Quando se separaram os óculos dele estavam ligeiramente embaçados. 

 

— Por acaso você está com vergonha? 

 

— Calada. – Ele ri. Não há um pingo de raiva em sua fala. 

 

— Não tem problema, eu também estou. 

 

As pupilas daqueles olhar cor de âmbar pareciam dilatar. 

Ele chega mais perto (se é que fosse possível) e te dá um abraço apertado, quase te tirando do chão. 

 

— Você é bastante sincera. – ele sussurra em seu ouvido. 

 

— Hmn. E você é interessante. 

 

Ele ri. Que beleza de vida. 

 

Você o puxa pelo colarinho novamente, agora acariciando os cabelos loiros também. 

 

Nenhum dos dois soube dizer quanto tempo ficaram enfurnados naquela sala de aula.  


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Notas finais do capítulo

EH ISSO GENTE
CABO
MAS N SEI HEIN
TALVEZ TENHA MAIS
MAS N SEI HEIN HMMMMM



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